Tentação de vizinho parte -2
Fernanda
No escritório, tenho a honra de trabalhar para dois advogados renomados, pessoas incríveis que são tanto amigáveis quanto imparciais. Mas não se deixem enganar pela simpatia deles: diante de um tribunal, se transformam em verdadeiros leões, prontos para lutar por cada caso com unhas e dentes. Sinto-me privilegiada por fazer parte dessa equipe de elite, que já conquistou inúmeras vitórias e nunca aceita um caso sem ter certeza de que vão sair vencedores.
Entretanto, neste momento, minha atenção está voltada para outra "batalha": descobrir os segredos do meu vizinho atraente, aquele que parece ser um verdadeiro enigma. Estou intrigada, e a curiosidade sobre suas atividades me consome.
Após o expediente, recolho meus pertences e me dirijo à garagem. Entro no carro e sigo em direção à minha casa, ansiosa e ao mesmo tempo ansiosa para desvendar o mistério. Quando chego ao prédio, estaciono e subo de elevador até meu andar. Ao sair, me deparo com uma belíssima mulher saindo do apartamento do meu vizinho sedutor. Senhor! Como esse homem consegue atrair uma mulher diferente todos os dias?
— Pare de se intrometer na vida alheia, Fernanda! — reprimendo-me internamente, entro em casa e jogo meus pertences no sofá.
Preciso de um banho antes da famosa balada. Caramba, eu disse que não queria sair para lugar nenhum! Mas parece que estou em busca da felicidade geral, inclusive a da minha mãe, que insiste para que eu não fique sozinha.
Depois de um banho revigorante, me enxugo e escolho um elegante vestido preto que acentua minhas curvas, combinando com um par de sapatos vermelhos que me deixam ainda mais confiante. Tenho uma verdadeira paixão por saltos altos; minha coleção é uma mistura de estilos e cores que só cresce. Adoro o contraste do preto e vermelho!
Coloco os brincos, finalizo a maquiagem e dou uma última olhada no espelho: meus cachos estão perfeitos, e meus olhos castanhos, herdados da minha mãe, brilham com expectativa. A cor da minha pele, morena como a do meu pai, é um lembrete constante da linda combinação que sou.
Uma vez pronta, aprecio meu reflexo e decido chamar um Uber para encontrar minhas amigas. Prefiro não dirigir quando saio; assim posso beber com tranquilidade e aproveitar a noite.
Ao sair do elevador e entrar no veículo, olho a placa do aplicativo com atenção, tirando uma foto para enviar às minhas amigas. Sempre é bom se prevenir; nunca sabemos realmente quem são as pessoas ou o que têm em seus corações. Embora uma placa não impeça um criminoso, ainda assim, todo cuidado é pouco. A proteção é primordial, e eu sempre coloco minha segurança em primeiro lugar.
Chego trinta minutos atrasada na casa noturna, e minhas duas amigas animadas já estão me esperando, radiantes de expectativa. Atravessamos a entrada exclusiva, que é utilizada apenas pelos proprietários, e seguimos de elevador até uma área privativa. Enquanto elas se deliciam com suas bebidas, eu me limito a observar o vai e vem ao nosso redor, absorvendo a atmosfera vibrante do lugar.
Então, de repente, meu coração dispara. Vejo o sujeito do apartamento ao lado, acompanhado de alguns amigos, entrando na casa noturna. Será que ele está com alguma mulher?
Com cada olhar, analiso os detalhes de seu corpo — o jeito como se movimenta, a confiança em sua postura — e desejo saber mais sobre ele, aquele que monopoliza meus pensamentos. Mas, como se tivesse sentido meu olhar, ele se vira em minha direção. Um frio na barriga me invade, e, assustada, me escondo rapidamente entre as pessoas, temendo ser notada.
O que estou pensando? Ele nem sabe que meu apartamento fica ao lado do seu. Com um suspiro de alívio, percebo que ele se dirige ao bar, onde não poderá me ver. Começo a relaxar e a me movimentar ao som da música, me divertindo com minhas amigas, sem a preocupação de sermos importunadas por homens indesejados. Essa é a grande vantagem de estar em um espaço mais reservado.
Cristiane e Verônica formam um casal adorável, já morando juntas há anos. O carinho que uma demonstra pela outra é verdadeiramente encantador. Eu me pego pensando em como seria maravilhoso se todos os relacionamentos fossem como o delas. No entanto, a realidade é outra, e decido não me preocupar com isso agora.
A noite se desenrola, e acabo me divertindo como há muito não fazia. Quando o dia começa a amanhecer, saio da casa noturna com um sorriso no rosto e um sentimento renovado. Apesar de tudo, vou para casa sozinha, mas a lembrança da noite incrível me acompanha, e a esperança de que algo mais possa surgir entre mim e meu misterioso vizinho não sai da minha mente.
Chega a temida segunda-feira, o dia em que a rotina de trabalho se reinicia. Estou terminando de me arrumar rapidamente, pois já estou atrasada. Assim que coloco os últimos retoques, pego meus pertences e saio correndo em direção ao elevador. Ao chegar, vejo a porta quase se fechando e grito para que esperem. Para minha sorte, alguém segura a porta, e consigo entrar.
Assim que piso dentro do elevador, meus olhos automaticamente se encontram com a alma generosa que me ajudou. Para minha grande surpresa, é ele: o homem que tanto desperta minha curiosidade. Vestindo uma bermuda e uma camiseta justa, ele exibe seus músculos definidos e tatuagens que parecem contar histórias. Jesus, me segure! Nunca estive tão próxima do piranho do meu vizinho.
O homem é incrivelmente gostoso! Meu coração acelera ao perceber o quanto seu rosto é atraente, os músculos proporcionais e aquele tom de pele morena que brilha sob a luz do elevador. E aqueles olhos castanhos… Ele parece ter sido esculpido sob medida para me deixar completamente sem palavras.
Minha mente e meu olhar se fixam em seu corpo sedutor, mas devo confessar que o que mais me impressiona são as tatuagens em seus braços. Eu sempre tive uma fraqueza por homens tatuados; há algo irresistível neles. A boca fica úmida de desejo ao notar que ele me encara profundamente, como se pudesse ler meus pensamentos mais secretos.
Mas a dúvida me consome: será que ele já me conhece? Já cruzou comigo em alguma ocasião? Nossas rotinas são tão distintas; quando chego em casa, raramente saio, exceto quando a pressão das minhas amigas me empurra para isso. Apesar de morarmos lado a lado, nunca tivemos a oportunidade de nos conhecer ou conversar. Ele sempre pareceu tão distante, agindo como se eu nem existisse.
Nesse momento, o elevador chega ao meu andar, e, ao sair, sinto uma mistura de euforia e frustração. Como posso desejar tanto um homem que nem sabe que eu sou sua vizinha? A imagem dele, tão próximo e tão inatingível, fica gravada em minha mente enquanto sigo meu caminho. O que eu faria para desvendar os mistérios que ele esconde!
— Está calor hoje, não? — ele pergunta, lançando um olhar que me pega de surpresa. Nunca trocamos uma palavra antes, e a simplicidade de sua pergunta me faz hesitar.
— É, parece que sim... — consigo responder, mas, antes que eu possa continuar, o elevador para de funcionar de repente. Não posso acreditar nisso! Que droga! Justo agora, quando estou tão atrasada!
Se eu morasse em um andar mais baixo, talvez pudesse descer pelas escadas e ainda me exercitar. A luz de alerta se acende e, sem pensar, solto um xingamento que ecoa pelo pequeno espaço. Então ouço a risada dele, suave e cativante. Que sorriso mais encantador!
— Espero que você não tenha nenhum receio ou aversão a elevadores, princesa? — ele diz, com um tom brincalhão.
Não posso acreditar! Ele teve a audácia de me chamar de "princesa". Que atrevido!
— Meu nome não é princesa, mas Fernanda. Muito prazer em conhecê-lo — digo, tentando manter a compostura.
— É um prazer conhecê-la, Fernanda. Meu nome é Kleber. Peço desculpas, mas tenho o hábito de chamar as mulheres bonitas pelo título que merecem, especialmente quando têm um olhar tão gentil quanto o seu — ele responde, o tom de sua voz provocante.
Neste momento, a tensão entre nós é palpável, como se o ar estivesse carregado de eletricidade. A proximidade dele faz meu coração acelerar, e eu mal consigo desviar o olhar de seu rosto irresistível. O que ele vê em mim que o leva a me chamar de princesa? A ideia me deixa levemente envergonhada, mas ao mesmo tempo, a confiança que ele exala me atrai como um ímã.
— Então, Kleber — digo, tentando encontrar o equilíbrio entre a timidez e a provocação —, o que você faz para se desviar de elevadores que não funcionam?
Ele sorri, e, por um instante, esquecemos que estamos presos em um elevador.
