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Capítulo 03 - Visita ao bar (Parte 1)

BRIANA

Devido a uma oferta melhor de emprego, meu pai tomou a decisão de mudar nossa família de Nova Iorque para São Francisco. Desprezei a ideia, já que essa seria a terceira vez que nos mudaríamos em menos de três anos. Ele havia prometido que seria a última vez, e eu sinceramente esperava que fosse verdade. Minha estrutura psicológica estava abalada, e não queria lidar com mais uma mudança. Meu irmão, já com 18 anos, e eu, prestes a alcançar a maioridade, deixamos claro aos nossos pais que não os seguiríamos se decidissem mudar novamente. Nesse caso, eu teria que encontrar um emprego para me sustentar, e eu aceitaria essa responsabilidade de bom grado. A vida em Nova Iorque era agitada; eu mantinha uma rotina rigorosa e acreditava que a única coisa que realmente sentiria falta seria a equipe de artes marciais, na qual praticava diariamente nos últimos anos. Decidi começar aulas de luta após ser vítima de um assalto que me traumatizou profundamente. Na minha mente, estar preparada para reagir seria crucial caso algo semelhante acontecesse novamente, embora soubesse que reagir a assaltos não fosse a melhor abordagem. No meu primeiro dia de aula, uma série de eventos marcantes se desdobrou. Fui convidada por um rapaz a fazer parte do seu grupo, e prontamente aceitei, pois detestava ficar sozinha. Seus cabelos, de um castanho escuro, eram curtos na parte de trás e alcançavam a altura dos olhos na frente. Ele os penteava para trás, mantendo-os domados com a ajuda de gel, o que o tornava irresistivelmente charmoso. Vestia uma calça preta, uma jaqueta de couro igualmente preta e uma regata branca por baixo. Seus sapatos pretos pareciam pesar uma tonelada, e sua imponência era ressaltada por uma altura de aproximadamente um metro e noventa. Os únicos destaques em seu rosto pálido eram sua boca carnuda e avermelhada, juntamente com seus encantadores olhos castanhos claros, semelhantes ao mel. Eu não podia negar a atração que ele exercia, mas, infelizmente, sua personalidade era tão dominadora quanto seu visual atraente. Fiquei surpresa ao observar como as pessoas pareciam obedecer cegamente às suas ordens, como se fossem marionetes sob seu controle. Decidi, desde então, que não me submeteria a essa dinâmica. Já estava habituada a lidar com personalidades assim e faria questão de colocá-lo em seu devido lugar. O sino indicando o final das aulas soou, encerrando esse peculiar primeiro dia.

Recolhi meus pertences e, com o objetivo de pegar o uniforme de animadora de torcida, passei pelo almoxarifado. Assim que o obtive, dirigi-me ao banheiro para trocar de roupa. Escolhi uma das muitas portas abertas e entrei discretamente. Enquanto me trocava, ouvi gemidos provenientes de uma das portas. Girei o trinco lentamente, tentando não chamar muita atenção, e observei os sapatos expostos pela abertura na parte de baixo. Para minha surpresa, constatei que pertenciam ao rapaz que me convidara para seu grupo mais cedo; seus sapatos pesados eram inconfundíveis. Inadvertidamente, franzindo o cenho diante da cena, testemunhei uma situação inapropriada dentro do banheiro feminino da escola. Pouco depois, a porta foi aberta, e o garoto saiu, visivelmente ofegante. Não me surpreendi ao perceber a identidade de sua companhia: Alison, se a memória não me falhava. Ele passou por mim, encarando-me intensamente. Logo em seguida, a garota fez o mesmo, porém, de maneira agressiva, empurrando-me com força e derrubando meus livros no chão; eu sabia que era intencional. Enquanto recolhia o que havia caído, ouvi uma voz familiar atrás de mim.

— Posso assistir ao seu treino? Estou interessada na outra vaga de animadora de torcida! — Hanna abaixou-se e me ajudou a recolher minhas coisas.

— Claro, será um prazer, acredito que vai gostar! — Sorri.

— A Alison vai surtar! — Ela suspirou.

— Não deixe que ela controle sua vida! — Arqueei a sobrancelha.

— Você não a conhece, ela é a pessoa mais complicada que já vi. Tem ciúmes até da própria sombra! — Cochichou.

— Acho que ela me odeia! — Sorri, constrangida.

— Odeia todas que representam ameaça entre ela e o Billy! — Hanna levantou-se e estendeu a mão para me ajudar a levantar.

— Não represento ameaça alguma, tenho um namorado. Mas me conte, há quanto tempo eles estão juntos? — Indaguei curiosa.

— Eles não estão juntos, o Billy sempre deixou claro que não quer nada sério. Apenas se divertem e depois cada um segue seu caminho. Mas na cabeça iludida dela, eles têm um compromisso!

— Hanna soltou inúmeras gargalhadas.

— Deve ser constrangedor para ela! — Murmurei.

— Se eu fosse ela, mudaria de atitude, mas sempre que ele quer algo, ela corre para satisfazer seus desejos! — Hanna revirou os olhos. — Você tem Facebook? — Retirou o celular da bolsa e me encarou.

— Tenho sim, é Briana Foley! — Informei.

— Beleza, te mandei uma solicitação, depois aceita lá! — Hanna deu uma leve piscada, acompanhada de um sorriso.

— Pode deixar, aceito sim! Bom, eu preciso ir, caso contrário, o treinador vai pensar que não aceitei fazer parte da equipe! — Segui diretamente para o centro de concentração, com Hanna logo atrás de mim. Fiz o que precisava fazer, dando o meu melhor no ensaio. Uma garota loira e muito bonita aproximou-se de Hanna. Elas trocaram algumas palavras e sorrisos, e não demorou muito para caminharem na minha direção.

— Briana, essa é a Lauren, ela é irmã do Billy! — Apresentou.

— Do nosso Billy? — Acabei dizendo sem pensar.

— Nosso? — Lauren arqueou a sobrancelha e sorriu.

— É que ele é da mesma classe que a gente, nesse caso, nosso Billy! — Tentei explicar.

— A Lauren quer a vaga! — Hanna sorriu.

— E você? Não quer mais? É por causa da Alison? — Estreitei os olhos.

— Talvez em uma próxima oportunidade! A Lauren leva bem mais jeito com isso do que eu, e pelo visto, vocês vão se dar muito bem! — Ela gargalhou.

— Certo, e como posso te ajudar? — Peguei um guardanapo de papel que havia em minha bolsa e passei sobre o pescoço que escorria suor.

— Bom, você poderia dar uma olhada na minha coreografia de apresentação? A escolha será em três dias, e quero muito fazer parte disso! — Notei que ela estava completamente insegura.

— Claro que sim! — Peguei a garrafa com água, beberiquei e sentei-me na arquibancada, de frente para ela.

— Vou deixar vocês à vontade, preciso resolver algumas coisas, em breve a gente se fala! — Hanna despediu-se dando um beijo no meu rosto, e assenti com a cabeça.

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