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O contrato

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Célia Oliveira
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Resumo

Amália Rios, filha de um multimilionário, foi submetida a se casar com Filipo Moretti, empresário e filho do sócio de seu pai, por conta de negócios. O que ela não esperava é que se apaixonaria pelo mesmo, e o que parecia ser um bom pretexto para continuar com a ideia do casamento, acabou se transformando num inferno total, já que nem tudo são flores...

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1

Nascendo numa família rica, desde pequena tive privilégios que outra criança nunca teve, porém, com os privilégios vieram as responsabilidades. Meus pais são de família tradicional, e desde cedo tive que aprender algumas coisas que, hoje com todo meu conhecimento, acho absurdo, quando criança, até entendia que meu pai queria me preservar desse mundo tão mal, mas depois que cresci, entendi que aquilo nunca foi zelo e sim machismo.

Tudo piorou quando meus pais chegaram de viagem, ficaram fora por duas semanas, as viagens de meu pai era bem comuns, confesso que até gostava quando ele ficava longe por um tempo, sentia poder ser eu mesma, sem nenhuma pressão ou exigência.

Mas, dessa vez diferiu, porque ele havia levado a minha mãe junto a ele, o que me deixou preocupada, pensei que poderia estar acontecendo algo com nossa família, e eles não quisessem me contar, já que havia dito que seria uma viagem de negócios, e ela nunca participou de negócio nenhum da família.

Mas, dessa vez sua presença era como se fosse uma obrigação, ela precisava está junto a ele de todo o modo, não sei bem ao certo que tipo de negócios meus pais fechariam, mas sei que é uma coisa que envolve muito dinheiro, pois eles chegaram alegres e muito satisfeitos em casa, parecendo ter ganhado a melhor proposta financeira de suas vidas.

Sou filha única, mas apesar disso, nunca fui paparicada como tal, meu pai sempre deixou bem claro a todos que queria um filho homem para dar continuidade aos negócios, isto mesmo!

Ele é um homem totalmente machista, que acha que mulheres não podem cuidar de empresas e ocuparem lugares de homens, sendo tão bem sucedidas quanto eles.

Quando fui fazer faculdade, me inscrevi em Engenharia de produção, que, aliás, tive nota alta no vestibular. Quando meu pai soube, resolveu mudar imediatamente o meu curso sem minha autorização, me lembro do que ele me disse quando fui questiona-lo na época.

— Não irei jogar dinheiro fora, para te ver se formar em uma profissão que você nunca vai seguir! — Falava ríspido, enquanto olhava o computador a sua frente, vai perder anos numa coisa que não poderá exercer.

— Mas pai, esse é o meu sonho, e logo depois que me formar, poderei começar a trabalhar na empresa e seguir adiante em ser sua sucessora. — Ele me encarou seriamente, fechando o notebook em sua frente.

— Você não irá tomar conta de nada, está louca? Você é mulher Amália, mulher! — Falava como se ser mulher fosse o pior crime do mundo. — Não nasceu para fazer esse tipo de coisa, quer jogar no lixo tudo que conquistei com tanto suor? — Perguntava incrédulo, como se suas palavras fizessem algum sentido. — Não se preocupe com a empresa, pode deixar, que no momento certo, eu te arrumo um bom marido, que no futuro, tomará conta de todos os meus negócios.

— Que pensamento arcaico é este pai? Não vivemos mais em época de casamentos arranjados.

— Como ousa falar assim comigo menina? Está perdendo o respeito, esqueceu-se de que sou seu pai?

— Eu sei que é meu pai, mas me assusto, com o que fala às vezes.

— Estou só te avisando de antemão.

— O que você está dizendo? Pai, está mesmo falando sério sobre isso? — falei choramingando.

— Acha que tenho tempo para estar de brincadeiras? E quer saber de uma coisa? Você irá fazer faculdade de moda, já está decidido! — Se levantou e saiu de seu escritório, me deixando chorando num canto.

Estudei tanto em minha vida para poder seguir a carreira de meus sonhos, não era justo meu pai decidir meu futuro por mim, mas como fui criada para sempre dizer sim a seus comandos, mais uma vez o obedeci.

Nunca pude tomar nenhuma decisão sozinha em minha vida, meu pai sempre tomou a frente de tudo, e minha mãe coitada, apesar de dizer que me ama e quer me ver bem, sempre o defendeu, ela era o tipo de mulher que meu pai queria que eu fosse, totalmente submissa a ele, eu não podia fazer absolutamente nada sozinha, como ele sempre decidiu por mim, lá fui eu começar a fazer a minha faculdade de moda.

No começo, me senti totalmente perdida, não entendia nada sobre o assunto e não tinha nenhum interesse,

Mas acabei fazendo amizade com um colega, o Davi, quando o conheci, jurava que ele era gay, mas depois de três meses saindo juntos, ele confessou gostar de mim, eu fiquei em choque, e o enxergar como um homem hétero foi uma luta, não que ele não agisse como um, mas o simples fato de estar estudando moda e o jeito que se vestia, fez meu cérebro pensar assim. Depois, acabei descobrindo que a família dele tinha um grande negócio no país e ele estava querendo dar continuidade. Duas semanas depois de sua declaração, nós começamos a ficar, era algo bem estilo adolescente mesmo, saída ao cinema, parque de diversões, passeios de mãos dadas, nunca houve nada, além disto, também não houve tempo.

Meu pai descobriu nossa relação e não gostou nada, me obrigou a terminar com ele, lembro ter batido o pé firme e disse que não terminaria, pois o amava demais, foi a primeira vez que o desobedeci, mas me pai apenas deu um sorriso maléfico e saiu do quarto. Na outra semana, que voltei para a faculdade, descobri que Davi havia ganhado uma bolsa de estudos em Milão, e tinha aceitado imediatamente. Ele foi sem me avisar, sem se despedi, sem falar nada.

Nesse dia cheguei em casa muito triste, e encontre meu pai na sala sorrindo, então entendi tudo o que havia acontecido.

— Foi o senhor não foi? — Perguntei indignada.

— Vejo que só você que amava nessa relaçãozinha, quando fiz a proposta àquele pivete, ele nem pensou duas vezes.

— Por que fez isso comigo pai?

— Para você nunca mais me desafiar ou desobedecer, entendeu? Você tem valor, Amália, não saia com qualquer tipinho por aí.

Quando meu pai me falou que eu tinha valor, pensava que ele se preocupava comigo, mas logo descobri que o que eu tinha mesmo, era um preço.