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Capítulo 6

P.V. Layla Barrett

Coloquei o caderno contra a parede. Os traços não estavam saindo como eu queria, solto um xingamento baixo ignorando as pessoas que passam ao meu redor. Soltei a minha mochila no chão e me sento ao lado dela, cruzando as minhas pernas. Agora toda curvada por cima do caderno consigo ter uma precisão maior e realizando o traço daquela calça com perfeição.

Pego a borracha para dar uma apagada no cós e refazer a parte esquerda, a borracha acaba escapando da minha mão e eu me estico para pegar ela como se minha vida dependesse daquela borracha.

– Fica quieta! – Brigo com a borracha.

Apago e refaço.

– Você sabe que ficará com dor de coluna, não é? – A voz grave é inconfundível.

Virei a minha cabeça lentamente em direção da voz. Daniel. Faz uma semana que eu não o via.

– É sempre pode tentar posições novas, senhor Hart. – Daniel inclinou a cabeça para o lado e os seus lábios se curvaram em um sorriso malicioso. Arregalei os olhos. – O desenho! – Me apresso em dizer e levantei o caderno com o lápis em minhas mãos. – Essa foi a melhor posição que eu encontrei.

Daniel olhou para o caderno curioso e tentou pegar, mas afastei.

– Posso ver? – Ainda com a sua mão parada no ar, ele perguntou.

Eu não tenho vergonha nenhuma de mostrar os meus trabalhos. E sinceramente não sei porque me afastei.

– Claro. – Sorri e entreguei o caderno em sua mão.

– Desenha roupas. – Ele analisava a peça. – Interessante.

– É, eu gosto de fazer alguns desenhos além da publicidade.

– O desenho tem um ar profissional, não acha que você esteja fazendo a faculdade errada? – Daniel me olha curioso para saber a resposta.

Por que ele está tão curioso? Dá para ver como o seu olhar muda. Na segunda vez que eu vejo esse homem e já quero ter alguma experiência de como seu olhar muda. Me concentro na nossa conversa.

– Bem, não deixei de ser profissional aqui também. – Dou de ombros. – Sou uma referência de aluno, pelo menos nas notas.

Daniel franziu levemente a sua testa, parecendo ter se lembrado de alguma coisa.

– Aqueles homens deixaram você em paz? – Fiquei um pouco confusa no primeiro momento, mas logo concordei.

– Essa semana não vi muito eles. – Olhei ao redor. – Não são um exemplo em questão de presença na faculdade.

– Entendo.

Daniel me olhou e eu olhei, ele continua me olhando. Será que o meu rosto está sujo ou algo assim?

– Por que você continua sentado no chão?

E por que ele está tão sério a fazer essa pergunta? Estou do mesmo jeito que ele me encontrou, a única diferença é que eu não estou mais curvada. Com as costas contra a parede e olhando para ele, até agora não tinha devolvido meu caderno.

– Hum… – Brinco com o lápis entre meus dedos. – Eu ainda preciso terminar o meu desenho.

– Esse chão está sujo. – Daniel faz uma leve careta. – Levante-se.

Com uma mão Daniel segurava sua pasta e com a outra segurava o meu caderno, ele passou a pasta para outra mão e agora com a mão vazia estendeu para mim. Para que pudesse me ajudar a levantar.

– Oh… – segurei em sua mão e ao mesmo tempo pegava a minha bolsa.

Esse chão parecia bem limpo para mim, às vezes me pego perguntando se não passa a madrugada toda limpando esse lugar. Tudo está sempre tão impecável, mas pelo jeito que Daniel falou achei melhor levantar. Ajeitei a bolsa em meu ombro e foi quando eu percebi que ainda segurava a mão do Daniel. Puxei ficando sem graça.

– Pode devolver o meu caderno? – Perguntei evitando o seu olhar.

– Não.

Olhei para ele.

– Por quê?

– Vou olhando ele a caminho do shopping. – Daniel olha meu caderno. – Me espere no estacionamento. Vou passar na sala do Sr. Willis e já te encontro.

Daniel começou a seguir o seu caminho em direção a sala do diretor. Oi? O que acabou de acontecer aqui? Ele ainda está com o meu caderno! Apressei os meus passos em sua direção e parei na frente dele.

– Ei! – Daniel parou. Dou alguns passos a mais para trás quando vejo estarmos muito perto. – Eu não sei se você está me confundindo com alguém ou algo do tipo, mas quero meu caderno de volta em algum porque eu te esperar no estacionamento. – Estendi a minha mão em direção ao meu caderno.

Daniel não me pega e eu olho para ele. Ele está sorrindo? O que parecia ser um sorriso logo só no seu rosto.

– Me espere no estacionamento e irei te explicar tudo…

– Eu não vou.

Quem é esse homem que pensa que é? Não é porque me ajudou naquele dia, acha que farei suas vontades agora? Não, não sou essa puta vendida que deve estar pensando. Olhe para ele seria. Ele se enganou de mulher. Daniel parece que está se divertindo com essa situação.

– O que acha que eu faria com você no estacionamento, senhorita Barrett? – Ele dá um passo à frente, inclinando o seu corpo em minha direção e assim diminuindo a distância entre nós.

Sinto sólido fresco bater contra o meu rosto. Daniel é alto e eu preciso levantar meu rosto para olhá-lo melhor, sinto meu corpo queimar com o seu olhar. Seus olhos estreitos olhando em meus olhos a todo momento, suas mãos infelizmente atrás do corpo sem chances de poder me tocar. Droga! Sinto que estou me traindo a mim mesma ao desejar esse homem. Não é errado desejar um homem que é solteiro, pelo menos é isso que a mídia diz.

Respondendo à pergunta dele: Infelizmente não será o que está passando pela minha mente agora.

– Me devolva… meu caderno. – Pedi com a voz falha.

Alguém poderia nos ver e entender tudo errado.

– Vai deixar que eu veja depois? – Daniel endireita o corpo e estende o caderno em minha direção.

– Não!

Antes que eu pegasse o caderno, ele abaixou a mão novamente e sorriu.

– Me encontre no estacionamento e pode ser que você consiga ver o seu caderno novamente. – Dito isso ele vai embora.

Ele pode fazer isso?! Bati o meu pé com força no chão sentindo raiva. Droga! Preciso daquele caderno e por causa dele atrasarei o meu trabalho.

Vou para o estacionamento

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