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Inesperado

Nicklaus Mikhail

Existe uma lei dentro da máfia que impera sobre todas as outras, um certo clichê sobre manter os inimigos por perto e deixar claro para os amigos que suas traições não serão perdoadas, o motivo? Quando demonstramos ao outro clemência um terceiro vê esse gesto como fraqueza e incita aos demais a traição.

Por isso gosto de pensar que sigo o lema de Maquiavel ao ser aquele que elege os inimigos, observo com certa necessidade o rosto pálido e incapaz de um desses tolos embaixo do meu mocassim, o sangue escorrendo pelo nariz, hematomas marcando cada pedaço da sua pele enquanto falta oxigênio em seus pulmões. Trago o cigarro bebendo da nicotina a calma que preciso para as duvidas que enchem a minha mente.

— Sabe Carlo, sempre imaginei que fosse mais inteligente. — Falo cortando o silêncio, abaixando-me sobre o homem e apagando o cigarro em sua bochecha.

O gemido de dor é tudo o que me excita, ademais o espetáculo em mostrar a todos como um traidor morre nunca deixa de ser prazeroso, por mais macabro que possa parecer a roda do poder se movimenta dessa maneira.

— Dom Mikhail ... — Sua voz sai arrastada. — Poupe a minha família.

Bufo uma risada contida, o homem de cinquenta e poucos anos já deveria saber que não existe nenhum tipo de misericórdia que possa dar a alguém não foi algo do qual destinei nem mesmo ao meu pai.

— Deveria ter pensado melhor antes de trair a organização. — Respondo puxando o punhal da bainha que carrego preso a minha cintura. — Mas não se preocupe a putinha da sua filha irá lhe fazer companhia no inferno.

— Ela é sua esposa.

O homem se debate gritando, entretanto já estou cansado dessa conversa besta usando a lâmina para cortar a garganta de uma ponta a outra fazendo o sangue jorrar pelo chão enquanto se afoga nos próprios fluidos sem folego.

— Hugo. — Chamo pelo soldado enquanto limpo o punhal na roupa do defunto.

— Senhor?

— Resolva o problema que é a minha sogra e chame o motorista, faço questão de lidar com Mikaela.

Abro um sorriso satisfeito, pois apesar dos problemas que tenho para resolver com as cargas de munição desviadas pelo idiota do meu sogro, ganhei apenas mais um motivo para livrar-me da mulher irritante que pensa estar em algum tipo de pedestal.

Existe algo muito profano sobre os casamentos que pessoas comuns não costumam admitir : o desejo de se livrar da esposa e da sogra, principalmente quando as duas, são duas víboras vestidas na mais pura beleza rodeadas por joias caras. As mentiras que escorrem como veneno pelos lábios de Mikaela não eram um incomodo até ela se imaginar mais do que inteligente quando na realidade não passa de mais uma na lista.

Caminho para fora do galpão pegando a terceira peça do terno com Dimitri, o conselheiro sabe que apesar do movimento ser arriscado nada será capaz de impedir a morte daquela mulher, as famílias mais conservadoras dentro do conselho esperam que ela receba o meu perdão. São tolos demais para entender. Nasci dentro desse mundo corrupto, criado para destruir e comandar.

Em nenhum momento conheci o significado de perdão, então por qual motivo daria a alguém?

— Já sei como te livrar da ira do conselho. — Dimitri quebra o silêncio quando estamos dentro do carro e o motorista dá a partida.

Bufo, pois não iria buscar por um perdão deles entretanto tê-los ao meu lado sempre é bom, continuo em silêncio até o idiota do meu irmão resolver continuar falando.

— É irmão o par de chifres lhe convém. — Sua risada dentro do carro me irrita, lhe direciono um olhar. — O bebê que Mikaela está esperando é de Yago.

Travo maxilar com fúria, mas não o respondo deixo que se aproveite quando menos esperar vou estar observando com um sorriso imenso o seu casamento. As ruas da cidade movimentada entre pessoas que fingem desconhecer o submundo seguem indo e vindo num fluxo constante. Quando o escalade para em frente ao spa de luxo ao qual minha adorada esposa gosta de frequentar os soldados do entorno logo trocam olhares desconfiados, em cinco anos de casamento em nenhuma circunstância dediquei algum tempo para a mulher que carrega meu sobrenome.

Casamentos não acontecem por sentimentos, na realidade são contratos de convivência e no meu caso, além de precisar do status para subir na hierarquia necessitava do poder que a família Dobriev trazia consigo. Agora, são apenas ratos que infestam as ruas que comando e para infelicidade deles sou como um veneno para o extermínio de pragas.

Desço do carro abotoando o segundo botão do terno, acenando para os soldados que logo abrem a porta do salão de cores claras, com equipamentos de luxo, os cochichos rapidamente cessam, percebo os olhares de medo, outros de cobiça pessoas que frequentam as mais altas rodas da sociedade e todos sem exceção sabem que a cidade é minha.

Encontro a minha esposa sentada em uma cadeira com os fios loiros curtos sendo penteados por um rapaz de pele escura.

— Você é mesmo uma cadela incompetente não serve nem mesmo para fazer um café. — Sua voz irritante é a única a ser ouvida no lugar.

Ela ergue a mão e joga o liquido em uma garota que mantém os olhos baixos no chão, aparentando ser jovem, os fios escuros cobrindo o rosto enquanto se abaixa para limpar a sujeira, tão conivente... Meus pensamentos saem da garota quando o pigarro de Yago atrai a atenção de Mikaela que rapidamente disfarça a surpresa nas suas feições e leva a mão a barriga pouco saliente.

Já sabia que ela não estava gravida de um filho meu, não tenho relações sem camisinha desde que comecei a praticar além de conferir todas que uso, por isso não tenho a menor hesitação ao puxar a arma das costas e atirar no meio da testa de Yago antes que possa reagir. O coro de grito e choro é até excitante devido ao show que proporciono, nenhuma dessas pessoas vai sair daqui antes de confirmar o obvio, o demônio cobra suas dívidas.

A face pálida e assustada da minha esposa, se contorce se enchendo de lágrimas pelo amante morto.

— Mikhail ... meu amor... eu....

— Shiuuuuu... não fale algo que aumente a minha raiva Mikaela.

— Eu estou grávida do nosso filho Mikhail — Sua voz chorosa apenas me irrita ainda mais.

— Você pode criar essa criança junto com o pai dele no inferno. — Respondo adoraria tirar algum tempo para tortura-los se não tivesse que organizar as coisas que o pai dela fez questão de bagunçar dentro da minha organização.

Ergo outra vez a arma disparando entre seus olhos, fazendo o cabeleireiro que já estava em estado de choque cair no chão desesperado aos gritos pelo sangue que agora mancha seu rosto, a garota que estava sendo humilhada observa o rosto sem vida com uma expressão plácida.

Posso ver sua face sem expressões, o olhar castanho sem vida o formado arredondado do rosto e o nariz bem desenhado, talvez tenha no máximo uns vinte anos, usando uma roupa cinza de faxineira. Caminho até ela interessado pela falta de reação.

— Qual seu nome? — Questiono sem nem mesmo notão o quão próximo estou.

Posso notar a mancha verde na íris do seu olho esquerdo, o cabelo que de longe se aparenta com preto na verdade é de um tom escuríssimo de castanho, a forma lisa que sai da raiz chega as pontas num formato ondulado e nem mesmo sua carótida demonstra se está ou não nervosa.

— Carolina — Sua voz não soa com medo e isso só intensifica o desejo da besta em faze-la temer.

— Você vem comigo. — Declaro convencido.

Sua boca se abre duas vezes, mas parece não encontrar voz, segurando seu braço a ergo do chão antes que as poças de sangue comecem a sujar suas calças, a arrastando comigo para o carro, dou um olhar para Dimitri que acena em concordância.

Finalmente estou livre de Mikaela e pronto para fazer uma limpeza dentro da Bratva, jogo a garota no banco de trás do escalade, para melhorar tudo ganhei um novo brinquedo inesperado.

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