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Capítulo 2 O Sr. Chapman vai ser meu marido

O grande escritório estava bem iluminado.

O homem sentado na poltrona principal vestia uma camisa branca limpa, com um relógio à mostra nos punhos.

Ele parecia bonito e elegante e, no momento, estava ocupado com um documento de negócios.

Depois de ler uma página, falou baixinho e ordenou:

- Amanhã, recuperem os fundos que foram injectados no Grupo Verde.

O mordomo baixou a cabeça e disse respeitosamente:

- Sim.

Depois de dizer isto, ficou um pouco hesitante:

- Senhor, perdoe-me por falar demais. Acho que a Sra. Green... É muito diferente das duas mulheres anteriores.

Durante o dia, foi o mordomo que trouxe Lottie.

Ela tinha um rosto bonito e olhos claros e parecia uma rapariga inocente e doce.

No caminho da família Green para a família Chapman, ela não falava muito e a única coisa que perguntava era do que o Sr. Chapman gostava e do que não gostava.

Parecia que ela não se importava nada com os rumores que corriam lá fora.

Desde que a notícia de que o feio e brutal Sr. Chapman tinha mandado matar duas mulheres fora espalhada pelos dois jovens senhores, era difícil encontrar uma mulher que não tivesse medo do Sr. Chapman e quisesse servi-lo o melhor possível.

O mordomo não queria que o Sr. Chapman ignorasse uma mulher tão boa.

O homem sentado na cadeira principal não pensava assim:

- Ela nem sequer consegue passar num teste tão simples. Não tem pena nenhuma.

O mordomo ficou sem palavras.

Sr. Chapman, isto era um teste simples?

Até ele, um velho de cinquenta anos, se arrepiava sempre que via Fabian com aquele traje, para não falar de uma inocente rapariga de vinte e poucos anos!

O mordomo suspirou. Se as coisas continuassem assim, quando é que iriam encontrar uma esposa para o Sr. Chapman?

Estava preocupado.

Nesse momento, a campainha da porta tocou lá em baixo.

Lottie tremeu e tocou à campainha da porta.

Na verdade, ela correu para longe.

Tinha medo da escuridão e viu o monstro no momento em que as luzes se acenderam, por isso estava muito assustada!

Mas quando o medo se desvaneceu, sentiu que não devia ter fugido.

Ela sabia desde o início que o Ralph se tinha tornado um psicopata depois das queimaduras e que era tão feio como um monstro.

Como tinha concordado em casar com ele, devia manter a sua promessa e não devia fugir.

Assim, depois de hesitar durante muito tempo, regressou finalmente.

Quando tocou à campainha com o rosto pálido, o seu coração não pôde deixar de bater descontroladamente.

Não se atrevia a enfrentar aquele rosto assustador e aquele homem outra vez.

Mas sabia que tinha de ultrapassar isso, porque ia ter de viver com ele durante muito tempo.

A campainha tocou durante algum tempo e a porta abriu-se.

Surpreendentemente, não foi o Sr. Chapman nem o mordomo que abriram a porta, mas um rapazinho bonito e indiferente que parecia ter apenas quatro ou cinco anos.

Se esta não fosse a única vivenda da vizinhança, Lottie teria pensado que estava no sítio errado.

O rapaz olhou de relance para Lottie, virou-se e entrou na sala de estar. Apontou para o sofá e indicou a Lottie que se sentasse.

Lottie franziu os lábios. Embora não soubesse de onde vinha o rapazinho, sabia que ele não lhe queria fazer mal.

Ela estremeceu e sentou-se no sofá, e o rapazinho deu-lhe uma chávena de água quente.

- Obrigada.

Ela segurou o copo de água e, aos poucos, foi-se acalmando.

O rapaz olhou para ela e foi a um pequeno armário ao lado, à procura de algo.

- Uau.

No corrimão do segundo andar, o rapazinho que assustara Lottie antes olhava para ela com os olhos arregalados:

- Ela voltou mesmo?

- Papá, queres que a assuste outra vez?

O homem alto e severo estava nas sombras. Olhou para a mulher no andar de baixo e depois para o filho, que estava a tirar o estojo médico do andar de baixo, e franziu ligeiramente o sobrolho:

- Não.

As pessoas de fora apenas sabiam que o Sr. Chapman tinha sido desfigurado pelo fogo há cinco anos e que se tinha tornado excêntrico e cruel, mas poucas pessoas sabiam que, depois do fogo de há cinco anos, ele tinha filhos gémeos.

Elijah, o seu filho mais velho, tinha sido sempre distante e silencioso, e Fabian, o seu segundo filho, tinha sido travesso e brincalhão.

Mas neste momento, Elijah, que sempre tratou as pessoas com indiferença, tinha dado água a uma mulher estranha e estava à procura de um kit médico...

- Ah...!

Quando o cotonete embebido em água fria desinfectante tocou na ferida da perna, Lottie apercebeu-se de que tinha corrido demasiado depressa e partira a perna.

Olhou para baixo e viu que o rapazinho à sua frente tinha água desinfectante numa mão e um cotonete na outra e estava a desinfectar-lhe cuidadosamente a perna.

A enorme luz do candeeiro brilhava nas suas longas pestanas, fazendo uma pequena sombra nas suas pálpebras.

Era ainda tão jovem, mas estava tão atento.

O coração de Lottie amoleceu, e até a sua voz se tornou suave:

- Como se chamas?

- Porque estás aqui?

O rapazinho acabou de desinfectar a perna dela e pôs-lhe um penso na ferida.

- Elijah.

Quando acabou, olhou para Lottie:

- O meu nome.

Lottie olhou para a sua cara e mãos bonitas e não resistiu a estender a mão para lhe tocar, mas ele esquivou-se.

Levantou-se, foi até ao sofá em frente, subiu e sentou-se.

Os seus olhos claros pareciam maduros para a sua idade. Ele olhou para ela:

- Porque voltaste?

Porque é que ela voltou?

Lottie sorriu:

- Porque esta é a minha futura casa.

- O Sr. Chapman vai ser o meu marido. Claro que devo voltar.

Elijah olhou para baixo e mexeu nos seus pequenos dedos, - Não tens medo dele?

Lottie fez uma pausa. Como é que esta criança sabia tanto?

Mesmo assim, respondeu seriamente:

- Tenho medo dele, mas não o consigo evitar.

- Como concordei em casar com ele, não me posso arrepender.

Ela não era uma pessoa que fugisse facilmente. Além disso, se ela fizesse asneira desta vez e fizesse com que Kevin perdesse o investimento, não teria uma boa vida no futuro.

- Mesmo que o Sr... O Sr. Chapman seja feio e assustador, vou tentar ultrapassar isso e ser a mulher dele.

Ela não sabia porque estava a dizer isto a este rapazinho que tinha conhecido pela primeira vez. Provavelmente, ele nem sequer conseguia perceber o que ela estava a dizer, certo?

Mas neste lugar estranho, não parecia haver ninguém com quem ela pudesse falar. Ninguém, excepto o rapazinho que estava à sua frente.

- Ele não é feio.

Elijah levantou o olhar e olhou para Lottie com seriedade:

- Não te preocupes.

Lottie ficou confusa. Ele não era feio?

Mas ele parecia mesmo feio quando ela o tinha visto antes!

No entanto, como o rapaz à sua frente ainda era novo, talvez o Sr. Chapman nunca tivesse mostrado a sua verdadeira face à sua frente.

Ela respirou fundo e sorriu:

- Tens fome? Faço-te qualquer coisa para comeres?

Lottie não era muito boa em nada, mas era uma cozinheira habilidosa.

Perante um rapazinho tão bonito e tão caloroso, a única forma de lhe mostrar a sua gratidão e de o aproximar era cozinhar-lhe algo delicioso.

Elijah olhou para o relógio e falou com frieza:

- Tens meia hora.

Lottie ficou atónita.

- Não posso comer depois das oito horas. São sete e vinte.

Lottie correu para a cozinha.

A cozinha estava limpa e arrumada. Embora não houvesse muitos ingredientes, todas as especiarias estavam disponíveis.

Ao vê-la a mexer-se na cozinha, os dois homens no andar de cima ficaram ambos surpreendidos.

- Papá, o que é que ela quer dizer? O que é que achas?

Fabian inclinou-se sobre o corrimão e apontou para a mulher:

- Ela está a tentar impressionar o meu irmão com os seus cozinhados? Está a pensar demais, não está?

- O meu irmão mais velho é notoriamente exigente a comer.

Ralph olhou para Lottie, e os seus olhos ficaram ligeiramente sombrios.

Esta mulher dava-lhe uma sensação inexplicável de familiaridade.

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