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Capítulo 3 - Elena

Quando acordei, estava sendo carregada para dentro de uma casa. Podia ouvir o som do mar embora não soubesse de onde vinha.

- Pensei que tivesse morrido. – O dono daqueles braços fortes que me seguravam, falou. Era Thiago quem me carregava.

Não sabia o que dizer além de:

- Pode me colocar no chão. Posso andar agora.

Ele não me deu ouvidos e continuou seguindo para dentro comigo ainda em seus braços. Braços que fariam qualquer mulher se tornar uma poça de imbecilidade, menos eu. O que só provava que havia alguma coisa muito errada comigo, como eu já vinha suspeitando há muito tempo.

A casa era linda, toda em tons claros e algumas parede de vidro. O que eu sempre tinha imaginado para uma casa de veraneio. Tinha dois andares, mas não era uma mansão, embora fosse bem equipada com todos os luxos que uma pessoa pudesse querer.

Lá fora ainda era escuro. Muito escuro. Então não vi o que havia ao redor.

- Onde estamos? – Perguntei.

- Em uma ilha privada. – Respondeu – Gostou da casa? Minha mãe que decorou.

- Essa casa é da sua mãe? Vocês têm uma ilha privada?!

- A casa é minha, na verdade. – Disse, me depositando no sofá extremamente confortável. – Agora precisamos conversar sobre algumas coisas.

Ele se sentou ao meu lado, e eu logo fui dizendo:

- Olha só, se for sobre o que aconteceu na festa...

- É exatamente isso – Me cortou.

- ...então saiba que não admitirei esse tipo de comportamento do meu próprio marido. – finalizei.

- Está dizendo que não posso ter amantes, é isso?

- Exato.

- Você sabe que esse casamento não é real, não sabe?

- Na verdade, o casamento é real, realmente aconteceu. O que não é real são os nossos sentimentos. – O corrigi. – E não me importa os seus sentimentos, se não gosta de mim não deveria ter aceitado esse acordo. Eu não tinha opção, já você poderia ter recusado. Agora esse é o meu casamento e se você quiser ter um pouco de paz, sugiro que siga o meu acordo, porque se você pode botar tantos chifres em mim quanto quiser, eu farei o mesmo. E talvez eu não consiga ter a mesma discrição que você.

Eu o ameacei. E pude ver que surtiu resultado. Mas também não era justo, o cara poderia ter a mulher que quisesse, a hora que quisesse e eu ficaria cultivando teias de aranha lá? Mas nem morta! Direitos iguais meu querido.

- Você tem que entender que eu não consigo ficar sem mulheres. – Ele argumentou.

- O que você quer dizer é que não consegue ficar sem transar, não é? – Ele assentiu – Pois bem, você agora tem uma esposa não precisa sair trepando com qualquer uma por aí, e pode ir se desfazendo de todas essas suas amantes que você mantém pelo mundo inteiro. Nossas empresas vão sofrer uma fusão e se tornarão uma só, nosso lucro será um só, seu dinheiro será meu e meu dinheiro será seu e eu me recuso a que o nosso dinheiro conjunto fique bancando presentes para essas mulheres fáceis que só estão atrás de um bolso cheio. E eu sei que nós temos que consumar esse casamento, meu pai me avisou que não adianta bancar a espertinha, que seus pais e ele próprio querem netos. E eu também sei que um dia precisaremos fazer isso, mas só vai acontecer quando eu te conhecer melhor e passar a confiar em você, e essa confiança não vai surgir se você ficar me traindo. Por isso estou te avisando.

Ele suspirou.

- Tudo bem. Não precisamos fazer nada essa noite e eu entendi. Nada de mulheres. Nunca. Mas eu espero que você entenda que enquanto estivermos aqui teremos que dormir na mesma cama.

- Por que? Não há outros quartos?

- Tem. Mas como somos um casal, minha mãe mandou preparar somente a suíte. Não se preocupe, a cama é grande o suficiente.

- Tudo bem, posso aguentar.

- A propósito, eu não dou presentes para as minhas amantes. Elas vêm para a minha cama por vontade própria. – Corei com o olhar que me lançou – Agora que já esclarecemos tudo, vamos tentar nos conhecermos melhor?

Assenti.

- Posso te fazer uma pergunta? – Falei.

- Sim, meu pau é extra grande. – Ele disse, como se eu já devesse ter adivinhado. O que me fez olhar para sua calça e corar ainda mais.

- Não era bem isso o que eu ia perguntar. – Respondi.

- O que é então?

- Por que convidou sua amante para o nosso casamento? A ideia de mandar ela usar branco foi sua? – Eu tinha que perguntar. A mulher praticamente acabou com o meu casamento só por usar branco. O mínimo que eu exigia era uma explicação.

- É complicado – Ele suspirou – Eu tive que convidá-la porque ela é uma das patrocinadoras da minha empresa.

- Então... Ela trabalha com você?

- É. Mais ou menos. Como eu disse, é complicado. Mas o que tem que entender é que se o patrocínio dela acabar, vou à falência. Entende?

Assenti. Depois dessa explicação, mudei de assunto:

- Sobre o que quer conversar?

- Me fale um pouco sobre você, a vida que levou até agora.

E nós conversamos, sobre muitas coisas. Contei sobre a minha vida, a morte da minha mãe, as minhas loucuras que foram piorando conforme eu crescia. E, em troca, ele me contou sobre a vida dele, o que, na minha opinião, parecia uma vida bem chata comparada à minha. Trabalho, trabalho e trabalho. Não havia diversão, não se divertia muito com os amigos, a não ser que as amantes contassem como diversão. Ficamos um bom tempo conversando, até que ele decidiu que era hora de dormir. Eu concordei, dormi o caminho inteiro, mas ainda me sentia morta.

Antes que pudesse encerrar a conversa, ele disse:

- Espero que entenda que só porque não nos conhecemos não quer dizer que precisamos ter um péssimo casamento. Vamos tentar nos dar bem, ok?

Assenti. Eu concordava com isso. Poderia ser fácil conviver com ele. Mais do que isso até. Olhando seu corpo de matar, percebi que não seria nada difícil me entregar a ele. Aqueles músculos que eu notava mesmo embaixo de toda aquela roupa. Seus ombros eram largos e pareciam muito duros ao toque. Sua barriga que eu imaginava que teriam muitos gominhos. O que me fez pensar naquilo que me disse, sobre seu pau ser extra grande.

Olhei para baixo novamente, não conseguindo desviar os olhos rápido o suficiente. Ele me pegou olhando. Fiquei vermelha novamente. Eu não entendia como aquele homem, por mais lindo que fosse, conseguia me fazer corar tanto só com aquele olhar que ele me dava. Lembrei daquele beijo que ele me deu, o nosso único beijo. O homem tinha pegada. E eu gostava disso. Quem não gostaria? Estava excitada só de lembrar.

Corri para o banheiro e me tranquei lá.

Tomei um banho demorado e, quando saí do chuveiro, percebi que Mary deveria ter se esquecido de colocar um pijama dentro da mala. E agora? O que eu faria? Não poderia dormir de toalha, e todas as minhas roupas eram desconfortáveis demais, além disso, eu odiava dormir vestida. Deveria ser por isso que não colocou pijama algum. Deveria pensar que com o meu marido eu não teria problema algum em dormir pelada.

Amaldiçoei a minha má sorte.

Saí do banheiro ainda enrolada em uma toalha, segurando com a mão para ela não cair no chão, e arrastando minha mala com a outra mão.

Thiago estava sentado na cama e me observava.

A toalha era curta, e mal cobria minhas coxas. E seus olhos pareciam me queimar, passeando por todos os lugares, me fazendo desejar tirar tudo, para que pudesse me ver por inteira. Sua expressão me dizia o quanto ele estava apreciando a vista.

- Posso usar o banheiro agora? – Ele perguntou. Sua voz soou rouca. Era um som grave e profundo e imaginei como aquela voz não soaria quando seu membro estivesse em minha boca, grunhindo.

Comecei a ficar com calor, muito calor.

- Sim. – Respondi. Eu precisava ficar sozinha e procurar uma roupa para vestir. Ele então pegou uma troca dentro da sua mala e foi para o banheiro.

Aproveitei que estava sozinha e revirei a minha mala novamente. Roupas com botões, roupas com zíper, nenhuma blusa longa o suficiente e nem confortável o suficiente, não haviam shorts que não fossem jeans ou que, de alguma forma, não fossem me incomodar para dormir.

Então reparei na mala de Thiago, no canto do quarto. Ele deveria ter alguma blusa velha que me cobrisse por inteira, então não precisaria de uma parte de baixo.

Olhei para o banheiro, o chuveiro ainda estava ligado. Correndo o risco de ser pega no flagra fuçando em suas coisas, corri para a sua mala e procurei por uma camiseta confortável, esperava que, com uma mala daquele tamanho, ele não fosse como tantos homens, que só carregava uma cueca e uma sunga e nada mais.

Havia uma variedade de camisetas que inclusive me fez pensar quantos dias ficaríamos ali.

Encontrei a camiseta perfeita. Era preta, eu adorava preto. Larga e confortável, grande o suficiente para cobrir mais do que a toalha. E com o símbolo de uma das minhas bandas preferidas de rock. Queen.

A vesti bem na hora que Thiago abria a porta do banheiro. Ele parou na porta, me olhando. Sua mala aberta e revirada. Então ele fez aquilo que sempre quis saber fazer, aquele ar questionador, me indagando só com um levantar de um das sobrancelhas.

- Não tinha roupa de dormir na minha mala – Expliquei.

Ele assentiu e não me disse nada.

Deitamos na cama em um silêncio constrangedor.

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