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Capítulo 7

"Talvez", disse Vivian, "os Homens Feitos que conheço tratam suas esposas como brinquedos. Ser selecionado para uma aliança familiar por meio do casamento significa seu status dentro do clã, e as esposas que eles obtêm dessas uniões são troféus para exibir sua posição."

Vivian fez uma pausa e acrescentou: "Meu pai era esse tipo de homem".

"Você acha que eu sou esse tipo de homem?"

"Mais precisamente, temo que você possa ser esse tipo de homem."

Alajos deu de ombros, achando divertida a ingenuidade de Vivian: "Na verdade, eu sou esse tipo de homem. Na máfia, não há coelhos de bom coração, apenas lobos ferozes e gananciosos. Lutar, destruir, possuir - faz parte de nossa natureza. E ter uma parceira excepcional e bonita é uma das maneiras de mostrarmos nossa força ao mundo."

Vivian respirou fundo.

"Como Capo de Houston, exibi-la para meus seguidores não é uma escolha sábia, mas eu preciso de você, Vivian", disse Alajos com pesar. "Nosso noivado não representa você e eu; ele simboliza a aliança entre Houston e Los Angeles, a união dos Hargraves e dos Jones."

"Eu lhe asseguro que, permanecendo em Houston, sua vida não mudará muito. Você ainda poderá usar belos vestidos em festas, ficar deitada no sofá de casa comendo batatas fritas e assistindo a filmes, beber e dançar nos bares e clubes que possuo e fazer compras com um cartão de crédito ilimitado - é claro que você precisará levar os guarda-costas que arranjei para você quando sair. Caso contrário, meus inimigos podem pegá-lo a qualquer momento, o que seria uma ameaça terrível ao meu trabalho."

"Não é isso que eu quero", Vivian balançou a cabeça.

"O que você quer?"

"Quero ir para a faculdade."

"Isso é certamente possível. Não vou restringir você", disse Alajos. "Mas acho que isso não tem sentido, é até uma perda de seu precioso tempo. Você não trabalhará fora; não preciso que você ganhe dinheiro para sustentar a casa. Isso não combina com seu status".

"Que status? Um brinquedo? Um presente? Ou apenas um vaso decorativo que você mantém em casa?"

Alajos franziu a testa, ofendido pelo tom questionador de Vivian: "Você é minha esposa".

"Mas você não me ama!"

"Amor?"

"Sim, amor." As lágrimas caíram inconscientemente enquanto Vivian chorava: "Você não vai me amar, vai? Nós mal nos conhecemos e não passamos muito tempo juntos, mas estou prestes a me casar com você. Não estou disposta a isso".

Alajos passou a entender melhor a ingenuidade de Vivian. Ele queria rir, mas não conseguiu. "Você tem três anos de idade, Vivian?"

Lágrimas encheram seus olhos, mas não a impediram de olhar para Alajos com indignação.

"Soube por seu pai que você já tem dezenove anos", suspirou Alajos, olhando seriamente para Vivian. "Você não é uma criança, Vivian. Deveria entender que, nascidos em nossas famílias, não podemos ter amor. Nossa união é apenas para benefício mútuo. Não apenas você, mas seus irmãos também escolherão noivas que tragam mais vantagens para a família deles e até mesmo para nossos filhos no futuro. Os casamentos da máfia sempre foram baseados em interesses, sem exceções."

Os olhos de Vivian se arregalaram, e suas lágrimas deixaram Alajos irritado. Ele não imaginava que a relutância dela em se casar com ele fosse por um motivo tão tolo e ingênuo. Amor? Não, um Capo não podia se permitir tal fraqueza.

"Sinto muito." Vivian cobriu o rosto, as lágrimas encharcando as palmas das mãos. Ela pensou que devia estar feia, pois Alajos a observava com frieza, com um olhar terrivelmente feroz.

Vivian se levantou: "Eu gostaria de ir ao banheiro". Ela precisava da água fria para lavar o rosto e de um espaço solitário para acalmar suas emoções tristes.

Felizmente, Alajos ainda mantinha seu comportamento gentil. Depois que Vivian chorou, ele lhe entregou um lenço de papel para que ela parecesse menos desgrenhada antes de chamar um criado para acompanhá-la ao banheiro.

O banheiro ficava no final do corredor do primeiro andar, era espaçoso e bem iluminado. Pela janela transparente unidirecional, podia-se ver o campo de girassóis atrás da casa, com um caminho sinuoso cortando-o, levando a uma pequena porta na cerca no final.

Seria essa a porta dos fundos?

Vivian sacudiu as gotas de água das mãos, abriu silenciosamente a porta do banheiro e espiou pela fresta. O criado que estava de guarda havia desaparecido; o corredor estava vazio, ecoando um silêncio oco.

Por impulso, Vivian trancou a porta do banheiro e seus batimentos cardíacos aceleraram quando ela saiu pela janela. Ela levantou a saia e atravessou o campo de girassóis, abrindo a pequena porta.

Alajos entrou no jardim de rosas, onde sua tia Yazmin estava podando os arbustos como parte de sua rotina diária. Apesar de ter jardineiros na propriedade com salários de dezenas de milhares de dólares, Yazmin preferia cuidar das rosas ela mesma. Ela cuidava de cada flor com ternura, como se estivesse cuidando de seus próprios filhos.

"Ouvi dizer que você fez sua linda noiva chorar", disse Yazmin com um sorriso, acariciando as delicadas pétalas de uma rosa e olhando para Alajos, "As meninas são como rosas desabrochando; elas precisam ser gentilmente nutridas. Ser muito severo não é bom".

Alajos deu um sorriso irônico: "A máfia só sabe matar, tia".

"Eu sei disso. É sua forma de sobrevivência, mas Vivian é sua futura esposa."

"Ela me falou sobre amor."

"Toda garota sonha com o amor", disse Yazmin enquanto procurava a rosa mais bonita do campo. "Um príncipe encantado arrojado, amor doce, beijos apaixonados. Oh, devo admitir que isso faz até meu coração vibrar."

"O amor me deixaria fraco", disse Alajos à luz do sol, com seus traços marcantes brilhando em um tom dourado. "Os Bratva têm narizes como cães; eles farejarão minhas fraquezas e apontarão suas armas."

"Isso não é desculpa para fazer sua esposa chorar. Vocês foram feitos para passar a vida juntos. Aprender algumas palavras doces a deixaria feliz e aliviaria sua carga também", Yazmin cortou um buquê de rosas, "Vamos, querida. Leve-as para sua noiva; ela vai gostar."

Alajos pegou as flores, sentindo-se constrangido por nunca ter cortejado uma garota antes.

Mas sua tia não lhe deu a chance de recusar, instando-o a procurar Vivian.

Relutantemente segurando as rosas, Alajos voltou para a macieira, com as sobrancelhas franzidas enquanto olhava ao redor. Vivian não havia voltado?

Ele imaginou que ela precisaria de mais tempo para recuperar o ânimo, então esperou mais quinze minutos sob a macieira.

"Onde está Vivian?" Alajos pegou uma criada que passava e perguntou, coincidentemente aquela que havia levado Vivian ao banheiro. Ela tinha acabado de ajudar a retirar o vinho da adega para a refeição familiar da noite.

"O banheiro no corredor", respondeu o servo respeitosamente. "Ou talvez no salão".

Alajos verificou primeiro o salão, mas não encontrou ninguém.

O banheiro parecia demorar muito?

"Vivian?" Alajos bateu na porta do banheiro: "Qual é o problema? Você precisa de ajuda?"

Ele encostou o ouvido na porta; não havia nenhum som vindo de dentro do banheiro, o que era estranho.

Ele bateu com mais força e girou a maçaneta da porta: "Vivian, você está aí?"

Clique, clique.

Trancada?

Uma sensação de pressentimento tomou conta de Alajos.

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