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Capítulo 2

Vivian estava ciente do tipo de assunto que estava sendo discutido - sem dúvida, tinha algo a ver com o ataque dos Bratva. Entretanto, como garota, ela não tinha o direito de participar da conversa.

Vivian suspirou e passou mais de uma hora conversando com a mãe antes de se preparar para voltar ao seu quarto.

Seu quarto ficava no outro extremo do corredor, o que significava que ela teria de passar pelo escritório...

Vivian diminuiu o passo, aproximando-se lentamente do escritório.

De repente, ela ouviu um barulho vindo da sala de estar no andar de baixo. Olhando da escada, ela viu Vilem, parecendo irritado, chutando uma cadeira para fora do seu caminho, sem a educação nem a compostura próprias de um cavalheiro.

Vilem estava fora de seu quarto?

"Vilem, o que há de errado?" Vivian perguntou com preocupação.

Vilem não era inerentemente frio ou bruto. Ele era bonito e alto, extremamente popular entre as garotas, e Vivian frequentemente se via bombardeada com perguntas sobre ele de suas colegas de classe.

Vilem tinha seus momentos de cuidado e ternura, especialmente com Vivian, demonstrando grande paciência e bondade.

É claro que isso não quer dizer que Joseph não fosse bom; ele era mais parecido com o pai deles - alto, composto e um tanto distante. Joseph foi cuidadosamente preparado pelo pai desde a infância e ganhou sua aprovação aos treze anos de idade, tornando-se o sucessor escolhido.

Embora seu pai gostasse de Vilem, também houve decepções. Ele acreditava que Vilem era inferior a Joseph. Esse era um ponto de discórdia para Vilem, que sempre parecia pronto para discutir com o pai.

Vivian exalou: "Não discuta sempre com o pai".

Vilem se virou para ela, surpreso: "Você está escutando de novo?"

Vivian sentiu uma pontada de culpa: "Eu só estava passando por aqui".

"Quem acreditaria nisso?" Vilem descartou a desculpa dela sem rodeios, seus olhos se escureceram: "Tenho que ficar".

"O quê?" Os olhos de Vivian se arregalaram: "Ficar onde?"

Vilem esfregou o rosto com força, sua irritação era palpável: "Houston".

Vivian ficou atônita.

Era assim que o pai deles planejava ajudar a família Hargrave? Deixando Vilem para trás?

Vivian sabia que seu pai não deixaria apenas a Vilem; Los Angeles forneceria um amplo apoio de elite para ajudar os Hargrave nessa crise. A Vilem era apenas uma entre muitas.

Mas Vivian entendia que não era isso que Vilem queria. Ele ansiava pela aprovação de seu pai, mas não ao custo de se tornar um Homem Feito, lutando e matando.

Assim como Vivian, Vilem não tinha liberdade.

"Mas você..."

"Esta é uma ordem do pai", disse Vilem, "Ninguém pode desafiar as ordens do pai." Apesar de sua relutância em ficar, em testemunhar a carnificina, em matar, ele teve de seguir o exemplo do pai e do irmão, aprendendo a pegar uma arma.

Porque ele era Vilem Jones, obrigado a ajudar seu pai a defender os interesses da família Jones.

"Você deveria voltar para a cama, Vivian." Vilem levou Vivian de volta para seu quarto e depois voltou para o escritório. O pai e Joseph ainda estavam discutindo assuntos. Dessa vez, porém, eles mencionaram Vivian.

Vilem congelou no lugar, incrédulo, quando o nome de Vivian saiu de seus lábios frios.

O que eles estavam dizendo? Por que ele não conseguia entender?

Vilem apertou as têmporas, reprimindo a raiva que sentia, mordendo-se: "É Vivian, pai!"

O pai olhou para ele: "Como ela é Vivian, ela está qualificada para fazer isso".

"Vivian não vai gostar", rebateu Vilem, "Você a está mandando embora como um presente para um homem que ela nem conhece. Ela vai ficar louca."

"Vilem!", o olhar do pai era um aviso, severo e feroz, "Vivian é filha de um Capo. A família Jones a abençoou com nobreza e riqueza; ela deve pagar com sua pureza e liberdade. É seu dever!"

"Esse é um dever que você está impondo a ela!" Vilem argumentou: "Ela deveria ter o direito de escolher."

"Seus direitos são concedidos por mim. Assim como você, você fala porque eu permito que você fale. Vilem, conheça seu lugar. Diante de mim, você não tem o direito de escolher."

O olhar do pai carregava o peso de inúmeras decepções: "Vilem, você realmente está muito aquém de Joseph. Ele consegue ver a situação com clareza e sabe o que é melhor para a família Jones."

"A aliança entre as famílias Jones e Hargrave será inquebrável. Vilem, pare de tentar me provocar. Isso não é de seu interesse".

Vilem foi expulso do escritório, com a frustração fervendo enquanto chutava o batente da porta. A bainha do vestido branco de Vivian não escapou de sua atenção.

"V "Vivian!", exclamou ele, a raiva que ele havia contido agora não encontrava saída, com os olhos injetados de sangue, "Eu não disse para você ir dormir?"

Vilem pegou a mão de Vivian, empurrando-a de volta para o quarto e, com um clique, a fechadura se encaixou, eliminando qualquer chance de Vivian escutar novamente.

Vivian se enterrou em seu edredom macio, com o cheiro do perfume um pouco forte demais, deixando-a tonta.

Ela não tinha ouvido muita coisa, mas a raiva de Vilem a perturbava.

O que exatamente seu pai e seus irmãos haviam discutido no escritório? Será que isso lhe dizia respeito?

No dia seguinte, Vivian foi acordada pela luz do sol que entrava sorrateiramente em seu quarto - ela havia se esquecido de fechar as cortinas. Pior ainda, o despertador não havia tocado, e a hora de ir embora estava se aproximando. Não havia tempo para pensar na expressão sombria de Vilem na noite anterior. Depois de se lavar rapidamente e vestir seu vestido preto, ela encontrou a porta surpreendentemente destrancada. Será que Vilem havia se acalmado? Pelo menos ele não parecia estar guardando rancor pelo fato de ela ter escutado a noite passada.

Aliviada, Vivian pegou a saia, pronta para descer as escadas, quando viu Joseph saindo do quarto dos pais.

Os gritos se infiltraram pela porta aberta, fazendo-a parar.

"Por que a mãe está chorando?" Vivian se perguntou. Sua mãe, Tasneem, era uma mulher gentil e amável, mas Vivian sempre achava que ela era muito mansa e chorava com facilidade, o que poderia provocar a ira de seu pai.

Joseph não respondeu, talvez achando a pergunta tola, ou talvez o próprio choro. Ele sempre parecia tão distante, tão orgulhoso.

Vivian não gostava desse aspecto de Joseph, mas se sentia impotente para mudar alguma coisa. Ela pretendia segui-lo até o andar de baixo para tomar um delicioso café da manhã - sanduíches de ovo e bacon com uma xícara de café forte, sua combinação favorita.

Mas o choro de sua mãe permaneceu em seus ouvidos, evocando a imagem do rosto zangado de Vilem na noite anterior.

Seria por causa dela?

Ela se aproximou do quarto dos pais e o choro da mãe ficou mais claro.

"Por que tem que ser tão cruel?", chorava sua mãe, "Ela não vai concordar com isso".

"Ela vai concordar. É um dever inescapável", a voz de seu pai entrou pela porta, "Ela não pode lutar como seus irmãos, então ela deve cumprir seu dever dessa maneira. Ela ainda tem valor, Tasneem, você deve se orgulhar dela."

"Não, não...", sua mãe ainda se agarrava à esperança, "E se, e se ele se recusar?"

"Não há "se"", afirmou o pai com firmeza, "Nenhum homem deixaria passar a chance de fortalecer seu poder, ele precisa disso para manter seu governo".

"Mas..."

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