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Capítulo 5

Ele virou um homem que não tinha a menor importância com qualquer pessoa, focado no trabalho e sem temer a nada nem ninguém, subiu de cargo, virou "subgerente" - abaixo do gerente-geral, era responsável por cada uma das drogas: maconha, cocaína, loló, pedra e dos soldados. Os bailes estavam cada vez maiores pegando quarteirões inteiros, eram os melhores dias pra faturar e em todos eles, Camilo trabalhava.

Quando a Daianara foi soltar o cao ele ouviu tudo, e riu:

— Qual é, vagabunda, sou teu macho agora?

Ela se manteve firme na intriga:

— Porra, cê é burro, véi? O Leozinho vai derrubar o Papito e sabe o que vai acontecer contigo, né? Não vai longe, eles têm medo, mas não te respeitam porque é louco.

Ele debochou:

— Manda vir, pô.

Ela estava indo embora, voltou para trás:

— Vamo resolver isso, não se faça de otário que cê num é. Vai ser melhor pra todo mundo que o Papito suma, ele me come à força, bate em mim, ninguém tá satisfeito com a caminhada dele na quebrada. Mió?

Ele sorriu afrontoso:

— Quando cê colocou um maluco pra comer sua prima dormindo aí era de boassa, né? Vagabunda!

Ela uniu o útil ao agradável em instantes:

— E quem você acha que fez isso? Foi ele, caramba! Por que acha que eu não contei nada? Ele foi lá me ver, estava noiado, pegou ela à força, me bateu, eu não pude impedir. Você nunca nem perguntou por ela!

Ele não disse nada, saiu andando, mas no olhar dele em chamas, sedento por vingança, ela soube que ia conseguir o que queria. Colou no Papito e esperou o plano começar a acontecer. Dias depois, dois policiais da milícia foram mortos de maneira estranha. Eles tinham um assalto grande para fazer em um condomínio de luxo. Na quarta-feira, o Papito foi no terreiro e sempre voltava para casa sem beber ou usar drogas. A Daianara sabia disso, foi ver o afilhado à tarde, ficou por lá e marcou de encontrar o Leozinho quando o Papito saísse.

Animado, Leozinho vigiou o chefe, até o cumprimentou quando o viu passando. Desceu o morro para ir no motel como o combinado. Ela deixou as mensagens e ligações no celular, respondeu um pouco antes do Papito chegar:

— Não quero mais você falando essas merda, caralho, quer morrer, vai sozinho.

— Ele vai me matar por sua causa.

— Tenho mó consideração por vocês, a Li é como uma irmã.

Ela se arriscou, mas confiou na manipulação, passou sabonete nos olhos para fingir choro. Quando o Papito chegou, estava animado, cantando, ao vê-la já começou a humilhar:

— Eeeee, caralho, que foi agora, Daianara? Essa cara de puta arrependida?

Ela disse que ia tomar banho, fingiu estar triste, preocupada. Ele estava alerta, notou o celular dela vibrando, era número desconhecido. Quando ele atendeu, o Leozinho desligou, estava com medo, já começou a pensar em matar o chefe.

O Papito foi no banheiro, perguntou quem estava ligando. Ela respondeu se fazendo de desentendida:

— Não sei, mô, atende pra mim.

Estando são, ele era diferente, disse que não ia atender nada, mas mexeu e viu as conversas. Ficou esperando ela com uma faca na mão. Quando ela foi para o quarto, tomou um susto, perguntou o que tinha acontecido. Ele esfregou o celular em seu rosto com força:

— Que porra é essa?

Ela caiu no chão enrolada na toalha:

— Mô, calma, eu posso explicar.

Ele estava transtornado, a chutou várias vezes:

— Você vai morrer, sua filha da puta! Tá me traindo com quem?

Ela estava chorando nervosa:

— Com ninguém, vida, eu te amo, o Leozinho me cantou na casa dele, passou a mão em mim. Acha que eu ia fazer qualquer perrengue desses? Ele tá me ameaçando, quer te derrubar, eu posso provar.

Ele a surrou, falou que ia querer a prova. Ela mandou mensagem marcando para o dia seguinte no mesmo lugar, disse que o Leozinho queria tomar o morro dele. Já preparado, o Papito foi trabalhar no dia seguinte virado do avesso, comentou com o Camilo o que tinha acontecido e de caso pensado ele disse que confiava nela, porque há anos era a fiel dele, encheu a cabeça do Papito contra o Leozinho. À noite, foram jogar bola como de costume. O Camilo foi embora da quadra antes, porque o Papito queria pegar o Leozinho naquela noite. Fingiu colaborar e quando viu o que estava acontecendo, ficou observando. Antes do Papito agir, Camilo o impediu sem falar nada, um único tiro certeiro que assustou até o Leozinho, que estava de joelhos na viela jurando ser inocente e vítima da Daianara.

Camilo se aproximou com aquela expressão que dava medo nos parceiros:

— E aí, caralho, ia ficar chorando feito um covarde? Cê mexeu ou não com a Daianara? Solta a voz!

Ele disse que ela o provocou, falando que iriam tirar ele do caminho, foi interrompido:

— Na moral, tô ligado na dela, tô na minha caminhada há muito tempo, não preciso derrubar ninguém, sacou? A fita é o seguinte, vou te fortalecer de coração, pode assumir tudo, tô suavão.

— A Daianara é a primeira dama, se vai tomar o morro é melhor que fique com ela, larga sua fiel, manda pra longe daqui, vagabundo, tá nem aí pra criança, não, mermão, na primeira oportunidade vão foder até seu filhote que acabou de nascer, tá ligado.

Super grato, ele concordou com tudo. Também ganancioso, viu todo o poder caindo no seu colo, foram logo avisar os soldados quem era o novo chefe. Quando os meninos começaram a questionar, Camilo se meteu na conversa:

— E quem vai cuidar de tudo? Você, seu cu de anu?

Na transparência ninguém tava curtindo a caminhada do Papito, várias atitudes isoladas, fortalecendo os cu azul do asfalto, vacilando com a nossa comunidade.

— Aqui é a nossa família, há muito tempo ele deixou de se importar!

Alguns ficaram um pouco contrariados, mas já fizeram uma reunião onde planejaram matar mais milicianos, isso ia fazer os custos da comunidade baixarem, o dinheiro dos meninos do corre subir.

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