Capítulo 3
Ja se passou 2 horas e todos estavam dormindo ouço os saltos de Vitória ecoando pelo quarto, ela mal tinha entrado, se arrumou e ficou na sala, veio verificar se eu realmente estava dormindo.
Vitória durma bem irmãzinha.
Assim que ela sai do quarto corro de frente da janela até que vejo o que eu temia, meu namorado aquele que eu tanto amo aos beijos com minha irmã, ele a esfrega a em seu corpo e ela fazia o mesmo.
Meu estômago se embrulha pois de todas as traições essa é a que nunca imaginei, de todas as decepções que já tive essa é a que mais me doeu. Não só pelo Matheu mas sim por ela, por eu ama-la tanto,por eu me dedicar tanto a conseguir suas coisas e ela ser assim comigo.
Me encolho na cama e choro baixinho, sabe quando dizem que muitas vezes dormimos com o inimigo, pois é literalmente hoje intendo o porquê que dessa frase.
Entre soluços de tanto chorar acabo pegando no sono bom pelo menos tentei dormir.
***
Já é de manhã o sol brilha no céu, mas pra mim não é um dia bom, a muito tempo que não sinto aquele gostinho de acordar e ouvir os pássaros cantando, assim como nos outros dias acordei sem ânimo, a alguns anos que deixei de me amar, de me cuidar, minhas noites são péssimas na verdade mal estou dormindo direito e essa noite para completar, toda vez que fechava meus olhos via Matheu e Vitória se beijando e essa cena se repetiu várias e várias vezes durante a noite.
Estou com a sensação que fui apunhalada pelas costas por aqueles que tanto amo.
Olho para cama dela que fica do lado da minha e vejo que ela não está.
Cristal-É parece que já nem tentam esconder mais
Entro no banheiro tomo um banho, faço minha higiene pessoal ,visto uma camiseta larga, minha calça de sempre, e meu Velho e companheiro Tênis,sem maquiagem pois não tenho essa vaidade.
Desço fazer o café levo pra minha mãe, mas antes dou seus remédios ela não pode ficar sem eles.
Inês- não dormiu de novo filha?
Cristal- estou bem mãe, e a senhora como está?
Inês- do mesmo jeito, os remédios estão acabando, sei que já não aguenta mais tantas dispensas sozinha, mas não posso ficar sem eles .
Olho em minha carteira e não tenho praticamente nada, vou ter que pegar um pouco do dinheiro que estava juntando.
Cristal- eu sei mãe eu tenho um dinheiro guardado.
Inês- desculpa filha, fica bem minha vida, nunca se esqueça que eu te amo.
Cistal- também te amo mãe.
Dou um beijo em sua testa e volto para o quarto abro o guarda roupa e vejo que alguém revirou minhas coisas,essa semana não tive nenhum dinheiro extra e por isso não me dei conta disso, meus olhos caem sobre a gaveta que guardo as economias e minhas pernas fraquejam quando percebo que o dinheiro já não está mais ali, somente um pouco.
Cristal meu Deus não é possível.
Conto quantos sobrou e está faltando 7 mil.
Cristal você me paga Vitória.
Pego o restante do dinheiro e coloco em minha bolsa, abro seu guarda-roupa e vejo várias sacolas de lojas caras, pego elas e tem bolsas, brincos, oculos, roupas e em uma outra que tem uma bota que custa mais de mil.
Lágrimas brotam em meus olhos e sem tentar segurar as deixo caírem.Num momento de surto começo a rasgar as roupas, jogo algumas coisas pela janela
Com o barulho Vitória sai do banheiro correndo.
Cristal - você não tinha o direito.
Vitória -para você tá ficando louca! Ahhh para.
Me aproximo e com toda força que ainda me resta dou um tapa em sua cara,logo ela grita.
Vitoria- ahhh,papai socorro!
Cristal-por que fez isso?meu Deus você sabe que o dinheiro era para cirurgia da mamãe, que monstro você é?
Vitória -ahh,pra que gastar tanto dinheiro assim,você sabe que ela vai morrer mesmo.
Pahhh...
Dou mais um tapa nela e só não acerto outro por que sou puxada pelos cabelos e jogada no chão.
Luiz -o que está acontecendo aqui?
Ele olha para ela e ve seu rosto vermelho dos dois lados e parte pra cima de mim.
Luiz-sua vagabunda
Cristal- nao vai perguntar por que eu bati nela?
Seus tapas vão ficando cada vez mais fortes.
Cristal-para pai,por favor para.
Ele segura em meu cabelo e para de me bater ouvindo Vitória falar, eu não consigo reagir, meu corpo não consegue se defender eu me odeio por isso.
Vitória-ah papai eu só peguei uma mixaria que ela estava escondendo do senhor, e comprei umas roupas, você sabe que na faculdade só tem pessoas importantes e não quero ficar sendo diminuída por causa das roupas que visto.
Já basta ser irmã dessa daí.
Luiz-ela precisa se vestir, pra que você precisa de dinheiro? Se só anda como homem.
Ele paga minha bolsa e tira a única quantia que sobrou para comprar os remédios da minha mãe, esse valor dava para comprar 4 caixas que dariam quase 4 meses.
Luiz-olha ...
3 mil,é pouco mas vai servir.
Cristal-nao por favor é para o remédio da mamãe
Luiz- essa velha só sabe dar gastos
Cristal-pai por favor me deixa pelo menos o valor de uma caixa de remédio.
Luiz-se vira, vira garota de programa, garanto que vai ganhar muito mais que naquela espelunca que você chama de trabalho.
Ele me olha de cima a baixo.
Luiz- não, nem pra isso você serve,ninguém vai querer uma mulher que fede alho e produtos de limpeza.
Saio de casa arrasada com as marcas da agressão em meu rosto e braços, mas não é só os tapas que estão doendo mas sim meu peito, minha dignidade, estou com uma tristeza sem fim pelo desprezo do meu pai,pelas palavras que entram em meus ouvidos e vão direto para o coração.
Já na rua me encosto no muro e sinto meu corpo deslizar sobre ele e encolhida ali no chão entre várias pessoas passando eu abafo meu choro com as mãos para que ninguém ouça, mas é em vão todos ao redor sabem o que está acontecendo, meu choro é doloroso pra ver se essa angústia sai do meu peito.
As pessoas passam me olhando com pena, outras não me olham como se não existisse,bom era isso mesmo que eu queria ter nunca nascido.
Nesse momento tudo que eu precisava era de um abraço, alguém para segurar em minhas mãos e dizer que vai ficar tudo bem.
Cristal- eu não aguento mais, não aguento.
Me levanto ignorando os olhares sobre mim,respiro fundo tirando força de onde não tenho e vou para o bar, lá fiz uma amiga, Geovana, ela é toda dona de si, super linda, seus cabelos são iluminados, seu rosto é daquelas capas de revistas sabe,seus olhos azuis como céu a deixa mais linda, ela é mais alta que eu acho que tem 1,70 de altura, eu já sou a mais pequena daqui, com meus 1,60 de altura e 55 kilos.
Gosto de conversar com ela acho que os poucos sorrisos que dei aqui no trabalho foi por causa dela.
Chego no bar e lá está ela radiante como sempre.
Geovana-amiga você está péssima.
Cristal- é, eu sei
Geovana-vem vou cuidar de você.
Ela me abraça e parece que em seus braços esqueço que o lugar que chamo de lar é um verdadeiro inferno.
Já chamei minha mãe inúmeras vezes para ir embora comigo,sei que cuidaria dela melhor que naquele lugar, eu so preciso do sim,mas ela diz que não pode,que precisa ficar.
