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Capítulo 1: Sou um genro inútil

Do lado de fora dos portões da Universidade da Langstel, um carro esportivo parou. Uma garota deslumbrante em um vestido roxo claro caminhou em direção ao carro.

Inicialmente, a garota tinha um sorriso no rosto, mas quando viu o homem saindo do carro, seu sorriso congelou.

- Leo Bloomer, por que é você? Onde está minha irmã? - O tom da garota era de desagrado.

Leo só conseguiu balançar a cabeça, pois não conseguia falar.

A garota olhou em volta e deu alguns passos à frente, alcançando a porta do carro. Ela não queria que ninguém soubesse que seu cunhado mudo estava indo buscá-la.

Toda vez que alguém mencionava o marido mudo de sua irmã, ela se sentia constrangida.

Quando a garota estava prestes a entrar no carro, uma voz feminina veio de trás:

- Esta não é Tina Henley, a bela do campus do Imperial College?

O corpo de Tina enrijeceu quando ela reconheceu instantaneamente quem estava falando.

Virando-se, Tina forçou um sorriso no rosto.

- Diana, vocês estão saindo?

- Sim, acabei de ver você por acaso, então vim cumprimentá-la. - Diana respondeu casualmente, mas seu olhar intencionalmente passou por Leo.

- Tina, quem é esse homem? Ah, já sei, ele deve ser seu motorista que trabalha para sua família, certo? - Outra garota fingiu estar curiosa e perguntou.

O rosto de Tina mostrou um sorriso constrangedor.

- Ele... ele é da minha irmã...

- Entendi! - O rosto da terceira garota se iluminou com a nova descoberta. - Ele é seu cunhado mudo, certo?

Ao ouvir isso, o olhar de Tina ficou frio e ela ficou em silêncio. Ela abriu a porta do carro e entrou.

- Leo, por que está demorando? Vamos embora! - Tina gritou pela janela aberta do carro. Seu bom humor já havia sido significativamente afetado.

Leo entrou silenciosamente no carro em meio aos olhares de desdém e desprezo das três garotas. Ele ligou o carro e saiu silenciosamente do portão do Imperial College.

Tina pegou seu celular e discou o número de Sophia Henley.

- Sophia, não combinamos que você viria me buscar? Por que você deixou Leo vir em vez disso? O quê? Aconteceu um imprevisto e não pôde ir. Nossa! Você é a única pessoa ocupada. Não peça a ele para vir novamente no futuro. Eu mesma pegarei um táxi de volta!

Sentada no banco de trás, Tina desligou o celular com raiva. Em seguida, ela voltou seu olhar para Leo, que estava dirigindo, cada vez mais irritado.

- Ei, Leo, não pense que está sofrendo muito por ser genro em nossa família. Se não fosse por nossos Henleys lhe darem comida e abrigo, você, um mudo, teria passado fome nas ruas. Eu o aconselho a se divorciar de minha irmã. Quando esse momento chegar, a família Henley lhe dará algum dinheiro. Você pode viver sua vida como quiser, desde que não apareça na minha frente novamente. Você está me ouvindo? Não pode dizer nada? - Tina desabafou sua frustração e depois zombou: - Desculpe, esqueci que você é mudo de novo.

Leo agarrou com força o volante. Ele havia suportado esse tipo de vida por quatro anos.

Quando Leo tinha seis anos de idade, seus pais desapareceram e ele foi criado por sua avó. Com a parca aposentadoria dela e o dinheiro que ganhava coletando lixo, Leo conseguiu terminar a universidade.

Leo se lembra vividamente de que, no dia de sua formatura na universidade, sua avó, normalmente obstinada, adoeceu.

Os resultados dos exames hospitalares saíram rapidamente: câncer gástrico maligno, em estágio avançado.

Enquanto Leo olhava para a forma frágil de sua avó, deitada naquela cama de hospital, lágrimas de tristeza escorriam por seu rosto. Ele fez uma promessa solene no fundo do coração de fazer o que fosse preciso para dar mais tempo à sua avó, mesmo que isso significasse apenas mais um ano ou até mesmo um mês.

Leo começou a pedir dinheiro emprestado a pessoas que conhecia, começou a fazer crowdfunding on-line e até se ajoelhou no movimentado centro da cidade, na rua de pedestres mais movimentada, implorando pela ajuda de pessoas de bom coração.

Milagrosamente, Leo finalmente conseguiu levantar o dinheiro de que precisava.

Os que forneceram o dinheiro eram um casal. Eles não apenas financiaram o tratamento da avó de Leo, mas também casaram sua filha mais velha com ele.

Naquele dia, Leo sentiu um raio de luz brilhar em sua vida sombria.

Pouco depois do casamento, Leo descobriu o quanto havia sido ingênuo. O motivo pelo qual a família Henley o ajudou, o motivo pelo qual estavam dispostos a casar a filha com ele, foi apenas por superstição, acreditando que ele poderia trazer boa sorte para a filha, para que ela pudesse se recuperar da doença.

Em outras palavras, Leo era apenas um instrumento. Depois de cumprir seu propósito de trazer boa sorte, ele descobriu que vivia sob o teto da família Henley como um cachorro.

Um ano depois, a avó de Leo faleceu. Depois de organizar seu funeral, Leo sentiu que a vida havia perdido todo o sentido.

Ele se lembrou de uma noite tempestuosa em que, por causa de um assunto trivial, foi expulso da família Henley.

Sem ter para onde ir, Leo vagou sem rumo pelas ruas, deixando a chuva cair sobre ele.

Inconscientemente, Leo se viu na Ponte do Amante. Era um local famoso em Langstel, onde os casais iam no Dia dos Namorados para se encontrar.

Amante?

Amor?

Todos esses eram bens de luxo que Leo não podia pagar.

Enquanto olhava as águas do rio sob a ponte, a ideia de pular passou pela cabeça de Leo.

Ele pensou que, se pulasse, tudo acabaria e ele seria libertado.

No momento em que esse pensamento entrou em sua mente, Leo não conseguiu mais reprimi-lo. Um de seus pés passou por cima da grade.

- Garoto, pular no rio em um dia tão tempestuoso não é uma escolha sábia.

Uma voz grave e rouca soou nos ouvidos de Leo.

Leo virou a cabeça e viu um homem idoso com cabelos grisalhos ao seu lado, segurando um guarda-chuva preto. Seu rosto tinha um sorriso um tanto ambíguo.

- Posso lhe dar uma chance de mudar seu destino. Você gostaria disso? - A voz do velho estava cheia de tentação.

Leo não sabia se estava alucinando ou não, mas instintivamente assentiu.

Do bolso, o velho tirou uma seringa com um líquido azul-claro.

- Dê-me sua mão.

Leo hesitou, seu rosto mostrando uma expressão nervosa.

- Você está com medo? - A expressão do idoso se tornou brincalhona.

- Você não tem medo da morte, então o que poderia temer?

Leo estendeu a mão direita e o velho injetou o líquido da seringa em suas veias.

- Lembre-se, nos próximos três anos, você ficará mudo. Depois de três anos, você terá uma vida diferente. Mas você tem que sobreviver a esses três anos...

Com um guarda-chuva na mão, o velho desapareceu lentamente da vista de Leo.

Leo queria chamá-lo, mas tudo o que saiu de sua boca foi um som rouco.

Desde o momento em que Leo ficou mudo, ele viveu na família Henley pior do que um cachorro.

Nos últimos três anos, todos os anos, exatamente na mesma hora em que ele era injetado com aquele líquido azul, seu corpo sentia uma dor extrema. Parecia que milhões de formigas o picavam sem parar, e até mesmo sua cabeça ficava inchada, como se pudesse explodir a qualquer momento...

Após cada sessão de dor, Leo tinha uma vaga sensação de que seu corpo havia sofrido algumas mudanças, mas ele não conseguia articular exatamente quais eram essas mudanças.

Ano após ano, ele resistiu e, hoje à noite, às nove horas, exatamente três anos se passariam. Este era o momento!

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