Capítulo 4
Passei o dia inteiro em casa, resfriada. Sim, eu tinha uma baixa imunidade gritante.
Não iria ao trabalho hoje, liguei para a clínica e disse que não poderia já que estava gripada. Eles me deram 1 semana para melhorar e depois voltar ao trabalho.
— Nós vamos ao médico. — disse minha mãe andando de um lado para o outro, enquanto eu estava sentada no sofá enrolada em um coberto.
— Mãe. — disse revirando os olhos. — É só um resfriado, vou ficar bem. — disse.
— É, mas as coisas começam a partir de um resfriado e… — escuto meu celular vibrar, era uma mensagem da Verônica a minha melhor amiga.
Mensagem
Verônica:
— Porque não foi para faculdade hoje?
Eu:
— Longa história... depois te conto.
Verônica:
— Não faz isso comigo. Me conta agora!
Eu:
— Agora não dá, minha mãe está surtando.
Verônica:
— Por quê?
Eu:
— Estou resfriada, e você sabe, ela é neurótica com essas coisas. Bom, te vejo amanhã. Bjs!
Mensagem off
Coloquei o celular sobre a mesa novamente.
— E isso é um perigo, você tem que se cuidar mais… — ainda dizia a minha mãe.
— Ok, mãe. Prometo que irei me equipar na próxima vez que estiver frio. — disse me levantando. — Agora eu vou dormir, pois, estou muito cansada. — disse dando um beijo em sua testa.
Subi as escadas indo direto para o meu quarto e me jogando na cama. Acho que dormiria em qualquer lugar que me colocassem. Já estava de tardinha, mas hoje realmente não veria o sol, estava nublado igual de manhã. Fechei meus olhos me aconchegado na cama.
Dia seguinte
Acordei em um sobressalto com o barulho do despertador, olhei em volta estava tudo escuro. Procurei meu celular sobre a cama o encontrando. Já eram 6:50 da manhã e eu estava surpresa por eu ter dormido tanto assim. A verdade é que não deu nem tempo de ficar surpresa, pois, nesse exato momento eu deveria estar me arrumando. Chutei as cobertas da cama, me levantando rapidamente. Procurei qualquer roupa no meu guarda-roupa, não me esquecendo de especificar roupas quentes. Sai em direção ao banheiro. Tomei uma ducha rápida. Me posicionei em frente ao espelho me assustando com o ninho de passarinho que se encontrava os meus cabelos, os penteei da maneira que consegui. Sai do meu quarto descendo as escadas. Não iria tomar café, não poderia correr o risco de me atrasar novamente. Sai pela porta vestindo o meu casaco, não estava chovendo, mas fazia frio.
Cheguei em frente a faculdade estacionando o meu carro, achando estranho demais não ter quase ninguém no estacionamento. Desci do carro olhando em volta. De longe pude avistar a Verônica vindo em minha direção sorridente.
Tranquei as portas do carro.
— O que está fazendo aqui tão cedo? — perguntou ela me abraçando. Retribuo o abraço.
— Como assim cedo? — perguntei me afastando.
— Agora são exatamente seis horas e você nunca chega às seis. — disse ela óbvia. Olhei para meu relógio de pulso e realmente eram 6 horas, verifiquei a hora no meu celular e já eram 7 horas.
— Merda. — disse amaldiçoando o meu celular.
— Adiantado, não é? — perguntou ela, e eu assenti com a cabeça, bufando. — Acontece, mas nada que um bom café não resolva. — disse ela piscando e começando a andar, a acompanhei. Fomos a uma cafeteria que mais parecia um restaurante. Sentamos nas cadeiras de madeira desgastada, mas tão conhecidas. A decoração desse lugar era maravilhosa, era rústico e eu gostava. Verônica pediu dois cafés.
— Você está horrível. — disse ela.
— Me fale uma novidade. — disse revirando os olhos. — Estou resfriada, acordei adiantada e tudo está um saco ultimamente. — disse em um fôlego só, mas ela não prestava atenção em mim e sim por trás dos meus ombros. — O que está olhando? — perguntei.
— Não olha agora, mas tem um gostosão parado na porta olhando para nossa direção. — olhei por cima dos ombros disfarçadamente. Era o Christopher parado na porta nos encarando. Me virei novamente olhando para minha xícara.
— Ah! É ele. — disse. Verônica não parava de olhar em sua direção.
— Quem é ele? — perguntou ela, sem ao menos me olhar.
— Christopher. — uma mão passou por centímetros do meu rosto se estendendo para apertar a mão da Verônica. — O cara que ela atropelou ontem. — disse ele, me olhando divertido. — Posso acompanhar vocês, senhoritas? — perguntou. Verônica assentiu rapidamente.
— Por favor. — disse ela sorridente demais para o meu gosto. — A propósito, meu nome é Verônica. Me conte, que história é essa de atropelamento? — perguntou se inclinando mais sobre a mesa, o que deixou seu decote ainda mais exposto. Olhei para Christopher e ele olhava para o seu decote sorrindo de lado, eles estavam flertando e na minha frente.
Christopher narrando
Eu estava flertando de propósito a mulher que estava acompanhando da Ayla e isso estava a deixando irritada eu podia ver.
— Bom, não tem muito o que contar. Só sei que quando percebi, já estava rolando sobre o capô do carro. — disse. A tal Verônica estava com uma expressão de surpresa.
— Oh! Meu Deus! Ela sempre foi barbeira assim mesmo. — disse ela sorrindo, olhei para Ayla e ela estava com os olhos focados em Verônica a fuzilando. Soltei uma risada e isso pareceu a enfurecer ainda mais.
— Eu nunca fui barbeira, Verônica. — disse Ayla em um tom severo. — Estava nublado e não dava para enxergar nada. — disse ela, olhando desafiadoramente para Verônica.
— Não? — perguntou irônica. — E aquele gatinho que você atropelou? — perguntou Verônica. Olhei para Ayla e por pouco não saia fumaça do seu nariz.
— Por que não cita às vezes que você atropelou cachorros por estar em alta velocidade e não conseguir desviar? O quê? Foram uns três? Um ficou aleijado e os outros morreram. — disse ela com um sorriso vitorioso. Verônica carregava uma expressão sem graça.
— Pelo menos um ficou vivo. — disse Verônica, Ayla arqueou uma sobrancelha.
— Pelo menos o bonitão que atropelei está vivo. — disse Ayla se levantando da mesa e saindo do estabelecimento.
Verônica me olhou suspirando.
— Ela não está em um bom dia. — disse ela tentando explicar o que havia acabado de acontecer.
— Sei que não. — disse me levantando. — Foi um prazer conhece-lá, mas já estou de saída. — disse indo até a Verônica lhe dando um beijo no canto da boca, ela sorriu mordendo os lábios. Eu iria precisar dela depois, então tinha que começar a agir.
Narração off
Sai do estabelecimento enfurecida. Verônica estava claramente tentando me rebaixar na frente dele e ela nunca havia se comportado assim. Fora que ele ainda estava flertando com ela. Qual era a dele? Desde de que nos conhecemos, ele vem mostrando interesse por mim.
— Ayla. — escutei, mas não parei de caminhar. — Ei, Ayla! — gritou Christopher, parecendo apressar o passo para me acompanhar. — Ei. — disse ele agarrando o meu braço, então puxei meu braço bruscamente do seu toque e ele ergueu as mãos em forma de rendição. — O que houve? — perguntou ele em uma expressão confusa.
— Não é nada. Eu só estou resfriada e quando fico doente fico temperamental. — disse mentindo, até porque eu não chegaria nele falando: “Não é nada, é só que acho que estou gostando de você, mesmo nesse pouco tempo que nós nos conhecemos. Eu só fiquei irritada, pois, talvez eu possa ter sentido um pouco de ciúmes. Tirando o fato que eu acho filha da putagem da sua parte flertar com a minha amiga sendo que há um dia atrás você foi no meu trabalho e me levou a um encontro, ou também porque você quase me devora com o seu olhar, mas, ok. Não vamos fazer tempestade em copo D'Água.” Eu não poderia falar isso, aliás, talvez isso só deva ter acontecido na minha cabeça. Não poderia cobrar nada dele, ao menos o conhecia.
— Sinto muito. Provavelmente foi por minha culpa que pegou um resfriado. — disse ele.
— Você está mancando, então, estamos quites. — disse lhe dando um leve sorriso.
Então fomos conversando o caminho inteiro até a sala.
