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5

Asa narrando:

A luz do sol filtrava-se através das árvores enquanto eu dirigia pelas ruas familiares da minha infância. Cada curva e cada esquina traziam de volta memórias, algumas boas, outras nem tanto. Hoje, no entanto, eu estava decidida a focar nas boas.

Antes de sair, fiz uma rápida ligação para minha mãe.

Flashback:

— Oi, mãe! A Alma está em casa? — perguntei, uma leve ansiedade se formando no meu estômago.

— Não, querida. Ela saiu com umas amigas. — A resposta dela trouxe um alívio imediato. Vê-la hoje não era algo que eu buscava.

— Ótimo, então. Vou vê-la, mãe! Te vejo daqui a pouco — encerrei a ligação, sentindo-me mais leve. Era como se um peso tivesse sido removido. Eu precisava deste tempo com minha mãe, longe das tensões familiares.

Flashback off.

Quando cheguei à casa onde cresci, um misto de nostalgia e conforto tomou conta de mim. A fachada ainda era a mesma, com as flores que minha mãe adorava cuidando do jardim. Bati na porta e, em segundos, ela se abriu.

— Asa! — minha mãe exclamou, seus olhos brilhando de alegria. Ela me envolveu em um abraço apertado, e eu senti a familiaridade e o amor que sempre estiveram presentes entre nós.

— Oi, mãe! — sorri.

Entramos e nos acomodamos na sala, onde o cheiro de café fresco preenchia o ar. A conversa fluiu naturalmente, como sempre, mas, à medida que falávamos sobre trivialidades, percebi que havia algo mais que eu queria compartilhar.

— Mãe, tem algo que eu gostaria de te contar. — Respirei fundo, procurando as palavras certas. — Eu conheci alguém.

Os olhos dela se iluminaram, e um sorriso se formou em seu rosto.

— Oh, querida! Isso é maravilhoso! Me conta mais sobre ele!

— O nome dele é Luke. Meu fisioterapeuta. — Enquanto falava, sentia a empolgação crescer dentro de mim. — Ele me ajudou muito, e agora estamos nos conhecendo melhor.

Minha mãe escutava atentamente, sem interromper, o que me dava ainda mais confiança para compartilhar.

— Ele me faz sentir diferente. Como se eu estivesse realmente vivendo, sabe? — continuei, lembrando do calor do beijo que trocamos. — Estou seguindo em frente com a minha vida, mãe, e isso me deixa tão feliz.

Stella sorriu, e a alegria em seu olhar era contagiante.

— Eu sempre soube que você era forte, Asa. Estou tão orgulhosa de você! — Sua voz estava cheia de emoção. — Você merece ser feliz.

Senti uma onda de gratidão por ter uma mãe tão compreensiva. Era reconfortante saber que, mesmo após tudo o que passei, eu ainda tinha seu apoio incondicional.

— Obrigada, mãe. Isso significa muito para mim. — Eu sorri, sentindo que estava realmente me permitindo abrir um novo capítulo na minha vida.

A conversa continuou, cheia de risadas e histórias, e a cada momento que passava, a sensação de estar em casa se intensificava. O lar não era apenas um lugar físico; era o calor do amor que sentia ali.

Algumas horas depois...

Eu estava prestes a entrar no carro. Foi então que ouvi a voz que nunca esperei ouvir novamente.

— Asa?

Virei-me lentamente. Max estava ali, parado, com um sorriso nervoso no rosto. O mesmo sorriso que um dia me fez sentir segura, agora causava um nó no meu estômago. Ele parecia... diferente, mas não o suficiente para apagar as memórias que eu carregava.

— Oi, Max — respondi, tentando manter a compostura, mas minha voz saiu mais fria do que eu pretendia.

Ele deu um passo à frente, os olhos tentando se conectar com os meus.

— Você está diferente — disse ele, a sinceridade em seu tom soando como um insulto. Como se eu fosse uma versão mais forte, mais independente, e isso o incomodasse.

— E você continua o mesmo — retorqui, começando a recuar. A última coisa que eu queria era me deixar levar por aquele momento. — Eu realmente preciso ir.

Mas ele não parecia disposto a deixar que eu partisse tão facilmente.

— Asa, espera. Podemos conversar? — Ele estendeu a mão, como se quisesse me puxar para mais perto.

Caminhei para trás, meu coração acelerando. Não havia nada a ser dito que pudesse consertar o que havia acontecido. A traição ainda ardia em mim, como uma cicatriz que nunca cicatrizaria totalmente.

Nesse momento, Alma apareceu, e sua expressão foi um misto de surpresa e indignação. Ela estava linda, mas havia uma sombra de ciúmes em seus olhos.

— Asa! O que você está fazendo aqui com ele? — Sua voz era um sussurro cortante, cada palavra carregada de desprezo.

— Eu só estou indo embora — respondi, tentando manter a calma, mas a raiva começava a borbulhar dentro de mim.

— Afaste-se do meu namorado! — Alma disparou, como se fôssemos duas crianças brigando por um brinquedo. A insensatez da situação me irritou profundamente.

— Seu namorado? — eu ri, mas não havia humor na minha risada. — A única traidora aqui é você, Alma. Você quebrou a minha confiança e se jogou nos braços dele enquanto eu estava em coma.

A palavra “traidora” saiu como uma explosão. Eu não conseguia me conter. A dor e a traição que eu havia sufocado voltaram à tona, e eu não tinha mais como segurar tudo isso.

— Vocês se merecem! — continuei, minha voz aumentando à medida que falava. — Duas pessoas sem caráter, que não valem nada.

Alma estava pálida, mas seu olhar era desafiador. Ela sempre foi boa em se fazer de vítima e, naquele momento, ela tentava. Mas eu não iria ceder.

— Você não entende o que passou entre nós — Max tentou intervir, mas eu o cortei.

— Não precisa entender! Eu não sou mais a mesma Asa que você conheceu. E você, Alma, não tem o direito de se sentir ciumenta. Afinal, aqui entre nós, quem foi que roubou o namorado de quem?

A tensão entre nós três era palpável, e, por um breve momento, o mundo ao nosso redor parecia ter parado. Eu havia dito o que precisava, e a verdade era uma arma poderosa. Com um último olhar desafiador, virei as costas e segui em direção ao meu carro, sentindo que uma parte de mim finalmente havia se libertado.

[...]

Quando finalmente pisei no chão do meu apartamento, uma onda de alívio me envolveu.

Puxei o celular do bolso, hesitando por um momento. Luke. A ideia de convidá-lo para vir aqui me deixou um pouco nervosa, mas ao mesmo tempo, uma animação crescia dentro de mim. Ele sempre tinha essa capacidade de trazer luz aos meus dias, e hoje não seria diferente.

— Ei, Luke! — falei, tentando soar casual.

— Oi, Asa! — sua voz soou calorosa, e eu me peguei sorrindo. — O que você está fazendo?

— Acabei de chegar em casa. Na verdade, estou pensando em fazer um bolo. Você gostaria de vir aqui e comer um pedaço? — A última parte saiu mais rápido do que eu pretendia, mas a ideia de ter sua companhia me deixava animada.

— Bolo, hein? — Ele riu, e eu pude imaginar o sorriso dele. — Isso é tentador, mas... eu estava pensando em outra coisa para comer.

O comentário pegou-me de surpresa, e uma onda de calor subiu pelo meu rosto. Eu ri nervosamente, tentando disfarçar a vergonha.

— Ah, é mesmo? E o que seria isso? — perguntei, tentando manter o tom brincalhão.

— Você sabe... — ele disse, com um tom insinuante. — Mas, se o bolo for tão bom quanto você diz, talvez eu consiga esperar.

Senti meu coração disparar. Era uma brincadeira, claro, mas havia um fundo de verdade nas palavras dele, e isso me deixou um pouco tonta.

— Luke! — exclamei, sem conseguir conter a risada. — Você está me deixando envergonhada!

— Só estou sendo honesto. Mas, sim, eu vou. Um pedaço de bolo e um pouco da sua companhia? Não dá para recusar. Estarei aí em alguns minutos.

— Ótimo! — disse, tentando soar mais confiante do que realmente me sentia. — Vou preparar tudo. Espero que você esteja pronto para um delicioso bolo de chocolate.

— Eu sempre estou pronto para chocolate — ele respondeu, e a forma como sua voz soava, cheia de brincadeira e charme, me fez sentir um frio na barriga.

Desliguei o telefone e me perguntei se estava realmente pronta para isso. A ideia de ter Luke aqui, tão perto, era animadora e aterrorizante ao mesmo tempo, ainda mais depois do nosso beijo. Fui à cozinha, procurando os ingredientes. Enquanto misturava a farinha e o açúcar, minha mente corria com pensamentos sobre o que poderia acontecer quando ele chegasse.

Fiz o bolo com atenção, cada movimento me trazendo uma sensação de expectativa. O timer do forno apitou, e o aroma doce começou a se espalhar pelo apartamento. Enquanto esperava, não pude deixar de imaginar Luke deitado no sofá, rindo e brincando, sua presença preenchendo o espaço de uma forma que eu não sabia que sentia falta.

Quando o bolo ficou pronto, coloquei uma camada de cobertura, tentando deixar tudo perfeito. Olhei para o relógio e percebi que ele estaria aqui a qualquer momento. Um misto de ansiedade e excitação me tomou, e eu não conseguia evitar o sorriso que se formava em meu rosto.

Assim que a campainha tocou, meu coração pulou. Respirei fundo, ajustei a blusa e fui até a porta. Ao abrir, encontrei Luke com um sorriso radiante, segurando uma garrafa de vinho.

— Oi! — ele disse, os olhos brilhando. — Pensei que isso pudesse complementar o seu bolo.

— Perfeito! — respondi, tentando esconder o sorriso bobo que se formava em meu rosto. — Entre!

Ele passou pela porta, e a proximidade entre nós fez meu estômago revirar. O apartamento ainda exalava o aroma doce do bolo, e a luz suave do final da tarde entrava pelas janelas, criando uma atmosfera aconchegante. Ele me seguiu até a cozinha, onde colocou o vinho na mesa.

— Uau, isso parece incrível! — Luke comentou, olhando para o bolo. — Você é uma verdadeira chef.

— Só estou tentando impressionar — brinquei, mas a verdade era que eu queria que ele gostasse de tudo, não apenas do bolo, mas de mim.

Cortei uma generosa fatia e servi, enquanto ele abria o vinho e despejava em duas taças. Nossos olhares se encontraram, e algo na forma como ele me observava fez meu coração acelerar ainda mais.

— Então, o que você tem feito? — perguntei, tentando quebrar o gelo enquanto ele tomava um gole de vinho.

— Ah, você sabe, trabalho, vida... mas na verdade, eu estava pensando em você. — Ele sorriu, e a sinceridade em suas palavras me deixou sem palavras. A sensação de que havia algo mais entre nós era palpável.

— Eu também pensei em você. — A confissão escapou dos meus lábios antes que eu pudesse pensar duas vezes. A intimidade da conversa parecia nos unir ainda mais.

A medida que conversávamos, o ambiente se tornava mais leve, e a conexão entre nós crescia. Luke se aproximou, pegando minha mão enquanto falava sobre suas últimas aventuras. Senti um frio na barriga e meu coração disparar quando ele intercalou olhares profundos e sorrisos cúmplices.

— Sabe, Asa, eu sempre te achei incrível... sério. Desde o primeiro dia em que te vi no hospital. — Ele disse, a voz mais suave. — Você passou por tanta coisa e ainda assim continua tão alegre pra vida.

As palavras dele ressoaram em mim. Era como se ele estivesse me vendo de verdade. O espaço entre nós foi se encurtando até que, sem pensar, eu me inclinei para mais perto. Luke fez o mesmo, e em um instante, nossos lábios se encontraram.

O beijo começou suave, hesitante, como se estivéssemos desvendando um novo território. Mas logo a doçura se transformou em intensidade, e eu me perdi em sua presença. Ele me puxou para mais perto, suas mãos descansando na minha cintura, enquanto eu entrelaçava os dedos em seus cabelos.

O mundo ao nosso redor desapareceu. Tudo o que eu sabia era do calor de seu corpo contra o meu e do jeito como suas mãos exploravam minhas costas, como se quisessem me trazer ainda mais para perto dele.

Quando finalmente nos afastamos, a respiração ofegante de ambos preenchia o ar. Luke me olhou nos olhos, e havia uma mistura de surpresa e desejo em seu olhar.

— Eu não esperava que isso acontecesse tão rápido, mas... — ele começou, mas não deixei que completasse.

— Não precisa se preocupar. — Sorri, tentando transmitir confiança. — Eu também não esperava, mas parece certo.

Ele assentiu, e a tensão entre nós estava prestes a explodir novamente. Com um movimento suave, ele segurou meu rosto entre as mãos e me beijou novamente, mais profundamente desta vez. O beijo era carregado de uma paixão que eu não sabia que existia entre nós. Era como se tudo o que já tínhamos vivido nos levasse até aquele momento.

Aquela noite estava apenas começando, e eu sabia que estávamos prestes a explorar não apenas nossos sentimentos, mas algo muito mais profundo. O restante do bolo poderia esperar; naquele instante, éramos apenas nós dois, perdidos um no outro, prontos para descobrir a intimidade que nos unia.

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