EGOISTA
Ivy desceu da limusine, seu coração batia tão forte que podia ouvi-lo, suas mãos estavam suadas e seu sorriso doía de tanto nervoso.
Pedro aguardava a filha na porta da igreja, ele também estava ansioso com o matrimônio de sua filha com o mais novo dos Salvatore.
Ao vê-la sair da limusine tão linda em seu vestido branco, chorou silenciosamente ao lembrar dos contos de fadas que contava para ela quando ela era criança.
Agora ela era a princesa com um final feliz.
Seu pai aproximou - se deu um beijo em sua testa e deu o seu braço esquerdo.
Pedro estava plenamente feliz em ver a sua única filha se casar com a pessoa que sempre gostou.
Entre Ivy e seu pai nunca teve segredos, ele sempre soube dos sentimentos da filha e por isso fez o acordo com Arthur e Flora em casar os dois.
Assim como ele se casou com a mulher que amava, também desejava isso para a sua única filha. Queria ver Ivy sempre feliz. Ele sempre fez de tudo para isso.
O que ele não sabia era que Dante não sentia nada por sua filha a não ser simpatia e amizade.
As portas da igreja abriram, o coral da igreja cantava e Pedro e sua filha entraram.
Passo a passo os dois avançaram na igreja que estava ricamente ornamentada de flores.
Por onde a pequena Mia passou foi deixado um caminho de pétalas de rosas vermelhas ao chão.
No altar estava o padre e Dante, o amor da sua vida.
Dante estava muito bem trajado em um terno de três peças cinza chumbo com camisa branca e gravata prata.
Seus cabelos estavam muito bem cortados e penteados, sua barba estava muito bem feita e seu perfume, Ivy sentia de longe.
Quando chegou ao altar, Pedro passou a mão de sua filha para Dante em um gesto de carinho e com os olhos cheios de lágrimas disse ao genro
- Cuide bem da minha filha, ela é o meu bem mais precioso.
- Eu cuidarei, não se preocupe. Respondeu ao sogro com um meio sorriso sem graça.
- Estou tão feliz, Dante. É o nosso casamento! Disse Ivy com os olhos brilhantes admirando tudo à sua volta.
- Sim, sim, agora deixe o padre falar. Respondeu Dante dando leves tapinhas na mão de Ivy que estava junto às suas.
E então o padre iniciou a cerimônia. Ivy emocionada, sentia algumas lágrimas escorrerem delicadamente pela sua bochecha.
Dante viu de canto de olho as lágrimas de Ivy, bufou revirando os olhos e mentalmente repetia que tinha que ter calma.
Ele não via a hora de aquilo acabar.
E quando menos ele esperava ouviu a pergunta do padre.
- Dante Salvatore, é de livre e espontânea vontade que você aceita Ivy Martinez como sua companheira neste matrimônio até que a morte os separe?
Olhando no fundo dos olhos brilhantes de Ivy, ele exitou por alguns segundos, deixando-a angustiada.
- Sim, eu aceito.
- Ivy Martinez, é de livre e espontânea vontade que você aceita Dante Salvatore como seu companheiro neste matrimônio até que a morte os separe?
- Sim aceito!
- Eu com o poder cedido por Deus os declaro marido e mulher. Pode beijar a sua esposa!
Neste momento tão aguardado por Ivy, ela fechou os olhos e esperou a aproximação de Dante, mas ele como se não quisesse que ninguém o visse fazendo aquilo deu um breve selinho nos lábios de sua esposa e logo virou para agradecer o padre.
- Muito obrigado pela sua benção padre. Podemos ir agora?
Ao ouvir a pergunta de seu esposo Ivy abriu os olhos e percebeu que ele já estava puxando-a para saírem da igreja.
Em passos apressados caminharam até a porta da igreja com todos os convidados os acompanhando e jogando mais pétalas de flores no casal.
Ela não entendia o porquê de ele estar agindo daquela forma tão apressada e quando entraram no carro ela sentiu que ele estava estranho.
- Por que você fez aquilo?
- Aquilo o que?
- Mal me beijou e já saiu correndo?
- O que você queria Cherry? Cena de novela?
- Não, mas um beijo normal, sem pressa!
- Ah, tanto faz! Já estamos casados mesmo, por que isso agora?
- Você não parece feliz com o casamento.
- Não crie monstros em sua cabeça cherry.
- Já falei para não me chamar assim!
- Então fique quieta um pouco. Você não para de falar!
Ouvindo estas palavras de Dante, ela esmoreceu, seu brilho nos olhos se apagaram e o resto do trajeto até o grande salão da Vinícola onde seria a festa, foi feito em pleno silêncio.
Quando chegaram todos os aguardavam e felicitaram pelo matrimônio.
Ela se manteve em poucas palavras até o fim. E quando estava junto de Dante mantinha-se calada. Apenas sorria e acenava. Ela não queria iniciar o casamento com brigas. E imaginava que o humor dele mudaria na lua de mel.
Na hora da valsa dos noivos ela sorria levemente e olhava para ele de cabeça baixa.
Dante percebeu que ela estava se segurando e sabia que quando estivesse a sós ela mostraria a sua verdadeira face de garota mimada.
Então no centro do salão eles se uniram, ele pegou a mão dela, enquanto colocava a sua mão na cintura dela, então começaram a dançar a valsa.
- Está muito quieta, o que está aprontando?
- Por que estaria aprontando?
- Porque eu te conheço e sei como se comporta.
- Você fala como se eu fosse uma criança.
- Você se comporta como criança.
- Se fosse verdade seus pais não deixariam eu me casar com você.
- Você nunca se mostrou na frente deles. Eles nunca viram seus ataques de ciúmes ou suas crises de birra quando não faço o que você quer.
- Eu só faço isso porque te amo
- Quem ama não impõe a sua vontade ao outro.
- Você me acha egoísta Dante?
- Sim.
- Nosso casamento foi consensual, não te impus a minha vontade.
- Mas não perguntou se era isso que eu queria cherry.
Ela se calou e fitava o rosto de seu esposo, nunca ouviu antes que ele a visse dessa forma. E neste momento Ivy percebeu que talvez não fosse o seu felizes para sempre.
A valsa terminou, Dante puxou sua mãe para dançar e Ivy fez o mesmo com seu pai.
Eles dançavam e conversavam. Seu pai estava muito feliz e ver sua filha vestida de noiva o emocionava cada vez mais.
Ela tentava a todo custo tirar de sua cabeça os pensamentos que rodavam. O medo da rejeição de Dante começou a pressionar seu peito e seu coração que antes estava acelerado pela emoção agora estava com medo.
Ivy cresceu e se moldou aos gostos de Dante. Nunca olhou para outros homens e nunca desejou ninguém que não fosse o seu amado.
Se manteve casta, aguardando pelo momento em que se entregaria aos braços dele. Mas agora tinha medo de sua escolha, não agradá-lo.
E se ele não gostasse dela na cama? Se ela não o agradasse? E se o fato dela ser inexperiente de tudo o fizesse se desinteressar dela?
Ele era mais velho que ela e mais experiente também. Será que isso iria interferir em seu casamento?
Essas e muitas outras perguntas rodavam a mente da garota pelo resto da noite.
E mesmo que ela quisesse dispersar estes pensamentos, o fato de Dante ter chamado ela de egoísta e fugir dela a noite toda fazia com que ela não conseguisse acalmar os seus temores.
Ela teria que aprender a agradá-lo nesta parte também, os gostos sexuais de Dante, mas isso só poderia ser aprendido na prática. No dia a dia de seu casamento.
Só a convivência iria ensiná-la.
