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1

Merlim

Anos depois...

Um, dois, três, inspira...

Um, dois, três, expira...

Um, dois, três, inspira...

Um, dois, caralho.

Essa merda não funciona para nada.

Eu só quero o meu filho, meu menino...

Meu Rush...

— Filha você precisa se acalmar — mamãe implora mesmo ela estando no mesmo estado que eu.

— Eu...eu..eu enfrentei tudo por eles mamãe, eu lutei por eles, eu vivo por eles mamãe, meu menino simplesmente não pode me deixar agora — digo me engasgando em lágrimas.

Eu não sei o que fazer, estou tão perdida.

— Eu sei de tudo isso meu amor, eu estava lá ao seu lado — responde arrumando os cabelos — Eu sai tão as pressas e os seus irmãos só me arrumam confusão.

— Papai não vai notar...a sua saída? — pergunto um pouco constrangida.

Eu não perguntava dele, eu preferia não sentir essa dor.

Eu acredito que fiz a melhor escolha.

Pela primeira vez eu escolhi certo.

Mesmo que papai não tenha concordado e Kayvrel muito menos.

Eu sinto que fiz o certo.

— Ele sabe meu amor, ele sempre soube. Ele se preocupa.

— Eu não acredito, se isso fosse verdade ele teria vindo me ver — digo e mamãe olha para baixo.

— Eles te deram opções e você fez a sua escolha filha, o seu pai simplesmente está respeitando a sua escolha — responde e sou eu que fico envergonhada — Não se esqueça que ele é um Cavaleiro e sempre cumpri com a palavra.

— Eu sei mamãe, me desculpe — peço e ela sorri pra mim — Estou preocupada com o meu menino, ele é tão forte mamãe, mais esses dias ele não teve forças para nada — digo e ela suspira.

— A sua avó está vindo, ela pode ajudar os bruxos a descobrirem o que ele tem — avisa e fico apreensiva — Não se preocupe ninguém disse à ele, papai me disse que ele se tornou Alfa de uma alcateia e faz tempo que não tem contacto.

Ele está vivendo e meu filho está doente.

As vezes eu me pergunto o que se passa pela mente dele, será que ele pensa em mim, em nós.

Será que ele pensa no que me fez?

Eu sou uma bastarda por ainda pensar nele.

O bom é que não dói tanto, e eu agradeço por ele não ter me marcado.

Como eu pude o amar em tão pouco tempo? Como ele pode me iludir em tão pouco tempo?

Por que ele tem de ser o meu companheiro? Logo ele?

O maldito obsessivo pela companheira morta.

Que no caso é minha tia avó.

A verdade é que o destino gosta de me foder.

— Não pense nele filha, não depois de tudo que ele te fez passar — mamãe toca em meu ombro me reconfortado.

A porta da sala privada de espera onde estamos é aberta, meu coração acelera achando que é o médico e acelera ainda mais ao ver que é a minha avó Nicole.

Mas ela não está sozinha, Kayvrel está com ela e sua companheira também.

Me levanto surpresa por ver meu irmão depois de tantos anos, ele parece tão feliz e tão maduro.

Kayvrel me encara e abre os braços para mim, corro até ele o abraçando forte.

As lágrimas vem imediatamente, lágrimas de saudade.

— Eu senti tanto sua falta — digo o apertando ainda mais.

— Eu estou aqui agora — responde me soltando e observa o meu rosto — Estás tão linda.

— Ela está gostosa isso sim, ser mãe te fez bem. Olha os seios dela Kayvrel, aqueles nossos filhos ingratos não conseguiram nem aumentar os meus seios — reclama fazendo avó Nicole e mamãe rirem, até eu riu.

A companheira de Kayvrel é muito maluca, diferente de Kayvrel que é tão sério.

— Eles estão do tamanho que eu gosto anjo — responde Kayvrel piscando para ela.

— Você está tão linda Merlim, esses anos te fizeram muito bem — comenta vovó — Como está o seu filho?

— Ele se chama Rush — digo e ela concorda — Ele é muito forte, inteligente, lindo,...eu não sei o que aconteceu, ele perdeu forças de repente, ele já nem...nem conseguia falar.

Mamãe me abraça me acalmando, choro sentindo a dor crescer tão forte.

A porta da sala é aberta novamente e dessa vez é o médico.

— Como ele está? — pergunto limpando minhas lágrimas.

— Vamos até o quarto dele, irei explicar pelo caminho — avisa e todos concordamos o seguindo — A senhora Merlim é uma Vod certo? — pergunta e concordo — O que o pai dele é?

— É um lobo — respondo.

— Que tipo de lobo? — pergunta me encarando.

— Um beta, agora já é Alfa não é mamãe? — pergunto e ela concorda.

— O pai da criança é hibrido, metade lobo, metade bruxo — responde avó Nicole.

— O lobo do seu filho é que está doente — diz olhando a ficha — As bruxas trabalharam toda a noite tentando descobrir a causa é o lobo está precisando da sua Alcateia e por não o ter isso o deixou doente e consequentemente o seu filho também. Ele deve ter uma alcateia ou corre o risco de morrer. Agora ele está melhor e já pode ir para casa, as bruxas conseguiram o curar um pouco, mas não irá durar muito tempo.

Despeja tudo e abre a porta do quarto dele indo embora sem nem dar aberturas para perguntas.

Que perguntas? Estava tudo bem claro.

Sem uma alcateia, ele morre.

E eu não deixarei o meu filho morrer.

— Oi lobão — digo assim que entro e me aproximo da cama dele.

Rush é enorme, com os seus olhos e cabelos castanhos, ele é a minha cara, só difere nas covinhas que ele possui.

Herança daquele maldito.

Rush me puxa para um abraço apertado.

— Minha Rainha, desculpe toda a preocupação mamãe. Eu não gosto de saber que estavas chorando, ainda por cima por minha causa — diz e beija minha testa sem me soltar — Quem são esses? — pergunta me soltando.

— Oi meu amor — mamãe se aproxima e o abraça sendo retribuída — Fico feliz que estejas bem.

— Eu não irei quebrar não vovó, Blanca diz que sou vazo ruim, então não vou quebrar agora — diz nos fazendo rir — Quem são eles mamãe?

— Me chamo Sky e sou companheira do Kayvrel — se apresenta e Rush a encara estranho.

— E quem é Kayvrel? — pergunta e resolvo interferir.

— Amor lembra da nossa família, eu mostrei a fotos de todos a vocês, Esse é o meu irmão Kayvrel, como ela já disse, ela se chama Sky e essa é sua Bisavô Nicole, mãe da sua avó.

— Sua família mamãe — frisa um pouco frio — O que eles estão fazendo aqui?

— Eles ficaram preocupados com você, por isso vieram — digo e ele concorda.

— Legal.

— Vamos para casa? — mamãe pergunta e Rush concorda imediatamente.

Ajudo a retirar as suas cobertas e ele se levanta.

— Quantos metros tem esse garoto? — Kayvrel pergunta surpreendido com a altura.

— 1,95m — Rush responde sem o encarar — Onde estão minhas roupas mãe? E Blanca? — pergunta.

Vou até sua mochila no sofá e o entrego.

— Ela está em casa a nossa espera — digo e ele concorda.

— Aquele demónio chorou nem? — pergunta antes de entrar no banheiro.

— Não chame sua irmã desse jeito e sim, ela chorou — respondo e ele sorri fechando a porta.

— Irmã? — Kayvrel pergunta e sorrio.

— Eu tive gémeos, Rush e Blanca — respondo e Sky me abraça feliz.

— Eu também, eles dão muita dor de cabeça não é? Um deles já quer começar a ir em missões, você acredita? — Comenta Sky irritada ou feliz.

Não sei ao certo.

— Eles não dão dor de cabeça, são muito calmos — digo e mamãe concorda.

Avó Nicole continua calada observando tudo, Rush sai do banheiro e me entrega a escova de cabelo se sentando na cama de frente para mim.

Escovo o seu cabelo do jeito que ele gosta, beijo o seu rosto ao terminar.

— Vamos logo — digo e eles saem.

Rush sai comigo me abraçando pela cintura como sempre.

Rush é muito possessivo, dificilmente deixa alguém se aproximar.

— Você está bem para dirigir? — pergunto e ele concorda, entrego as chaves.

— Nós viemos de carro, iremos seguir o seu — avisa Kayvrel.

— Cataleya vá com Kayvrel, eu irei com Merlim — diz avó Nicole entrando no nosso carro.

Entramos e Rush logo dá partida sendo seguido por Kayvrel.

— O médico falou consigo? — avó Nicole pergunta a Rush.

— Sim — responde um pouco frio.

— E o que você pretende fazer? — pergunta e eu o encaro.

— O que minha Rainha decidir para mim está óptimo — responde me fazendo sorrir.

Eu definitivamente não fiz a escolha errada.

— Merlim — avó Nicole insiste.

— Nós iremos a sua Alcateia vovó, querendo ou não meus filhos fazem parte dela e eu não irei perder o meu filho por orgulho — digo e ela sorri pela primeira vez.

— É muito bom ver o quanto amadureceste — diz sorrindo e não respondo.

Ficamos calados o resto do caminho, Rush estaciona em frente à nossa casa de dois andares toda branca.

Rush desce do carro e dá a volta abrindo o carro para mim e avó Nicole.

Caminhamos até a entrada e Rush abre a porta.

— Demónio, o anjo voltou — grita assim que entramos.

— DEMÓNIO É SUA AVÓ — Blanca grita do andar de cima.

— BLANCA — grito o seu nome e ela logo aparece correndo pela as escadas.

— Desculpa mãe, opah não sabia que temos visitas. — diz encarando a todos — Vovó.

Nicole não olha para Blanca ocupada demais observando a casa.

Blanca abraça mamãe já habituada com o jeito espontâneo dela.

Blanca não é muito parecida com a gente.

Eu acho que ela é parecida com algum familiar de William.

O desgraçado do William.

— Rush quem são? — pergunta parando ao lado dele.

— Esse é Kayvrel irmão da mamãe, essa é Sky companheira dele que também tem filhos gémeos que dão dor de cabeça e essa é a nossa Bisavô Nicole.

— Vocês têm uma bela casa — elogia e se vira para nós encarar e o seu olhar para em Blanca.

— Bianca? — avó Nicole pergunta.

— Não, meu nome é Blanca, é só trocar o I pelo L — responde se aproximando.

Blanca abraça avó Nicole que parece surpresa pela espontaneidade de Blanca.

Blanca abraça Sky e estende a mão para Kayvrel que aperta em comprimento.

— Ele nem parece teu tio Rush, não é um poste como tu — provoca sorrindo para o irmão.

— Tão pouco parece o teu, ele não é anão — responde e Blanca bate no braço dele o abraçando em seguida.

— Eu senti sua falta mano.

Olho para avó Nicole que observa um foto velha em sua mão, me aproximo ao ver que é Blanca.

Mais o desgaste da foto, denuncia o tempo de existência e isso me assusta.

— Onde você encontrou essa foto da Blanca vovó? – pergunto e ela me encara com os olhos cheios de lágrimas.

— Essa não é Blanca, é a minha irmã Bianca.

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