Capítulo 03
CAPÍTULO 03
Isis Melo
Entrei no camarim com Jessica, ela é conhecida como "Hebe" Deusa da juventude. Fui-me preparar para a apresentação da noite. Toda sexta-feira, faço uma apresentação com uma fantasia sexy, hoje estaria de mulher gata, já estava com minhas botas, um short curto, de couro preto que tem uma calda de gato, um top de couro preto que faz um X na minha barriga e para completar a fantasia coloquei minha máscara de gatinha.
- Preciso arrumar um homem rico para me tirar dessa vida. – Jessica resmungou. Ela trabalha como Stripper há dois anos e ultimamente não fala em outra coisa, "arrumar um homem rico". Como se isso fosse à solução de todos os problemas, em minha opinião se você não passar fome já é uma grande coisa, e assim vamos vivendo a vida.
- Isso não acontece com garotas como nós, me diga apenas uma Stripper ou uma garota de programa que um desses riquinhos se casou e assumiu para toda essa sociedade hipócrita? – Digo. Ela ficou calada apenas me olhando, acho que se chateou.
O que esses homens ricos querem é comer a gente, e pronto. Podem até repetir uma, duas, três ou cem vezes, mas não vai passar disso. Jessica saiu do meu camarim e eu terminei de me arrumar. Quando estava saindo me sentir tonta, lembrei-me que precisava comer algo para não passar mal. Bebi um copo de água e fui fazer o meu Show.
No momento da apresentação a boate ficava completamente escura, com a luz focando apenas em mim. A música começou a tocar, era lenta e muito sexy. Eu amava dançar com está música, eu dou o meu melhor em tudo que faço, mesmo que não seja à profissão dos meus sonhos. Uma luz tênue se acendeu fazendo com que eu observasse os olhos daqueles homens incendiando de desejo e luxuria com cada movimento meu. Eu adorava ser observada e desejada dessa forma.
Quando fui finalizar minha dança em grande estilo, escalei e inclinei meu rosto para frente, ficando toda aberta com o poste do pole dance atrás de mim. Meus olhos se fixaram em um homem que estava na minha frente, bem na frente do palco. Meu corpo inteiro reagiu aquele olhar selvagem, meus mamilos endureceram, minha vagina umedeceu e começou a pulsar de desejo, acho que nunca tive uma reação tão carnal com apenas um olhar. Seu olhar me consumia e me despia de uma forma avassaladora. Eu nunca quis ser tanto de homem, quanto quis ser dele. Com dificuldade, saí da prisão do seu olhar e me levantei.
Fui até o bar, percebi que Jessica me lançou um olhar irritado. Ignorei-a totalmente, ainda estava muito mexida com a reação do meu corpo. Estava terminando minha bebida no balcão quando sentir um corpo másculo atrás de mim. Virei-me rapidamente e paralisei diante de tanta beleza. Meus olhos percorreram aquele corpo grande e aquela cara de mau que faria qualquer mulher gozar e encharca a calcinha, e eu não era imune a toda aquela masculinidade. Desejei-o até o momento que ele abriu a boca.
- Quanto você quer pela noite? – Perguntou arrogante como se não estivesse afetado pelo desejo. Meu impulso foi instintivo, dei uma bofetada no seu rosto que o pegou totalmente de surpresa. Ele estava com o rosto virado para o outro lado, acho que em choque.
Quando virou pensei que ia descontar. Empinei o nariz e olhei sem tentar esconder a mágoa que suas palavras me causaram.
- Sua pu... – Não sei o que aconteceu, mas algo o parou. Ele não continuou a frase. Não esperei para ver o que ele faria, andei para o mais longe possível. Todo o desejo que meu corpo sentiu por ele foi apagado com seu jeito arrogante.
Entrei no camarim e me joguei no sofá, depois de dois meses sem chorar, eu chorei pela surra que Tony me deu, pela doença da minha mãe, pela droga que se tornou a minha vida, por deixar Conrad me humilha e me tratar como uma prostituta, e principalmente por deixar um estranho me tratar da mesma forma.
Telma havia visto o que aconteceu no bar, e disse que o cliente é um dos clientes mais ricos da boate e é um dos sócios, chama-se Jaime Gandy. Repreendeu-me por ter batido em um cliente e disse que isso não pode se repetir. Ou você aprende a lidar com as dificuldades de trabalhar numa boate de Stripper, ou infelizmente vou ter que te mandar embora. - Falou, e se retirou.
Eu posso até aprender a lidar com as dificuldades, mas jamais vou deixar um homem me humilhar novamente. Criei tanta expectativa no cara, e ele me tratou daquela forma. Eu sou dançarina e não prostituta. Telma mandou-me ir embora mais cedo, pois ela não queria que eu voltasse a encontrar Jaime.
Eu não estava com vontade de trocar de roupa, então coloquei um, sobretudo azul-marinho e fui embora pelo fundo da boate.
Essa madrugada como todas as outras vou caminhar um quarteirão para pegar o metrô, minha casa fica quatro estações depois. Caminhava rapidamente até o meu destino com a sensação de estar sendo seguida. Um medo aterrorizante tomou conta de mim. Aumentei o passo, chegado a correr quando fui puxada abruptamente por braços muito fortes. Gritei de susto e fiquei muito mais assustada quando encarei os olhos do homem que eu não via há dois anos, Tony.