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Profanos: histórias de terror e mistério

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Orlando Rodrigues
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Resumo

Sagrado e profano são representações mentais e comportamentais de modos de pensar e agir das pessoas, manifestadas por seu conjunto de crenças e valores que vão se formando ao longo da vida, sempre confrontados nas diversas relações sociais em que a humanidade se insere. Profanos: histórias de terror e mistério, reúne contos que abordam comportamentos dicotômicos, ora relacionados a crenças, valores ou padrões morais, imorais ou amorais de comportamento, narrados sob uma perspectiva de confronto nem sempre explícito entre essas representações. Cada história tem uma linha de narrativa voltada para a descrição de confrontos ligados à peleja entre o bem e o mal, entre o sagrado e o profano, de modo a proporcionar ao leitor, mais que uma experiência literária, a possibilidade de refletir sobre os fantasmas eu habitam nosso subconsciente.

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Capítulo 1 - A amiga imaginária

A história que vou contar a seguir aconteceu com um amigo bem próximo, do qual tenho muito apreço e consideração em razão de sua seriedade e compostura, sobretudo, quando se refere a passagens de sua vida íntima, mais especificamente, a sua vida sexual, ele um homem sempre cortês, de fino trato, pouco dado a exposições exageradas, principalmente, nas reuniões informais entre amigos homens, quando o assunto é mulher.

Esse meu amigo a quem conheço desde criança, hoje um adulto à beira dos quarenta anos de idade, formado em direito e em pleno exercício da advocacia, muito famoso nos tribunais e escritórios jurídicos pelo seu nome de batismo com o devido acréscimo do título de doutor, Paulo Mello Cunha (Mello com 2 eles), a quem eu sempre chamo de Paulinho, assim, carinhosamente, e no diminutivo, desde nossos tempos de garotos.

Ocorre que doutor Paulo Mello Cunha cresceu e cresceu muito, tendo algo em torno de 1,80 metros de altura e 80 quilos aproximadamente, bem distribuídos em seu corpo atlético, realçados por sua pele morena, bronzeada e seus olhos esverdeados, características que o tornam em evidência por onde passa, despertando olhares deslumbrados das mulheres que, em cochichos e risos misteriosos, comentam, umas com as outras, sobre a sua beleza.

Paulinho, assim vou chamá-lo no decorrer desta narrativa, apesar de seus dotes físicos, seu olhar penetrante e sua habilidade para a comunicação quando o assunto está relacionado à sua profissão é um sujeito tímido, na verdade, reservado, em se tratando de questões de relacionamento afetivo ou amoroso e, sendo mais direto, quando o assunto é sexo.

E é sobre sexo que vou lhes contar na íntegra, o que me foi revelado por Paulinho em uma de nossas últimas conversas, por sinal, uma conversa bastante curiosa e até mesmo difícil de acreditar, vindo da boca desse meu amigo, embora ele tenha me pedido sigilo quanto a isso.

Eu até concordei por manter em segredo o fato que ele me contou muito timidamente em nosso último encontro, em seu apartamento.

Porém, o fato é tão alarmante que é impossível manter em segredo. O que vou contar é no mínimo perturbador, para não ter de dizer assustador, terrível, traumático, principalmente para nós homens.

Diferentemente de Paulinho eu sou mais expansivo, mais extrovertido e mais falante sobre muitas situações e meus amigos, incluindo Paulinho, me tratam carinhosamente

por Carvalho, sendo meu nome completo de batismo Manuel Carvalho Pinto e minha formação é na área das ciências sociais, mais especificamente, história, sendo a história antiga, das primeiras civilizações, a que mais me interessa. Sou pesquisador e professor de história na UnB, Universidade de Brasília e, atualmente, coordeno algumas pesquisas na área de história medieval.

Talvez seja por isso que Paulinho resolveu me confidenciar uma aventura sexual da qual ele foi protagonista, porém, com retoques bizarros e luxuriantes, tendo como personagens ele e uma grande amiga nossa da escola, lá dos tempos do ginásio, no ensino fundamental de primeiro grau.

Essa amiga em comum, diga-se de passagem, nos nossos tempos de escola, era uma das mais belas entre todas as outras meninas. Já no início de sua adolescência ela se apresentava a todos nós com seus dotes femininos já extremamente desenvolvidos, algo que nos encantava a todos, seus colegas de escola e de turma, principalmente.

Nós a tratávamos pelo apelido carinhoso de Sade, enquanto seu nome de batismo era Sandra Beatriz Amado Leite, que ela detestava e adorava ser chamada pela alcunha a qual me referi. E Sade fazia jus ao apelido, no sentido de se fazer lembrar o nobre filósofo francês Donatien Alphonse François de Sade, o Marquês de Sade, que viveu entre os séculos XVIII e XIX, um político revolucionário e escritor famoso por sua sexualidade libertina.

E a jovem garota Sade tinha tudo isso e algo mais. Ela estava à frente de seu tempo, era engajada politicamente, suas ideias eram contestadoras e reflexivas e adorava escrever contos eróticos, principalmente, nas aulas de redação, para espanto das professoras, constrangimento dos professores, curiosidade das colegas de turma e lascívia, excitação e devaneios dos meninos. Por algumas vezes ela foi repreendida na escola pelas coisas que escrevia, ao que ela rebatia em nome, lá naquela época, da liberdade de expressão.

Eu e Paulinho éramos encantados com ela, mas ela gostava de meninos mais velhos, na verdade, ela gostava era de homens mais velhos e os meninos da escola ela considerava a todos muito infantis. Ela nos tratava bem, é verdade, mas, sempre se impondo e nos provocando com seu ar de superioridade e seus olhares e movimentos de sedução, deixando-nos boquiabertos e tentados, a ponto de termos pesadelos eróticos noturnos, sendo literalmente comidos por ela. Sim, ela nos devorava, tal qual se confirmava em nossos pesadelos confiados entre nós, nas conversas entre mim e Paulinho.

Os nossos sonhos eram parecidos e em nossos transes pelas madrugadas ela aparecia, sempre nua, com seu corpo escultural, aquelas pernas roliças, os seios volumosos e duramente firmes sobre nossos corpos, nos sufocando com seus beijos escaldantes e úmidos e descendo sua boca quente e voraz por todo o nosso corpo, ora eu, ora ele, ora nós dois juntos, vítimas felizes de seu furor sexual, até que, instantaneamente, ela simplesmente desaparecia e éramos acordados pelos lambidos do cachorro ou do gato que sempre nos acordava, o meu cachorro Ktzo, cheirando meu hálito e lambendo minha boca, enquanto Paulinho era despertado pela gatinha Lucrécia Borgia, esfregando o rabo em sua cara e ronronando.

Mas, os anos se passaram e cada um tomou seu rumo. Sade havia ficado apenas na lembrança minha e de Paulinho, já que nunca mais a vimos e eu e meu amigo nunca nos separamos.

Paulinho é como um irmão para mim. Estamos sempre nos encontrando, eu com meu jeito espalhafatoso, ele com seu trejeito mais cordato e contido. Enquanto eu vivia muitas aventuras, um solteirão convicto, Paulinho sonhava em encontrar a mulher ideal para se casar, ter filhos e constituir uma família, seguindo os desígnios de Deus.

É fato que sempre em nossos costumeiros encontros lembrávamos de diversas fases de nossas vidas e, claro, não podíamos deixar de comentar sobre Sade, a nossa musa encantadora, aquela que além de povoar nossos sonhos, nos servia de inspiração para nossas seções de sexo manual e solitário, dos tempos da adolescência.

Paulinho se enrubescia todo quando era a sua vez de falar de suas memórias, algo que servia para meu divertimento, já que eu ria a valer da forma tímida como ele contava suas histórias.

Certa vez eu estava num bar em Brasília, um point de muita movimentação, muito bem acompanhado de três belas garotas e uma delas eu queria apresentar para Paulinho, com o objetivo de emendarmos a noite.

Eu estava com uma moça morena, de cabelos longos, também muito extrovertida e uma outra, de pele negra, muito linda. A terceira garota, por incrível que pareça, nos lembrava a garota Sade.

Não me recordo o nome de nenhuma das três. Bebemos, conversamos e nos divertimos muito com nossos assuntos picantes para constrangimento de Paulinho, sempre tímido e comedido.

Por fim, nada foi além da boa prosa, pagamos a conta, inclusive das moças e tratamos de deixá-las em um hotel, bem próximo do bar em que estávamos na asa norte, onde elas estavam hospedadas.

Foi quando Paulinho comentou o quanto a terceira moça se parecia com a garota Sade.

— Sério, Paulinho? Eu nem reparei. Eu queria ter pego as duas que estavam comigo, mas você ficou fazendo doce.

— Desculpe Carvalho, mas eu já disse a você que mulher somente se for pra casar. Agora, a moça é a pura semelhança com nossa colega Sade, dos tempos da escola. Talvez, pela nossa idade, pode até ser filha dela.

Ao ouvir isso eu não aguentei e ri muito. De certa forma, se fossemos considerar a nossa idade e a temperatura sexual da antiga colega Sade, Paulinho tinha uma certa razão. Por fim cada um de nós seguiu seu caminho e fomos para nossas casas em um carro de aplicativo.

No dia seguinte Paulinho me ligou e sua voz era pura agonia. Eu devo esclarecer que na noite anterior, após deixarmos as moças no hotel, trocamos nossos contatos telefônicos e salvamos em nossos respectivos celulares.

As meninas eram legais e estavam na cidade fazendo um curso preparatório para concurso em um órgão federal e ainda ficariam alguns dias ali hospedadas.

Além de belas, eram estudiosas e faziam trabalhos temporários para terem alguma fonte de renda. Não revelaram o que faziam para ganhar dinheiro, mas, também, não era difícil deduzir.

Paulinho estava ofegante ao telefone e queria de toda a maneira se encontrar comigo para uma conversa sobre a noite anterior.

—Tudo bem Paulinho, onde devemos nos encontrar?

— Em qualquer lugar desde que não seja naquele bar da noite de ontem, por favor.

— Você não gostou do local? O que foi que aconteceu?

— Não posso dizer agora. Venha até o meu apartamento. É melhor.

— Tudo bem, Paulinho. Eu tenho compromisso até as 19 horas. Chego no seu apartamento por volta de 20 horas. Pode ser?

— Sim. Claro. Te espero.

Fazia tempo que eu não percebia Paulinho tão diferente. Até palavrão ele falou quando conversamos ao telefone. Ele não quis adiantar o assunto, mas algo muito sério havia ocorrido após termos nos despedido depois de deixar as meninas no hotel.

Me causou estranheza o fato dele se recusar a termos um novo encontro no bar da noite anterior. Já frequentávamos o lugar há algum tempo e ele nunca fez qualquer menção negativa a respeito do local, embora, fosse um point de encontros, muito visitado por garotas de programa, sobretudo, as acompanhantes de luxo que fazem companhia a políticos do país todo que se deslocam a Brasília em busca de verba para seus redutos eleitorais.

É sempre comum se deparar com alguns desses políticos, principalmente, aqueles de menor exposição na mídia, naquele tipo de lugar, sempre bem acompanhados de jovens e belíssimas garotas.

Eram 20:10 quando estacionei meu carro em frente a entrada do prédio onde Paulinho morava, um bairro bastante populoso na parte sul de Brasília, próximo a Taguatinga, uma de suas cidades satélites, cujo nome é Águas Claras. A densidade populacional do bairro é imensa, com vários edifícios bastante altos e inúmeros apartamentos.

Paulinho havia adquirido um apartamento bastante amplo, já que sua intenção era casar-se e constituir família ali na região. Mal me dirigi à portaria e minha entrada foi imediatamente autorizada.

Deu para perceber a aflição de Paulinho na sacada de seu edifício, me esperando. Lá do alto do décimo andar ele me acenou, enquanto segurava o celular grudado na orelha.

O aceno era para que eu subisse depressa, fazendo um gesto com a mão direita indicando essa orientação. Nem cheguei a tocar a campainha da porta, Paulinho já estava à minha espera.

— Puta que pariu Carvalho que bom que você veio.

— Sim. Eu havia combinado com você. Me atrasei um pouco por causa do trânsito de lá do fim da asa norte até aqui em Águas Claras.

Eu respondi já tenso também, novamente estranhando a forma de falar do meu sempre contido e cortês amigo Paulinho, que aparentava estar bem nervoso, com seus olhos verdes estatelados, vestindo uma camisa social de manga curta, em tons de bege e uma bermuda, cujo tecido eu não consigo descrever, em tom bege também.

— Caralho, Carvalho, puta que pariu, você não tem ideia do que aconteceu ontem a noite depois que saímos da porta daquele maldito hotel.

Paulinho, de fato, não estava bem. Ele tremia. Sentamos um de frente ao outro em duas poltronas existentes na sala. Ele me ofereceu água e bebeu de uma só vez quase meio litro que estava em uma jarra de vidro, posta sob uma pequena mesa de centro entre uma poltrona e outra.

— Mas o que foi que aconteceu Paulinho? Você parece transtornado.

— Transtornado é pouco cacete. Eu estou tremendamente emputecido.

— Emputecido comigo? Te fiz alguma coisa? Foram as brincadeiras de ontem? Poxa cara, você sabe que sou brincalhão e a vida toda eu e você nos relacionamos assim. Você com seu jeitão comedido e eu com meu tipo espalhafatoso, apesar de hoje estar parecendo o contrário.

— Porra caralho, quer dizer, porra Carvalho, não é nada com você não cacete.

— Mas o que é então?

Paulinho ficou com os olhos ainda mais estatelados, com o rosto moreno enrubescido, franziu a testa e desabou a chorar. Chorou de soluçar por pelo menos 3 minutos.

Eu olhei para ele naquela sua agonia e transtorno; deixei que chorasse. Enchi a jarra de água, bebi um copo e dei o restante a ele, na expectativa dele se acalmar. E acalmou-se.

— Carvalho, meu amigo, assim que deixamos as meninas no hotel, passamos nossos telefones. Você se lembra disso?

— Sim. Lembro. Só não me lembro do nome das moças, mas estão salvos no meu celular. Não fiz nenhum contato com nenhuma delas depois disso. Até porque não rolou nada.

— Eu tenho o nome das três moças e uma delas me mandou mensagem, logo em seguida. Beatriz, Katia e Malu. Esses são os nomes das moças.

— Verdade. Agora eu me lembro. Qual delas fez contato com você? Não vai me dizer que foi a ...

— Sim. Beatriz, a moça que é muito parecida com a Sade.

Me veio uma crise de riso, para a fúria de Paulinho que irritado me censurou pela risada fora de propósito. Eu me desculpei, segurando o riso.

— E o que ela queria?

— Ela disse que havia ficado interessada em mim e queria passar a noite comigo e me mandou o número do apartamento no hotel.

— Uau! E aí, rolou?

Confesso que olhei fixamente para Paulinho com as minhas artérias grossas de vontade de gargalhar, mas, me contive.

— Rolou. Era a Sade, Carvalho.

— Caralho, como assim?

— Eu recebi a mensagem e não sabia o que fazer. Acabei decidindo ir até o apartamento dela. Paguei a corrida do carro de aplicativo e refiz o trecho até o hotel. Assim que falei o nome da Beatriz me autorizaram a entrada, dizendo que ela estava me esperando. Ao chegar no apartamento dela, quase morri de susto. Era a Sade que estava lá como a conhecíamos nos tempos da escola. Ela me pegou pelo braço e me jogou na cama. Ela começou a se despir na minha frente, com todo aquele seu estilo de sedução que nos encantava na época de meninos. Ela bebia alguma coisa e me ofereceu a mesma bebida e em segundos eu me senti entre o céu e o inferno. Ela jogou-se para cima de mim e não me deixava dizer nada.

Ela apenas queria sexo, sexo selvagem, intenso. Ela pegou meu celular e começou a fotografar e filmar a nós dois em mais diferentes posições. Ela não permitia que eu falasse qualquer coisa. Ela me dominou totalmente. Eu cedi, enquanto ela me devorava, tal qual em nossos sonhos.

— Que loucura! Vocês filmaram tudo

isso?

— Ela filmou e fotografou. Carvalho, era a Sade, exatamente como a conhecíamos há quase trinta anos ou mais. Mas, o pior não é isso. O pior vem depois.

Nesse momento, Paulinho se levantou, foi até seu quarto, pegou o celular e caminhou até mim.

— Veja isso.

Toda aquela história estava muito estranha e o comportamento de Paulinho percebia-se bastante alterado. Ele me passou o celular com os arquivos das imagens que ele disse feitas por Sade.

— Não tem nada aqui. Só tem você. Não há ninguém com você. Parece que você está falando sozinho.

— Exatamente. Eu acordei hoje de manhã num quarto de hotel, naquele hotel, sozinho, o apartamento todo bagunçado, com bebidas pelo chão, drogas, cigarros e uma arma.

— Arma? Que arma?

— Um revólver, calibre 38. Eu não tenho arma. Nunca usei. Não ando armado. E a moça simplesmente desapareceu. Escafedeu-se.

— Como assim, desapareceu? Me explica isso direito.

— Eu quando vi que estava sozinho no quarto do hotel, fui embora. Saí sem que ninguém percebesse. Nem fui trabalhar. Peguei meu celular e liguei para a tal Beatriz. Deu número inexistente. Liguei no hotel e me disseram que não havia ninguém com o nome de Beatriz hospedada lá, naquele apartamento.

— Coisa esquisita.

Nessa hora até eu estava nervoso, sem saber direito o que estava acontecendo, mas ainda havia coisa pior a ser dita.

— Esquisito? Você acha esquisito? E se eu disser que a tal Beatriz nunca existiu. E se eu disser que houve um crime naquele bar, naquela noite, logo após termos saído. E se eu disser que houve um crime passional, onde uma mulher foi morta. E se eu disser que a mulher assassinada se chama Sandra Beatriz Amado Leite, que foi assassinada pelo ex companheiro, por motivos de ciúme?

— Sandra Beatriz é o nome da Sade.

— Exatamente. Agora veja isso. Paulinho me mostrou um boletim de ocorrência policial firmado pelo proprietário do bar, narrando o ocorrido.

— Aqui diz que o assassinato ocorreu no bar; o fato se deu algumas horas depois que estivemos lá... e que o ex companheiro estava hospedado no hotel. E que o ex companheiro, principal suspeito, chama-se Paulo Mello Cu...

Eu interrompi a leitura e olhei para meu amigo. Ele estava completamente transtornado. Seu rosto estava desfigurado, parecia ter envelhecido uns trinta anos em segundos. Ele olhou para mim, com os olhos cheios de lágrimas e correu até a janela que estava aberta, tal qual quando cheguei ao prédio e o vi acenando para mim. Meu amigo saltou do décimo andar. Nada pude fazer.

Seis meses se passaram depois deste acontecimento. Meu amigo encontra-se em coma, em estado vegetativo, desde o dia em que saltou. Sua queda apenas não foi fatal por um grande milagre, desses mistérios que a gente não explica.

Quanto à Sade é fato que ela foi assassinada naquele dia, no bar. Sobre a moça, de mesmo nome, Beatriz, não se tem notícia.