Capítulo 4
Ana, Isa e eu somos amigas desde a quinta série. Temos dois anos de diferença de idade, mas você não percebe.
Sempre estivemos juntas, compartilhamos momentos maravilhosos e terríveis.
Elas sempre estiveram presentes.
Eles são exatamente a minha metade.
Estou sozinho nos Estados Unidos há dois anos. Eles moraram comigo e com minha família até agosto, quando se mudaram para o dormitório do campus.
Eu, porém, preferi ficar em casa, como o próprio irmão Mason.
Ambos são de origem americana. Mas, como eu, eles nasceram e foram criados na Itália.
Sem eles, eu não saberia o que fazer.
Eles são minha maior força.
Nós nos separamos, cada um tendo que ir para uma ala diferente. Demos um beijo na bochecha um do outro e finalmente cheguei à aula de Cálculo.
Cinco minutos atrasado.
Quando entro na sala de aula, encontro-a lotada de alunos. Felizmente, o professor ainda não chegou, então tenho bastante tempo para me sentar e organizar o material.
Depois de menos de dois minutos, o professor se senta e a aula começa.
delfina
As duas horas de Mathematical Analysis passam rapidamente. O professor é muito bom, seu tom de voz deixa você envolvido e apaixonado pela matéria.
Também fiz amizade com uma garota maravilhosa chamada Perla, muito simpática e prestativa.
Tenho uma hora livre antes do início do próximo curso de física. Então, decido enviar uma mensagem de texto para o grupo que tenho com meus amigos e nos encontramos na cafeteria do campus para tomar um café.
A resposta das meninas chega dois minutos depois, informando-me para sentar e esperar por elas.
Dirijo-me ao bar externo do campus em busca de uma mesa livre. Quando a encontro, sento-me confortavelmente e começo a percorrer minha página inicial do Instagram para passar o tempo.
Nem sequer olho em volta. Ignoro descaradamente todas as pessoas que andam pela universidade. Principalmente os homens.
- Com licença... - Uma voz gentil me faz levantar os olhos do celular, jogando fora todas as minhas boas intenções de manter a calma. - ...Posso me sentar ou você está ocupado? - Sinto-me tentado a dizer sim, mas não sou uma pessoa rude. Ela é uma garota loira bonita, de olhos claros. Ela está usando um agasalho Gucci e sapatos Gucci.
Tenho o péssimo hábito de estudar muito as pessoas, em detalhes. Não perco um único detalhe, nem mesmo em suas roupas.
Não me entenda mal, não me importo se ele está usando Gucci. Eu poderia ter usado um pano, mas eu a teria analisado de qualquer forma.
- Claro, sente-se. - Eu a convido com um sorriso sincero, que ela retribui imediatamente.
Ela se senta à mesa, olhando ao redor. Ao contrário de mim, ela parece mais confiante e menos tímida.
- Enfim, prazer em conhecer você, eu sou Diletta. - Ela se apresenta, estendendo a mão para mim.
- Eu sou Delfina. - Retribuo o abraço, sorrindo para ela.
- Você tem um nome bonito, vem de alguma constelação? - A loira me pergunta, ajeitando o cabelo atrás dos ombros.
Meus olhos se iluminam.
- Ah, obrigada a você. De qualquer forma, sim, você adivinhou. - Um rapaz se aproxima da mesa com um caderno, pedindo pedidos.
Eu tomei um bom café com leite, enquanto Diletta tomou um suco de pêssego.
- Você é a primeira pessoa que sabe a origem do meu nome. Você é a primeira pessoa que sabe a origem do meu nome. Sempre o compararam ao mamífero e pronto. - Diletta faz uma careta, como se dissesse - que gente estúpida - e eu só posso concordar com ela.
Depois de dois minutos, o rapaz chega com o café e a bebida. Finalmente, quase caio no sono na mesa.
Tomo um longo gole, a cafeína invade meu paladar. Minha língua começa a dançar de alegria. Eu adoro café. Mesmo que o sabor aqui nos Estados Unidos não seja o melhor, tenho que me contentar.
- Você não gosta de café? - Você não gosta de café? pergunta a loira com o canudo pressionado contra os lábios. Será que você mostra tanto assim?
- Digamos apenas que minhas papilas gustativas ainda não se acostumaram com o sabor desse tipo de café e que continuam sonhando com o sabor napolitano. - A boca de Diletta se abre, seus olhos se arregalam.
- Você é italiano? Porra, eu sabia! Eu deveria ter adivinhado pelo seu sotaque e pelas suas interrupções, mas napolitano? Que diabos, eu sou apaixonado por Nápoles, minha família e eu temos uma casa em Capri. - Eu ri espontaneamente com clareza cristalina. Diletta falava rápido e era muito bonita.
É estranho, mas não sou a primeira pessoa a reagir assim ao saber que sou italiana e do sul. Parece que eles consideram Nápoles a cidade das maravilhas ou um lugar encantado.
Já para nós, italianos, é a mesma coisa com os Estados Unidos.
- Você sente falta de Nápoles? - ele pergunta, molhando o lábio superior.
- Até a morte. Sinto falta dos meus avós, dos almoços de domingo, da pizza. Mas, acima de tudo, sinto falta das pessoas. A alma boa e genuína daquela cidade, as cores e o cheiro do mar. - Eu digo fechando os olhos, sonhando por um momento em abraçar minha avó.
Minha avó é minha pessoa favorita. Ela foi minha guia por muitos anos. Uma pessoa doce e gentil, sempre disponível e de uma bondade sem precedentes. Ela é costureira, mas, pelas roupas que faz, parece uma estilista de outra época. Ela tem mãos de ouro e muita paciência.
Mamãe diz que sou muito parecida com ela. Tenho os mesmos olhos grandes, escuros e penetrantes, cílios longos e pretos e a mesma expressão doce no rosto.
Posso ouvir sua voz ao telefone me dizendo que sou sua neta querida e que ela mal pode esperar para me abraçar novamente.
Mal posso esperar para estar de volta com ela e com aquela casa que cheira a família e paz. Quando estou com ela e meu avô, sinto que nada nem ninguém pode me machucar e que eles sempre estarão lá para me proteger.
Mesmo quando um dia eles não estiverem mais aqui, eles continuarão vivos em mim e em meu coração. Eles serão um pedaço da minha alma. Para todo o sempre.
- Você está maravilhosa, Delfina, e sente falta de seus amigos? Da escola? - Diletta me desperta de minhas lembranças e, instintivamente, fico tensa, mas respondo mesmo assim.
- Meus melhores amigos estão aqui comigo. Então você não sente falta de nada, no que diz respeito à escola? Bem, eu não tenho ninguém de quem sentir falta. - Talvez meu tom tenha sido formal demais, mas é automático.
Precisamente dois tornados estão perto de nós, bem, sentados é um eufemismo, eles passam correndo por nós, criando muita confusão.
Ana e Isa são sempre as mesmas pestes confusas. Comparado a elas, eu era uma camomila feita para uma pessoa. Elas falam bobagens, reclamam dos professores e dos cursos. Vamos começar com o pé direito.
Diletta parece divertida.
- Que falta de educação não nos apresentarmos, eu sou Anastácia, mas você pode me chamar de Ana, enquanto ela é Isabel? -
- Mas você pode me chamar de Isa. - Isa responde com uma piscadela.
- Eu sei quem você é. - Diletta ri. - Você é a garota que faz os homens desmaiarem, enquanto você é.... - Mas ela para de falar como se não pudesse. Como se ela estivesse prestes a revelar um segredo.
- ...você é Isabel Smith, certo? Você frequenta a escola de arte, já vi você lá algumas vezes. - Não foi isso que ele quis dizer. Ela estava prestes a dizer outra coisa, mas se deteve visivelmente.
- Ah, sim, sou eu mesmo. Em que escola você estuda? - Isa pergunta, brincando com uma mecha de cabelo ruivo, girando-a em seu dedo.
- Direito. Eu gostaria de ser advogada como minha mãe. -
- Você tem um rosto familiar, sabia? Já vi você em algum lugar antes? - pergunta Anastácia, estudando a deusa loira.
- Oh, acho que não, não sou do tipo que anda muito por aí. Talvez não pareça, mas gosto de silêncio. Acho que você conhece meu irmão. - Ela disse, tomando um gole de suco do canudo.
- Quem é seu irmão? - pergunta Anastasia. Mas coitada, ela está sendo interrogada. Nem mesmo na delegacia de polícia.
- Dorian. Dorian Parker. - Quase cuspi meu café. Aquela garota doce e bonita é irmã daquele... rapaz pomposo, arrogante e mimado.
