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Crime Perfeito

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Ana Elói
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Resumo

Louis Parker é um dos maiores traficantes de Atlanta. Temido por muitos, Louis conseguiu construir seu império com pouca ideia. Muitos dizem que ele é o dono de Atlanta, ele não nega esse status. Mata quem for para proteger sua família, amigos e o que conquistou durante esses anos. Sem lado perverso, cretino e cruel é visto por todo, mas ele tem um coração mole para uma certa mulher. Mulher da qual ele gosta desde adolescência. Louis quase teve a chance de realizar esse desejo de te-la, mas Lauren preferiu o seu amigo na época. Lauren tem um desejo de sair de Atlanta, ela não ver uma vida ali. Não se ver sendo feliz naquele lugar. Não sabe como explicar esse seu desejo de ir embora e sua mãe apoia essa decisão. Anos se passaram e o destino está dando uma nova chances para esse relacionamento acontecer. Agora com uma filha, a pequena Cris, Louis vai abrir novamente seu coração. Talvez para ela, ele nunca tenha fechado. Louis se transforma em outra pessoa quando está com ela e aí daquele que machucarem a sua dama.

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Capítulo 1 - Meu Chefe

Mais uma semana! Mais um dia!

Meu plano era sair de Atlanta. è um desejo tão grande que sinto. não sei como explicar. Mas a ideia de ter minha própria vida, ter uma vida melhor e criar uma história longe daqui… É algo bem agradável para mim. Minha mãe foi a primeira a concordar sobre eu ir embora de Atlanta, as mães querem o bem dos filhos... Mas tem algo estranho… Ainda não sei dizer o que é.

Quando eu tinha 17 anos eu saí de Atlanta, mas infelizmente eu tive que voltar. Acabei ficando sem recursos para me manter lá. Agora eu tenho 19 anos e sair daqui ainda está nos meus planos. Eu não sei como, mas eu vou sair daqui.

E aqui estou eu na merda da “lanchonete” do Filipe, ele é um baixinho rechonchudo, tarado, mal caráter, desgraçado… São tantas palavras que eu poderia descrever ele. São tantas. Ele infelizmente é meu chefe. As coisas aqui não são nada fáceis para mim. Minha mãe conseguiu esse emprego para mim e até hoje eu não sei como ela tem contato com essa gente.

Como eu odeio minha vida!

- Está muito pensativa.

Respirei fundo e olhei para o lado vendo a Demetria.

- Oi Demi. Apenas pensando na vida.

- Amiga, um dia vamos sair daqui... – Demi fez uma careta. – Pelo menos dessa lanchonete.

Ri da cara que ela fez.

- Sim, com certeza vamos.

A gente fica ali conversando e de vez em outra parávamos para atender alguns clientes. A lanchonete ficava uma certa distância de outras propriedades para chegar aqui apenas com algum veículo, se fosse vim a pé demoraria uma hora ou duas horas para chegar. É meio que lanchonete de estrada.

Os clientes aqui não são lá grandes coisas. Quando não vinha uns bêbados, traficantes, garotos que se achavam os mais fodas, vinha alguns casais, mas era coisa rara de se acontecer. Então todos os dias é uma luta.

- Oi, gostosa. – Ignoro. – Ah, gostosa fala comigo.

Eu ignoro mais uma vez o idiota que cismou comigo, eu estava atrás do balcão limpando. O cara se inclinou e tentou pegar no meu braço. Ah, não! Em um movimento rápido peguei uma faca debaixo do balcão e eu mirei na mão dele que estava estendida em cima do balcão.

- Você é maluca? – O homem pergunta assustado, ele segura a mão contra o corpo. – Você quase acertou minha mão.

Infelizmente a faca ficou entre seus dedos. Merda! Eu preciso melhorar minha mira. Tenho que treinar mais.

- O que está acontecendo aqui? – Era voz do Felipe.

Não faço questão de olhar para ele.

- Felipe está na hora de você demitir essa daí... – O cara olhou para sua mão mais uma vez, ele olhou para a faca que está na minha mão e saiu.

- Você vai acabar me colocando em maus lençóis, garota.

Eu ignorei o Felipe e voltei a limpar aquele balcão. Ignorar, eu preciso ignorar o máximo de pessoas possíveis desse lugar para poder manter minha paz. O tempo foi passando já era umas seis horas da tarde e a lanchonete fecharia às dez da noite. Ajudei a Demi e as outras que trabalhavam aqui a arrumar as mesas, o movimento estava começando e isso significaria que daqui a pouco as pessoas iriam para a boate do Parker que fica até altas horas aberta.

- Lauren? Você... Poderia...

- Fala logo, Jaden.

Me aproximei dele e me escorei no balcão, Jaden Mayer tem apenas 16 anos e trabalha como ajudante na cozinha, Felipe é seu padrasto. Porém ele maltrata muito o garoto. Felipe, você ainda vai pagar pelas coisas que faz.

- Você bem que... podia segurar as pontas pra mim, não é? – Jaden fez cara de pidão.

E mais uma vez ele queria sair.

- Não sei, não. Depois sobra para você mesmo. – Eu falei me referindo ao Felipe.

- Mas Lauren, você não me dá bola então tenho que sair por aí.

Eu começo a rir. Desde que comecei a trabalhar aqui o Jaden não sai do meu pé. Ele cismou que é apaixonado por mim. Eu acho que ele só faz isso para me encher mesmo.

- Vai logo, Jaden. Some daqui. – Eu falo ainda rindo.

Ele não é bobo e sai rapidinho, aproveitando que Felipe tinha saído e logo sumiu da minha vista.

- Está de brincadeira que você deixou ele ir. – Demi me olhou indignada.

- Deixa ele, Demi. Ele só quer se divertir um pouco.

- Você só faz isso por que se sente culpada.

- Eu?

- Sim! Depois que ele conversou o amor dele por você e sabemos que ele não tem chance nenhuma com você. - Olho para ela. - O que foi? Sabemos que é a verdade.

Demi sempre fica assim quando eu ajudo o Jaden a sair. Ela não gosta, mas ele já sofreu demais aqui. Para quem convive com o Felipe, algumas horas longe é pouco.

- Para, ok? Não é isso, ele não tem uma vida e você sabe disso. Você sabe o quanto o Felipe maltrata esse garoto.

- Sei e vou deixar isso pra lá. – Demi sorriu maliciosa e ajeitou a roupa no corpo – Apenas porque Louis e os garotos estão vindo.

Revirei os olhos e olhei para a entrada da lanchonete. Eles vinham animados e zoando uns aos outros e com sorrisos estampados no rosto. Demi estava do meu lado suspirando, meu Deus é nessas horas que eu perco minha amiga. Ninguém mais tem a atenção dela quando eles aparecem.

Eles escolheram uma mesa e logo a gritaria começa. Esses garotos parecem não saber o que é silêncio. Sabe? Comer em silêncio ou falar baixo e não como se tivesse com um microfone na garganta. Demi se arrumou rapidamente e foi até a mesa deles, ela é louca por aquele grupo de garotos, mas de todos ela é tem uma quedinha no Troy Fernandez. Ela sonha em ser a Sra. Fernandez.

Lewis é o líder do grupo. Se achava o mais fodão e ele é o que mais me irrita desde da adolescência, era primeira vez que o vi, desde que voltei. Não tenho saído muito. De casa para o trabalho e do trabalho para casa. Há rumores que ele tem uma filha, mas ninguém a conhece e se ele tem, Louis não faz questão de mostrar ela para todo mundo.

Olho para eles. Os garotos são lindos. Isso eu não posso mentir. Eu já até fiquei com um deles, mas ainda assim eu quero distância desse povo. Percebi que estava olhando demais para aquela mesa quando vi que Louis me olhava sorrindo e estava vindo na minha direção.

Puta merda!

- Oi, Lauren, quanto tempo. – Ele sorriu.

- Oi, Louis.

- Nossa que seca. – Seu sorriso aumentou mais destacando suas covinhas. – Você não deveria estar longe daqui? – Ele debochou. – Parece que resolveu voltar antes do tempo.

- Louis, você vai querer alguma coisa?

Ele me olhou de cima a baixo.

- Você seria um ótimo pedido. – Sorriu malicioso.

- Desculpe, não estou no cardápio.

Louis gargalhou e se inclinou no balcão fazendo seus fios loiros cair sobre sua testa e ficando um pouco mais próximo de mim. Ele não é loiro de verdade. Ele fez alguns reflexos no cabelo. Sim, ficou lindo.

- Você nunca vai me dar uma chance, não é? – Sua voz saiu baixa e rouca.

Parecia que só tinha nós dois ali. Porque eu não peguei uma faca e fiz a mesma coisa que fiz com o cara mais cedo? Louis é o maior traficante de Atlanta e com ele eu tinha mais chances de morrer, mas eu também não ficaria calada, é claro. Não me deixo intimidar com seus status.

- Louis, implorando? – Faço cara de surpresa, colocando a mão contra o peito e logo debocho. – Ai que fofo!

- Cala a boca e me responde.

- Você não faz meu tipo.

- Não faço o seu tipo? Está de brincadeira?

- Não, eu não estou. - Eu falo perdendo a paciência. Eu tenho que trabalhar e não ficar de papo com ele. - Posso voltar a trabalhar?

Um homem musculoso se aproximou e me olhou.

- Tem como você me atender, vadia.

Abri minha boca para falar, mas Louis foi mais rápido.

- Não está vendo que ela tá me atendendo? – Ele perguntou rude.

- A vadia tem que ser mais rápida, estou com pressa...

- Caralho! Se chamar ela de vadia mais uma vez eu vou estourar seu crânio aqui mesmo. – Louis ameaçou.

O cara arregalou os olhos e olhou para mim. Ele podia ser todo músculos, mas Louis tinha sua fama e amedrontava muita gente.

- Vou pedir para outra pessoa me atender.

Louis deu um sorriso e o cara saiu.

- Sempre tem que ter alguém para nos atrapalhar, não é? – Louis olhou para dentro da cozinha. – Pelo visto você vai sair tarde.

- Hã? – Perguntei confusa.

- Eu poderia até te oferecer uma carona, mas você deixou o pivete sair.

Como ele sabe?

- LAUREN? CADÊ O JADEN? – Felipe apareceu do meu lado furioso.

- Ele... Ele... Foi...

- Ele foi fazer um serviço para mim, Felipe fica de boa aí. – Louis falou.

Por que ele está me ajudando?

- Ah, Parker... Você está por aqui? Está tudo bem? Lauren está te atendendo bem? Se quiser chamo outra...

Louis me olhou e mordeu os lábios.

- Fica tranquilo, Lauren sempre faz o serviço direito. – Percebi o duplo sentido. – Mas eu já estava de saída e tenho que voltar para a boate. Tchau, Lauser. – Piscou para mim.

Lauser, poucas pessoas me chamavam assim, mas ele sempre fazia questão de pronunciar e confesso que gosto na voz dele. Mas eu nunca diria isso para ele. Louis se despediu dos amigos e saiu da lanchonete.

- Quero que você fique para fechar a lanchonete. – Felipe sussurrou perto de mim, logo me afastei.

[...]

- Sério que você vai ter que fechar?

- Sim, Demi...

- Mas você prometeu ir na boate comigo.

- Não me lembro disso. – Peguei os últimos copos que estavam em cima do balcão e coloquei na pia.

Demetria suspirou irritada, mal se despediu e saiu. Ela pegaria carona com algum peguete dela e eu teria que esperar o ônibus para ir embora. Espero que o ônibus não demore hoje. Lavei a louça e dei uma varrida na lanchonete antes de sair. Já passava das dez então juntei o lixo e saí da lanchonete. Eu coloco o lixo no chão, fechei a lanchonete, peguei o lixo novamente e joguei na caçamba.

O ponto de ônibus fica de frente para a lanchonete, caminhei até lá e esperei, minutos passaram e nada. Estou cansada. Por favor, ônibus apareça longe… Eu arregalei os olhos, sentindo alguém me abraçando por trás e me segurando forte.

- Gostosa, muito gostosa... Sua mãe tem péssimas tentativas de te proteger, apenas para você não saber a verdade...

Eu sabia que isso ia acontecer um hora ou outra. Felipe já dava sinais que queria algo comigo até já fez propostas, mas nunca chegou perto de mim. Droga! Não tem ninguém ali que pudesse me ajudar. Eu penso rápido. Pisei no pé do Felipe com toda minha força e dei uma cotovelada na cara dele. Me afastei dele vendo seu nariz sangrar.

Ele passou a mão no rosto vendo o sangue, ele estava bêbado e com certeza drogado.

- Vagabunda! - Ele grita.

- Felipe...

- Cala boca, você é minha cadela, trabalha para mim. Tem que fazer o que eu mando.

Ele veio se aproximando. Felipe, por que cismar comigo? Por que não se contenta com um não? Em um movimento rápido ele pegou no meu braço e me jogou com força no chão logo montando em cima de mim.

- Estou louco para te comer cachorra...

Felipe está vermelho de raiva e seu sorriso me dava medo. Não deixei ele terminar de falar e mordi o braço dele com força, levantei e saí correndo pela rua. Sem olhar para trás. Ninguém! Ninguém aparece quando a gente mais precisa. Para piorar a rua tinha pouca iluminação.

- ISSO NÃO VAI FICAR ASSIM, LAUREN. – ouvir um barulho de tiro. – VOCÊ ESTÁ DESPEDIDA.

[...]

Eu corri tanto, eu não sei de onde tirei tanta força e fôlego, mas eu corri. Não foi fácil chegar ali a lanchonete é longe demais. Eu sento na calçada, eu já estou na cidade e tinha uma certa movimentação. Fiz um coque bruxo no meu cabelo. Minha visão ficou embaçada.

Meu celular começou a tocar, mas me senti sem forças para pegá-lo no bolso.

- Lauren? – Ouvir uma voz masculina. Eu acho que conheço… – Lauren, você está bem?

Foi a última coisa que ouvi antes de ficar tudo escuro.