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INABALÁVEL - Me rendendo ao ex-cunhado

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Maryah J Cruz
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Resumo

Quando Betina descobre que engravidou de Cristian, o irmão caçula de seu ex-noivo, o mundo desmorona mais um pouco. Ainda abalada com o término desastroso de seu noivado e a vergonha pela gravidez indesejada, ela só vê uma solução: fugir... Betina apenas se esqueceu de um pequeno detalhe: é impossível fugir do próprio destino.

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Capítulo 01

Cristian

Eu sou diretor de vendas no grupo RCS, e apesar de todo o serviço acumulado sobre minha mesa, tenho sido perseguido por lembranças do passado. Lembranças com minha amiga Betina Santoro.

Lembrei de alguns anos atrás…

— Me beija.

O pedido pedido inusitado me fez desviar a atenção da minha HQ do Batman. A garota era só uma pivete chata.

— Pare de brincadeira, Betina! — Bufei, sem paciência para sua infantilidade.

Naquela época eu ainda usava os bons e velhos óculos de grau, os colegas me chamavam de nerd e realmente eu era. Tinha que competir a atenção do meu pai com meu irmão mais velho, que era de longe o seu filho favorito. Eu me esforçava bastante para conseguir um elogio de Octávio Servantes, sem muito sucesso.

Enquanto alguns sonhavam com viagens para o exterior, eu apenas queria o reconhecimento do meu pai…

Então encarei a garota baixinha que me confrontava ali no intervalo da aula; ela possuia algumas espinhas na testa e os cabelos loiros estavam presos numa trança longa.

— Você me deve um favor, lembra?

— Bêh, olha o absurdo que você...

— Eu sou a única garota da minha sala que ainda não beijou na boca! — A pequena confessou, parecendo chateada. — A Tricia está sempre me zoando por isso. Disse que sou feia!

— Você não é feia — Afirmei, tentando consolá-la. — E não precisa provar nada para ninguém.

— Preciso sim!

— Caramba, beije alguém da sua sala! Você muito criança para mim, se eu te beijar vou ser zuado — Protestei.

— As meninas acham você bonito! É mais velho, ia levantar muito a minha moral.

— A minha resposta é não! — Indago categoricamente, percebendo certos olhares curiosos em nossa direção. — Isso não tem a menor chance de acontecer, dona Betina.

— Você me deve! — Betina apontou o dedo para mim — Quando você queria viajar com o Jonathan para fazer Deus sabe lá o que, me implorou para que confirmasse para sua mãe que tinha uma excursão da escola! Você me prometeu qualquer coisa se eu mentisse! — Me lembrou.

Nunca imaginei que ficar devendo um favor para aquela pivete fosse me custar tão caro.

— Me peça outra coisa.

— Posso ligar para sua mãe e contar a verdade. — Ameaçou.

— Está me chantageando? — Olhei para ela, incrédulo.

Betina tinha o rosto meigo e era o tipo de garota doce que não se deixava desviar do bom caminho. Deveria estar desesperada mesmo.

— Não é chantagem. Você é meu amigo e vai me fazer um favor. Prometo que te deixarei em paz.

Suspirei alto, colocando as mãos na cintura. "Vamos logo com isso, Cristian!" pensei.

— Ok! — Peguei sua mão, e ia puxá-la para um canto, todavia ela me impediu.

— Aqui! — Indagou, categoricamente. — Preciso que me beije em público ou ninguém vai acreditar.

— Mas que coisa, Bêh!

— Sorria para mim e finja que está feliz.

Olhei para a garota que me dava ordens. Ela estava obstinada. Meus amigos iam me zoar muito pois eu havia dispensado a Renata no dia anterior, que era muito mais bonita e popular que a pequena na minha frente. Além disso, a turma do último ano considerava os alunos do nono ano bem criança ainda. Isso seria uma mancha no meu currículo.

No entanto, era difícil não me comover com aquela garota que sempre me ajudava quando podia. Então decidi ceder e dar o meu melhor.

— Tá certo, Bêh. — Respondi. — Vou deixar suas amigas loucas de inveja. Pronta? Só relaxa.

Betina arregalou os olhos como se não esperasse que eu concordasse tão facilmente. Então a envolvi pela cintura puxando-a para mais perto. O seu coração acelerou e eu sorri de canto. Passei a mão carinhosamente por seus cabelos macios e ela tremeu um pouquinho. Então aproximei meu rosto do seu.

A princípio pensei em dar apenas um beijo casto, como um selinho, mas os lábios de Betina eram macios e doces, incrivelmente convidativos. Invadi lhe a boca com a língua, saboreando, com certo divertimento, a sua inexperiência; de repente não me pareceu mais uma má ideia beijá-la.

Acho que nos beijamos por mais tempo do que o necessário para que ela atingisse seu objetivo, então a soltei e me peguei sorrindo. A garota me encarou com o rosto rubro de vergonha, como se apenas agora tivesse se dado conta do que beijar significava.

— Acha que deu certo, Bêh? Parece que está todo mundo olhando.

— S… sim. — Betina procurava as palavras — Deu certo, com certeza.

— Você gostou? Dizem que eu beijo bem. — Perguntei, com certa vaidade.

— Foi estranho. Achei que fosse algo melhor, já que todo mundo quer beijar. — Então percebendo que ainda estávamos abraçados, ela se descolou de mim com certa urgência — É sempre ruim assim?

— Já fiz minha parte, se não gostou é problema seu! — Eu disse, incomodado por sua crítica. — Não te devo mais nada.

— Não precisa ficar chateado! — Betina voltou a parecer a garota insolente de sempre — Mas precisa treinar também. Você é bonito, Cris, mas acho que beija mal.

— Ah, é só o que me faltava! Você é criança demais para entender essas coisas. Uma bebê — Eu grunhi, sabendo que ela não gostava de ser comparada com crianças, mas Betina apenas se afastou vitoriosa, em direção às amigas.

Eu não beijei mal, ela é que não era acostumada e estava falando sobre algo que não entendia. Aliás, ela era apenas uma fedelha! Aquilo me irritou profundamente.

Jonathan se aproximou de mim, com um sorriso no rosto.

— Pegando a filha do banqueiro, Cris? Gosta das novinhas, né? — Me deu um soquinho no ombro.

— Não vou falar sobre isso. — Tentei me desvencilhar do assunto.

— Ela está começando a ficar bonitinha...

Eu o ignorei. Estava chateado comigo mesmo por ter gostado de beijar aquela boboca. E agora, dez anos depois eu ainda me lembrava daquilo. Na verdade, havíamos nos beijado em três ocasiões diferentes e aquelas memórias vinham me atormentando ultimamente. Talvez porque eu estivesse preocupado com minha amiga…

Eu não tinha mais visto Betina desde que rompeu seu noivado com meu irmão Robert. Ela estava evitando qualquer contato com a família Servantes.

Poucos instantes depois Lisa, minha secretária, entrou na sala me trazendo um convite num envelope azul.

— Chefinho, chegou para você, agora há pouco. Uma mulher chamada Tricia disse que o conhece e me entregou em mãos.

— Obrigado, Lisa!

Lisa saiu rapidamente.

Observei o convite e lembrei de Tricia. Ela estudou na mesma escola que eu e estava me convidando para uma Festa à Fantasia na Mansão Toledo.

Eu sorri. Provavelmente Betina também iria.Talvez se eu a encontrasse seria capaz de expurgar as lembranças que vinham me atormentando.