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7. DESTRUIR.

Sofía olhou para ele com agonia, ela não queria falar sobre sua vida particular com seu chefe. Mas ela também não queria que ele investigasse por conta própria e descobrisse seu grande segredo, então ela caminhou até parar em frente à sua mesa. Ela respirou fundo e disse:

-Sim, senhor. Há algo mais, como vejo que você suspeita. Se eles descobrirem que eu trabalho aqui e ganho tanto dinheiro, eles me obrigarão a dar a eles todo o meu salário como pagamento pela minha estadia no orfanato, como antes.

-Anteriormente?

-Sim, eles me colocavam nos locais de trabalho e ficavam com meu salário, só me davam uma mesada. Além disso, eles me obrigarão a pedir dinheiro a você e a fazer favores para eles constantemente. Eles não vão descansar até que eu seja demitida e obrigada a voltar para lá", explicou ela, em um tom triste.

O Sr. Lopez olhou para ela com desconfiança, sem saber se deveria acreditar nela ou não. Essa não era a imagem que ele tinha desses chamados orfanatos. Para ele, eles acolhiam e cuidavam de bebês abandonados e faziam o possível para dar a eles uma vida decente. Ignorando que, às vezes, pessoas cruéis trabalhavam neles, que abusavam de crianças e jovens que não eram adotados e quase os escravizavam, como foi o caso de Sofia, que, vendo que ele ainda hesitava, como todos os outros a quem ele contava sobre sua situação lá, disse com uma ponta de tristeza e quase em um sussurro inaudível

-Eu..., eu..., eu quase fui sua escrava lá, senhor. Nem tudo é bonito como ensinam aos ricos que dão dinheiro, não é", e ela enxugou uma lágrima. -Por isso não disse para onde estava indo, para que não me encontrassem.

O Sr. Lopez ficou chocado com as palavras de Sofia e percebeu que havia subestimado a situação no orfanato.

-Sinto muito, Sofia. Eu não tinha ideia de que a situação lá era tão terrível para você. Mas quero que saiba que você é valorizada e apreciada aqui. Você é uma parte importante da minha equipe e garanto que não deixarei que ninguém a machuque. Se você precisar de alguma coisa, é só me avisar e farei tudo o que estiver ao meu alcance para ajudá-la", disse ele, com um tom mais suave. Ele se aproximou dela e colocou uma mão em seu ombro, tentando confortá-la.

Esse gesto surpreendeu muito Sofia, pois até aquele momento seu chefe, embora se preocupasse com ela à sua maneira, nunca havia se aproximado dela e, ao seu toque, as lembranças da noite fatídica vieram à sua mente e ela recuou assustada, soltando-se do seu aperto.

O Sr. Lopez olhou para ela com surpresa, sem entender por que ela estava reagindo daquela forma, mas preferiu se afastar de Sofia. Ele não queria fazer com que ela se sentisse desconfortável ou assustada, muito menos fazer com que ela sentisse que ele estava passando dos limites com ela, pois ele a respeitava muito. Além disso, ela não era seu tipo de mulher, não o atraía nem um pouco, então ele decidiu conversar com ela para esclarecer a situação.

Desculpe-me, Sofia. Não queria assustar você nem deixá-la desconfortável. Só queria que você soubesse que estou aqui para ajudá-la", disse ele, e esclareceu. -Como seu chefe e talvez como um bom amigo, nada mais.

Sofia olhou para ele com desconfiança, mas decidiu dar a ele o benefício da dúvida e falar com ele.

-Está tudo bem, senhor. Eu só fiquei um pouco assustada. Mas quero que você saiba que não gosto de ser tocada sem meu consentimento", disse ela, com um tom firme.

O Sr. Lopez assentiu com a cabeça, entendendo a situação. Era a primeira vez que uma conversa ou evento desse tipo acontecia entre eles. Ele ficou observando-a enquanto ela se afastava em direção à escrivaninha.

-Eu entendo, Sofía. Não vai acontecer de novo. Só quero que você saiba que estou aqui para ajudá-la e protegê-la no que for preciso", e em um tom mais suave. -Você se tornou valiosa para a empresa e... para mim, certo? Eu tenho apenas um telefone para você, não se esqueça de que você é a única pessoa que pode me ligar a qualquer momento e eu vou atender.

Sofia assentiu, sentindo-se um pouco mais calma. Embora ainda desconfiasse do interrogatório do Sr. Lopez, ela sabia que ele estava disposto a protegê-la. Mas por que isso agora? Enquanto se afastava, sentia-se ansiosa e confusa após a estranha conversa com seu chefe. Quem havia lhe contado sobre ela? Como ele sabia que ela havia fugido do orfanato? Será que aqueles bandidos a encontrariam? E um tremor de medo percorreu seu corpo.

Enquanto caminhava de volta ao escritório, seu coração estava apertado e sua mente acelerada. Ela se sentia desconfortável com o rumo que a reunião com seu chefe havia tomado e se perguntava: o que estaria passando pela cabeça do Sr. Lopez? Será que ele suspeitaria de algo sobre seu grande segredo? Não, ele teria perguntado diretamente a ela, como de costume, e se não fosse isso, o quê?

A presença de uma mulher bonita e sofisticada entrando em seu escritório a tirou de seus pensamentos. Era a primeira vez que Sofia via essa mulher. Pelo documento de identidade, ela percebeu que seu nome era Mia e que trabalhava na área de recursos humanos. Ela se perguntou o que ela queria quando entrou em seu escritório. Talvez ela tivesse algum assunto para discutir com ela, embora não conseguisse imaginar o que poderia ser. A visita inesperada dele despertou a curiosidade dela, tirando-a momentaneamente da preocupação com a estranha conversa com o chefe.

-Oi, então você é a nova assistente do chefe? -disse Mia enquanto a inspecionava.

O que você acha disso? Ela estava trabalhando na empresa há mais de dois anos, quase três, e ninguém havia se aproximado dela, nem ela os havia procurado. Ela não queria ser rejeitada novamente. Ela achava que todo mundo sabia quem era a assistente executiva. Mia, ainda andando de um lado para o outro no escritório sob o olhar atento de Sofia, finalmente decidiu falar.

-Há algo que você queira, Mia?

-Não, é que sua vida parece tão solitária que eu queria saber se você quer ser minha amiga", respondeu Mia.

Sofia levantou uma sobrancelha, perguntando-se o que essa mulher realmente queria em seu escritório. Ela achou muito estranha a oferta de amizade vinda de uma estranha que, à primeira vista, não parecia ter nada em comum com ela. Sofia ficou na defensiva, sem entender muito bem as verdadeiras intenções por trás da visita inesperada. Ela olhou para Mia, ainda desconfiada de suas intenções.

-Agradeço a oferta, mas não estou acostumada a fazer amigos no trabalho", respondeu ela secamente.

-Vamos lá, não fique assim! Só achei que poderíamos nos apoiar mutuamente neste escritório dominado por homens", insistiu Mia com um sorriso. Você deve se sentir sozinha aqui o dia todo.

Sofia não sabia como responder. Era verdade que seu trabalho podia ser solitário às vezes, mas ela nunca havia se queixado.

-Na verdade, estou bem, gosto do silêncio do meu escritório", disse ela finalmente.

Mia parecia não desistir e se sentou na cadeira em frente à mesa de Sofia.

-Sei que é inesperado, mas eu gostaria muito de ser amiga, o que você acha de irmos almoçar juntas hoje? Assim, podemos nos conhecer melhor", ofereceu ela com um sorriso largo.

Sofia hesitou. Parte dela ainda desconfiava de Mia, mas outra parte estava curiosa e desejosa de sair de sua rotina solitária. Talvez fazer um amigo no escritório não fosse tão ruim, afinal... Relutantemente, ela concordou em ir almoçar com Mia, embora ainda desconfiasse de suas verdadeiras intenções. Mia a levou a um restaurante sofisticado perto do escritório, o que não agradou Sofia, que tinha de ser muito cuidadosa com suas despesas por causa de seu grande segredo.

Enquanto Mia sorria de forma encantadora e escolhia um jantar caro, Sofia optou por pedir apenas uma salada e água. Ela não queria gastar demais, pois precisava de cada centavo para sustentar seu filho. Durante a refeição, Mia falou a maior parte do tempo, contando detalhes de sua vida. Sofia respondia em monossílabos, desconfortável com os luxos do lugar. Quando Mia insistiu em pedir uma sobremesa cara, Sofia se desculpou, dizendo que tinha que voltar cedo para o escritório porque não havia contado ao chefe.

Quando a conta chegou, para a consternação de Sofia, o valor era exorbitante. Nesse momento, Mia disse que havia esquecido a carteira e pediu que ele a pagasse. Sofia estava prestes a tirar seu cartão com relutância, quando uma voz às suas costas disse:

-Ponha na minha conta.

Sofia se virou surpresa e viu que era seu chefe, o Sr. Lopez. Ele lhe deu um sorriso afável e instruiu o garçom a cobrar a conta no cartão dela. Mia parecia desconfortável com a situação, embora sorrisse encantadoramente para seu chefe, mas o Sr. Lopez apenas acenou para ela e agiu naturalmente. Em seguida, ele se voltou para Sofia:

-Não se preocupe, desta vez é por minha conta. É o mínimo que posso fazer por minha eficiente assistente depois de tantos anos na empresa.

Sofia murmurou um agradecimento, envergonhada, mas aliviada por não ter de pagar. Mia se sentiu um pouco mal ao ver o Sr. Lopez fazendo tais gestos para sua assistente. Então, ela tomou a firme decisão de substituí-la no cargo, bem como de conquistá-lo.

-Oh, você não precisava ter feito isso, Sr. Lopez", disse ela em um tom de voz grave, "eu lhe darei o dinheiro assim que voltarmos, apenas esqueci minha bolsa.

O Sr. Lopez apenas disse que não havia necessidade e os acompanhou de volta ao escritório. No caminho, Mia continuou falando, tomando a conversa para si, e se despediu de Sofia com dois beijos no rosto, o que a deixou muito desconfortável.

Não se deixe enganar por pessoas como ela, Srta. Sofia", disse-lhe o chefe enquanto ela se afastava para o escritório. -E tenha muito cuidado, você precisa abrir os olhos. Há muitos lobos disfarçados de ovelhas ao seu redor, que podem comer você.

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