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Capítulo 2

P.O.V Kelly.

Eu me olhava no espelho e olhava o meu corpo apenas coberto por uma lingerie azul escura.

- Aqui, veste isso. - Minha irmã joga um vestido curto com lantejoulas pratas.

- Obrigado. - Digo vestido a peça rapidamente.

- Foi o mais fechado que eu achei. - Ela diz se sentando na cama.

- Esta tudo bem Cristina. - Sorrio para ela.

- Não, não esta você não devia esta aqui. - Ela diz passando a mão na testa.

- Essa é a nossa vida, esta tudo bem. - repito.

- Essa a vida da mamãe, a minha vida, não a sua. - Ela diz com voz embargada.

A abraço tentando consola-la. Cristina é a minha irmã mais velha, somos só nós duas no mundo e agora estávamos numa situação difícil.

A alguns anos ela foi obrigada a se torna prostituta e agora eu também estou tendo o mesmo destino, neste momento estou me preparando para minha primeira noite nessa boate odiosa.

Já chorei por uma semana inteira, já gritei, já me desesperei e no final a única alternativa que tive foi aceita que essa era minha vida agora.

- Ei garotas vamos la, esta na hora. - Do outro lado da porta Roberto o chefe da casa nos informou.

Aliás chefe não é a nomenclatura certa, cafetão é o mais apropriado.

- Vamos lá, tudo vai da certo... Não se esqueça seu nome aqui é Lorena. - Cristina diz se levantando.

- Ta, Lorena. - Confirmo e saímos do quarto.

Aqui não podemos usar o nome real então para os velhos imundos... Quer dizer para os clientes temos que da um nome falso ou nome de guerra como eles dizem. O meu é Lorena.

Descemos as escadas e me assustei um pouco com a música alta e demorou um pouco para eu me acostumar com as luzes piscando e o mar de gente que tinha ali. Meninas praticamente nuas andando de lado para outro chamando a atenção dos velhos imun... Clientes.

Cristina e eu fomos até o bar e nos sentamos uma de frente para a outra.

- Lembre-se do que eu disse, sorria e seja gentil. Antes de subir para o quarto, faça ele comprar um bebida cara para você. - Minha irmã me instrui.

- Entendi. - Assinto.

- Ei Camila. - Roberto chama minha irmã por seu nome de guerra.

- Oi. - Ela se vira.

- Não pode ficar protegendo ela a noite toda, a garota tem que aprender. - Ele diz apontando para mim.

- Pega leve Roberto é a primeira noite dela. - Ela me defende.

- Não, você também tem que trabalhar. Vai pro pole. - Ele aponta para o pequeno palco onde as meninas faziam pole dance.

- Roberto...

- Agora Camila, não vou fala de novo. - Ele diz sério e saí.

Ela suspira e se volta para mim.

- Eu vou ficar de olho em você, por favor não se meta em confusão. - Ela diz me dando um beijo na testa saindo.

Vê ela nessa situação me mata por dentro, Cristina é a pessoa mais séria que conheço com senso de moralidade enorme, eu sei que fazer isso é humilhante pra ela.

Fiquei um tempo no bar até que um homem grisalho se aproxima, ele devia ter uns 50 ou 60 anos tinha idade pra ser o meu avô. Ele sorri e senta ao meu lado colocando a mão na minha perna. Fecho os olhos e respiro fundo me lembrando do que Cristina disse.

"Sorria e seja gentil. Antes de subir para o quarto, faça ele comprar um bebida cara para você."

- Oi gatinha. - Ele sorrir.

- Oi. - Forço o sorriso.

- Você é muito linda, qual seu nome? - Ele pergunta enquanto alisa minha perna.

- Lorena e o seu? - Pergunto tentando manter meus olhos nele.

- O meu é Mário... Não quer ter essa conversa num lugar mais reservado? - Ele faz mensão em se levanta.

- Espera ai, eu to com muita sede. Me paga uma bebida? - Peço tentando segurando o choro.

Seja forte Kelly, seja forte...

- Claro... Mas eu posso... - Ele diz metendo a mão no meu peito o apertando.

Não aguentei e tirei sua mão com violência, ele fez uma cara de ofendido quando ia abrir a boca pra protesta Roberto chega ao nosso lado.

- Vem Lorena. - Ele puxa meu braço.

Roberto sai me arrastando pela boate até o lado de fora, que pelo o que eu constatei era a parte de trás da boate. Do nosso lado tinha uma van preta estacionada.

- Escuta Roberto eu não fiz por querer mais ele colocou a mão em mim e eu não me controlei. - Tento explicar.

Cristina me avisou que Roberto pode ter cara de bonzinho mas que ele pode ser bem cruel.

- Eu não me importo com o que você fez com o velho safado. - Ele responde e eu franzo o cenho.

- Então por que me trouxe pra cá? - Pergunto assustada.

- Você deu sorte, alguém muito importante se interessou por você. - Ele diz.

- Quem... - Não termino de fala pois sinto um picada no meu braço e eu logo não tenho controle do meu corpo.

Sinto minha vista escurecer mas não caiu no chão pois sinto mãos me amparando até cair na inconsciência.

...

Abro meus olhos com dificuldade piscando algumas vezes para normaliza minha visão que estava embaçada. Tento me mexer mas percebo que meus braços estão amarrados só então me olho e vejo que estou sentada numa cadeira com os pulsos amarrados.

Olho em volta percebendo que estou num galpão vazio. Começo a me debater tentando me soltar mas é inútil, as cordas estão muito bem presas machucando meu pulso.

- Se eu fosse você não me mexia tanto, pode machucar. - Ouço uma voz rouca e grossa e paro instantaneamente.

Um homem sai de trás de mim ficando na minha frente. O olho de cima a baixo me encolhendo, ele é muito grande e sua presença é intimidante.

- Quem é você? - Pergunto baixo.

- Meu nome é Gregory Petrov. - Ele diz e eu não reconheço o nome.

- Eu não te conheço, o que quer comigo? - Pergunto assustada

Ele arrasta uma cadeira e para na minha frente se sentando, apesar da pouca luz tenho uma boa visão de seu rosto.

Ele era branco e seu olhos eram negros como a noite, sua barba lhe dava um ar de mistério. Ele usava uma blusa social branca que estava com as mangas dobradas até os cotovelos.

- Vou te propor um acordo e se no final cumprir com ele vai poder sair daqui. - Ele diz calmamente.

- Acordo? - Pergunto confusa.

- Eu vou te fazer perguntas, responda a verdade e vai poder sair daqui mas se mentir vou lhe da um lugar bem confortável debaixo da terra. - Ele diz sombrio e eu arregalo os olhos.

Meu deus que lugar é esse? Quem é esse homem?

- Temos um acordo? - Ele pergunta me encarando.

- Sim. - Digo baixo.

- Ótimo, primeira pergunta... Qual o seu nome? - Ele pergunta.

- Lorena. - Respondo rápido.

- O real... - Ele diz sem paciência e eu engulo em seco.

- Kelly... Kelly Stabler... - Respondo com hesitação.

- Quantos anos tem Kelly?

- Vinte e quatro.

- Sei que era a sua primeira noite na boate, mas você não me parecia feliz. Por que foi trabalhar lá? - Ele diz e riu sem humor.

- Porque eu fui obrigada.

- Obrigada por quem?

- Pela minha mãe...

- Essa deve ser uma história bem interessante... Conte. - Ele diz sorrindo.

- Ta mais pra uma história trágica... Minha mãe é uma viciada, ela devia muito dinheiro para os donos da boate e para pagar a dívida ela se ofereceu para ser prostituta... Foi assim por muitos anos mas ao invés dela pagar a dívida ela só aumentou e quando ela fez 40 o cafetão disse que ela não servia mais... - Digo com rancor.

A pessoa que mais odeio no mundo era a maldita da minha mãe.

- Pra não morrer ela ofereceu a minha irmã mais velha para o seu lugar mas a desgraçada não parou de se drogar e então o cafetão queria mais uma garantia e foi a minha vez. - Termino com os olhos marejados.

- Por que não disse não? - Ele pergunta intrigado.

- Pela a minha irmã... Não podia deixar ela pagar por um erro que não era dela sozinha. - Respondo e ele assente.

Ele se levanta colocando as mãos no bolso da calça, andando de um lado para o outro.

- Vai me deixar ir embora? - Pergunto com espectativa.

- Não. - Ele responde e eu franzo o cenho.

- Você mentiu. - O acuso mas logo me arrependo.

O tal Gregory vem até mim e para a milímetros do meu rosto com uma cara nada boa.

- Eu não minto... Disse que se respondesse minhas perguntas com verdade eu te tiraria daqui, não que a deixaria ir embora. - Ele da um pequeno sorriso e se afasta.

- Quem é você? O quer comigo? - Pergunto com angustia.

Esse cara vai me matar.

- Bom acho que esta na minha vez de te contar uma história. Acho que já ouviu fala da Salazar? - Ele pergunta sorrindo.

- Salazar? Eles são os donos da boate em que eu estava. - Digo num fio de voz.

Só nome me causa arrepios.

- Acontece querida que nós não somos apenas donos de boates, nós somos uma máfia... Uma máfia não, a maior máfia da Rússia. - Ele volta a se aproximar sorrindo.

- Máfia? - Pergunto apavorada.

- Recentemente, sofremos uma troca de liderança e eu também subi de cargo, agora eu sou o sub-chefe da máfia Salazar. - Ele diz e eu deixo meu queixo cair.

- Sub-chefe da máfia russa... - Digo sem acreditar.

- Acontece que agora para me manter no cargo eu preciso me casar, manter o nome da família e assegurar que vou ter herdeiros... E ai que você entra Kelly. - Ele diz meu nome de um jeito diferente.

- Como assim? - Pergunto com medo.

- Você foi a escolhida para ser minha esposa. - Ele diz e eu arregalo os olhos mais ainda.

- O QUE? Ficou louco? Eu nem te conheço... Você nem me conhece. - Digo indignada sem poder me mexer.

Malditas cordas.

- Isso pode ser facilmente resolvido, daqui a uma hora saberei mais de você do que você mesma.

- Você não pode sequestrar uma pessoa e obrigá-la a se casar com você. - Digo alto.

- Não posso? - Ele pergunta sorrindo.

Ele é sub-chefe da máfia, ele pode tudo inclusive me matar aqui e agora.

- Por que eu? - Pergunto mais branda.

- Por que não você? Você é bonita, tem uma história interessante e vai ganhar muito com esse casamento. - Ele diz e eu franzo o cenho.

- Do que esta falando? - Pergunto confusa.

- Sua família deve muito dinheiro para a máfia e eu posso fazer essa divida desaparecer... Sua mãe não vai dever mais nada e você e sua irmã vão poder começar uma vida nova fora daquele lugar. - Ele diz e eu o encaro.

- Você pode fazer isso? - Pergunto com brilhos nos olhos.

Eu não ligo para o que acontece com a minha mãe e nem comigo, eu só queria que Cristina tivesse uma vida feliz.

- Já disse querida, eu não minto. - Ele responde.

- O que eu tenho que fazer? - Pergunto desconfiada.

- Só precisa ser a minha esposa.

- E se eu recusar? - Pergunto engolindo em seco.

- Acho que você não entendeu querida, você não tem escolha. Se recusar mato a sua irmã. - Ele diz o olho indignada.

- Como é?

- Foi o que ouviu, eu mato a sua irmã e te coloco no prostíbulo de novo para pagar a dívida da família sozinha... A vida é sua, você quem decide como quer vive-la.

Respiro fundo o encarando.

- Tudo bem, eu aceito.

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