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CAPÍTULO UM — A COISA

Sentado em um lugar baldio que não faz nenhuma ideia do que seja, o homem dá tragadas no seu charuto e olha para o céu vermelho. Não muito longe tem uma placa de proibição com uma imagem de um ser humanóide, porém deformado.

No mesmo lado há uma outra placa com as escritas: "Bem vindo a Vila Assombrada".

Todavia as escritas tem traços vermelhos que lembram sangue humano. O homem com o seu terno e gravata, tudo branco com cabelo comprido olha para as duas placas com um medo lhe invadindo o consciente.

Ele levanta e não acredita nos seus olhos por um momento até que escuta um som grotesco de algo vindo na sua direção. As ruas estão devolutas e os passos da coisa que se aproxima dele ecoam na sua mente.

A coisa começa a rugir debilmente, deixando a sua voz soar de uma forma grotesca. O homem mesmo sentindo o medo lhe consumindo aos poucos não deixa o seu charuto cair dos seus lábios bonitos e macios. Ele não se lembra de como foi parar naquele lugar. Os passos parecem soar em todas as direções do homem.

O medo lhe faz dar uma tragada demorada no charuto até sentir os seus pulmões doerem de tanto fazer o exercício com muita força.

De repente ele sente um cheiro pútrido que lhe puxa as vísceras para um vômito demorado e doloroso capaz de abrir-lhe a boca para nunca mais fechar de novo.

Ele respira fundo e, óbvio que percebe que o cheiro é exalado pela coisa que dele se aproxima e com isso tem a certeza que a mesma está bem perto dele, o que falta é registar no seu campo de visão.

No chão ele vê um chapéu circular branco com uma fita vermelha e isso lhe faz resgatar uma das suas memórias recentes, coisa que pode lhe ajudar a sair da situação em que está.

De imediato ele vira para ver o dono dos passos e para o seu maior susto que quase lhe arranca a alma eternamente, vê uma criatura com uma forma humanóide, no entanto deformado como se fosse uma criatura proveniente de filmes de terror e ficção científica.

Nada mais consegue fazer além de começar a correr sem consultar a vinda da cruenta coisa que se apresenta nua e tem uma estrutura feminina.

...

Tempo depois, o homem de terno e gravata põe a sua mãe negra sobre o sofá quando tenta se erguer e percebe que acaba de acordar de um desmaio, no entanto desta vez consegue se lembrar do que aconteceu com ele.

Olha em sua volta e nada consegue ver além dos móveis dentra da casa luxuosa. Com a mão esquerda ajeita o seu cabelo colocando atrás das orelhas e procurando o seu charuto para continuar a dar tragadas.

A casa em que está é enorme e ele está totalmente só, coisa que lhe deixa interrogado e também o fato do céu se apresentar de uma forma incomum com um vermelho que cada vez mais se intensifica.

Tudo está escuro na casa e a única coisa que traz a luz é o televisor ligado que passa noticiário. O homem olha para a tela e pode ouvir uma informação que lhe deixa muito preocupado, mas a sua preocupação se transforma em medo quando passos pesados soam em sua direção.

O seu coração batuca no peito numa velocidade absurda que lhe faz perder movimentos por escassos segundos antes de começar a procurar por um lugar para se esconder da criatura que vem.

A sua respiração acelera e começa a transpirar.

— Que diabo está havendo aqui? — ele se coloca a questão logo que consegue, correndo, chegar no guarda-roupa de um enorme quarto.

A coisa que lhe segue descreve a trajetória do homem até chegar onde ele está. Através de uma fresta ele consegue ver a coisa que tem pernas finas, que mais parecem pernas humanas sem pele e em seguida o corpo inteiro dela que é esquelética. O que lhe ajuda a ver um pouco os detalhes da criatura é a fraca luz da lua que como o céu é vermelha.

O homem fecha os olhos quando vê a coisa se aproximado do seu esconderijo e prende por um instante a sua respiração para não ser descoberto. Ele sente no bolso do seu terno uma reserva de charuto e também um isqueiro, apalpando com a mão sem meter a mesma no bolso.

De repente a coisa pausa e fica em silêncio como se estivesse a examinar o lugar em busca de um som que lhe facilitasse o seu trabalho. O cheiro da coisa é muito forte e se o homem continuar no esconderijo por bastante tempo pode acabar por vomitar, o que seria o seu fim, uma morte horrenda.

A criatura começa a rugir como se estivesse a chamar a sua vítima para a sua morte. O rugido é contínuo e o coração do homem acelera com tudo.

— O que vou fazer para sair daqui? — ele se pergunta internamente e sem nenhuma resposta permanece no lugar a espera de algum milagre.

Para a sua sorte a criatura lentamente vira para a porta do quarto e com passos preguiçosos sai do cômodo.

O homem no guarda-roupa fica por um tempo com a sua respiração controlada e com as mãos na boca até ter certeza que a criatura de fato saiu do quarto e agora é o momento ideal para pensar num plano de fugir e sair do lugar com vida.

Ele com receio abre a porta do seu esconderijo, no entanto o cheiro pútrido da criatura continua forte pelos ares do cômodo e isso significa uma coisa crucial, exatamente, a coisa ainda está por perto. De repente os passos da coisa voltam a soar com emergência em direção ao quarto.

— Não, não pode ser, o que eu vou fazer? — agora ele não diz internamente, no entanto verbaliza com a convicção de que nada mais pode fazer além de se render a cruenta criatura.

A criatura entra no quarto com toda velocidade e agressividade.

O homem grita com as mãos nos bolsos e olhando para a coisa.

Continua...

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