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Capítulo 6

Ella

Demorei um pouco para pegar no sono, na noite anterior. Porque, por alguma razão, minha mente parecia estar em alerta. Ficava recordando várias e várias vezes a imagem do Justin salvando a mim e meu gatinho da árvore assassina. E quando caí naquele peitoral? Meu corpo se acendia somente em lembrar. Minha boca se enchia de água, pensando quando reparei no volume em sua bermuda… 

Um calor terrível tomou conta do meu corpo e, mesmo querendo evitar, tomando banho gelado, não consegui. Foi mais forte que eu.

Quando percebi, lá estava eu, mais uma vez me tocando e pensando no meu vizinho gostoso.

Mas nada disso superou a forma como ele me tratou após me salvar. Jamais pensei que meu vizinho cafajeste, que vive dando festas e enchendo a casa de mulheres, seria tão prestativo, a ponto de não me permitir nem mesmo pegar um gelo para fazer uma mísera compressa. 

Devo admitir que estou bastante surpresa. 

A luz do sol invade meu quarto, me fazendo abrir os olhos. Como pode uma pessoa que trabalha a semana inteirinha, às vezes até aos sábados, não conseguir acordar mais tarde durante os domingos? Isso chega a ser um absurdo.

Só queria conseguir dormir mais, recuperar o tempo perdido e o estresse da semana. Já que tudo que consigo fazer ao chegar do trabalho é tomar banho, comer e dormir. 

Depois de relutar por algum tempo, tentando permanecer na cama, finalmente decido levantar e tomar um banho ou passarei o resto do dia parecendo uma múmia. Ao pisar no chão, sinto uma leve fisgada no pé, nada muito intenso. Só um certo incômodo, o que me lembra tudo que aconteceu noite passada.

Como hoje é o dia nacional do almoço em família — apesar de estar em falta com meus pais ultimamente. Escolho uma roupa casual, um vestido estampado, justo na parte do busto com alças finas, uma pequena abertura em cada lado, na direção dos cotovelos e solto da cintura para baixo. Seu comprimento indo até um pouco acima do joelho. 

É um dos meus modelitos preferidos por se ajustar bem as minhas curvas. Se bem que fui muito abençoada com curvas, então, isso não é algo que me preocupe. Faço uma maquiagem básica, destacando os lábios com um batom vermelho e arrumo alguns pertences, como celular e chave do carro, numa bolsinha de mão.

Dou uma última olhada no espelho, me agradando com o que vejo, pisco rapidamente para a imagem refletida nele e profiro meu mantra diário.

— Você é linda, maravilhosa, poderosa, perfeita e nada nesse mundo pode te abalar. 

Fecho os olhos, absorvendo essa mensagem, convencendo a mim mesma sobre o que acabo de falar.

Nunca fui uma mulher de autoestima baixa, muito pelo contrário, mas depois da traição do Marcelo e, principalmente, quando ele me deixou por uma vagaba qualquer, isso me afetou bastante. Especialmente psicologicamente.

Abro os olhos, respiro fundo, soltando o ar que se acumulou em meu pulmão ao inspirar. Tenho a impressão de ter visto uma mulher seminua pela janela do Justin, mas não tenho certeza. Porém, se tratando dele, tudo é possível.

Caminho para fora do prédio e, constato que realmente Justin estava acompanhado, pois, vejo-o se despedindo de uma mulher — que acabou de entrar em um carro de aplicativo. Procuro não dar bola a esse fato, mesmo sentindo um certo incômodo. Me recuso a sentir ciúme ou qualquer sentimento semelhante, se tratando desse cafajeste.

Antes de entrar em meu carro, vejo meu vizinho me encarando descaradamente, noto seus olhos percorrendo todo o meu corpo e mirando meus seios apertados no pequeno decote do vestido. O que me deixa puta da vida, porque ele estava acompanhado de uma mulher há pouco, aparentemente se despedindo da noite que tiveram e, mesmo assim, o sem vergonha não deixa de me olhar.

Ele sorri de canto, semicerrando os olhos de forma bem sexy. Isso me deixou tão desconcertada, que teria arrepiado até os pelos da minha buceta, caso não estivesse depilada.

Balanço a cabeça para os lados, tentando desviar meus pensamentos do Justin, fingindo que seu gesto não me deixou de calcinha molhada e entro em meu carro. Coloco a chave na ignição, dando partida, porém, antes de finalmente cair na estrada, estico a mão, apertando o botão liga/desliga no rádio.

Está tocando a música Naughty Girl — Beyoncé. 

Piso no acelerador, mexendo o corpo ao som da música, batucando a mão no volante e, por vezes, tirando ambas as mãos, balançando-as no ar. 

Nesse ritmo, não demoro a chegar ao meu destino. Um lugar maravilhoso e aconchegante desde a entrada. Por se tratar de um condomínio fechado, daqueles que as casas têm um modelo padrão, buzino para o porteiro, pondo a cabeça para fora da janela, assim ele consegue me identificar e liberar minha entrada.

Dirijo mais um pouco, com a velocidade reduzida e paro em frente a casa dos meus pais. Toda trabalhada em tons de branco e cinza, com uma sacada linda no primeiro andar, um jardim na frente e garagem com espaço para dois carros. Estaciono o meu.

Coloco a chave na porta, abrindo-a e sou recebida com um largo sorriso do meu pai. 

— Minha princesa! — ele me abraça e beija meus cabelos.

Faz isso desde que eu era uma menina.

— Oi, papai. Como está o senhor? — pergunto em meio ao abraço.

— Estou bem. Deixe-me ver você, está maravilhosa, ainda mais bonita do que na última vez que nos vimos. — seus olhos brilham. 

— O senhor é um príncipe. Deveria fazer tutorial de como um homem deve tratar uma mulher. — ele ri, me levando a rir também.

— Não vale porque você é minha filha.

— Nessa você me pegou. — dou de ombros, sorridente.

— Mas pensarei a respeito, porque para outro homem conquistar minha princesa, tem que ser como eu. Bem diferente do crápula do seu ex. 

— Não aceito menos que isso. — pisco para ele.

— Vem, vamos ver sua mãe, ela estava ansiosa para te ver hoje. — põe a mão em meu ombro e caminhamos juntos.

— Hum… O cheiro está delicioso. — aspiro o aroma de comida boa e bem feita, no ar.

— Quanta saudade, minha filha. — mamãe limpa a mão no pano de pratos preso no avental que está usando e se aproxima de mim para um abraço.

— Ah, mamãe… Senti tanto a sua falta. De vocês dois. — suspiro pesadamente, sentindo o calor do seu corpo.

Papai se junta a esse momento. 

— Desculpa por ser uma filha tão desnaturada. 

— Shii! Nada de se lamentar, hoje é dia de alegria, vamos apenas aproveitar que estamos todos juntos. — mamãe diz, nos afastando do abraço.

O dia foi maravilhoso, repleto de risos e conversa boa, como há muito, eu não tinha. Meus pais são meu alicerce, minha calmaria em meio ao furacão. Realmente não sei o que seria de minha vida sem eles.

Finalizamos o dia, pois, prometi que sairia com meus amigos hoje e já recebi diversas mensagens do Oliver me lembrando disso, como se fosse um evento imperdível.

— Papai, mamãe, obrigada por esse dia magnífico. Prometo tentar não demorar tanto a vir aqui, esses nossos momentos me fazem uma falta danada. — comento já na porta, pronta para ir embora.

Meu pai está meio que abraçando de lado a mamãe, com um braço em volta da cintura dela. Vendo como eles são companheiros, foi dessa forma que sempre sonhei em ter alguém ao meu lado, que fosse para a vida inteira, assim como eles. Mas, pelo visto, Deus tem os seus preferidos e eu não entrei nessa fila, ou se entrei, esqueceram de mim.

Os envolvo em um abraço e abro a porta do meu carro, manobrando para sair. Eles esperam que eu suma de suas vistas para finalmente entrarem em casa.

(...)

Estávamos numa boate famosa da cidade, bebendo todas e dançando incansavelmente na pista, ao som de Only Girl — Rihana. Sinto as gotas de suor pingando em minhas costas e o vestido se grudando ao meu corpo ainda mais. Quando Oliver se aproxima de mim, cutuca meu braço e tenta falar algo, porém, não entendo devido ao barulho da música.

— O quê? — grito, franzindo a testa e semicerrando os olhos.

— Olha quem está aqui… — percebendo que eu não estava ouvindo, elevou a voz, gritando também.

— Quem? — ele não responde, apenas meneia brevemente a cabeça para a direção que eu deveria olhar.

Ao notar de quem se trata, meus lábios se entreabrem e meus olhos se abrem em espanto.

— Mas que porra ele está fazendo aqui? Virou perseguição agora? — pergunto irritadiça.

Por sorte, ele ainda não havia me visto. Mas o tiro saiu pela culatra, pois, em questão de segundos, como se soubesse que estava sendo observado, meu vizinho olha na direção em que estamos e nossos olhares se encontram. Então, Justin praticamente me come com os olhos, mirando bem cada parte do meu corpo e, principalmente, meus peitos destacados no decote extravagante.

Chego a engasgar com a saliva. Ele está ainda mais gostoso. Usando uma jaqueta jeans escura, que demarca bem seus músculos definidos dos braços.

Ele sorri sexy e ergue o copo que está segurando, como se me cumprimentasse. Nando está sentado ao lado dele, ambos nas banquetas do balcão. Ignoro o cumprimento, girando os olhos e puxando o Oliver.

— Vem. — meu amigo me olha sem entender.

— O que está fazendo, Ella? — Alexia e Barbara perguntam simultaneamente.

Apenas dou de ombros e fico na frente do meu amigo, colocando uma mão dele em cada lado da minha cintura, fazendo-o pressionar meu quadril e nos movermos no ritmo da música. Alexia e Barbara veem o Justin e logo entendem do que se trata o meu surto.

— Você é louca. — ambas riem.

— Gata, sua sorte é que sou gay. — rio da piada do Oliver, inclinando a cabeça para trás. 

— Apenas entre no jogo e deixe o resto comigo. — o respondo, fazendo minha voz soar sexy e minhas amigas voltam a dançar.

Enquanto dançamos, noto que Justin não para de olhar para nós, não conseguindo nem mesmo disfarçar. Ele parece intrigado e eu faço de tudo para provocá-lo.

Parei de dançar porque já estava exausta e com os pés doendo. Deixei meus amigos na pista de dança e fui até o bar, beber algo, pois, minha garganta estava seca e eu salivando grosseiramente.

— Uma tequila, por favor. — encosto no balcão, apoiando um braço e ergo uma mão, chamando a atenção do barman.

Passo a mão na testa, limpando uma gota de suor que escorre.

Enquanto espero, viro de frente para onde estão meus amigos e rio das loucuras deles.

— Qual é seu objetivo? — ouço a voz rouca do Justin, provocante o bastante para causar um estrago em minha calcinha.

— O que disse? — o encaro com desdém.

Ele passa a língua nos lábios, molhando-os e sorrindo de canto, eu acompanho o movimento com os olhos.

Como eu queria essa língua dentro da minha boca…

— Não se faça de desentendida, Ella. Sabe bem do que estou falando. 

— Não, não sei. — firmo meu olhar sobre ele, o desafiando.

Justin ri nasalmente e se aproxima de mim, ficando de frente, apoiando uma mão em cada lado do meu corpo, sobre o balcão. Prendo a respiração e sinto as batidas do meu coração na garganta. Ele encosta bem o corpo no meu, esmagando meus seios em seu peitoral, então inclina a cabeça na direção da minha boca, desviando para o meu ouvido. Não consigo mover um músculo sequer.

— Só tenho um aviso pra te dar… Se não sabe brincar, não desce pro play. Não comece o que não poderá conter… — Justin sussurra bem rente ao meu ouvido e chupa rapidamente o lóbulo da minha orelha, dando uma mordiscada de leve, que me leva do céu ao inferno em segundos.

Estremeço e ele notando o que causou em mim, desliza a mão por minha cintura, mirando intensamente meus lábios e sai. 

Quando noto que ele está longe o suficiente, solto a respiração que havia prendido.

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