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SLE Lobisomem O Primogênito

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Alexa Valentina
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Resumo

Enfim Augusto e Soraia tem tudo para viverem seu amor, mas o passado parece querer destrui-los custe o que custar, e este só não seria pior senão fosse na forma de um lobisomem chamado Leonel- em outras palavras, o irmão de Augusto - e ele está vindo para Lacrimal city em busca de vingança contra o seu sangue, e não vem só. Um novo inimigo está chegando em Lacrimal city e não vai medir esforços para acabar com todos os lobisomens e vampiros da cidade, sejam estes do lado do bem ou do mal. Amy e Marcus partiram para Palaços, e terra dos Guardiões e a provação está só no começo. As batalhas estão só no começo e poucos serão os sobreviventes, mas os segredos ocultos estão sendo desenterrados e não vai ser nada fácil encara-los. Viver o amor não é nada fácil, muito menos entre um lobisomem e uma vampira e com a ameaça de que o irmão está vindo com sua matilha para Lacrimal city em busca de vingança por algo do passado torna tudo ainda mais difícil, e, é justamente o que está para acontecer com Augusto, Soraia, Leonel e sua loba Joss. Amy e Marcus partiram para Palaços em busca das respostas para os poderes sobrenaturais que estão aflorando nas veias de Amy, mas dar de cara com outros Guardiões e uma guerra iminente com mulheres dragão está levando os nervos de Amy á flor da pele. Um grupo de exterminadores está em Lacrimal city e estão prontos para acabar com todos os seres das trevas, custe o que custar

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´Prólogo/ O primeiro Senhor dos lobos

Todos os direitos reservados

                                  Copyright by Alexa Valentina

                                                   2023

Demi Lovato         Heart Attack

So I’m putting my defenses Up

’Cause I don’t wannna fall in love

If I ever did that U I think

I’d have a heart attack

Aos sonhadores e amantes de seus sonhos.

Lobisomens

Infelizmente não há muito o que falar destes seres. Há tão pouco que o quê mais se ouve é o seguinte verso:

“Mesmo aquele de coração puro

                                         Que a noite faz suas preces

                                         Pode tornar-se um lobo

                                          Quando a cone florescer

                                           E a lua de outono brilhar’

Sempre há uma ou outra lenda como aquela que diz que após a mão der á lua a sete filhas e o oitavo nascer homem, este será lobisomem. Também há aquela que contam sobre uma bruxa ter amaldiçoado um menino que se considerava superior a todos.

O mistério é tão intenso e profundo que nem mesmo a ciência ousa explicar. Mas há um fato que todos ‘afirmam’ o de que todo lobisomem é inimigo declarado dos vampiros.

O mundo já mudou muito, e as lendas já se transformaram de várias formas até virarem apenas mitos. Agora eu vou lhes dar uma nova versão mais humanizada, porém, não menos sanguinária. Agora eu vou mostrar a vocês que cada um de nós, lá no fundo, tem um quê de lobisomem e vampiro.

Prólogo

Lacrimal city                  1846

Havia algum tempo que Magnus –o macho Alfa da matilha de lobisomens Drakus – e dono de belos olhos azuis escuros junto á sua família; os dois filhos charmosos Leonel e Augusto e sua bela esposa Sheila e toda a sua matilha que vieram de Valência na Espanha e fixaram estadia na floresta de Lacrimal city.E desde que chegaram, uma guerra silenciosa for a travada com outras matilhas, mas até então nenhum humano for a atacado ou sequer ferido. Mas infelizmente nunca houve uma guerra tão violenta e brutal como esta. E inevitavelmente, chegara aos humanos.

Era noite de lua nova e chovia intensamente, mas nem toda água que caia seria capaz de apagar as chamas que lambiam as casas, carros e amontoados de lixos e pessoas que corriam pelas ruas.

Uivos e gritos se misturavam e deixavam marcas na densa e pegajosa camada de sangue que se espalhavam por todos os lugares. Corpos estavam se empilhando de ambos os grupos, humanos e lobos.

As mães tentavam esconder seus filhos e outras se entregavam a morte para não verem os filhos serem dilacerados ou devorados.

A fúria lupina não via e nem ouvia nada a não ser aquela necessidade incontrolável pelo poder maior de dominar aquela cidade. E fora num desses muitos massacres que Magnus teve a certeza de que humanos e lobos jamais viveriam em plena paz, pois sempre havia um para pender a balança para o lado da guerra. Mas em toda guerra sempre há um inimigo pior.

Nesse momento, Sheila e seus filhos agarrados a sua saia olhavam com fúria e medo para o inimigo á frente.

– Deixe minha família em paz, maldito sugador – rosnou Magnus e, então as presas do inimigo brilhavam junto a raios no céu conforme o rosto do filho do diabo sorria.

-É bom revê-lo, Magnus – disse Julio Cesar com escárnio.

-Sinto muito em não querer dizer o mesmo – rebateu Magnus se transformando em lobisomem e partindo para o ataque ao inimigo.

Lacrimal city                                        Floresta das Cavernas do Norte

Dias atuais

A um dia Soraia, Augusto, Amy e Marcus haviam saído do acampamento – mas estes não faziam ideia de que a escolta dos protetores de Amy e alguns lobos fiéis de Augusto os seguiam na encolha – mas a noite chegara e era hora de parar.

Sonolenta Soraia ergueu-se e abriu seus olhos para ver o semblante sofrido de seu lobo e, ao tocar-lhe o rosto o sentiu gélido como um vampiro – o que para um lobisomem fogoso como Augusto ou qualquer outro lobisomem era um insulto tremendo.

‘ Augusto e Leonel já são adolescentes e como todo lobo nesta fase, atrai olhares das fêmeas, e estão praticando lutas sob o olhar atento delas e do pai, quando surge uma bela loba de olhos de esmeralda que, pra infelicidade de Leonel que ficou babando, ela olha fixo para seu irmão que a olha.'

Sem querer, Amy e Marcus acordam e veem Soraia debruçada a sacolejar Augusto e perguntam o que houve.’.

- Augusto está gelado como um iceberg e não acorda de jeito nenhum- dissera preocupada. Amy então concentra seu olhar a Augusto- agora com o seu novo poder de ver auras é ótimo- e vê uma aura cinza abraçada ao corpo de Augusto como um cobertor.

-O que você vê?

-Uma aura cinza deitada sobre o corpo de Augusto. É isso que o está deixando assim. Soraia se desespera – eu não sei o que fazer - então, movida pela vontade de senti-lo quente e lhe agarrando, ela lhe agarra o rosto e lhe beija com sofreguidão.

‘ Augusto está deitado no colo da mãe que lhe afaga os cabelos – por causa da tal loba dos olhos de esmeralda, ele e o irmão brigaram feio. Leonel foi arranjar briga pra esfriar sua raiva e, Augusto viera procurar o carinho da mãe- e agora ouvia suas palavras com atenção.’

– Nenhuma delas está em seu destino, meu filho, somente uma vai fazer seu coração bater mais forte e, ela não está aqui.

– E onde ela está?

– Em algum lugar a sua espera.

–E como vou saber que ela é ela? Sheila sorriu – seu coração vai te dizer – concluiu ao pôr sua mão sobre o coração do filho e, então uma luz branca envolta num calor sem forma apagou tudo,

Nesse momento, Augusto acorda trazido do passado pelo beijo de Soraia e Amy no mesmo segundo viu a aura se dissipar de cima do corpo do amigo.

– Bem-vindo de volta – sorriu Soraia.

– Precisando, basta me beijar – e todos riram aliviados.

1. O primeiro senhor dos lobos

A floresta abriu-se como um corredor de eucaliptos, desde que eles saíram da caverna onde dormiram. O cheiro era muito agradável mas, infelizmente não bastava para apagar os sonhos terríveis que atormentavam a mente de Augusto. Ele tentava disfarçar, mas a cada encontro de olhar com Soraia, ele via que ela percebia seus tormentos.

O ar estava carregado, palpável e, a que mais sentia isso era Amy que evitava olhar para Augusto, pois quando o fazia via uma aura translucida o acompanhando e, imediatamente, fechava os olhos e enterrava o rosto no pescoço de Marcus que a abraçava e trocava um olhar cúmplice com Soraia que estava ficando louca com a situação. Abruptamente, Soraia passou por Augusto e estacou a sua frente, fazendo-o colidir com o seu corpo- mas não caíram- e encararam-se.

– E então, vai me contar o porquê dessa cara? – exigiu ao postar suas mãos naquele peito sólido e, soube de algum jeito paranormal que Augusto iria mentir.

– Nada- mentiu na cara dura. – E o sonho de ontem não é... – Eu já disse – está mentindo - que não é nada – sabia que não iria adiantar nada mentir ou tentar pelo menos, principalmente de Soraia que parecia entrar em sua alma e desnuda-la.

– Por favor, me conta que sonho é esse que te deixou tão perturbado? Será que não vê como tô preocupada? E a Amy – olhou para a amiga – mal consegue te olhar, por que vê algo te cercando!

– Augusto suspirou e, com sinceridade, pediu desculpa aos amigos pela situação.

– Por que você não se abre conosco? – incitou Marcus ao apertar o ombro do amigo em sinal de apoio.

-Por que não é só um sonho, e, sim uma lembrança que há muito tempo eu não revivia.

– De sua família?

– Principalmente com meu pai e meu irmão. Eu sinto que algo tá pra acontecer, mas não sei o que é.

Augusto caminhou de um lado para o outro aflito e terminou por sentar-se sobre uma pedra, dobrar os joelhos e apoiar os cotovelos ali e esconder o rosto nas mãos.

Soraia parou a sua frente, retirou seu rosto de suas mãos e o trouxe a si –fala comigo, eu estou do seu lado pro que der e vier – mas ele apenas pegou suas mãos e as beijou junto com a frase - vamos deixar pra outra hora – e levantou-se levando-a consigo aos amigos de novo.

Não pense que vou desistir. Se ele é um lobo cabeça dura, eu sou a vampira cabeça dura. Os amigos seguiram em frente, em busca da mãe de Soraia e, quanto a Amy tinha de ir disfarçando suas expressões já que continuava vendo aquela aura a cercar o amigo.

Ezequiel o lobo dos cabelos ralos e olhos de azeitona que sempre cuidara de Augusto como um irmão mais velho mal conseguia se aguentar de vontade de mandar tudo pro inferno e ir até o grupo e arrasta-los de volta para o acampamento, mas a cada vez que tinha este intenção, Vandressa o impedia com -você sugeriu que os seguíssemos de longe – este longe deveria ser de mais de 2 quilômetros para que o vento não os denunciasse então faça cumprir o seu pedido-lembrou ao olhar de Ezequiel para os demais protetores e de volta a ele que mesmo rosnando permaneceu no lugar.

O caminho era longo, mas de onde estavam viam a cadeia de montanhas e cavernas e, para alívio de Soraia a brisa trazia ás suas narinas o cheiro que, embora fraco, ela reconhecia como sendo o da mãe.

-Deus permita que minha mãe esteja bem – orou em prece ao olhar para o céu celestial acima de suas cabeças.

-Soraia – Augusto lhe pegou o rosto e o virou para si- sua mãe tem o mesmo sangue que corre em suas veias.

-Forte, ousado e destemido – lembrou Amy ao ir até a amiga e abraça-la.

- Mas minha mãe se privou da vampira nela a anos.

-E ninguém é capaz de se privar do seu próprio sangue – rebateu Marcus.

O sol já estava baixo no horizonte, seu brilho alaranjado se infiltrava por entre as montanhas como um lençol na brisa calma.

-Está tudo tão calmo que me assusta – murmurou Soraia com os braços cruzados e os olhos a vaguear pelos arredores como se procurasse algo.

Amy estava ao seu lado e concordou- até o vento parece estar morto por aqui – e olhou para os lados como se algo fosse sair e ataca-los. Augusto e Marcus vinham lado a lado e vez ou outra espreitavam aqui e ali, pois compartilhavam do sentimento de vigia. E bem faziam eles, afinal olhos se esgueiravam por entre as árvores também em vigia. Depois de vários minutos de um silêncio gritante ao redor, um toque de celular ecoou. Era o de Soraia que tão concentrada que estava demorou a perceber o toque de seu celular-Shania Twain- em seu bolso e, quando o pegara viu o rosto da tia Malvina.

-Oi, tia?!

-Por que demorou tanto pra atender, menina? - perguntou em tom de preocupação.

-Desculpa, é que o clima a nossa volta não inspira conforto – explicou-se. Malvina andava de um lado para o outro em frente a sua frente – ainda estava na delegacia e eram quase 8:00 horas -e seu turno estava quase encerrando.

-E então, já encontrou sua mãe?

-Não -disse triste- mas o cheiro de seu sangue já chegou até mim e está cada vez mais forte.

Malvina umedeceu os lábios com a ponta da língua e, disfarçadamente enxugou uma lágrima que teimou em rolar por sua bochecha.

-Assim que encontrar, por favor, me ligue.

-Claro- dissera apenas e ambas desligaram.

Malvina estava tão atenta a voz de sua sobrinha para não perder uma palavra sequer, que nem percebera a entrada de Sergio e Sofia na sala.

-Oi, Malvina – Sofia veio ao seu encontro e a abraçou e beijou –a cheia de carinho.

Sergio se manteve distante, embora quisesse muito abraçala e beija- la...mas não na bochecha, então perguntou:

- E então, quais são as notícias? Sua sobrinha achou Katrina?

-Não, mas Soraia disse que falta pouco para achala. Eu pedi que assim que acontecer que me ligue.

- Sabe, seu horário já está encerrado –replicou Sergio gesticulando para o relógio em forma de folhas á parede a mostrar 8:00 horas – que tal jantar conosco?

-Por favorzinho – implorou Sofia com um sorrisinho, as mãos em prece e olhar de abandono.

Malvina suspirou.

-Eu aceito.

-Uhuuu! - comemorou Sofia.

Sergio riu ao pegar a bolsa de Malvina sobre a mesa, deixando ela perplexa quando a empurrou porta á fora.

Maya estava vomitando no banheiro – ela passava a maioria do tempo na casa de Verônica, mas sempre se econdendo dos pais da mesma – e isso vinha acontecendo a alguns dias.

Os dois casos. Verônica estava cansada de repetir a mesma coisa, e agora o fazia de novo - Mayá, vá ao médico. Eu posso estar enganada, mas acho que você pode estar grávida. Maya então saiu do banheiro enxugando o rosto em uma toalha.

-Eu não posso ir ao médico. Esqueceu de tudo o que fiz, a primeira coisa que me aconteceria seria a morte.

-E a segunda coisa, seria você matar a todos – confirmou Verônica ao pegar sua bolsa prateada e prepara-se para sair.

-Onde você vai?- perguntou-lhe Maya.

-Já que você não pode ir a um médico, então vamos recorrer ao bom e velho teste de farmácia.

Maya sorriu em agradecimento e abraçou a amiga-muito obrigado por você existir e estar do meu lado – e sorriram.

- Mesmo sendo contra muitas coisas que você faz, eu te considero demais para te abandonar.

-Agora – se afastaram – me espere aqui, eu já volto – Maya sorriu e Verônica saiu.

Algum tempo depois,

Verônica já andava de um lado para o outro em frente a porta do banheiro, ansiosa para que Maya saísse logo.

Maya estava em frente ao espelho, seu sorriso era diabólico ao constatar que, de fato, estava grávida. Qualquer garota estaria feliz e preocupada, mas Maya estava muito feliz- pena que pelos motivos errados- e preocupação era um sentimento longínquo -Julio Cesar, você não vai representar nada perto do que o meu filho irá fazer no mundo- murmurou.

-Maya, qual foi o resultado? - ecoou uma voz preocupada e curiosa do outro lado da porta. Maya riu.

Raina e Ivan se hospedaram na casa de Malvina e com toda a tensão do desaparecimento de Katrina,

Raina deitou-se cedo- bem antes do marido- que optou por distrair-se com um filme. Pela expressão de seu rosto-segundos antes tranquiloalgo a estava atormentando. Bem como a Sheila que também se recolhera mais cedo por não estar com seu filho, a saudade levando-a a exaustão.

No instante em que Maya gritou –estou grávida! - Raina e Sheila tiveram um sobressalto em suas casas e rezaram no silêncio do quarto – que Deus nos ajude – pois ela souberam que tempos de crueldade ainda mais sangrentas estavam por vir.

Soraia estava enfraquecendo, ela sentia isso em seus nervos, tendões, veias, mas não entendia o porquê, afinal ela era uma vampira – e não qualquer vampira, mas a Rainha Kaxal. A cada passo parecia que ia cair em um buraco, seus olhos estavam ardendo e embaçados e seus sentidos fracos.

Amy riu de algo que Marcus dissera a Augusto e, quando olhou para Soraia para compartilhar o sorriso viu uma aura vermelha cruzar pelo corpo da amiga e antes mesmo de conseguir falar para Augusto, Soraia tombou ao chão.

-Amy, você vê algo em Soraia? - perguntou Augusto já com Soraia em seu colo, tentando acorda-la com beijos e lhe chamando.

-Sim, mas mal deu tempo de falar.

A sombra cruzou por seu corpo e ela caiu - disse Amy ao tocar o rosto da amiga e chama- la.

Marcus levou seus dedos aos olhos de Soraia e os viu humanos sem o consentimento dela, o que quer dizer que o corpo humano precisa de sangue pra ativar o vampírico.

-Soraia precisa se alimentar – disse convicto.

-E como você sabe? - perguntou Augusto com um tiquinho de ciúme por outro conhecer mais sua Soraia do que ele próprio.

-Por que para nós, vampiros, não é bom sinal nossos olhos voltarem a cor humana sem permitirmos, que é o caso de Soraia.

Augusto abriu os olhos de Soraia - estão negros – constatou.

-A cor dos olhos humanos dela sem ela requisitalos.

-Mas todo vampiro esconde seu olhar de criatura sob o humano – constatou Amy.

-Sim – concordou Marcus – mas abra os olhos dela novamente e fique observando. E assim Amy o fez e todos viram os olhos de Soraia ficarem mudando do negro para o vermelho constantemente .

-O sangue dela está fraco e não sabe qual identidade assumir- demandou ao levantar-se.

-O que você vai fazer?- perguntou Amy encarandoo.

-Vou procurar algum animal – disse ao ver Augusto abrir e fechar a boca, mas acrescentou- eu vou, pois algo me diz que essa floresta não é nada segura.

-E você ainda quer ir sozinho? - repreendeu Amy.

Marcus agachou-se a sua frente, tocou seu rosto e deu-lhe um beijo breve- não se preocupe, afinal eu sei voar- e transformou-se em morcego antes que o olhar de Amy o fizesse ficar.

-Amy - Augusto a chamou de volta ao presente, pois ela ficara olhando para o morcego que sumia por entre as árvores - ele vai voltar, pelo amor de vocês dois.

-Eu espero, porque, do contrário, eu vou atrás dele e o mato- brincou em tom sério. Como exímio caçador, minutos depois, Marcus voltara com um ‘improviso de prato’ - um pedaço de árvore, com certeza ele o ‘moldou’ com as próprias garras para se parecer com um prato e o encheu de sangue. Marcus ajoelhou-se ao lado de Soraia e pôs o recipiente em frente ao rosto dela erguido por Amy, para que sentisse o cheiro agridoce, quente e fresco do sangue. Assim que o fez, recobrou aos poucos os sentidos e com a ajuda da amiga e Augusto, agora, a amparando por trás, bebeu todo o sangue que até escorreu pelas laterais de seus lábios enquanto seus olhos explodiam em deleite. Da vampira para a Rainha e da Rainha – com consentimento –para o humano.

-Melhor?- perguntou Augusto ao limpar com delicadeza, com os próprios dedos, o sangue dos lábios e queixo de Soraia que lhe sorriu .

-Nem mesmo a Rainha tem o privilégio de não precisar de sangue – comentou Marcus ao jogar o recipiente fora.

-Já percebi – brincou ao apoiar-se em Augusto que a puxou contra seu corpo- ambos adoraram e trocaram olhares que Marcus e Amy bem perceberam - só para levanta-la..

- Olhem para trás- recomendou Amy sorrindo e quando fizeram todos sorriram felizes.

-Finalmente, as Cavernas do Norte! - exclamou Augusto cheio de alívio e felicidade.

-Mãe - chorou Soraia saindo dos braços de Augusto e correndo para dentro da primeira caverna, rezando para que a mãe estivesse ali. Depois de entrar em quatro cavernas e ver a frustração nos olhos de Soraia, Augusto agora a detinha pela mão em frente a quinta caverna. Será que Soraia não via que ele sofria junto com ela a cada vez que ela não encontrava sua mãe.

Augusto - Soraia o olhou de canto - é melhor eu entrar logo do que ficar adiando – argumentou. Adiando outra frustração- rebateu.

-Ou talvez o reencontro com minha mãe- e dito isso, ela puxou seu pulso da mão de Augusto e entrou na caverna escura e úmida como as demais, mas uma coisa era diferente nesta - sua esperança.

Uma emoção tão forte tomou conta do coração de Soraia quando ela avistou sua mãe deitada no chão; ela estava tão pálida e mortuária como quando Soraia quando estivera grávida do filho de Julio Cesar – sendo drenada de dentro pra fora – ficando velhinha e fraca. Soraia nem percebera que estava chorando, somente quando as lágrimas começaram a cair no rosto da mão algo que ela também não percebera, sua aproximação e a de seus amigos á suas costase a mãe praticamente morta em seus braços.

-Por favor, alguém me ajude – pediu aos prantos, olhando em especial para Augusto que desmoronou por dentro, e acariciou o rosto frio da mãe.

-Vamos leva-la para a parte mais clara da caverna – dissera Marcus ao aproximar-se e pegar Katrina nos braços, enquanto Augusto para disfarçar suas lágrimas, saiu para procurar madeira para acender uma fogueira.

Amy percebera, mas optou por manter-se calada e abraçar Soraia e seguirem Marcus. E assim que ele colocara o corpo de Katrina sobre uma colcha que Amy trouxera, Soraia correu para o lado da mãe e, sem perder tempo, transformou-se em vampira. A única que poderia salvar sua mãe.

-Soraia, o que você vai fazer? -perguntou Augusto assim que terminou de acender a fogueira. Soraia o olhou de relance – minha mãe precisa de sangue, mas não tem forças nem para abrir os olhos, que dirá invocar a sua vampira – e olhou para a mãe novamente. Marcus olhou nos olhos de Soraia, no relance imediato, soube o que ela pretendia fazer e não gostou.

-Augusto, não deixe Soraia fazer isso, é muito perigoso – implorou em alerta. Augusto arregalou os olhos, mas enquanto pensava em fazer algo, Soraia os alertou nada gentil.

-É bom nenhum dos dois tentar me impedir.

-Marcus, o que Soraia pretende fazer? - perguntou Amy ao encarar todos os olhares hostis, e quando viu Soraia retirar do bolso traseiro de sua calça jeans escura um canudinho clarinho(daqueles de plástico oferecidos em padarias e afins para bebidas) ela entendeu.

-Soraia, você não vai fazer o que estou pensando, vai?

Ela nada disse.

-É claro que vai- irritou-se Marcus, ainda que admirasse o gesto da filha para com a mãe- e isso vai levá-la a exaustão!- e levou as mãos á cintura ao dar de ombros para Soraia.

-Ela não vai fazer nada, por que eu não vou deixar –decretou Augusto nem sabendo o que ela pretendia enquanto ia ao seu encontro, mas só tentou pois Soraia chamou sua Rainha Kaxal e com o seu poder no olhar ‘parou’ Augusto, ele a encarou com suspeita, ela o encarou de volta com um meneio de cabeça antes de arremessá-lo de volta para trás e adverti-lo:

-Se tentar vir até mim novamente, vou te arremessar com tudo contra as rochas.

-Está bem – disse magoado e sem nenhum outro olhar a ela, marchou rígido para bem longe da caverna. Mas o peso no coração de ambos ficou descrito em seus olhos.

-Marcus, por favor, vá com ele – pediu Soraia ao fazer seu olhar voltar ao humano com ódio e frustração iguais vistos nos olhos de Augusto, enquanto Marcus assentia e ia atrás do lobo.

- Amy, se quiser ir, tudo bem –disse a amiga ao pegar um canivete pequeno de seu bolso e se preparar física e emocionalmente para o que pretendia. Amy fora ao seu encontro, ajoelhou-se a seu lado e apertou suas mãos com as suas- somos amigas e amigas enfrentam tudo – Soraia a abraçou e juntas concluíram -juntas.

Miranda estava sentada entre Thiago e Sheila juntos com os demais ao seu redor, ao redor de uma bela fogueira.

Sheila não conseguira dormir depois do pressentimento com Maya, então resolvera despertar seu lado cigana e fazer a simbólica fogueira de fogo azul e chamou seus ‘filhos de alma’(inclui-se também os vampiros). De repente Miranda que estava rindo de algo que alguém contara calou-se e sua expressão mudou da água para o vinho, literalmente, ao sentir um formigamento no peito e uma pulsação ardida e dolorosa nas veias de seu pulso. -Miranda, está tudo bem? - perguntou Thiago do seu lado ao perceber a perturbação de coçar seu pulso freneticamente. Então ambos arregalaram os olhos ao verem a ponta dos dedos de Miranda com sangue bem como o seu braço.

-Meu Deus! - gritou Miranda erguendo-se apavorada ao ver mais sangue escorrer por seu braço, deixando todos boquiabertos.

O mesmo sangue que começou a escorrer do braço de Soraia assim que ela o cortou com o canivete para após enfiar o canudinho na veia exposta.

Amy virou o rosto enquanto Soraia fazia o mesmo processo sanguíneo com o braço da mãe, ambas ficando cobertas de sangue. Sentados na entrada de outra caverna, Marcus e Augusto olhavam a imensidão da floresta e do céu, com os braços apoiados nos joelhos dobrados. E inspiravam no ar o cheiro forte e metálico do sangue fresco de Soraia e Katrina.

-O cheiro de sangue vai atrair aqueles que nos cercam – comentou Augusto ao estreitar os olhos em direção a floresta ao ver os olhos noturnos por ali.

-Mas não é isso o que te preocupa - arriscou Marcus ao encara-lo, mas Augusto desviou o olharadmita, senão para mim, para si mesmo- aconselhou. Augusto suspirou.

-São as atitudes de Soraia que me deixam preocupado.

-Mas a pergunta é -você não faria o mesmo por sua mãe? E será que Soraia também não sentira a mesma angústia que você sente agora? Não houve resposta e nem mais perguntas, apenas seus olhares fixos na imensidão negra estrelada do céu.

Uma nova Katrina foi surgindo, literalmente. As várias rugas que adquirira, principalmente na face foram se preenchendo e sumindo, deixando uma pele lisa e radiante; o cabelo acinzentado tornou-se negro e brilhante e o corpo magro pela falta dos minerais presentes no sangue tornou-se curvilíneo novamente. Quem não estava nada saudável agora era Soraia e isso Amy percebeu assim que encarou sua amiga enfraquecida, em todos os sentidos,

-Pelo amor de Deus, Soraia, para! - gritou Amy ao tocar a pele já enrugada de Soraia e os cabelos não tão mais brilhantes assim, com lágrimas ardendo em seus olhos aflitos.

-Ainda não - murmurou fracamente. Thiago a pedido de Sheila que os seguia, levava Miranda para a tenda.

Sheila já trocara a faixa do pulso dela pela segunda vez e está já encontrava-se empapada de sangue.

-O que será que está acontecendo com Soraia? - perguntava-se Thiago ao trazer uma bacia com água para perto de Sheila que mergulhou o pulso de Miranda ali.

-Eu não sei – disse Miranda num fio de voz, a água da bacia já vermelha e, então ela tombou na escuridão.

-Miranda!

-Soraia, para!

Gritaram Thiago e Amy em situações opostas; ele acarinhou os cabelos de Miranda; Amy apavorada ecoou sua voz, mediante a teimosia da amiga, que chegou a Augusto e Marcus que se levantaram, entreolhando-se ao sussurrarem – Soraia. Amy – e correram para a caverna. Quando chegaram ao interior da caverna a cena os paralisou – Katrina ainda desacordada e coberta de sangue, bem como Amy com Soraia desmaiada em seus braços com as roupas e um pouco da pele também coberta de sangue.

-Deus! - exclamou Augusto ao correr e ajoelhar-se junto com Marcus ao lado das garotas e, ao contrário de Amy, Augusto precisou retirar os canudinhos da veia de Soraia e de Katrina Thiago também estava preocupado e dava tapinhas no rosto de Miranda, tentando reanima-la em seu colo. Então, do nada, Miranda dera um suspiro e acordou como se estivesse dormindo a dias.

Thiago riu e beijou-lhe a boca, apressado entre suspiros.

Sheila suspirou de alívio, pois já estava com uma pilha de toalhas ensanguentadas a seus pés.

-O que aconteceu com você? -perguntou Thiago ao descolar seus lábios dos dela, que acariciou seu rosto, e ele beijou-lhe a mão.

-Está sentindo algo, querida? -perguntou Sheila e ambas encararam o tanto de sangue seco em seu braço.

Miranda meneou a cabeça.

-Não é comigo o problema, é com Soraia – disse ao olhar aflita para Sheila que levou a mão ao coração como se sentisse a preocupação e angústia que Augusto sentia ao pegar Soraia em seus braços e acomoda-la em uma colcha desacordada. Assim como Miranda, Katrina dera um suspiro profundo e acordou totalmente recuperada e sorriu para Amy e Marcus que estavam sobre seu rosto. Mas algo no semblante dos dois também a preocupou.

-Amy, onde está minha filha?

Amy passou a língua pelos lábios secos e olhou para Marcus em pé a seu lado com as mãos em seus ombros e, sem saber o quê ou como deveriam falar apenas olharam para o lado e, então Katrina que acompanhou os olhares, viu um Augusto curvado, acariciando o rosto... de sua filha desacordada e muito fraca.

-Soraia! - gritou e, de gatinho fora até a filha, lágrimas pingando no chão e temendo o pior. Katrina pegou as mãos gélidas e enrugadas da filha entre as suas e as esfregou e beijou-as, bem como a sua testa e bochechas, enquanto Augusto acariciava o cabelo grisalho de Soraia.

Lentamente, Soraia abriu os olhos de vampira que se transformaram em humanas e sussurrou - mãe - e ambas se abraçaram fortemente, enquanto os demais comemoravam.

-Agora você pode beijar a minha filha - gracejou Katrina ao afastar-se de Soraia á Augusto que o fez com prazer e paixão.

Marcus riu junto com Amy e beijou-lhe o topo da cabeça e recebeu afagos nas costas.