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Melissa sob o meu domínio

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Ara Pereira
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Resumo

O amor é mesmo aceitável sob qualquer circunstância? Alex conheceu Melissa no meio de um divórcio conturbado, a esposa não aceitava o fim do relacionamento e levou o sêmen de Alex pra fazer fertilização in vitro pra impedi-lo de se separar dela. Sob a constante ameaça de não poder acompanhar o crescimento do filho, Alex acabou não pedindo o divórcio, mas começou a se relacionar com Melissa. O romance entre Alex e Melissa foi intenso e excitante, os dois estavam muito apaixonados, mas a esposa do Alex descobriu e provocou um acidente que fez com que Melissa perdesse a memória. Ao acordar no hospital, Melissa não lembrava mais quem era Alex e o que eles viveram nos últimos meses, e Alex fará de tudo pra ter o amor de Melissa de volta e lutará pra provar pra polícia que a esposa tentou matá-la. Conhecendo o sonho de Melissa de ser médica e mudar de vida, Alex fez uma proposta ousada pra ela, ele realizaria todos os desejos dela, se ela aceitasse ser amante dele por seis meses. Melissa aceitou, mesmo sendo loucura aceitar uma proposta daquela vinda de um "Estranho", mas o envolvimento dos dois fará com que Melissa viva constantemente a sensação de conhecer Alex de algum lugar. (Essa é uma história intensa, linda e extremamente erótica).

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CAPÍTULO 1

MELISSA

*

Eu nunca imaginei que um homem milionário e dono da metade dos estabelecimentos comerciais de São Paulo fosse cruzar a minha vida e virar ela de cabeça pra baixo.

Ele era casado e eu era só uma garota com traumas e virgem, alguém que nunca soube o que era ter um homem dentro de si.

Crescer naquela casa sempre foi como dançar em uma corda bamba, esperando a queda a qualquer momento.

Minha relação com meus pais era mais uma partitura desafinada do que uma harmonia familiar.

Minha mãe, com seu olhar crítico, sempre parecia encontrar falhas até nas minhas melhores conquistas.

"Melissa, isso poderia ter sido feito de forma melhor"...

Ela dizia, como se perfeição fosse uma obrigação e não uma escolha. Meu pai, por outro lado, estava sempre imerso em seu próprio mundo, distante e indiferente às batalhas diárias que eu enfrentava.

Numa noite fria, ao jantar, tentei compartilhar um pouco do meu dia...

"Consegui uma boa nota na prova de matemática hoje", eu disse com um sorriso frágil.

Minha mãe levantou os olhos do prato por um momento e, sem expressão, respondeu: "Ainda pode melhorar".

Respirei fundo, tentando ignorar o constante peso das expectativas sobre meus ombros. Meu pai, absorto em seu jornal, nem mesmo notou minha tentativa de compartilhar algo significativo. "Talvez eles nunca entenderão", pensei com tristeza, enquanto meu sorriso desaparecia na mesma velocidade que surgiu.

À medida que os anos passavam, a lacuna entre nós só crescia. Cada tentativa de me aproximar era recebida com uma parede de indiferença ou críticas disfarçadas de conselhos, em vez de ligações afetivas, minha infância era povoada por silêncios pesados e palavras não ditas.

Em meio a esse labirinto emocional, comecei a buscar conforto em amigos e em minhas próprias paixões.

A primeira vez em que alguém partiu o meu coração eu não tive uma mãe e nem um pai pra me acalentar, eu mesma tive que me curar sozinha, mas prometi pra mim mesma que jamais deixaria outro homem me quebrar novamente daquela forma.

Eu aprendi a construir minha própria validação e tentei encontrar beleza nas imperfeições que me tornavam única.

No dia em que completei 18 anos, a atmosfera em casa mudou de forma irrevogável, o jantar que planejei para comemorar minha entrada na "idade adulta" se transformou em uma tempestade de palavras afiadas e ressentimento acumulado.

—Melissa, agora que você é "oficialmente adulta", talvez seja hora de enfrentar o mundo por conta própria.

Meu pai disse, lançando suas palavras como pedras. Minha mãe, com seus olhos que mais pareciam icebergs, ecoou:

—Já é hora de você aprender a viver sem depender de nós.

A notícia de que eu deveria ir embora foi como um soco no estômago, as palavras de apoio ou encorajamento eram tão ausentes quanto a compreensão mútua que sempre almejei, eu fui confrontada com uma decisão forçada e um coração repleto de mágoa.

Eu pedi um prazo pra conseguir juntar dinheiro pra poder sair daquela casa que um dia eu chamei de lar, então eu arranjei um emprego de meio período e trabalhei nele por três meses, eu consegui pouco dinheiro, mas dava pra começar em algum canto, no meu último dia de trabalho, algo aconteceu comigo e eu acordei no hospital com um ferimento na cabeça, estranhamente eu não consegui explicar o que havia acontecido, pois eu não me lembrava, a minha chefe falou que havia saído pra almoçar e quando votou me encontrou caída no chão, eu fiquei três dias em coma, e por não haver câmeras na loja, concluíram que foi um acidente.

Eu conseguia lembrar de tudo, menos do dia em questão, e o médico disse que foi um trauma causado pela queda que apagou aquele dia da minha memória, mas como eu lembrava de tudo da minha vida e de todos, não era algo sério.

Mesmo internada, meus pais disseram que eu havia dado muitas despesas e eu me senti um lixo.

Uma semana depois de eu voltar pra casa, eu empacotei minhas coisas em silêncio, enquanto as lembranças de uma infância tumultuada dançavam ao meu redor.

— Você sempre foi uma carga para nós.

Minha mãe murmurou, sem um traço de remorso. Com um nó na garganta, encarei o portal que marcava a entrada para um futuro incerto.

Eu caminhei até a porta e deixei para trás não apenas um lar, mas uma narrativa de desconexão e desilusão, a rua à frente era meu novo horizonte, e cada passo era uma tentativa de encontrar um sentido para a realidade recém-adquirida.

Ao olhar para trás, vi a casa que, de alguma forma, ainda representava o que um dia foi a busca por amor e aceitação.

— Talvez, no processo de me perder, eu possa me encontrar.

Murmurei para mim mesma, carregando a bagagem física e emocional de uma transição abrupta para a vida adulta.

Eu vaguei sem rumo até encontrar uma comunidade, foi onde encontrei um local pra morar.

Com uma mão trêmula, tranquei a porta da casa que eu passei a chamar de lar, sentindo o eco do silêncio que preenchia os cômodos vazios.

Minha nova residência no subúrbio era uma mistura de esperança e resignação, um refúgio humilde que refletia minha condição financeira precária.

Os vizinhos, curiosos e ao mesmo tempo discretos, observavam enquanto eu tentava me integrar a esse novo cenário.

O som das crianças brincando na rua e o aroma familiar das refeições caseiras vindas das casas ao redor davam ao subúrbio uma sensação de comunidade que eu nunca experimentei antes, eu senti uma mistura de paz e medo do "novo".

Mesmo com as limitações financeiras, eu tinha que aprender a apreciar a simplicidade da vida no subúrbio, o pequeno quintal tornou-se meu oásis, e as noites tranquilas substituíram os dramas familiares que uma vez dominaram meus dias. Cada móvel usado e cada utensílio doméstico desgastado contavam uma história de recomeço.

Enquanto minha relação com meus pais permanecia distante, a casa no subúrbio tornou-se um capítulo novo e desafiador na minha jornada, eu me obriguei a entender que a verdadeira força residia na capacidade de se reinventar, mesmo com recursos escassos.

E assim, sob o teto modesto do subúrbio, comecei a esboçar a versão adulta de mim mesma, moldada por desafios, mas também guiada pela esperança de um futuro que eu mesma construiria.

Eu tinha o sonho de me tornar médica, mas eu sabia que aquela era uma realidade distante, e o que me restou foi um emprego em uma cafeteria, já que o emprego na loja ficava muito longe da minha mais nova morada.

Enquanto as máquinas de café produziam uma melodia monótona na cafeteria, eu sorria para os clientes, escondendo o eco persistente desse sonho que ainda ressoava em meu coração. O aroma do café substituía o cheiro do formol dos laboratórios, e os pedidos de cappuccinos substituíam as consultas que eu sonhava em conduzir.

Cada xícara servida era um lembrete silencioso das escolhas que a vida me ofereceu. No entanto, mesmo entre os grãos moídos e os clientes apressados, eu encontrava pequenos momentos de satisfação. Cada expresso era uma paleta de experiências únicas, e eu aprendia a saborear as histórias que os clientes compartilhavam enquanto aguardavam o café.

Nos intervalos entre os turnos na cafeteria, as apostilas de biologia e anatomia se misturavam aos pacotes de café. À noite, depois de um dia exaustivo, eu mergulhava nos livros, alimentando a chama persistente do meu sonho. A jornada para me tornar médica não estava perdida; apenas estava sendo reescrita com capítulos inesperados.

Enquanto a máquina de café ronronava, eu viajava entre mundos, mantendo vivo o sonho que um dia me levaria além do balcão da cafeteria. Cada sorriso para os clientes era um passo firme em direção à determinação de construir um futuro que, mesmo que diferente do planejado, seria meu.

Eu só não esperava que aquele homem absurdamente lindo que havia acabado de entrar na cafeteria iria mudar o rumo da minha vida.

— Um café, por favor.

Ele disse, olhando ao redor da cafeteria com desinteresse evidente.

Seus olhos, por um breve momento, encontraram os meus, mas o brilho que costumava estar lá estava agora obscurecido por uma camada de indiferença.

— Sem açúcar e sem qualquer complicação...

Acrescentou, como se cada palavra fosse uma tarefa árdua. Enquanto eu preparava o café, ele continuou, sua voz fria:

— Sabe, esse lugar é apenas um ponto de passagem. Não espero que haja algo notável aqui.

Eu respirei fundo, tentando ignorar a aura de desdém que permeava suas palavras, eu não conseguia entender como um homem tão lindo poderia estragar a beleza com tanta arrogância.

— Aqui está o seu café.

Murmurei, oferecendo a xícara, e ele respondeu, sem expressão...

— Obrigado, acho.

Cada interação era como um fragmento de gelo, mas algo nele me intrigava. Em meio a palavras gélidas, eu sentia uma história não contada, uma camada de emoção escondida sob sua aparente frieza. Naquele momento, naquela cafeteria comum, era como se o calor dos nossos destinos colidisse, desafiando a frieza que ele tentava exibir.

Enquanto entregava o café, decidi tentar quebrar o gelo que envolvia a interação. Com um sorriso sutil, perguntei...

— Então, qual é o seu nome? Acho que seria estranho continuar chamando você de "senhor café sem açúcar'.

Ele olhou para mim com a expressão impassível, e respondeu...

— Meu nome é Alex Vilar. Não que faça diferença.

— Alex, repeti, como se o nome fosse uma pista para decifrar o enigma diante de mim.

— Eu sou Melissa Garcia, caso tenha alguma curiosidade.

Ele apenas acenou levemente com a cabeça, como se a troca de nomes fosse uma formalidade desnecessária. Uma parte de mim queria descobrir mais sobre esse homem cujas palavras eram tão frias quanto o café que ele pediu, mas o mistério que pairava sobre ele era palpável.

— Se precisar de mais alguma coisa, Alex, estou por aqui.

Ofereci, meio na esperança de que ele revelasse algo mais do que o exterior imperturbável que mostrava.

Enquanto eu continuava atrás do balcão, Alex, de maneira inesperada, tirou um papel do bolso e escreveu algo rapidamente.

Ele então se aproximou e disse, de forma quase imperceptível...

— Aqui está o meu número, me ligue.

Entregou-me o papel com o número do telefone, uma ação que contradizia totalmente a frieza que ele havia mostrado anteriormente. Antes que eu pudesse formular uma resposta, ele se afastou, como se tivesse acabado de realizar uma transação de negócios.

Eu fiquei ali, segurando o papel, tentando entender a súbita mudança no comportamento de Alex.

Entre a confusão e a curiosidade, percebi que havia mais nessa história do que eu inicialmente imaginava. O número do celular, escrito em tinta preta, era uma ponte para um mundo além do café e das palavras gélidas de Alex. O papel guardava não apenas um contato, mas um enigma a ser desvendado.