Biblioteca
Português

Destinada ao Inferno

51.0K · Finalizado
Antónia Rosa
44
Capítulos
16.0K
Visualizações
9.0
Notas

Resumo

Desde os meus oito anos, quando entedi tudo sobre companheiros, eu comecei a desejar encontrar o meu. Eu esperei por ele até os meus quinze anos, o dia da minha transformação lupina. Ele não apareceu! Ele era a minha única esperança de ser salva, de ser salva do meu passado, das minhas dores, dos meus traumas. Ele era a esperança de ser salva de mim mesma. O meu inferno piorou depois da minha transformação. Eu chorei muitas vezes, eu implorei diversas vezes a Deusa da lua por um companheiro. Mas ele não apareceu nem no dia que tomei o posto de Suprema, ele simplesmente não apareceu. Depois de um século já estava acostumada com o facto de não ter um companheiro. Mais aí ele aparece, e é simplesmente o Lúcifer ou o Diabo como muitos o conhecem. Ele é o Rei do Inferno e se acha o dono da porra toda. O que ele não sabe é que eu posso ser tudo menos submissa e eu sou uma Winchester. Os Winchester nunca são domados. E eu nunca serei....mesmo que esteja destinada ao Inferno.

amorlobisomempossessivorealezaromancesobrenaturalmenina boademôniossenhora protagonista

Prólogo

Anos atrás....

__Ele existe Alice- diz papai tentando me consolar.

Essa é a trigésima quarta tentativa de encontrar o meu companheiro.

Como Suprema de duas espécies é obrigatório fazer esse ritual uma vez por ano.

Eu consegui escapar dele treze vezes, mais como podem perceber, não adianta.

Ele não existe!

__Eu não me importo papai, estou bem assim- digo um pouco rude e ele suspira pegando meus ombros.

__Eu sei que se importa, todo mundo precisa de alguém ao seu lado Alice. Eu sei que ele existe os seus sonhos dizem isso- o seu olhar vai para a festa que está acontecendo lá em baixo.

Eu sei que ele está procurando mamãe, eles sempre buscam um ao outro.

_Eu não quero falar disso!, vamos descer tenho um comunicado a fazer- digo e papai acena beijando minha testa.

__Só não desista princesa- pedi e assinto começando a andar.

Eu já desisti a muito tempo.

E afirmar isso dói, tanto em mim como em meus outros seres.

Elas sempre ficam em silêncio nesses dias, sofrendo em silêncio.

Pena que eu não posso sofrer em silêncio também.

Fiquei em silêncio por muito tempo.

Saímos da sacada e descemos em direção ao jardim.

A festa rolava no auge, todos pareciam estar se divertindo, mesmo sabendo que diversão principal deles sou eu.

Uma Suprema sem companheiro...

Uma mulher sem nada...

Caminho até o pequeno altar e paro em frente do microfone.

__Sentem- Ordeno e eles logo obedecem se sentando em seus respectivos lugares__Como puderam ver o meu companheiro não existe, mas isso não quer dizer que algo vai mudar, tudo continuara da mesma forma.

__Não pode continuar tudo da mesma forma, precisas de alguém ao seu lado- intervém um Alfa da Alcateia da França.

__Eu cheguei aqui sem ele, então eu não preciso de um- respondo fazendo outros resmungarem.

__É herdeiros?, é obrigatório um Supremo ter herdeiros- diz uma loira oxigenada me olhando com um sorriso provocador, ela é a Luna da alcateia do norte do Brasil.

E tem nove filhos.

__Por que você não faz mais um filho e se ele não nascer com a sua cara feia, talvez eu o leve para mim- respondo irritada sabendo que ela lançou aquela pergunta de propósito.

Todos tentam esconder o riso com a minha resposta, menos minhas primas, Cataleya e Katrina explodem em gargalhadas...

__Ele também não pode ser loiro- Completa Katrina a humilhando ainda mais.

Katrina e Cataleya, são intocáveis no mundo sobrenatural por causa de seus companheiros.

Todos os temem, principalmente o Maxon, companheiro de Cataleya que é temido em todos os mundos.

Olhando para Cataleya, deves levar a sério o ditado de nunca julgar o livro pela capa.

Com a sua cara inocente e sua ingenuidade, você nunca irá imaginar o que ela é capaz de fazer para defender quem ama ou mesmo o seu povo.

Ela consegue virar de anjo para demónio em segundos.

Sendo temida no mesmo nível que seu companheiro.

Encaro a multidão e paro em Cataleya que sorri para mim, me consolado com os olhos.

__Estou encerrando esse ritual para sempre, é notável que ele não existe, então iremos parar de fazer essa merda- digo firme encarando todos eles, mesmo sentindo minha garganta se fechar e os meus olhos lutando para não derramar nenhuma lágrima.

__Suprema, não podemos fazer isso, esse ritual existe há Milénios- um dos anciãos diz chocado, sorrio de lado para ele.

__Que se foda essa merda, eu mando e vocês obedecem. O Ritual está cancelado- digo com a voz de Suprema e todos baixam a cabeça, menos Cataleya e Maxon.

Claro, eles não são lobos...

__Bom como está tudo resolvido, podem se retirar- digo mais calma e viro as costas, descendo os poucos degraus tentando aparentar uma calma que não tenho no momento.

Eu só quero correr, correr para longe de tudo e todos.

Desço os degraus e caminho até até à entrada da minha casa.

__Lice- paro de caminhar ouvindo os seus passos se aproximarem com os do seu companheiro.

__Você está bem?- pergunta Maxon me analisando.

Ele gosta de analisar todo mundo.

__Claro que sim, é sempre o mesmo resultado, já estou acostumada- digo dando de ombros.

__Só tenha fé, tenho a certeza que a Deusa da Lua irá te mostrar ele no tempo certo- diz Cataleya querendo vir me abraçar, mais para no caminho lembrando de um dos meus traumas.

São poucas as vezes que aceito um abraço, e ele deve ser bem rápido.

__Ou talvez ele ainda nem tenha nascido- acrescenta Maxon passando o braço pela cintura de Cataleya.

__Não se preocupem com isso, melhor voltarem ao Castelo, tenho a certeza que Kayvrel aprontou algo e obrigada por terem vindo- dou o meu melhor sorriso fingido.

Eu estou acostumada a fingir para todo mundo a toda hora.

__Ficarás bem?- pergunta Cataleya me encarando apreensiva.

__Claro que sim, só preciso descansar- digo e eles concordam.

(...)

Já em meu quarto, com um babydool creme, me deito na enorme cama.

Mesmo sabendo que não irei conseguir dormir por muito tempo.

Afinal eles sempre aparecem, me recordando que não posso esquecer.

Na verdade eu sempre me recordo, basta me encarar no espelho.

Assim que deito a cabeça no travesseiro, lágrimas descem pelo meu rosto.

__Essa é a última vez que eu choro por ele- sussuro sozinha libertando tudo em forma de lágrimas.

Meus soluços se tornam mais altos, sabendo que essa é a última vez que choro por um companheiro.

Por querer tanto um companheiro.

Ali deitada na cama, chorando eu senti a última esperança dentro de mim indo embora.

E no meio de tanta dor adormeci...

Lágrimas descem pelo meu rosto ao ser arrastada pelo corredor pelos meus cabelos.

Eu não faço barulho, os homens maus não gostam quando faço barulho, eles sempre me castigam.

Papai prometeu me salvar desses homens, mas ele não veio mais.

Ele me esqueceu, todos me esqueceram.

Eles disseram que ninguém me quer, todos estão felizes sem mim.

__O que é putinha?, não vai gritar?- pergunta o homem que está me puxando pelos cabelos.

Eles gostam dos meus cabelos longos, dizem que facilita muita coisa para eles.

__Que tal te darmos um motivo para gritar Lobinha?- pergunta o outro que sempre me controla.

Eles param e o homem me levanta e começa a bater na minha barriga, com os seus punhos grandes.

Uma vez eles me bateram no rosto e ele ficou muito grande e vermelho. Mais um homem gritou para eles por terem me batido no rosto.

Eles me levam até o alto, minha cabeça quase toca o teto e depois me lançam.

__Papai, papai- chamo por ele ao sentir todo o meu corpo doer.

Eu sempre chamo por ele, mas papai nunca vem.

Ele me esqueceu, todos me esqueceram.

Não consigo me mexer, papai não vem me salvar.

Mais ele prometeu nunca me abandonar.

Pessoas grandes mentem, todos mentem e machucam muito.

Eles me machucam.

Mamãe disse que eu sempre seria a sua princesa, mais ela também esqueceu de mim.

Meus pais esqueceram de mim, até à vovó.

Os homens se aproximam de novo, não consigo me mexer para tentar fugir deles, todo meu corpo dói.

Eles começam a chutar meu corpo com os seus pés enormes.

Eu chamo por papai toda a vez, mesmo sabendo que ele não virá.

__O seu pai não vem Vadia, que tal agora servir de Alimento?.

__Por favor, não moxo, dói muito, eu não quero- digo chorando, mais eles sempre me levam até aquele homem.

Ele sempre fura meu corpo com os dentes gigantes.

O homem me carrega do jeito que papai sempre me carregava para me colocar na cama.

Mais eu sei que estão indo me colocar na cama daquele homem de dentes gigantes.

A porta se abre e eu posso sentir o seu cheiro e fico com muito medo.

__Hello Blueeyes.

Desperto assustada como sempre, me encolho na cama sabendo que a minha única esperança de salvação se foi nessa noite.

Eu não terei um companheiro para retirar a minha alma dessa escuridão.

E nessa noite, exausta de tanto lutar por algo inexistente, eu deixei que a escuridão tomasse toda a minha alma.

A última esperança se foi, e eu sabia que se não fosse ele, o meu destinado, ninguém mais podia me salvar...

E eu sei que viverei em eterna escuridão, porque o meu companheiro simplesmente não existe.