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Capítulo 6

Já estava a noite e eu finalmente encontrei coragem de mandar mensagem para o Christopher.

Mensagem

— Oi! — mandei, me arrependendo depois, pois, achei muito simples. Esperei alguns minutos roendo as minhas unhas. Sobressaltei com o toque da mensagem. Liguei a tela e era ele.

Christopher:

— Ei! Ayla.

Eu:

— Como sabe que sou eu? — mandei sorrindo.

Christopher:

— Você foi a única que passei meu número hoje, então…

Eu:

— Oh! É claro que sim… — enviei, constrangida pela minha lerdice.

Christopher:

— Pensei que não iria mandar mensagem.

Eu:

— Por que não mandaria?

Christopher:

— A questão é: Por que demorou tanto?

Ok, ele havia me pegado nessa.

Eu:

— Estava ocupada. — menti.

Christopher:

— Não, não estava. Teve a tarde inteira livre porque não tem trabalho essa semana. Então, porque demorou tanto para me mandar mensagem?

Ele estava me encurralando. Não sabia o que responder.

Eu:

— Eu só fui me lembrar agora. Desculpe, os meus irmãos aproveitam o máximo possível de mim quando não trabalho. — enviei, me orgulhando da minha desculpa.

Christopher:

— Sei, a tarde inteira.

Ele não havia acreditado.

Eu:

— E então, amanhã ainda está de pé a ida ao hospício? — perguntei mudando de assunto.

Christopher:

— É, ainda está de pé.

Sentia que ele não estava muito entusiasmado.

Eu:

— Me passa o seu endereço. Eu passo aí para te buscar.

Christopher:

— Não mesmo. Passo para te pegar no período da tarde. Esteja pronta para mim ; ) Boa noite!

Eu:

— Boa noite :)

Mensagem off

Algo na sua frase "esteja pronta para mim”, me dava borboletas no estômago e isso não era nada bom. 

Dia seguinte

— Filha. — chamou uma voz doce me acordando do sono profundo.

— Mãe, só mais um pouco. — disse enfiando meu rosto nos travesseiros.

— Tem um rapaz te esperando na nossa sala. — disse ela. Na mesma hora me levantei me sentando.

— Que rapaz? — perguntei.

— O nome dele é bem estranho, mas lembro que começa com Chris… — me levantei em sobressalto. Como assim ele estava aqui?

— Por que deixou ele entrar? — perguntei não esperando a resposta.

Desci as escadas correndo me desequilibrando em um degrau, mas logo me recuperei segurando na parede.

Olhei em volta da sala e pude ver ele  em pé perto da porta me observando como sempre.

— O que está fazendo aqui? — perguntei.

— Já se passam das 2 da tarde, então… — disse ele olhando em um falso relógio no pulso. Eu havia dormido tanto assim? Notei sei olhar vagando o meu corpo.

— Filha, você ainda está de pijama. — disse minha mãe, enquanto descia as escadas. Olhei para o meu corpo e para a minha vergonha alheia eu realmente estava de pijama. O pior é que era um pijama constrangedor.

— Me desculpe por isso. — disse fitando qualquer outro lugar que não fosse ele.

— Não se preocupe. — disse ele. — Gosto do que vejo, mas preferia sem. — disse em um tom baixo para que só eu o escutasse. Encontrei seus olhos imediatamente, ele estava com um olhar malicioso e um sorriso divertido nos lábios. Não sabia onde enfiar a minha cara. O meu pijama era simplesmente uma grande camisa branca que era o dobro do meu tamanho e estampada em sua frente uma mulher incrivelmente gostosa nua da cintura para cima.

— Ok. Eu… — comecei, mas me perdi em seus olhos. Por que ele tinha que me olhar assim?

— Ela vai se trocar. — disse a minha mãe me salvando.

— É, vou me trocar. — disse quebrando o nosso contato visual.

— Vai lá. — disse ele convencido.

 

Subi as escadas novamente. Tomei banho e me vesti. Nesse processo todo eu ainda pensava em Christopher na minha sala. Terminei de me arrumar e desci.

— Estou pronta! — disse para o vazio, já que não havia ninguém na sala.

Escutei risadas vindo da cozinha, fui em passos rápidos em direção às vozes.

— Foi rápido. — disse Christopher sentado na cadeira da bancada.

— Sobre o que estavam conversando? — perguntei desconfiada.

— Sobre você. — disse minha mãe. Então a olhei com uma olhar matador, ela sabia o quanto eu não gostava que falasse sobre mim, ou qualquer outra coisa que me envolvesse.

— Hum. — disse. Era notável o meu desconforto.

Christopher narrando

Nesse pouco tempo que fiquei conversando com a senhora Amélia, arranquei o máximo de informações  possíveis. Descobri que Ayla era altamente super protetora e que chegou a ponto de proibir os irmãos de estudar em uma escola. Isso era interessante. Perguntei para mãe dela o porquê dela ser assim, mas Amélia logo mudou de assunto, havia algo ali e eu iria descobrir. Já havia percebido o quanto Ayla é fechada sobre a sua vida e o quanto ela é protetora, mas tudo havia um motivo, mas qual? Talvez eu estivesse sendo hipócrita, pois, era de se perceber que meus feitos no passado haviam contribuído para ela ser desse jeito hoje e eu não poderia estar mais que satisfeito.

Quando Ayla chegou na cozinha a sua mãe disse que estávamos falando sobre ela. Observei bem a sua reação e não foi uma das melhores.

— Vamos? — chamou, friamente.

— Sim, vamos! — disse me levantando. — Adorei lhe conhecer senhora Amélia! Obrigado pelo café. — disse apertando sua mão.

— Não há de que. — disse ela sorrindo doce, retribui o sorriso e me virei para Ayla, ela estava com uma carranca notável.

Fomos em direção ao meu carro, ela o analisou, mas não comentou nada. Entramos em silêncio e o caminho estava sendo silencioso também.

— Está bem. — disse suspirando, o que chamou sua atenção. — O que houve? — perguntei, mas já sabendo o que ela tinha.

— Se quisesse saber da minha vida era só ter perguntado. — disse ela. Podia ver o tamanho da sua irritação.

— Talvez se eu estivesse perguntado você não responderia. — retruquei, mas ela negou olhando para frente.

— Mesmo assim, é errado especular a vida dos outros. — disse.

— Por que está tão irritada? — perguntei, me interessando pela situação.

— Eu não estou irritada. — disse ela parecendo estar a beira de um surto.

— Sim, você está. — disse, pois, queria a ver surtando.

— Não. — disse cruzando os braços.

— Você está incrivelmente irritada e talvez eu saiba por quê. — disse, ela voltou a me olhar.

— Você não sabe de nada. Nós não nos conhecemos o suficiente. Não tem que saber da minha vida. Ok? — esbravejou ela vermelha. Quis rir, mas não poderia estragar a situação.

— Você não me dá uma brecha para isso. Como quer que as pessoas se aproximam de você sendo que você mesma não deixa? — perguntei.

— Não é bem assim. — disse ela sorrindo amargo.

— Você me abrigou a fazer isso. — disse, ela se virou olhando em meus olhos.

— Você fez por que quis. — disse ela.

— Sei porque está tão irritada assim. — disse novamente, desta vez olhando para estrada. Sabia que ela me fitava.

— É mesmo? Por quê? — perguntou ela em um tom superior. Sorri internamente, pois, finalmente ela havia perguntado.

— Ayla, psicologia não é uma coisa que me interessa muito, mas me dediquei a ela. Escolhi passar por essa faculdade porque queria conhecer mentes das pessoas. Conheço a sua. Você está irritada porque quebrei a camuflagem da sua privacidade. É isso, você preza pela sua privacidade, você vive no seu mundinho achando que ninguém irá se infiltrar nele. Você protege demais as pessoas e isso as deixam sufocadas. Isso é doentio. — disse tomando cuidado para não passar dos limites e a assustar, pois, ela não podia se afastar.

Narração off

As palavras de Christopher eram como um banho de água fria.

— Não sou super protetora. — disse, ele soltou um sorriso sarcástico.

— Sim, você é. Não é só com a sua família, Ayla. É com todos. Por exemplo: Quando você me atropelou, me senti sufocado com você o tempo inteiro me observando, enquanto não chegava em sua casa, ou quando você achou que deu uma freada brusca e levou suas mãos até o meu peito para me segurar, pois, ficou com medo de me machucar pelo impulso que achou que o carro iria dar, mas não aconteceu nada, Ayla. O carro nem sequer balançou. Isso é sufocante, é obceção. — disse ele. Eu sabia, sabia que era assim, mas não queria que fosse. Ele não entendia. — Quando estávamos eu, você e Verônica. — disse ele puxando minha atenção. — Ela te atacou, foi baixa com você, mas mesmo assim você não deu o que ela merecia. Você apenas  colocou ela em seu lugar. Você escolheu as palavras para isso. Ayla, não tem que ser assim, não precisa pensar em palavras menos ofensivas para proteger essa pessoa enquanto ela te ataca. — disse ele e era verdade, era tudo verdade.

— Ela é a minha amiga, Christopher. — disse com lágrimas nos olhos. Não queria chorar, mas o desconforto por estar sendo invadida era desesperador.

— Você não admite. — disse ele suspirando. — Talvez nunca admita. O que aconteceu para se desenvolver essa alto defesa, protetorismo e medo de invadirem o seu espaço? — perguntou ele, neguei. — Não confia em mim o suficiente. — diz ele. — Por isso não vai me dizer, mas sei que aí tem coisa. Não é atoa que estudo psicologia. — disse ele. Eu estava tão brava.

— Não tem que se meter. — disse abrindo a porta do carro em movimento. Ele parou o carro bruscamente e eu saí. Avistando um táxi de longe, acenando o vendo encostar.

— Ayla, converse comigo. — disse Christopher saindo do carro, mas eu já ia em direção ao táxi. — Você só está fugindo dos fatos. — disse ele me fazendo parar e olha-ló.

— É melhor que enfrenta-lós. — disse voltando a andar, mas não sendo impedida dessa vez.

Christopher narrando

Isso realmente iria ser interessante. Ayla era interessante, sua mente estava uma bagunça e isso é empolgante. Eu a queria e iria conseguir, na verdade, já a tinha em minhas mãos. Finalmente eu havia conseguido Ayla Jarsdel, mas nunca é bom devorar a presa logo, prefiro ficar brincando e pelo visto tínhamos muito o que brincar.

Narração off

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