Capítulo 1
Sexta-Feira, 9 de Agosto -
Gabriel:
Estava sentado, tomando meu café enquanto lia as notícias do dia, minha mãe como sempre acordou desesperada ao saber que a festa da nova coleção estava chegando, sendo que nem tínhamos uma nova coleção ainda.
- Meu filho, temos que pensar na decoração logo, no buffet... - E ela continuou a falar e falar, não prestei muita atenção pelo seguinte motivo, tinha uma reunião muito importante hoje e eu nem podia sequer pensar nisso agora - Gabriel Lorson, você está me escutando?
- Claro mamãe, e eu confio tudo isso em suas cuidadosas mãos - Terminei o último gole do meu café e segui para o elevador - Tenho que ir, não posso chegar atrasado.
- Boa sorte meu amor, sei que você vai arrasar.
O elevador se fechou e eu respirei fundo, pois a reunião não era a minha única tarefa importante hoje. Quando o elevador chegou ao térreo, saí um pouco desesperado para o carro onde meu motorista Lorenzo me esperava junto com o meu melhor amigo e também diretor de marketing da empresa do meu pai, Keith Lochan.
- Bom dia parceiro.
Dei um abraço rápido nele e um aperto de mão em Lorenzo.
- Para a empresa Lorenzo, por favor.
Entramos no carro e seguimos para a empresa, e como sempre nesse caminho Keith me encheu o saco.
- Sabia que os portais de fofoca estão falando que você até agora não arranjou uma mulher porque é ruim de cama?
Lorenzo soltou uma risadinha e eu revirei os olhos.
- Você está falando muito disso ultimamente Keith, quer testar esse teoria?
Ele me olhou assustado e então riu.
- Você leva tudo na brincadeira não é mesmo? Daqui a algum tempo você irá assumir uma das maiores empresas do mundo Gabriel, isso não é brincadeira. E seu pai vai querer que tenha uma mulher do seu lado, quer você goste ou não.
- E você acha que eu não sei disso? Estou tentando encontrar alguém nessas inúmeras festas que nós vamos, mas não consigo sentir nada por nenhuma das garotas que eu fico, é só sexo.
- Isso aí já é um problema seu, mas não deixe isso atrapalhar seus planos com a empresa e com seu pai. Os sites já estão comentando que você é gay, e seu pai não vai tolerar essa imagem por muito tempo.
- Mulheres são só submissas, sempre foi assim.
- Cuidado, Gabriel. Se continuar com esse pensamento, nunca encontrará mulher alguma para o senhor. - Lorenzo decidiu me dar mais um de seus sermões.
E enfim chegamos na empresa, era um prédio de 24 andares, sendo o último o apartamento em que meu pai usava para ficar quando ficava até tarde trabalhando, e o penúltimo seu escritório. Fomos direto para o andar 19, sala de reuniões, onde vários diretores de várias camadas da fábrica nos esperavam, só estava faltando o meu velho, e quando ele adentrou a sala, todos se calaram.
Jéssica:
Eu estava me arrumando para a aula, quando escuto um barulho de garrafa sendo quebrada. Abri a porta correndo e segui o barulho, vi meu pai no chão e uns homens muito fortões parados bem ao seu lado.
- Eu não tenho o dinheiro... - Meu pai gemia do chão - Eu prometo que vou pagar.
- Você disse isso há meses Victor, pague agora ou irá ter consequências!
Me escondi dentro da cozinha mas dava para ouvir a conversa em alto e bom som.
- Eu não tenho o maldito dinheiro!
- Então, as consequências para você serão graves. Achem a garota.
Eu soltei um barulho de espanto e imediatamente coloquei a mão na boca.
- Não! Não! Ela não por... - Escutei barulho de um osso sendo quebrado.
- Cale a boca, seu bêbado inútil, do jeito que você anda sua filhinha vai ficar feliz em ser tirada de perto de você.
Meu pai continuava a gemer, e eu procurando um jeito de fugir. Pensei em ir pela janela, mas o homem da sala iria me ver, pelo banheiro não dava pois o caminho era muito visível para qualquer um... Continuei a pensar em rotas para escapar, quando senti um aperto no meu braço.
- Aaaaah! Tira as mão de mim!
O cara me arrastou até a sala e me jogou no chão ao lado de meu pai.
- Pai. O que houve? - Eu comecei a chorar.
- Me desculpe, eu vou arranjar o dinheiro só não façam nada com ela por favor.
- Infelizmente seu prazo se esgotou - O cara alto, que parecia ser o líder dos outros 2 pegou minha bochecha com força e virou de um lado para o outro, me analisando - Turner vai ficar muito feliz com essa ninfetinha aqui.
- Não! - Meu pai tentou se levantar mas recebeu um chute nas costas e ficou no chão enquanto um dos homens me pegava pelo braço e me arrastava para fora de casa, eu tentava lutar e fugir, o que certamente foi em vão, já que ele tinha o triplo da minha força.
- Fique quieta menina! Não quero ser obrigado a te bater.
- Por favor - Eu dizia em meio ao choro - Por favor, não faça isso.
- Cale a boca - Ele me deu um tapa, bem na cara - Fique feliz de não ter sido um soco.
Eu continuei a chorar e gritar mas ninguém parecia ouvir então ele me jogou dentro de um carro e assim que entrou e se sentou no banco do motorista, ele deu partida no carro sem esperar os demais.
- Para onde você está me levando?
Ele ficou calado.
- O que eles farão com meu pai?
Ele continuou calado.
- Me responda caralho!
Ele freou bruscamente e falou de forma ameaçadora:
- Se você não calar essa maldita boca, eu vou te socar, e não estou nem aí se você é mulher. Agora, cale a porra da boca, sua vadia!
Eu me silenciei, ele me levaria ao Turner, o que seria a provável pior coisa da minha vida, se é que ainda me restava alguma. Minha bochecha ainda ardia muito e enquanto ele dirigia eu comecei a pensar em tudo que aconteceu, o que me pareceu um borrão, e só finalizei meus pensamentos quando chegamos na parte mais escura da cidade, o lugar que todos temem passar, o Refúgio do Turner.