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California Girls

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Matysui
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Resumo

A vida de Isabella muda completamente quando passa a dividir um pequeno apartamento na Califórnia com Clara e Allyssa. Além do teto, as três vão dividir seus medos e segredos, partilhando situações inusitadas e se ajudando como família, quando não podem recorrer a de sangue. Isabella fará uma amizade inquebrável Clara, e encontrará em Allyssa um amor que se mostrará maior e mais forte que qualquer dificuldade.

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Westwood: Prólogo

Allyssa acordou cedo devido ao barulho vindo da cozinha do pequeno apartamento, onde Clara preparava sua já famosa pumpkin pie(torta de abobora). Era manhã da quarta quinta-feira de novembro, feriado em que é comemorado o Thanksgiving ou Dia de ação de graças.

A morena jogou-se no sofá e ligou a televisão, onde passava a famosa Macy's Thanksgiving Day Parade em Midtwon Manhattan. O desfile estava sendo transmitido para o país inteiro e o ponto alto eram sempre os balões com personagens, que por sinal, Clara adorava ver todos os anos e correu para a sala ao ouvir o som da TV, mas não se atreveu a sentar no sofá ao notar o humor da amiga.

Clara costumava chamá-la de urso-malaio, por ser um dos menores ursos do mundo e o mais feroz, assim como Allyssa, que era baixinha e no entanto uma fera quando acordava cedo.

A atenção das duas foi desviada quando alguém tocou a campanhia. Elas se olharam e Clara mostrou as mãos que estavam com luvas, em seguida correu de volta para trás do balcão, onde tinha os ingredientes da torta. A outra revirou o olhos levantando do sofá, ainda usando a camisola vermelha sexy com renda no busto, quando abriu a porta com cara de poucos amigos e deparou-se com uma garota de longos cabelos claros, segurando uma mala e mochila nas costas.

— Oi, aluguei o quarto semana passada.  — Allyssa olhou na direção da outra que estava inclinada sobre a mesa, tentando ver quem era na porta.

— Entra, entra! Eu falei com ela semana passada — disse Clara. Logo a morena abriu caminho para a nova moradora do apartamento entrar. — Seu nome é...?

— Isabella — respondeu, retirando a mochila das costas.

— Eu sou Clara e aquela louca alí de camisola, é a Allyssa. — Apontou na direção da morena que voltava para o sofá.

—  Seu quarto é a segunda porta à esquerda. — Allyssa indicou o corredor sem tirar os olhos da televisão e Isabella logo arrastou a mala até lá.

— Mais uma ação de graças solitárias. Seus pais ligaram? — Clara levou a torta ao forno enquanto puxava assunto com a amiga, depois que a outra sumiu no corredor.

— Aqueles cretinos estão no Havaí.

— Quando crescer quero ter o mesmo relacionamento que seus pais.

— Eles não tem um relacionamento invejável, o que eles tem é dinheiro.

Isabella surgiu de volta no corredor, prendendo os cabelos e descalça. Sentia-se um pouco deslocada por nunca ter divido uma casa com ninguém, sempre alugava quitinetes e vivia sozinha. Fora as interações durante o trabalho ela não conversava com muitas pessoas, mesmo assim queria tentar se aproximar das companheiras. Sabia que a tarefa não seria fácil, afinal Clara e Allyssa já eram amigas e ela uma desconhecida.

— Isa pode me dar esse pano? — pediu Clara apontando o pano de prato que a outra logo foi pegar.

— A garota mal chegou e você já está escravizando ela. Que feio Maria Clara!

Clara mostrou a língua ao ouvir Allyssa, recebendo o pano que Isabella entregava.

— Você é brasileira? — perguntou a nova moradora encostando-se ao balcão observando a mais nova.

— Sou sim, você também? — A outra confirmou com a cabeça. — Não da para notar muito porque vivi em San Francisco com meu pai. A quanto tempo está aqui?

— Um ano.

— Você veio estudar?

— No início sim, mas acabei largando a faculdade por causa de dividas e hoje apenas me viro como posso.

— Eu faço cinema na UCLA e aquela bonita alí é uma boa vida que não precisa trabalhar nem estudar. —  Apontou para Allyssa que revirou os olhos fingindo prestar atenção na tv enquanto ouvia a conversa das outras duas.

— Quer ajuda com a louça? — perguntou Isabella levantando as mangas da blusa e pegando as vasilhas sujas de cima do balcão.

— Apenas trás até a pia que eu lavo. — Clara começou a lavar a louça agradecendo a outra quando terminou de por tudo. — Meu pai sempre liga no dia de ação de graças, já faz dois anos que não passamos juntos. Sinto que a Ally é realmente minha familia agora. Que sorte a minha — resmungava enquanto Isabella encostada na geladeira, a observava.

—  Por que você esta tagarelando tanto essa manhã? Já começo a me arrepender de ter alugado o quarto, antes você ficava quieta. — reclamou Allyssa e a amiga deu uma sonora gargalhada já que sua intenção era realmente cutucar a fera.

—  Isa, ela não é um verdadeiro urso-malaio? — cochicou para a outra que prendeu o riso.

— Eu ouvi isso sua pirralha e vou aumentar seu aluguel desse mês! — Enquanto falava Allyssa desligava a tv e logo foi em direção ao quarto.

— Não liga pra ela, só está assim porque eu fiz barulho logo cedo, mas a noite vai me encher de beijos quando comer minha torta.

Clara era a mais nova, com vinte e dois anos, enquanto Allyssa tinha vinte e seis. As duas viviam juntas a um ano e já tinham alugado o quarto outras duas vezes, mas nunca deu certo devido ao temperamento da morena. Apenas Clara sabia contornar as situações e já estava acostumada com a convivência.

Durante toda a manhã Isabella ajudou Clara a limpar tanto a cozinha quanto a sala. Na hora do almoço Allyssa saiu do quarto ao sentir o cheiro do macarrão instantâneo que a mais nova fazia para as três. Dessa vez a morena usava pijama de ursinho e pantufas. Elas sentaram ao redor da mesa redonda que tomava grande parte da pequena cozinha e comeram usando hashi, enquanto clara contava sobre sua última visita ao Koreatown, o bairro coreano que tanto amava visitar.

— A noite o Tony vai trazer o peru — dizia Allyssa com a boca cheia, digitando no celular.

— Tony é um amigo nosso, ele é familia — explicou Clara a Isabella. — Você é hetero?

— Por que a pergunta? — Isabella não era muito de se abrir para estranhos.

— Porque você tem cara — respondeu Allyssa, encarando a loira.

— Eu sou hétero — afirmou Clara. — Muito hetero!

— Ela tem um namorado idiota. — Allyssa falava sem tirar os olhos do telefone, era um vício durante as refeições.

— Ele não é idiota e não é meu namorado, nós estamos nos conhecendo.

— Faz um ano que você diz isso.

— Pelo menos não saio passando o rôdo em toda a Santa Mônica. Não pode nem caminhar no calçadão que esbarra em todos os ex. Isa ela é pan, o que torna tudo muito mais fácil pelo visto, já que ela vive pegando todo mundo! — Clara provocava a outra como de costume.

— Não tem nada a ver, eu apenas sou bonita. — Nem mesmo Isabella deixou de rir ao ouvir Allyssa denunciando seu humor que estava melhor.

— O que é pan? — Isa viu as outras duas trocando olhares.

— Pansexual, que pega geral. Assim como a Allyssa faz.

— Pansexuais gostam de todos os gêneros sexuais existentes, sem distinção e não se limitando a binária de gênero homem ou mulher — explicou Allyssa.

— Ta vendo, ela é hétero! — Apontava Clara.  — Não entende as coisas.

— Você é mesmo hétero? — perguntou Allyssa com aquela cara séria de antes, intimidando Isabella que por um momento temeu ser obrigatório não ser hétero para permanecer na casa.

— Eu já beijei uma garota quando tinha quinze anos e estava bêbada.

— Pior raça! — gritou Clara batendo a mão na mesa, assustando a outras. — Se diz hétero, mas beija quando bebe.

— Falou a sapatão — zombou a morena.

—  Eu sou muito hétero sim querida, mas gosto de ficar no meio das gays e consequentemente conheço muitas lésbicas e sei de muitas histórias.

— Isabella, ela ainda vai encontrar a garota que vai calar a merda dessa boca. Anota aí!  — Allyssa apontava para Clara.

— Ela quer acabar com minha heterossexualidade a qualquer custo. — Clara levantava a panela vazia fingindo esconder-se da amiga.

— Vocês são ótimas — falou Isabella chamando a atenção delas. — Pensei que seria difícil dividir apartamento com pessoas que não conheço, mas acho que vai ser muito bom.

— Vai sim! — afirmou Clara.

— E você não viu nada ainda. — Allyssa sorriu encarando Clara que também tinha um sorriso no rosto.