Eu sei que você gosta.
— Sim, claro. — Fábio fala sem jeito, pelo tom provocativo de Eduarda.
— Quer escolher, Ive? — Renan fala puxando a cadeira para eu sentar, ele fala perto do meu ouvido me fazendo arrepiar. Meus olhos vão para o Taylor, que parece não se importar.
— O que o senhor pedir, para mim está perfeito.
Entre algumas falas sobre negócios, começamos a comer até que reparo que Eduarda está se mexendo demais na cadeira.
— Ahha... — Ela solta um gemido abafado e só aí percebo o que está acontecendo. Taylor está com a mão dentro do seu vestido, a tocando.
— Meu Deus. — Sussurro desapontada com a situação. Meu peito se afunda em uma dor indescritível, meus olhos começam a arder formando minhas lágrimas, que forço para não derramar.
O celular do pai do Taylor toca e o maldito do Gerson atende logo em seguida. Ele teve que sair, pelo menos isso. Me aproximo do ouvido de Renan e falo baixinho, minha voz está embargada pelo choro.
— Senhor Renan, se me der licença, vou ao banheiro. — Ele coloca meu cabelo, que estava no meu rosto por eu estar de cabeça baixa, atrás da orelha e sorri gentilmente.
— Claro, Ive, fique à vontade. Quer que eu peça a sobremesa? — Levanto a cabeça e nossos olhos se encontram. Ele percebe que meus olhos estão vermelhos. Renan segura na minha mão, demonstrando preocupação. — Você está bem, meu anjo?
— Estou sim, não se preocupe...
— Vou pedir muito chocolate para você. — Lhe dou um leve sorriso e ele retribui. Fico agradecida, pois ele sabe que meu melhor amigo quando estou mal é o chocolate amargo.
— Se precisar de alguma coisa, nos chama, que vamos para casa, tá bom?— Fábio fala baixinho, abro um pequeno sorriso e concordo com a cabeça.
Saio de lá apressada, fecho a porta da cabine do banheiro e tento me controlar, encosto na parede regularizando minha respiração que está descontrolada pela crise de ansiedade que está me dando, só de pensar na cena dos dois. Tentando entender o porquê Taylor tenta me machucar sempre que pode. Depois de alguns segundos, ouço alguém abrir a porta. Só espero não ser minha irmã vindo se vangloriar por estar com ele.
Saio da cabine do banheiro e olho em direção à porta, e vejo que não é ela, mas é pior do que se fosse. Taylor está parado lavando as mãos, ao notar que o vi, ele caminha em minha direção, secando a mão no papel.
— O que está fazendo aqui com esse homem?— Sua voz é grave, há um certo descontrole nela. Taylor se aproxima lentamente, me sinto um ratinho acuado no canto da parede, sem ter para onde fugir. Em poucos segundos, ele está perto de mim, segurando meu rosto com brutalidade.— Quantas vezes vou ter que repetir que eu sou seu dono? Você é minha, Ive, minha. Ninguém tem o direito de te tocar.
A mesma mão que ele estava enfiado no meio das pernas da minha irmã, ele tenta levar à minha boca. Mesmo lavando as mãos, consigo sentir o cheiro que vem dela. Meu estômago revira, uma ânsia toma conta de mim. Consigo virar o rosto até que ele desiste. Com a outra mão, ele puxa minha cabeça, colando nossos lábios, me beijando com brutalidade.
— O que está fazendo? Me solta.— Consigo empurrá-lo, me soltando um pouco. Limpo minha boca ainda com a imagem dos seus dedos nojentos tocando meus lábios. Quando vou sair, ele começa a rir, me segurando pela minha cintura.— Me larga!
Falo alto. Detesto que me segurem assim. Até consigo empurrá-lo, mas é inútil. Taylor me aperta ainda mais contra seu corpo.
— Vamos lá, Ive. Eu sei que você gosta. Não lembra da noite passada? De como gemeu meu nome enquanto eu tinha esse corpo maravilhoso só para mim. — Taylor me imobiliza de costas, fazendo meu rosto ficar em contato com o espelho. Segurando-me firme, ele desliza sua mão na fenda do meu vestido, passando seus dedos em minha intimidade. — Eu sei do que você gosta. Seu corpo é meu. Ele reage ao simples toque dos meus dedos. Você pode até negar, mas eu te conheço como ninguém.
— Por favor, me solta! — imploro.—Você é um cretino idiota.
— Quantas vezes você disse que me amava? Essa madrugada mesmo foram muitas vezes.
— Pois não te amo mais, imbecil. Eu te odeio com todas as minhas forças. — Em um movimento rápido, ele me vira de frente. Não vi em que momento ele abriu sua calça. — Não faz isso comigo. Por que me maltrata tanto? Por que me trai assim?
— Porque você merece um castigo por ser essa vagabunda. Fica se esfregando naquele idiota. Ninguém pode tocar nesse cabelo, a não ser eu. Ninguém pode sussurrar em seu ouvido, a não ser eu.
— Volta lá com a Eduarda. Tenho certeza de que ela é mulher para você, já que eu sou tão vagabunda.
— Eu vou te fazer minha agora, e não adianta negar, pois sei que seu corpo me quer. Você me quer. — Taylor passa a mão separando os lábios entre minhas pernas, tira o dedo e leva em sua boca, chupando-o. — Delícia, molhadinha, e só minha.
Vejo ele tirar seu membro e, em um movimento ágil e rápido, se afundar dentro de mim. Eu já não tenho mais forças para brigar nem impedir.
— Ahh... para...
— Isso, geme baixinho.
Ele intensifica os movimentos quando me coloca inclinada no mármore da pia, puxando meu corpo para trás. Taylor dá leves mordidinhas na minha orelha.
Sem reação, as minhas lágrimas escorrem sem parar. Eu sei que isso é tudo que vou ter dele, mas por que ainda deixo ele fazer isso comigo? Como é que eu me reduzo em tão pouco? Taylor vira meu rosto e me beija como nunca me beijou antes. Meu corpo anseia por cada beijo. Me odeio cada vez mais.
— Diz que me ama, amor, diz. — Ele ergue meu rosto, me fazendo encará-lo, aperta com força meu pescoço, quase me fazendo ficar sem ar. — Anda, fala, que eu solto.
— Eu te amo, Taylor. — Falo com um pouco de dificuldade. Quando digo isso, Taylor chega no seu limite.
— Porra... oh, como você é gostosa.
No mesmo instante, ele me solta e eu fico sem saber o que fazer. Entro no banheiro para me limpar, até que ouço a porta se fechar. E aqui estou eu, mais uma vez usada e deixada de lado.
Fico longos minutos me olhando no espelho, sentindo vergonha do que eu sou, me odiando por não impor o meu não. Me arrumo, lavo meu rosto com o sabonete líquido que tinha lá, tiro toda minha maquiagem borrada e faço uma leve, o mais rápido que consigo. Depois de me recompor, me olho pela última vez no espelho.
— Essa é a última vez que você me toca, Taylor. Eu posso até te amar, mas te odeio muito mais.
Saio de lá com um único propósito: não vou deixar ele me humilhar nunca mais. Ando lentamente pelo corredor do restaurante. As pessoas me cumprimentam sorrindo e eu devolvo cada sorriso, cada aceno.
Me sento ao lado do Renan e ele me olha.
— Demorou... você está bem?
Seguro sua mão debaixo da mesa e encaro seus olhos.
— Estou sim, senhor. Obrigada por sempre se preocupar. — Renan levanta o braço segurando minha mão e a leva à sua boca, depositando um beijo carinhoso. Fico sem jeito com essa atenção dele, mas ao mesmo tempo me sinto tão bem.
— O que houve, amor? Está nervoso? — Minha irmã pergunta para Taylor. Olho para sua mão e ele estava apertando com raiva a toalha da mesa.
— Cala a boca, Eduarda! — Ele responde com a voz alta, sem esconder sua irritação.
O clima fica tenso na mesa. Fábio e Renan ficam sem saber o que falar. Dava para ver que Renan não gostou muito do jeito de Taylor. Desde que voltei, o clima está pesado. Terminamos a reunião assim que os outros acionistas que não puderam estar no almoço chegaram. Contratos assinados e logo em seguida todos se despedem, menos Taylor, que fica igual uma sombra andando atrás de nós.
