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Cap. 1

A Escola Premium High School, era o melhor centro de educação de Tóquio. Um lugar onde apenas os melhores de famílias extraordinárias entravam. Com exceção dos bolsistas que eram poucos, contudo, demasiadamente estudiosos, dedicados e a favor de fazer qualquer coisa para não perderem aquela oportunidade única que lhes foi dado. No colégio eram passadas tarefas curriculares e entre elas o grande e majestoso concurso para a Garota Premium: A menina mais bonita da escola. Todas se inscreviam, porém quase nenhuma chegava ao final. Para ser a Garota Premium, precisaria ser a primeira em todas as matérias, e era aí que certa garota... Não se encaixava.

Alexia Stewart, a garota mais popular da escola, filha do homem mais rico de Tóquio. Uma bela moça que sorria para todos, dona de belos orbes verdes quase tão exóticos quanto os cabelos dourados, inacreditavelmente, naturais. Alexia namorava um dos jogadores mais populares do time de Futebol Americano da escola, Victor Miguel; um ruivo de belos e chamativos orbes negros. Após receber uma prova a qual havia levado zero novamente, Alexia se viu desesperada pelo fato de sua nota estar baixa. Frequentar todas as aulas não bastava para alcançar boas notas? Assim que a professora se despediu da classe, Alexia a seguiu como uma cachorrinha de estimação.

— Professora, você precisa me ajudar! – Pediu seguindo a professora de cabelos negros.

— Srtª. Stewart, eu não posso fazer nada por você, suas notas estão abaixando cada vez mais – Respondeu sem dar importância à garota que tropeçava em seus próprios pés, no intuito de alcançá-la. — Você devia estudar mais.

— Mas eu não tenho tempo. – Balbuciou tristonha – Preciso sair com minhas amigas e tenho um namorado maravilhoso que precisa de mim, preciso ir sempre ao shopping para estar sempre na moda. Eu não posso deixar tudo isso de lado e começar a estudar – A professora parou em meio ao corredor e virou-se para encará-la – Estudar não está na minha lista de prioridades. Eu preciso cuidar de mim! Não quero parecer com a senhora quando estiver velha.

A professora abriu a boca para comentar algo, mas achou melhor ignorar. Sentiu-se tão pequena diante daquela nanica aos seus pés que, quase se desequilibrou do salto alto.

— Pois você devia estar. – Disse com um sorriso incrédulo – Será reprovada se não estudar. Caso seja reprovada, será impedida de participar de todos os concursos de beleza desse colégio.

— O quê? – Alexia pigarreou antes de tornar a seguir a professora – Srtª isso é totalmente injusto! Eu participo desses concursos desde que entrei nessa escola e sou premiada todos os anos! Esse ano não vai ser diferente! – Disse determinada – Eu vou ganhar, a senhora vai ver! Não há outra menina nessa escola que seja mais bonita do que eu. – Gabou-se.

Uma ira subiu à cabeça da professora. A mulher odiava aquelas pessoas ricas e orgulhosas que se preocupavam mais com a beleza do que com a inteligência, cria que precisavam de educação e disciplina, e parecia que a Srtª. Stewart não entendia o que era aquilo. A Stewart achava que só por ser bonita podia ganhar e ter tudo aos seus pés. Mal sabia que estava muito enganada quanto a isso. De fato, Alexia precisava aprender que beleza não era tudo na vida.

— Você sabia que para ser a mais bonita desse colégio, precisa ter notas altas? – Indagou irônica – Se você não sabe Srtª. Stewart, estou lhe dizendo agora. O concurso não envolve somente beleza física, envolve inteligência. E parece que nesse ponto você não se encaixa. – Completou certeira, antes de girar os calcanhares para ir embora.

Alexia entortou os lábios. Não entendeu muito bem o que professora quis dizer, mas certamente, não a estava chamando de inteligente.

— Mas para o...

— E mais uma coisa, não lhe darei nota alguma, e creio que nenhum professor faça isso também. Srtª. Stewart comece a estudar.

— E como eu vou fazer isso sozinha? – Perguntou.

— Suas amigas, Alexia elas podem ajudá-la – Alexia revirou os olhos.

— Claro que não! Minhas amigas sempre me viram como um exemplo, eu não posso pedir ajuda para elas, tampouco preciso da ajuda delas.

A professora indignou-se novamente. Como Alexia Stewart podia ser tão egocêntrica a esse ponto?

— Tudo bem, eu tenho alguém que pode te ajudar – A morena abriu uma das pastas que carregava entre os braços, e procurou um papel amarelo. O entregou a Alexia, que pegou com relutância. – Acho que essa pessoa pode ajudar você.

Alexia encarou o papel, lendo- devagar. Ótimo, se tratava do menino que havia ganhado mais uma vez, o título do melhor aluno da escola - Isso é, por quatro anos seguidos- estreitando os olhos, mirou a professora.

— Mas quem é Henry Cooper? – Perguntou fuzilando a educadora, que sorriu de canto.

— Sua salvação Senhorita, Stewart.

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Aquele não era exatamente um dia feliz para, Henry Cooper Lewis.

Sentado na arquibancada do ginásio, quieto com sua vida privada e por vezes, demasiadamente esquecida, lia um livro que parecia ser bem mais interessante do qualquer outro ser daquele local. Afinal, quem nunca leu o Diário de Anne Frank e repetiu a leitura por gostar do contexto? Ou, por um trabalho do ensino médio? Entrementes, estando ali na arquibancada, deitado sobre o chão da praça, ou dançando no pátio da escola, ninguém o notava, comumente, o notam, isso é, quando ocorrem as premiações escolares.

O título de melhor aluno do colégio, lhe fora dado por três anos seguidos. Certamente, Henry tinha orgulho de tal mérito, visto que, em sua concepção complexa de que em sua vida, não ganharia nada mais do que tal título, isso o fazia satisfeito. O garoto de mente brilhante, era o filho mais novo de um dos empresários riquíssimos, Gregory Cooper Lewis. O mais novo vivia às sombras de seu irmão mais velho, Harry Lewis. Se alguém perguntasse quem era o charmoso Henry Cooper, possivelmente, reconheceram o sobrenome renomado, contudo, desconhecerem o sujeito. Por Harry ser famoso, seu pai, Gregory, entregava toda a atenção para o mais velho, esquecendo-se então, dele. Henry poderia não ser como Harry, entretanto, se esforçava para conseguir os bons olhos do pai em meio à sociedade - O que supostamente, era um tanto difícil.

Logo o sinal tornou a bater. Henry, pegou sua bolsa colocando-a sobre o ombro, fechou seu tão querido livro e levantou-se da arquibancada, saindo logo em seguida.

Henry, não era o tipo de garoto que encarava alguém, as pessoas o tratavam como um estranho e qualquer nerd. Todavia, Henry era um adolescente muito bonito; seu cabelo negro comprido cobria um pouco seu rosto e roçava sobre o colarinho da camisa branca, que vestia por baixo do casaco escuro. Seus olhos eram da cor Ônix, brilhantes e encantadores, que infelizmente eram escondidos debaixo de uma armação escura e cara dos óculos. Obviamente, sua beleza era hereditária. Contudo, as pessoas enxergam o que lhes é conveniente.

Enquanto passava pelo corredor principal, instantaneamente pode ver sua adorável, bela e amada, Alexia Stewart. A garota por sua vez, trajava calças coladas e camisetas com alguma estampa feminina. Ao vê-la, sorriu de canto. Conversando com uma de suas amigas, a Stewart receberá um abraço. Ela parecia triste, entretanto, após a demonstração de “afeto”, sorriu.

Alexia sempre fora admirada por Henry. O moreno nunca a vira chorar, demonstrar qualquer gotícula de tristeza. Até mesmo o desânimo, parecia nunca fazer parte dela. Maior parte das pessoas, inveja os sorrisos que a mesma distribuía. Um sorriso singelo, cativante, fazia que todos cressem que sua vida era perfeita. Contudo, Henry enxergava além de seu bonito sorriso. Ele podia ver que Alexia, mesmo sorrindo tanto, era infeliz. Apesar de, nunca e jamais demonstrar isso a qualquer pessoa. Isso, supostamente, contribuía para que Henry a amasse ainda mais. Tornou a sorrir de canto e quando voltou a caminhar, deu de cara com outro homem que o empurrou, derrubando seus livros acadêmicos. Henry imediatamente se abaixou, pegando-o.

— Olha por onde anda novato – Resmungou uma voz maliciosa. Henry estreitou os olhos antes de se levantar e notar a criatura de cabelos ruivos.

— Novato? – Indagou incrédulo. Poderia dizer para aquele cretino que estudava na mesma sala que ele, desde o ensino fundamental, e que há dois anos o observava enfiar a língua na boca da garota que ele gostava, mas... — Desculpe. – Acalmou-se o nerd, pegando seu livro e ajeitando a bolsa em seus ombros.

— Cai fora antes que eu dê as boas-vindas a você.

Henry deu a volta, ajeitando os óculos em seu belo rosto, para finalmente sair fora daquele corredor. Era difícil ser invisível para exatamente, todo mundo. Contudo, mesmo sendo invisível para todos, era angustiante ver a garota que você gosta beijando outro homem, do qual não merecia.

Mas fazer o quê?

É vida.

Saindo da escola de cabeça baixa, caminhou pelo estacionamento aberto, passando pelas dançarinas, o clube de teatro, os fumantes, os Bad boys, os jogadores, os CDF’s – onde ele se encaixava perfeitamente, – Os músicos, os Cosplays, os religiosos, para finalmente chega ao seu carro. Ele abriu a porta, e brevemente olhou para a entrada da escola, o que o fez se arrepender amargamente.

Nessa hora, viu Victor – mais uma vez – beijar a bela boca de Alexia, enquanto saem abraçados. Aquilo o deixava maluco, louco de inveja, louco da vida. Ele revirou os olhos, suas expressões não eram das melhores, mas ele não poderia fazer nada. Alexia parecia gostar tanto daquele ruivo que, o deixava enjoado. Por que ela não poderia gostar de dele? Perguntou a si mesmo. Ele podia não ser um atleta, ou ter coragem para enfrentar o namorado da garota amada. Mas ele era um garoto cheio de amor para dar.

Enquanto os olhava abraçados e se beijando, Henry se diminuía ainda mais. Ele suspirou. Ela era perfeita, deveria ser tratada com uma rainha e não como qualquer. Merecia atenção e respeito, merece carinho e amor. Ela não merecia alguém que a tratasse como objeto, e sim alguém que a tratasse como uma dama, que a venerasse e que cuidasse dela como se ela fosse um anjo que por descuido, estava na terra.

Do outro lado do estacionamento, Alexia sorria enquanto era abraçada por Victor, que conversava alegremente com seus amigos sobre os jogos que estavam para acontecer. Alexia mexia no celular respondendo algumas mensagens quando se lembrou do filme que ela queria muito assistir no final de semana. Ela adorava aquele filme, era romântico e parecia um programa perfeito para casais. Talvez Victor, fosse com ela. Eles não saiam juntos fazia meses. A Stewart sorriu encantada e parou no meio do caminho, fazendo Victor tirar seus braços de sua cintura, e lhe lançar um olhar intrigado.

— O que houve, gata? – Indagou.

— Podemos ir ao cinema esse final de semana? Tem um filme legal passando. – Disse esperançosa.

— Vá com a Diana – Respondeu-lhe dando de ombros e voltou a caminhar com seus amigos Alexia, pigarreou e o seguiu, puxando-o para sua frente. Victor, revirou os olhos e a olhou — O que foi agora?

— É um filme para casais, por favor, vamos juntos? – Implorou ela. Victor torceu os lábios e soltou seu braço das mãos femininas. – Victor, a gente nunca sai juntos!

— Foi mal, mas eu tenho treino e não quero assistir um filme de garotinha – Contrapôs dando, mais uma vez, de ombros, arrancando risos de seus amigos – Até depois – Despediu-se dando um selinho em seus lábios, deixando Alexia sozinha. De novo.

Alexia, o observou se afastar como se não tivesse acabado de ser rejeitada. Bufou de raiva, cruzou os braços e virou as costas, caminhando em direção ao seu carro. E antes de chegar ao mesmo, deixou que uma lágrima solitária, escapasse. Ela odiava ser jogada para escanteio, detestava ser ignorada. Ela amava Victor – pelo menos era nisso que ela acreditava.

Seu sonho era ser amada por alguém que ela amava. Mas, perto de Victor, esse sonho nunca iria se realizar.

Por quê?

Henry, novamente, de longe a admirava. Amaldiçoou-se por não ter um pingo de coragem de chegar a Victor, e dar-lhe uma boa surra, para mostrar-lhe como se trata adequadamente, uma mulher. Ele sofria calado, quando a assistia sofrer. Bateu com força na porta do carro, e então, encostou sua cabeça no batente. Respirou fundo, para então levantar-se. Seu desejo era ser útil para fazer que sua dama parasse de chorar.

Torceu os lábios. Antes mesmo que alguém abrisse a porta de seu carro, uma professora lhe chamou pelo nome. No momento, não soube quem fitar, exatamente, ora fitava Alexia, ora fitava a professora que parou a sua frente. Abriu a janela quando, decidiu encará-la.

— Sr. Cooper? – Ela ajeitou os cabelos e sorriu – Preciso que você faça um grande favor para uma colega sua.

— Hum... – Henry deu um meio sorriso. Ele não tinha muitos colegas, tampouco grandes colegas. A professora estendeu-lhe um papel amarelo, que de pronto, foi capturado.

— O nome dela está aí. Espero que você consiga ajudá-la. Ela precisa bastante.

Ela sorriu tocando no rosto do aluno, virou-se caminhando devagar em direção à entrada da escola. Henry suspirou. Novamente, olhou em direção ao carro de Alexia, mas esse não estava mais lá. Fechou a janela e acomodou-se no banco. Fechou os olhos para que pudesse esquecer a cena de Alexia chorando, aquilo partia seu coração de uma forma quase, e praticamente, inexplicável.

Quando abriu olhos ônix, olhou o pedaço de papel em sua mão. Hesitante e quase ânimo algum, o abriu. E para seu grande espanto o nome de sua amada estava ali, escrito. Arregalou os olhos e pegou os óculos que estavam em cima de sua bolsa, colocando-os sobre a face. Talvez, ele esteja enganado de ver o nome dela naquele pedaço de papel. Poderia ser realmente o fruto de um delírio? Após concluir que aquele nome tão lindo, naquele pedaço de papel amarelo era o dela, um sorriso bobo brotou em seus lábios. Apoiou o cotovelo direito sobre a janela e cobriu metade do rosto com o braço, deixando à mostra, seu grande sorriso.

— Alexia Stewart.

Sussurrou para si mesmo.

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