Capítulo 7
- Você está me chamando de garota Parker? - pergunto semicerrando os olhos, mas não estou com raiva, apenas curiosa.
- Não, garotinha, não estou chamando você de garota, mas acredite, se eu chamasse, consideraria isso um elogio. -
- O quê? Você gosta de garotas? - Eu o provoco, cruzando os braços sobre o peito. Mas ele não responde, na verdade, nem parece notar minha provocação. Ele para e sorri, mas não para mim, ele sorri pensativo com uma expressão feliz. Como se o assunto de suas reflexões o fizesse se sentir bem.
- Enfim... - Ele limpa a garganta, voltando-se para mim. - ... se você quiser, vou listar os tópicos que faltam, para que você possa adicioná-los e não ser pego de surpresa. - Ele aponta para a mochila onde havia colocado o livro.
Quando ele faz isso, noto um detalhe específico em sua mão. Além das tatuagens, ele está usando uma faixa de cabeça em volta do pulso. Mas não é apenas uma faixa de borracha.
É um Scrunchie, lilás plastificado.
Minha cor favorita.
É um elástico para mulheres. Especialmente as meninas o usam para fazer rabos de cavalo ou penteados bonitos. Minha irmã Elettra também os usa. Ela tem uma caixa cheia de prendedores de roupa e elásticos.
De vez em quando, eu os roubo dela.
Talvez ele também tenha uma irmã mais nova. Talvez ele tenha.
Eu me aproximo dele lentamente, com passos calculados, chego à sua frente. Sou muito mais baixo do que ele, então tenho que levantar a cabeça para olhá-lo de perto.
- Por que você não me empresta seu livro diretamente para que eu não perca meu fôlego com uma coisinha como eu? - Eu o provocarei. Tão perto que posso sentir o cheiro de seu perfume e me perder naquele mar de tinta em sua pele.
Olho para ele com uma pitada de malícia.
Se é que ainda me resta alguma malícia.
Ele sorri para mim, mordendo o lábio. De repente, ele pega uma mecha do meu cabelo e a esfrega entre o polegar e o indicador, olhando para mim novamente, mas dessa vez sob uma luz diferente.
- Estou com ciúmes de minhas coisas, Fina. Muito ciumento, não posso emprestá-las a você. - Ele murmura, brincando com meu cabelo novamente.
A voz dele é terrivelmente baixa e persuasiva, penetrando em você, invadindo cada célula e mexendo com seu cérebro.
Não é normal que uma voz tenha esse efeito em mim.
- Você também tem ciúmes da sua namorada Parker? - Ele levanta uma sobrancelha e quase ri na minha cara.
- Eu não tenho a garota wren... - Ele se aproxima ainda mais do meu corpo. Agora seu peito musculoso toca meu peito. Dorian alinha seu rosto ao meu e eu perco toda a capacidade de dizer uma palavra.
Lambo meus lábios ingenuamente.
Ele olha para minha boca com uma certa cobiça e eu quase me derreto.
Ele tem o mesmo olhar ardente de antes.
Ele treme com o desejo de me tocar, posso dizer pela maneira como ele acena com a mão.
E ele faz isso.
De repente, ele agarra minha lateral e cava as pontas dos dedos em minha carne. Eu ofego em perplexidade. Ele se aproxima do meu ouvido para me dizer algo.
Sou dominada por seu cheiro. Ele está me deixando tonta.
- A que horas você tem aula amanhã, garota? - Ele sussurra lentamente.
Perdi o uso da minha língua. Não sei mais como começar um discurso ou como formar uma frase com sentido.
- A-Alle: Eu tenho aula de química. - Engulo a saliva que agora não existe mais.
- Por quê? - Ela sopra em meu ouvido como um gato ronronando. Imediatamente me sinto tonto e minhas bochechas queimam.
Meu pescoço e minha orelha sempre foram meus pontos fracos.
- Vejo você amanhã: na biblioteca. - Dito isso, ele cheira meu perfume e se afasta, deixando-me ali em sua boca como uma estátua com a boca aberta.
Sinto-me tonta. Estou em um estado de confusão tão grande que nem ouvi o telefone tocar.
Foi só quando o cheiro de Dorian finalmente saiu daquele ponto do corredor que comecei a pensar novamente.
Olho em volta, como se nem me lembrasse do verdadeiro motivo de estar ali.
O cara mais popular do campus, além de ser bonito como Deus, babaca e perigoso, ele também estuda na mesma faculdade que eu e também é bom.
Fazia muito tempo que eu não sentia todas essas emoções contraditórias.
Faz dois anos que não saio com ninguém.
Só me apaixonei uma vez na vida, e essa vez me fez perceber não apenas que os homens são todos iguais, mas também que era um relacionamento em que só eu amava. Eu era a única pessoa que colocava meu coração e meus sentimentos nele.
Foi meu primeiro amor e isso me queimou.
Não quero o príncipe encantado, porque sei que ele não existe. Mas quero um rapaz que me faça sentir especial, que me dê tantas borboletas no estômago. Quero bondade, ciúme, um toque de loucura e fogo. Muito fogo.
Quero um rapaz que me queira, que me deseje com seus olhos, que me faça arder com apenas um toque.
Será que existe um garoto assim? E quem sabe.
Tudo o que sei é que alguém está me ligando insistentemente e quase perco a paciência.
Olho para a tela e é a Anastasia. Suspiro e atendo.
- Onde diabos você foi parar? - Lá está ela, minha guarda-costas. Ela não é apenas minha melhor amiga, mas também uma mãe apreensiva. Eu sorrio.
- Até agora, tenho estado na biblioteca, estudando ..... - Não é totalmente mentira.
- ...Você tem algo errado? -
- Você é uma prostituta, Delfina Martini, você me preocupou! Estou esperando por você no seu carro, rápido, temos que ir até sua mãe! - Ela coloca o telefone na minha cara.
Maldita seja minha mãe, esqueci completamente que tenho que ir à escola com ela! Não há nada a fazer a não ser tomar banho e dormir. Tenho uma tarde agitada pela frente com as meninas e os passos de dança.
Coloco o celular no bolso da calça jeans, coloco a pasta no ombro e me dirijo à saída.
Entro no estacionamento e imediatamente noto três coisas.
A primeira: Anastasia com os braços cruzados e uma expressão preocupada no rosto.
Segundo: a bicicleta de Dorian ainda está lá.
Terceiro: o grupo de Parker está bem ali, com Dorian fumando um cigarro.
Meu Deus, é uma perseguição!
Chego na frente de Ana, que imediatamente começa a conferência, falando em italiano e elevando um pouco o tom.
- Por onde você andou, porra?! Sabe quantas ligações eu já fiz para você? -
- Sim, pelo menos uma dúzia. - Respondo zombeteiramente, abrindo o capô do carro e jogando a pasta dentro dele.
- Ainda mais que você viu as ligações e nem pensou em mim! - Fecho o capô com um baque e olho para ela com uma careta.
- Eu estava prestes a ligar para o guardião! Achei que tinha acontecido alguma coisa com você... -
- Sim, Ana! - exclamo em dialeto, fazendo com que os rostos do grupo de meninos se virem.
- Ah, estou exagerando! Você é a irresponsável? E se acontecesse algo com você ou não? -
- Amarre! - Faço um gesto com minhas mãos, fazendo o gesto dos chifres. Na língua napolitana, seria um gesto contra o mau-olhado.
Depois de um segundo, Ana e eu caímos na gargalhada, empurrando um ao outro.
Dorian e seus amigos olham para nós um pouco confusos, mas divertidos.
Há também a Diletta, que parece estar se divertindo muito.
Dorian e eu ficamos olhando um para o outro por um momento, até que uma garota de cabelos loiros platinados se coloca na frente dele, interrompendo-nos.
Ela era inegavelmente bonita. Cabelos muito loiros, olhos escuros e um corpo de modelo. Era alta e cheia de curvas.
Em suma, o completo oposto de mim.
Ela flertava descaradamente com Dorian e ele sorria maliciosamente para ela, acariciando languidamente seu braço com o dedo indicador.
O loiro toca o pulso dela envolto em um elástico lilás e faz um gesto inesperado: afasta a mão dela, como se estivesse queimado pelo contato indesejado.
Estranho.
