Capítulo 6
P.O.V Kelly.
Os números queimavam em meus olhos enquanto encarava a tela, 102 era o número que podia mudar minha vida novamente ou não.
Como eu sou burra, se eu ligar pra polícia é capaz dos policiais me levarem para uma dos cativeiros facilmente. Os Salazar e o Gregory tem muito poder.
Apago os números e suspiro... Essa é sua vida Kelly, trate de aceita-la. Olho para baixo encarando a área da piscina e tenho uma ideia. Volto para dentro e entro no closet, tiro minha maquiagem e escolho um biquini rosa coloco um vestido por cima.
Pego meu novo celular e saio rumo a área da piscina. O lugar esta em silêncio iluminado com as luzes da piscina, me sento na beirada colocando meu pés na água.
Mais uma vez coloco na discagem rápida mas agora ao invés do número da polícia eu digito e número de Cristina. Ouço as chamadas ansiosa até que ela atende no segundo quarto toque.
Ligação on.
Cristina: - Alô?
Kelly: - Cristina, sou eu Kelly.
Cristina: - KELLY... Meu deus onde você está, eu estou louca sem notícias sua.
Kelly: - Me desculpe mas só conseguir te ligar agora.
Cristina: - O Rodrigo disse que você vai se casar, como assim Kelly?
Kelly: - É uma longa história Cris, mas o importante é que meu noivo é um mafioso da Salazar e prometeu que se eu me casasse com ele, tiraria nós duas dessa vida horrível.
Cristina: - Um mafioso Kelly? E esse homem é um daqueles velhos asquerosos? Sai daí volta para cá...
Kelly: - Não Cristina, ele tem só trinta e é muito bonito... Eu não posso ir, o casamento já esta confirmado mas assim que ele acontecer você vai parar de ir nessa boate nojenta.
Cristina: - Bom na verdade eu já parei... O Rodrigo disse que eu ia receber em casa e que não era pra fazer mais programa, ele disse que foram ordens de cima.
Kelly: - Você jura?
Cristina: - Sim, parece que seu noivo esta cumprindo a parte dele no acordo.
Kelly: - Isso é incrível mas eu prometo que logo vamos esta juntas e ninguém vai nos separar.
Cristina: - Promete?
Kelly: - Eu prometo, eu te amo muito.
Cristina: - Eu também te amo.
Kelly: - Eu tenho que ir, fica bem.
Ligação off.
Fecho os olhos respirando fundo, agora mais do que nunca tenho que seguir com esse casamento, Gregory não me disse nada mas eu já gosto muito mais dele agora.
Deixo o celular de lado tirando meu vestido revelando meu biquini, sem esperar muito entro na piscina e começo a nadar.
A água faz com que meu pensamentos se esvaziem me relaxando por completo, dou a terceira volta e resolvo volta a superfície mas assim que volto não posso evitar o grito.
- Ahhhhhh... Que susto Gregory. - Digo colocando a mão no peito vendo seu sorriso maroto.
- Então você também gosta de mergulhos noturnos, já estamos descobrindo as coisas em comum.
Ele usava apenas uma cueca box preta e seu corpo inteiro estava a mostra, corpo bem definido por sinal.
- Falou com sua irmã?
- Falei, muito obrigado pelo o que fez por ela e por mim.
- Não fiz nada demais, porém esse não era o tipo de agradecimento que eu estava esperando.
Sorrio olhando para baixo e o encaro, devagar vou chegando perto dele mas logo ele me agarra fazendo meu corpo ir de encontro ao dele.
- Ai... - Digo devagar o encarando.
- Agora sim Kelly esta onde sempre deve esta, e já pode me agradecer. - Ele diz baixo.
Reviro os olhos e me aproximo selando nossos lábios. Rapidamente ele pede passagem e eu dou iniciando um beijo de lingua, sua mão começa a passar por meu corpo e eu passo os braços por seu pescoço nos aproximando mais.
Seu toque era bom e o atrito das nossas línguas era divino porém quebro o encanto nos separando, ouvindo um gemido de reprovação dele.
- Obrigado. - Sorrio.
- De nada... Mas ainda esperava mais. - Ele diz e eu riu.
- É o suficiente senhor Petrov. - Sorrio passando por ele saindo da piscina.
- Por enquanto. - Ouço ele dizer antes de entrar em casa.
No dia seguinte...
Adentro a mansão Devan segurando minha bolsa, sempre me surpreendo com essa casa.
- Bom dia senhora Petrov. - Camila uma das empregadas dos Devan me cumprimenta.
- Ainda sou a senhorita Stabler Camila. - Sorrio.
- Desculpe. - Ela diz envergonhada.
- Está tudo bem, aliás não sou senhora nem senhorita já disse pra me chamar de Kelly. - Sorrio.
- Tudo bem dona Kelly. - Ela responde.
Deixo como esta pois sei que desde pequena ela foi ensinada a respeita seus superiores, o que é estranho pra mim... Ser superior a alguém, aliás apesar do que Gregory e Hanna tentam me ensinar não me sinto superior pelo contrário.
Camila tem liberdade para ir e vir, já eu estou pressa na minha prisão de ouro.
- Veio vê a senhora Devan? - Ela pergunta.
- Sim.
- Ela pediu para a senhora ir para o quarto, ela lhe aguarda la.
- Obrigada Camila. - Sorrio e ela assente saindo do meu campo de visão.
Subo as escadas e adentro o corredor dos quartos mas vozes me fizeram parar. Eram vozes alteradas de um homem e uma mulher, sigo o som e paro na frente de um dos quartos.
- Eu vou falar com o Dimitri, ele tem que parar com isso. - Era Hanna.
- Eu não quero que faça nada, só quero que pare com a palhaçada de ficar dando beijos nele na minha frente... Eu entendo a sua situação mas já to cheio disso.
Espera, é o Mateo? Primo da Hanna.
- Você sabe como Dimitri é, e quanto mais a maldita Ivana tenta enfiar coisas na cabeça dele, mas possessivo ele fica. Eu não tenho culpa.
- Eu não quero saber, fale pra ele não me chamar mais, da próxima vez que ele esfrega na minha cara como ele te tem vou esfrega na cara dele que você transa comigo antes mesmo dele sonhar em entrar nas nossas vidas.
Ai. Meu. Deus...
- Ótimo. Eu não preciso de mais um problema, já tenho muito com o que me preocupar. Não se torne um problema para mim.
Hanna abre a porta e eu posso vê a cor sumir do seu rosto, sua expressão é tão impagável que não evito sorrir.
- O que você ouviu? - Ela sussurra entre dentes.
- Muita coisa. - Digo sorrindo.
- Não pense em dizer nada disso Kelly.
- Ou o que? - Pergunto andando até seu quarto calmamente.
- Ou eu vou odiar ter que te tirar do meu caminho. Somos amigas, não somos? - Ela pergunta fechando a porta me encarando.
- Amigas não ameaçam as outras de morte.
- É só um aviso e não um aviso de amiga. Estou te fazendo a pergunta e deixando você determinar o que somos.
- Hum... Eu me pergunto o que o Gregory faria com essa informação?... Ah espera, o Dimitri... - Digo sorrindo.
- Kelly seja muito esperta, filtre muito bem o que está pensando em fazer. Vamos as possibilidades, não posso te matar aqui e agora, então está em vantagem porque eu não teria uma justificativa para o fazer. Então você pode sair e contar e eles vão me matar e depois a minha família vai ter que te matar ou eu mesma te levo comigo. Essas são as piores possibilidades, a única boa é você ficar em silêncio, podemos selar uma amizade que vai fazer um bem mútuo.
- Querida, desde que eu sai de casa e fui pra aquela boate minha vida vem sendo ameaçada então você até que é muito boa no que faz mas eu não tenho medo de você.
- Deveria e não só de mim mas já te dei o aviso, o que não é uma ameaça. Só pense muito bem, nos demos muito bem durante essas semanas não queira estragar tudo e por que você contaria a alguém? Você não ganharia nada com isso, eles ganhariam. Tudo aqui é unicamente para eles, cada vitória.
- Hum... Ainda não me convenceu... - Digo segurando o riso.
- Não estou tentando te convencer, estou tentando abrir seus olhos. Vou te dizer exatamente o que iria acontecer, você contaria, eu negaria, mas o Dimitri iria caçar cada prova, cada vestígio, se encontrar algo eu vou ser morta se não você vai por acusar a esposa do capô. Supondo que eu seja morta, ele acharia outra esposa e você carregaria uma morte nas costas a troco de nada, apenas por gostar de fazer fofoca. Isso é claro, além provocar uma guerra com os Salvatore, os Bennaci e a organização do meu pai.
- Acontece acontece loirinha, que eu não ligo... Não ligo, nem para os Salazar, Salvatore, Bennaci ou organizações.. - Dou de ombros.
- Pode até não ligar mas vai ser dizimada junto com eles e para ser bem sincera, eu morreria tranquila sabendo que tudo isso iria abaixo em seguida, todos os malditos russos machistas, egocêntricos e que se acham os donos do mundo.
Cruzo os braços gargalhando.
- Hanna, você não me deixou termina de fala. - Digo sorrindo.
- Continua. - Ela franze o cenho.
- Eu não me importo, com os Salazar, Salvatore, Benacci ou Organizações... A única que me importa é você... E eu jamais te entregaria pra quem quer que fosse. - Sorrio.
- Está tentando me enganar? Acho bom não estar... - Ela da um passo para trás desconfiada.
Balanço a cabeça negativamente.
- Não, mas foi engraçado vê você desesperada. - Digo rindo.
- Nunca mais faça isso. - Ela suspira de alívio.
- Eu nunca faria isso e não ache que foi por causa da idiotice de me matar, eu não ligo pra isso... Não vou te entregar porque gosto de você, eu vejo algo especial ai dentro, pode ta bem trancado mas ta ai.
- Se te faz sentir querida, eu ia odiar matar você e eu nunca odeio matar ninguém.
- Essa é sua forma de dizer que agora somos amigas de verdade sem segredos? - Pergunto arqueando a sobrancelha.
- Pode ser... Meu pai sempre diz que nada une mais uma amizade do que um amante.
- Seu pai é meio controverso... Mas quem sou eu pra fala de pais. Aliás, você é minha heroína a mulher mais incrível que eu já conheci. Mandando essas malditas regras pro inferno e fazendo esse machistas pagarem, eu te amo.
- Você também é controversa, achei que era do bem.
- E eu sou, mas se estamos nessa situação é porque pessoas obrigaram a gente a fazer o que nós não queríamos logo, eles são o mal e nós somos o bem. - Sorrio.
- Acabei de descobrir que também te amo. - Ela diz balanço a cabeça.
- Ah. - Sorrio indo abraçá-la.
Ela demora um pouco mais acaba retribuindo o abraço.
- Aliás, por que não foi na reunião ontem? - Pergunto voltando a me sentar.
- Não me interesso por nada que tenha haver com a máfia Salazar, se eu não posso ser capo que é meu lugar de direito, nada aqui me importa. - Ela diz com desprezo.
- Que pena, você perdeu um episódio muito interessante.
- O que? Alguém morreu?
- Eu conheci uma mulher e ela me lembrou você.
- Impossível. - Ela diz desacreditada.
- O jeito dela pronuncia meu nome e o jeito que ela mexia as mãos era igual a suas manias, coisas que eu pensei serem únicas suas.
- Ah mais isso pode acontecer com qualquer uma, como ela era? - Ela da de ombros.
- Bem mais legal que você.
- Outra coisa impossível... Não vai me dizer que você anda fazendo amizades com mulheres de boates?
- Olha o preconceito em loirinha, eu já fui uma mulher de boate... Por algumas horas mas fui.
- Mas não é mais, você não deveria se meter com esse tipo de gente. - Ela diz segura.
- Ok, vou colocar na minha lista que só mafiosos são legais. Porém não vou tirar a Penélope, eu vi algo nela.
- Alma de prostituta? - Hanna zomba.
- Eu vi nela a mesma coisa que eu vi em você... Vocês duas podem ser misteriosas, evasivas e até mentirosas mas lá no fundo precisam de uma amiga boazinha para manter o equilíbrio.
- Esta me chamando de mentirosa? - Ela pergunta surpresa dando uma risadinha.
- Sim, mas não se preocupe estou do seu lado para o que der e vier... Afinal toda loira tem sua morena. - Digo e ela sorrir.
