Capítulo 3

Taylor Moreira

Sabe quando te contam que o dia do seu casamento é um dia mágico, que você se sente uma princesa ou que é um mundo de sonhos, podem esquecer isso, não passa de bobagens que a sociedade conta para as mulheres, eu estou aqui  a caminho do meu casamento me perguntando se estou fazendo a coisa certa, estes pensamentos me fazem voltar a exatamente um ano atrás.

Flashback (1 ano atrás)

Eu apresentava um trabalho na pós graduação, sou engenheira mecatrônica.

— Em um mundo de homens, onde eles acreditam que as mulheres são suas propriedades — assim que comecei a falar sou vaiada pelos meus colegas de classe, mas como sempre os ignoro, sei muito bem que ser mulher neste mundo machista não é nada fácil. — E que o nosso lugar é em casa e vocês esperam ser tratados como reis...

— Desculpa Taylor — o professor interrompe a minha apresentação.

— Eu preciso que vocês respeitem a apresenta-

ção da sua colega de classe — ele falou me devolvendo a palavra.

— Minha proposta serve para facilitar algumas tarefas domésticas, porque mesmo sendo pequenas elas conso-

mem um tempo muito valioso para a mulher atual, a que é auto-suficiente, independente, que não precisa de um homem para se sentir completa, ou para ter o seus sonhos realizados - assim que falei todos riam como se fosse uma piada, continuei a minha apresentação ignorando a todos, mostrei um vídeo de como o nosso projeto funciona, o aparelho que auxiliar em quase todas as atividades domésticas.

— Alguém tem alguma pergunta? — o professor perguntou para a classe.

— Eu tenho uma — um homem que eu nunca vi na vida falou se levantando.

— O que acontece com está mulher indepen-

dente que você tanto fala, quando ela resolve se casar? — ele perguntou, logo começou o murmurinho. — E se ela quiser casar e ser depen-

dente do marido? — ele voltou a perguntar.

— Você disse que tinha uma pergunta, mas fez duas, e a propósito não tem nada a ver com o meu projeto — falei e ele se aproximou de mim.

— Claro que tem, eu gostaria de saber por que este mecanismo foi desenvolvido apenas para mulheres que vivem sozinhas, você acredita que todas as mulheres de hoje em dia querem viver sozinhas? — ele perguntou com um sorriso de lado já na minha frente

— Taylor desculpa, deixa eu apresentar a vocês o cidadão voluntário, ele foi o mais brilhante aluno da universidade, só o deixei falar porque ele é gerente de uma grande marca japonesa aqui no Brasil, ele está a procura de talentos que possa contratar em curto prazo — o professor falou e todos começaram a cochichar. — Os apresento o engenheiro em mecatrônica Cristopher Aragão — o professor falou com um sorriso no rosto. — E Cristopher o senhor acabou de interromper a melhor estudante desta classe, e uma das alunas mais brilhantes da universidade e colega de profissão Taylor Moreira — ele estendeu a mão para mim e o cumpri-

mentei, no seu olhar tinha algo diferente.

Depois da aula daquela sexta, fui para minha casa, amanhã é o último final de semana do mês e não irei ter aula, então irei aproveitar para passar o final de semana com a minha mãe e avó, elas moram no interior de minas, é um pouco distante a cidade onde elas moram, fica a quase 12h de carro são 841Km de distância, minha mãe nasceu lá, mas morou no rio muitos anos, eu nasci aqui porém quando tinha 5 anos minha mãe foi transferida para lá, o que para ela foi bom ela trabalha à mais de 30 anos na Toytoy's, ela ama este lugar e por sorte eu conseguir um trabalho lá, eu também amava este lugar quando era criança, e agora trabalho lá, está empresa tem algo diferente, mas nos últimos anos ela está perdendo está magia.

Moro na vila Lene um bairro onde fica a fábrica e o escritório da empresa, a minha mãe comprou está casa com um projeto da empresa o condomínio Toytoy's, fica um pouco atrás da fábrica, moram aqui vários funcionários da empresa afinal a facilidade de pagamento ajudou, não são casas muito grandes, dois quartos, sala, cozinha, banheiro e garagem, com o tempo muitos moradores fizeram reformas, mas a minha continua do mesmo jeitinho que a minha mãe comprou, o que é ótimo porque a casa não fica tão grande, já que moro sozinha.

No dia seguinte, eu sair de casa antes de amanhecer para não chegar muito tarde na casa da minha avó.

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Assim que cheguei na casa da minha avó sentir o cheiro do café com o pão de queijo que ela faz, o que me fez abrir um sorriso, como sempre sou recebida com muito carinho, elas sempre querem saber de tudo que aconteceu neste tempo que estive longe, mesmo falando com elas sempre, a minha vida é muito parada então qualquer novidade vira uma festa para elas, enquanto elas estão preocupadas por eu não ter um namorado, eu estou preocupada com as nossas economias, eu ganho dois salários mas mesmo assim as minhas contas são bem apertadas, eu pago a minha pós, ainda estou pagando um empréstimo que fiz para pagar o intercâmbio nos Estados Unidos, estudei lá por um ano, e ainda ajudo elas no que posso, a minha avó gasta a sua aposentadoria toda em remédios, fora que não dar para todos, mas a minha mãe sempre diz que está tudo bem, que temos nossas economias guardadas mas eu não acredito muito nisso.

— Do jeito que as coisas andam não sei quanto tempo nossas economias vão durar — falei tirando um envelope com o dinheiro e colocando encima dos boletos, ultimamente minha avó anda bem doente, e isso me deixa muito preocupada.

— Larga este trem aí fia — minha avó falou me puxando para sentar na sala.

— Oi vó — falei me sentando.

— Nós estavamos falando do rapaz que você conheceu, você já vem mudando de assunto — a minha mãe falou.

— É que não tem muito o que falar... — falei bebendo um pouco de café.

— Só um dediprosa fia, ele é bonito? — a minha avó perguntou.

— Sim ele é bonito, mas também é muito arrogante e acho que nunca mais vou vê-lo — falei pegando um pão de queijo.

— Pelo menos você se interessou por alguém — a minha avó falou e enfiei o pão todo na boca para manter ela fechada.

— Sua avó está certa filha, você nunca fala de nenhum homem, você sabe que o meu maior sonho é ver você de noiva entrando na igreja e se casando, e logo virando mamãe, eu ficaria louca, eu séria a avó mais coruja deste mundo — minha mãe falou e isso liga o alerta em mim dizendo fuja.

— Eu acho que tem alguma coisa queimando — falei me levantando e indo para a cozinha.

— Óia só fia, ela tá fujindo do assunto mais uma vez, Taylor — a minha avó falou já estava na cozinha, mas pude ouvir, a casa não é tão grande.

Só que desta vez a minha mãe resolveu que não iria deixar o assunto para lá, veio até a cozinha.

— Ei mocinha nós estávamos conversando — a minha mãe falou assim que entrou na cozinha.

— É que o assunto foi longe demais — falei desligando o fogo e me sentei encima da mesa da cozinha. — Ser mãe não é tudo nesta vida.

— Eu não disse isso, olha para você, eu sendo mãe solteira sem muito estudo consegui criar uma mulher tão forte e inteligente, imagina o que você poderá fazer pelos seus filhos — me levantei e fui até ela a abraçando.

— Mãe eu sempre vou ser muito grata por tudo que fez por mim, mas eu não quero ser mãe — falei e pude ver o olhar de decepção da minha mãe e isso dói muito.

— Como assim você não quer ser mãe, ser mãe é um presente precioso para uma mulher, não vai me dizer que vai ficar sozinha o resto da vida? — ela perguntou.

— Bom se algum dia eu resolver construir uma família, será unicamente por amor e não para não ficar sozinha, para ser sincera agora o que eu menos quero é me apaixonar, e muito menos ser mãe — falei me soltando dela.

— Então você não quer nem um namorado? — ela perguntou tentando me entender.

— Me entenda por favor, se alguma vez está ideia de casar me passar pela cabeça tem que ser com alguém que respeite 100% os meus desejos profissionais, que me apoie no que eu quero construir, e que acima de tudo me respeite, a senhora me ensinou a nunca baixa a cabeça para nenhum homem, se um dia eu for casar eu quero um companheiro de verdade — falei a beijando e sair da cozinha precisava de um pouco de ar.

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Continua...