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Capítulo 04

༺ Zara Stevens ༻

O comentário feito pelo meu chefe foi um tanto estranho. Ele me questionou se eu era solteira, o que não havia sido mencionado na minha entrevista. Pensei que talvez ele estivesse tentando flertar comigo, mas logo julguei que fosse mera bobagem da minha cabeça, afinal, alguém como eu não chamaria a atenção dele. Devo parar de pensar nisso e focar no meu trabalho.

Dirigi-me à minha sala para cuidar de outras tarefas quando Dona Verônica surgiu no corredor e veio em minha direção me cumprimentando. Ela perguntou como eu estava me adaptando e nós conversamos até chegarmos à minha sala. Curiosa, perguntei-lhe sobre algo ao sentar na minha cadeira.

— Dona Verônica, eu gostaria de lhe fazer uma pergunta: o senhor Rodrigo tem o costume de perguntar sobre a vida pessoal dos funcionários?

Dona Verônica olhou para mim com curiosidade, talvez surpresa em saber sobre isso. Realmente, eu estava certa, não era paranoia da minha cabeça. Ela me questionou curiosa:

— Como assim, Zara? Explique-se melhor para que eu possa entender.

— Olha, não me interprete mal, dona Verônica, mas não vi isso ser mencionado na entrevista. Ele me perguntou se eu era solteira e justificou que era necessário saber por causa de alguns assuntos relacionados à empresa e viagens, e afirmou que não queria me prejudicar se eu estivesse em um relacionamento. — imediatamente, ela soltou uma risada e respondeu, olhando-me maliciosamente.

— Nossa, tenho que admitir que é a primeira vez que ouço algo assim! Querida, você deve ter arrancado suspiros do senhor Rodrigo, ele só pode estar interessado em você.

Ao ouvir a revelação de Dona Verônica, sinto meu rosto ruborizar e não consigo acreditar que meu chefe esteja interessado em mim. Preciso me recompor imediatamente e respondo com seriedade.

— Suponho que seja apenas uma impressão sua, Dona Verônica. Por favor, não mencione algo assim. Há mulheres nesta empresa que são muito mais bonitas do que eu e, certamente, chamariam mais a atenção dele...

— Talvez, contudo eu sei bem por que ele se interessou por você, Zara. As belezas que temos aqui são todas superficiais. Seu Rodrigo e os homens de sua família não gostam de mulheres que usam muita maquiagem no rosto. Você deve ter chamado a atenção dele pela sua beleza natural. — dona Verônica disse isso tranquilamente, observando-me.

Fiquei ainda mais constrangida ao saber disso. Era só o que me faltava: começar a ganhar a antipatia das outras secretárias que suspiram apaixonadas por ele. Limpei minha garganta e respondi:

— Bom, de qualquer forma, acredito que não seja isso. Talvez ele apenas queira me alertar sobre minhas responsabilidades como sua assistente, certo? Mas, por favor, não fale sobre isso com outras pessoas, pois não desejo ser mal vista nesta empresa!

— Não se preocupe, Zara! Eu não sou fofoqueira, porém tome cuidado com aquela Patrícia. Ela adora uma fofoca...

— Obrigada pelo aviso, dona Verônica! Bem, vou analisar alguns arquivos até outra hora.

Ao ficar sozinha em minha sala, começo a pensar sobre a possibilidade do seu Rodrigo estar interessado em mim. No entanto, decido deixar esses pensamentos de lado e me concentrar no trabalho.

Horas passaram e, quando percebi, já era noite e hora de retornar para casa. No elevador, não prestei atenção na pessoa ao meu lado, apenas pressionei o botão para descer. No entanto, as luzes começaram a piscar e o elevador começou a tremer, resultando em minha queda para trás. Felizmente, alguém me segurou e riu do meu jeito desastrado.

Quando as luzes se acenderam novamente, percebi que era o Rodrigo. Fiquei constrangida e me afastei rapidamente, dando espaço a ele. Ele deu um sorriso divertido e disse serenamente enquanto o elevador demorava para descer:

— Me desculpe! Mas, posso fazer uma pergunta? Você é sempre assim desastrada? Às vezes acho engraçado o seu jeito.

— Acredite, há dias em que fica ainda pior! Mas tento não cometer muitas gafes. Me desculpe por ter caído em cima de você, o elevador estava tremendo e não consegui evitar. — ele apenas concordou e olhou para cima, observando o elevador, e respondeu.

— Vou enviar um técnico para examinar este elevador amanhã, antes que algo sério aconteça! A Verônica tem me avisado sobre isso há alguns dias...

Não tive tempo de dizer mais nada, porque novamente o elevador deu um solavanco e me jogou em direção ao peito dele, fazendo-me ficar mais próxima de seu rosto. Ele me segurou com as mãos e eu olhei sem saber como agir, enquanto ele me observava. Nossa, de perto ele era ainda mais bonito com esses olhos azuis e essa boca avermelhada. De repente, me senti quente e me afastei um pouco sem jeito e disse, tentando disfarçar minha vergonha:

— Me desculpe, eu não consegui evitar novamente! Espero que cheguemos logo no térreo. Estou tão cansada, quero ir para casa.

— Imagino que sim! Eu que peço desculpas por ter um elevador tão horrível como esse em minha empresa. Meu sócio é um verdadeiro incompetente, peço para ele consertar as coisas e ele enrola ou simplesmente acaba esquecendo, mas amanhã resolverei isso. Eu mesmo falarei com o técnico assim que chegar na empresa.

Finalmente, cheguei ao último andar e respirei aliviada. Já me sentia muito constrangida por estar neste lugar com esse homem. Assim que saí, respondi, me afastando:

— Bom, estou indo, seu Rodrigo. Desejo-lhe uma ótima noite! Ainda preciso conseguir um táxi. Tchau...

— Se quiser, posso lhe dar uma carona até em casa, Zara. Acredito que não será incômodo para mim. — olhei para ele completamente sem graça.

Estava querendo a todo custo me livrar dele, e agora ele me oferece uma carona? Eu realmente mereço, porém decidi recusar na mesma hora, respondendo:

— Não precisa, senhor! Acredito que consigo pegar um táxi, ainda são 7 horas da noite, mas obrigada pela gentileza.

— Não seja boba, Zara! Já é tarde para um táxi passar por aqui. Não quero que nada aconteça com você. Aceite a minha carona, eu não farei nada contra você, não sou um louco. — ah, meu pai, será que ele pensou que eu julguei que ele iria me atacar? Nossa, sou uma idiota mesmo.

— Mas eu não disse isso, só não quero dar trabalho para você! Moro do outro lado da cidade.

— Não se preocupe, moramos na mesma direção! Fique aqui, vou pegar o meu carro e já volto...

Ele não me permitiu responder e saiu diretamente em direção ao carro. Se no elevador já me sentia constrangida e sem jeito perto dele, imagine dentro do carro. A pergunta que não saía da minha mente era: por que eu sentia esse frio na barriga quando estava perto dele? Seria difícil permanecer ao seu lado de forma normal. Será que eu estava fantasiando suas intenções? Tentei afastar esses pensamentos da minha mente.

Poucos minutos depois, ele apareceu dirigindo um carro clássico muito chique. Eu não fazia ideia do modelo, mas as rodas pareciam custar o dobro do meu salário. Talvez fosse um Porsche 2022. Ele abriu a porta e eu entrei, coloquei o cinto de segurança e ele começou a dirigir.

No caminho, peguei meu celular e notei algumas mensagens de Pietra me avisando sobre meu pai, que estava furioso por eu ter saído de casa sem o seu consentimento, e Madalene disse a ele que eu estava sendo influenciada por ela a ter essas ideias para deixar a casa deles. Respirei fundo, percebendo que não poderia voltar para a casa de Pietra naquela noite.

Decidi ir para o meu apartamento de vez e pelo jeito passarei a noite limpando tudo. Ainda bem que já havia levado algumas coisas minhas e uma das malas. Pedi para Rodrigo mudar o endereço, e ele perguntou curioso:

— Ué, mas você não ia para outro endereço? Por que está mudando a rota?

— Esse era o endereço da minha amiga, porém ela me disse que sairia com o namorado. Então resolvi ir para casa. Não quero atrapalhar a privacidade dos dois. — ele concordou e continuou dirigindo.

Cheguei ao prédio onde moro em poucos minutos e tentei sair rapidamente do carro, mas o cinto de segurança me impediu. Rodrigo riu do meu desespero e se aproximou me ajudando, ficando alguns centímetros de mim, e eu o observei intensamente. Por que estou me sentindo tão atraída pela boca dele? Meu Deus, será que quero tanto que ele me beije? Ele deu um sorriso, me observando, e disse, puxando o cinto de segurança:

— Você esqueceu de retirar o cinto de segurança! Parece que está querendo muito se livrar de mim, hein? Estou te incomodando tanto assim?

— Me desculpe, senhor Rodrigo, é que eu não tenho esse costume de ficar perto demais de homens, principalmente nessa proximidade, acaba me deixando sem graça, e o senhor é muito... — quando percebi que ia dizer besteira, me calei imediatamente.

Ele me encarou com um sorriso divertido e perguntou, curioso:

— Sou muito o quê? Você ia dizer o quê, Zara? Agora fiquei curioso!

— Eu não lembro! Acabo dizendo muita besteira quando estou nervosa na presença de um homem. — novamente ele se aproximou de mim, me observando, e respondeu:

— Então eu a deixo nervosa? Mas por que você se sente assim em relação a mim? Não mordo, a menos que me peçam!

— Não sei explicar, é como se me desse um frio na barriga. Bem, preciso ir, Sr. Rodrigo, ainda tenho uma louça para lavar antes de me deitar. Boa noite! Obrigada pela carona. — ele apenas riu do meu jeito desajeitado e respondeu, ligando seu carro:

— Boa noite! Até amanhã, Zara. Desejo que tenha ótimos sonhos.

Ele me deu uma piscadela enquanto ainda me observava no carro. Decidi entrar, balançando a cabeça negativamente e afastando aqueles pensamentos, subindo para o meu apartamento. A mensagem de Pietra me deixou preocupada.

Se meu pai sentiu a minha falta, com certeza irá me encontrar. Conheço muito bem o seu jeito possessivo e dominador, mesmo que minha madrasta me trate mal. Ele não tinha intenção de me expulsar de casa sem que eu me casasse, mas não pode mais controlar minha vida, pois sou maior de idade e dona da minha liberdade.

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