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CAPÍTULO 6

Zyon!

Quando sai de Dubai tinha

planos concretos em minha

cabeça, era um cara de opiniões

fortes e vivia com a cabeça focada

em apenas um alvo, mas agora sinto-me diferente e estar de volta faz com que minha cabeça gire me deixando sem direção... Ao sair daqui estava certa sobre meu casamento, sobre o meu trabalho e sobre meu futuro, mas agora tudo mudou, me sinto um cara diferente e me sinto dentro do olho do furacão. Não sei o que houve comigo, mas a minha temporada no Brasil me fez pensar sobre algumas aspectos em minha vida, e isso me fez ter dúvidas sobre muitas coisas que eram certezas em minha vida.

- Senhor Rashid? Já chegamos

em casa!- o motorista me avisou

enquanto estacionava seu carro em frente a minha "casa"... Bom, o lugar que vivo não é bem uma casa, está mais pra um palácio de tão grande.

Sempre quando me perguntam

em que lugar me encontro, digo

que é em Dubai, mas na verdade

o palácio que modo é bem afastado

da cidade de Dubai. Minha família e eu prezamos pelo sossego, pela calma

e paz, então adquirimos esse mansão há alguns anos atrás e vivemos aqui até hoje... Gosto bastante do lugar que vivo, tanto é que, enquanto a casa que irei morar com minha esposa estiver em construção continuarei por aqui na casa dos meus pais. Aqui é grande o bastante para comportar todos nós, e pelo tamanho desse lugar da pra ter certeza que não precisei cruzar com meus pais todos dias é claro que nossa privacidade permanecerá intacta.

- Muito obrigado!- agradeci ao

Said, nosso motorista de muitos

anos e sai do carro com minha pasta pessoal já em mãos caminhando em direção ao portão de entrada de casa.

No segundo em que pisei nas

escadas subindo com a intenção de entrar em casa, a porta foi aberta e minha mãe saiu por ali eufórica.

- Meu menino... Bem vindo

em casa novamente!- ela me

recebeu com um abraço caloroso

e com suas doces palavras. isso já

é um costumo por aqui, sempre que viajo por um fim de semana se quer, minha mãe sempre me recebe com uma grande festa.

Abracei minha mãe de volta,

deixei um beijo em sua testa e

ao sair dos seus braços fitei seu

rosto para ver como ela estava... A minha mãe é uma mãe coruja, ela é muito cuidadosa e gostar de estar a par de tudo. Quando estou em casa me sinto um pouco sufocado com seu carinho e afeto, mas confesso sentir muito a sua falta quando estou longe de casa.

- Mamadi, senti tanto sua

falta!- digo deixando um beijo

em suas mãos e a abraçando mais uma vez.

- Também senti muito a sua

falta meu menino, mas tive meu consolo em resolver os detalhes do seu casamento. Já está quase tudo certo!- ela comemorou animada.

Desde que meu casamento

foi marcado, isso há mais ou

menos nove meses atrás, minha

mãe se animou de uma forma que nunca vi antes em minha vida e até hoje ela está assim. Não há um dia se quer que ela não vale nesse bendito casamento, e isso me faz crer que seu ânimo está mil vezes mais aflorado que o meu, que no momento já está a baixo do chão.

- É mesmo mãe? Então vamos

entrar e a senhora me conta um

pouco mais sobre isso lá dentro.- digo a ela pegando suas mãos e a guiando para dentro da nossa casa.

Minha mãe falava sem parar

enquanto caminhavamos em

direção a sala de jantar, mas ao

entrar no cômodo ela se calou e eu notei que havia um banquete farto, minha família e a família de minha noiva aguardando por mim... Ah, mas que ótima surpresa! Minha intenção ao chegar em casa era comer, tomar um banho relaxante e descansar, mas pelo jeito não poderei fazer isso.

- Filho, bem vindo novamente

em casa... Como foi sua viagem

de regressão?- meu pai perguntou

levantando-se e me recepcionando com um abraço e dois beijos no rosto, é um costume do meu país e do meu povo.

- Obrigado Baba! A viagem foi

bem tranquila, só teve algumas turbulências durante o segundo

o vôo.- o respondi imediatamente.

Após cumprimentar os meus

pais e meus familiares, a família

de Aisha levantou-se e ela também

fez o mesmo... A minha relação com minha noiva é bem fechada. Confesso não ter intimidade nenhuma com ela e nem me sinto bem em estar ao seu lado, ela é como uma estranha pra mim e ao pensar nisso me faz temer pelo nosso casamento. Sei que ela será uma boa esposa, mas ainda não tenho certeza se isso será o bastante... Até um tempo atrás tinha, mas hoje já não tenho mais!

O casamento de minha mãe

com meu pai foi arranjado, eles

se acostumaram um com o outro,

mas não acho que nenhum dos dois

é feliz ou realizado nesse casamento

e não quero viver assim pelo resto da minha vida. Aisha é uma moça bonita, prendada e educada, mas será mesmo que isso irá me satisfazer em todos os sentidos? Acho que a minha ida para o Brasil só serviu para embaralhar a minha cabeça e meus sentimentos, coisa que nem sabia que tinha.

- Bem vindo de volta senhor

Rashid! É muito bom saber que

sua viagem correu bem, fico muito feliz por isso.- Aisha disse algo pela primeira vez no dia.

- Obrigada Aisha! Realmente é

muito bom estar de volta...- também falei com ela.

Minha mãe se pôs ao nosso

lado sorrindo, como se estivessem orgulhosa de algo e logo em seguida me guiou até o meu lugar na mesa, que é logo ao lado da minha noiva.

O meu almoço de recepção

correu bem, tirando a parte que

tive que contar sobre o Brasil, seus costumes e cultura várias vezes para os meus convidados, então assim que o almoço chegou ao fim deu meu jeito de sair da mesa os deixando alí.

Ao sair da sala de jantar fui

para o jardim que há na área

externa da casa, sentei-me no

banco que há ao lado do galo dos patos e tirei meu celular do bolso fitando sua tela com atenção.

Suila chega na cidade na

próxima semana, exatamente

no dia do meu casamento, e já tratei de deixar tudo pronto e organizado para sua chegada. Já comprei a sua passagem, fiz a sua reserva no melhor hotel da cidade e já pedi pra que meu secretario preparasse uma sala pra que ela possa trabalhar em paz.

Quero que a Suila tenha uma

boa estadia aqui, que ela faça um

bom trabalho e que ela goste daqui.

Quando a escolhi para vir trabalhar ao meu lado não era apenas pensando em seu potencial, é claro que isso foi algo mais que necessário, mas preciso confessar que também pensei em sua segurança. Aqui ela ficará longe das mãos e dos pensamentos impuros do Anthony. Ela poderá fazer trabalhar em paz, viver tranquilamente e não terá nenhum lunático tentando fazer algo contra ela a todo segundo... Sei que as intenções do Anthony com a Suila são piores, então quero que ela fique por aqui o máximo de tempo possível, assim saberei que ela estará segura e ficarei em paz. Porque não conseguiria manter minha cabeça em algo sabendo que ela está em outro lugar correndo perigo, não sei porque, mas sei que não conseguiria!

Após conhecer a história da

Suila me senti um verdadeiro

merda por ter a tratado da forma

em que tratei... Busquei um pouco sobre a história da Suila e fiquei ainda mais horrorizado com tudo que ela passou. Ela sofreu muito quando era uma menininha, passou por coisas muito pesadas nessa vida e conseguiu sair de tudo e hoje é uma mulher forte e corajosa, mais do que muitos caras que conheço. Ela não merecia passar pelo que a fiz passar, então usarei o tempo que vamos passar juntos com esse novo projeto e irei recompensa-la de todas as formas possíveis enquanto ela estiver aqui, é o que farei.

Parei de pensar muito e

busquei a lista de contatos

do meu celular e em um gesto

rápido cliquei em seu número

antes que eu desistisse, não sei quantas vezes fiz isso desde que nos vimos pela última vez... A Suila me tirou do sério em quase todas vezes que nos encontramos, mas sinto uma certa falta de ouvir sua voz, nem que seja me desafiando... Ela conseguiu mesmo me marcar de uma forma que me deixa aéreo e me fez pensar coisas que não deveria, não deveria mesmo!

- Alô?- ela atendeu seu celular

após a ligação chamar algumas vezes.

- Oi Suila, é o Zyon! Preciso

falar com você sobre trabalho.

Você está ocupada?- a questionei inventando uma desculpa qualquer.

- Estou no meio de um jantar

muito importante agora, mas se

o assuntos for rápido posso falar

sim com você. Qual é o assunto?- ela foi curta, grossa e fria como sempre.

O fuso horário daqui para o

Brasil é de mais ou menos sete

horas, então lá agora já devem ser

sete ou oito horas da noite, horário normal pra uma janta.

- Só queria confirmar

alguns assuntos importantes

com você antes da sua chegada

aqui. Você já tem um plano de trabalho pronto?- falei a primeira coisa que veio em minha cabeça.

Nunca fui o tipo de cara que

corria atrás de mulheres ou criava

alguma situação assim, mas pelo visto depois de "velho" vou virar um idiota.

- Suila, fala com essa pessoa

pra te ligar depois. Volta pra

mesa porque nós temos muitas

coisas para conversar. Vem logo!- a voz de um homem soou do outro lado da linha, mas quem é esse cara?

Pelo pouco que sei sobre a

Suila e sua família, ela não está compromissada com alguém, muito pelo contrário, já faz muito tempo que ela não tem ninguém em sua vida.

- Quem é esse cara?- a

pergunta saiu da minha boca

do nada, sem eu pensar e logo em seguida me arrependi disso.

- Zyon, você me ligou para falar

sobre trabalho ou para saber da minha vida pessoal? Nem longe você da um tempo. Ai que saco!- Suila foi grossa novamente.

Essa menina deveria ter tido

uma aula de etiqueta quando

era mais nova, porque ela não

sabe nada sobre educação, parece

até uma porta de tão ignorante.

- Educação é realmente

uma palavra que não existe

no seu comentário. É incrível!

- Você me liga no meio as

sete e meia da noite atrapalhando

o meu jantar, me faz perguntas super indiscretas e ainda quer eu que seja educada? Zyon, vamos combinar algo? Nos conversamos sobre trabalho no horário comercial ou quando eu chegar aí, até lá não me ligue mais.

Grata!- ela me respondeu e desligou na minha cara.

Mas que mulherzinha mais

mal educada. Só de pensar que

vou ter que aturar essa mulher

todo santo dia nós próximos meses

minha cabeça já dói, o pior de tudo é que essa ideia saiu da minha cabeça, mas já estou arrependido!

- Mal educada!- espraguejei

alto e bom tom com raiva enquanto guardava meu aparelho novamente.

Levantei-me do bando em

um impulso, virei me em direção

a porta de casa e ao olhar para frente deparei-me com minha noiva parada bem atrás de mim... O que ela está fazendo aqui?

- Aisha?- falei realmente

confuso com sua presença.

Geralmente os namoros

no meu país são bem restritos.

Aisha e eu mal ficamos sozinhos desde que começamos a namorar,

então pra ela estar aqui alguém tinha que estar ao seu lado, nem que seja um irmão ou um empregado.

- Me desculpe se te assustei.

A senhora sua mãe pediu pra te

avisar que seu pai te espera em seu escritório. Meus pais permitiram que eu viesse até o senhor, não precisa se preocupar.- ela se justificou.

Fiquei em silêncio ao ouvir

sua justificava e a fiquei com

atenção... Aisha é realmente uma

mulher muito linda, mas não me sinto atraído quando olho para ela, não como sinto ao olhar pra uma outra pessoa.

- Aisha, posso te fazer uma

pergunta com todo o respeito?

Minha noiva imediatamente

acenou com a cabeça em forma

de resposta ao ouvir minha pergunta, ela juntou suas mãos em frente ao seu corpo e me olhou atenta.

- Você está feliz com esse

casamento?- a questionei para

saber qual é seu ponto de vista sobre tudo que está acontecendo.

Aisha abaixou sua cabeça

desviando seu olhar de mim

por alguns segundos, mas ela logo

trouxe seus olhos aos meus mais uma vez e sorriu sutilmente.

- É o que mais quero na vida!

Sei que o senhor será um bom

marido, irá me respeitar e me

amar senhor Rashid.- Aisha me respondeu sorrindo com uma alegria fora do normal exposta em seu rosto.

- Como você sabe disso?

A gente mal se conhece, eu

posso ser um cara ruim e posso

até te maltratar. Aisha, você não me conhece o bastante pra afirmar algo assim!- a confrontei.

Aisha estava a quase um

metro de distância de mim,

mas ao me ouvir falar a jovem

veio até mim, parou em minha

frente e me olhou nos olhos como

se fosse me hipnotizar com os seus olhos marcantes... Ela sorriu de uma forma maliciosa, trouxe um dos seus dedos até minha boca os passando ali e ficou na ponta dos pés me beijando os lábios com fervor.

- Eu vou te conquistar senhor

Rashid, o senhor se apaixonará

por mim e eu te farei o homem mais feliz desse mundo. Posso afirmar que sim!- ela falou com seus olhos presos aos meus.

A olhei de cima quando ela

afastou seus lábios dos meus, dei

um passo para trás me afastando dela

e balancei a cabeça surpresa com sua ação... Se os pais dela nos pegam aqui as coisas não vão ficar boas pra gente, isso é um ato de total desrespeito na visão deles.

- Acho melhor você voltar

pra dentro. Seus pais não vão

gostar se te acharem aqui sozinha

comigo, fora que isso não fica bem visto na visão das pessoas.- a adverti cruzando os braços e a olhando com sinceridade.

- Do que o senhor tem tanto

medo? Falta menos de uma semana pra eu ser sua mulher, já sou sua por inteiro e não me importo com mais nada!- ela exclamou me fitando com seus olhos em chamas.

Aisha realmente quer me

conquistar de alguma forma e

confesso que ao sentir seu beijo

senti meu corpo se aquecer, mas outros olhos invadiram a minha cabeça, e não foram os delas.

- Se falta uma semana é porque

ainda não aconteceu. É melhor você entrar logo ou eu mesmo terei que me retirar. Prometi aos seus pais e a sua família que te respeitaria até o dia do nosso casamento, é o que farei!- voltei a reafirmar isso para ela.

Aisha me olhou parecendo

estar envergonhada, ela abaixou

sua cabeça imediatamente e puxou

seu véu para frente como se fosse pra esconder algo... Minha noiva não disse mais nada para mim, ela apenas me deu as costas e saiu rapidamente de minha presença me deixando a sós novamente.

Só de pensar que irei me

casar em menos de uma semana

me sinto longe de mim mesmo por saber que essa é uma decisão que não pode ser revogada... Ainda não sinto-me convencido que devo me casar com a Aisha, porque toda vez que penso em uma mulher, não é ela que vem a minha cabeça.

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