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Caminhando por um beco escuro, às 03:00 da manhã, vestindo uma capa preta, apenas o som de seus saltos podem ser ouvidos. De repente, uma mão toca seu ombro e a puxa, colocando-a contra a parede, então a voz grave de um homem com olhos negros diz:

— Péssimo momento para uma mocinha andar sozinha nessas ruas.

A mulher sorri e com sua voz doce diz:

— Mocinha? Que tal tirar meu capuz e descobrir quem é a “mocinha”?

Ele faz o que ela disse e quando vê aquela mulher ruiva, de cabelos curtos e lisos, com uma franja acima dos olhos cor de mel, diz:

— Morgana!

— Olha, então lembrou de mim não é? — diz Morgana.

— Eu matei você! — diz ele se afastando.

— Você pensa que matou, mas vamos resolver nossas diferenças agora, tentou me matar e eu vou devolver o favor. — diz Morgana com um frasco de água benta.

Ele se encolhe no canto da parede e quando ela está prestes a começar diz:

— Não, um demoniozinho de encruzilhada como você, não merece latim.

— O que vai fazer? — pergunta o demônio mais assustado.

Morgana começa a recitar algo em uma língua que deixa o demônio em choque, os olhos dela ficam vermelho sangue e com a voz igual a de um possuído, então ela diz:

— Amones, volte para sua cela no inferno e não retorne, ou conhecerá a ira dos céus.

O corpo do homem começa a levitar e uma fumaça negra sai do corpo dele, quando cai no chão, uma voz da escuridão do beco ressoa:

— Você brinca com o perigo, Morgana.

— Me conta uma novidade Aragom. — diz ela se aproximando enquanto acende um cigarro.

— Um dia esse mau hábito vai te matar. — diz um homem alto de pele negra, careca e com uma grande barba negra se aproximando.

— Sabe que não vai ser o cigarro que me matará. — diz Morgana dando um trago.

— Tenho um trabalho para você. — diz Aragom.

— Endereço? — pergunta Morgana.

Na noite seguinte Morgana se dirige a um prédio no subúrbio da cidade e sobe ao 13º andar, lá ela encontra uma mulher com seu bebê no colo e seu filho de 6 anos, agarrado a sua perna chorando, Morgana se abaixa e diz:

— Não chore pequeno Miguel, seu papai em breve estará bem.

— O que meu marido tem? — pergunta a esposa acompanhando Morgana até o quarto.

Morgana olha pela porta e a esposa pergunta:

— Ele está possuído não é?

— Está, pode me dizer o que ele andou fazendo nos últimos meses? — pergunta Morgana.

— Venha comigo. — pede a esposa.

Morgana entra em um quarto cheio de símbolos desenhados nas paredes e livros de magia negra, assim como a chave menor de salomão e um livro com capa negra cheio do que parecem veias vermelhas, ela abre o livro enquanto a esposa diz:

— Nos últimos meses, meu marido ficou fascinado pelo oculto e passou a ler livros estranhos, um dia um homem bateu em sua porta e deu um pacote, nele estava esse livro negro.

— Acredito que sei com o que estamos lidando. — diz Morgana encarando uma página do livro.

Ela segue até o quarto e quando entra, o homem possuído com o rosto queimado pergunta:

— Quem é você?

— Morgana. — diz a Caçadora dando o último trago no cigarro, antes de enrolar um crucifixo no pescoço do homem e o forçar a beber água benta.

— Vai machucar o querido humano. — diz o demônio engasgando com a água benta que está queimando a garganta.

— Ele aguenta algumas hematomas, dói mais em você do que nele. — diz Morgana.

— Você não é uma mulher de Deus, seus vícios não deveriam te dar poder! – diz o demônio em desespero.

— Sabe, eu também acho um hábito feio fumar, o cheiro me enoja e nem sei porque ainda fumo, mas sobre o poder, é preciso ter fé para exorcizar, fé de que seu lugar é queimando no inferno. — diz Morgana finalizando o exorcismo com o ritual em latim.

Antes que ela diga a última palavra, ele diz:

— Não sabe meu nome, não tem poder sobre mim.

— É claro que sei yemīk’at’elewi. — diz Morgana.

— Pensou que eu não conhecia Amárico? — pergunta Morgana sorrindo.

Ela termina o ritual e quando diz “Amen”, o demônio sai pela boca do homem, a fumaça negra brilha como se raios de fogo fizessem parte de sua composição, Morgana usa um jarro com inscrições em hebraico e recita uma frase que atrai a fumaça para ele, quando ela o cela, o marido da pobre mulher acorda e após abraçar a família, pergunta:

— Você disse o nome citado no livro, mas quem era?

— Significa “aquele que queima”, trancado nos confins do inferno por barbaridades realizadas, ele não é brincadeira, tome cuidado e esqueça o ocultismo. — diz Morgana indo até à porta.

— Eu sou fascinado pelo oculto. — diz o homem pensando em como seria se desistisse.

— Roberto, escute! Seus pais não estão próximos, eles fizeram a passagem em paz, pare de tentar trazê-los, dessa vez custou apenas uma queimadura no rosto, na próxima, pode custar a vida de sua família. — diz Morgana fazendo uma ligação.

— Para quem está ligando? — pergunta Roberto de cabeça baixa.

— Para a igreja, seus livros estão sendo confiscados por representar risco. — diz Morgana.

Quando atendem o telefonema, ela diz o endereço e um padre a busca de carro, eles colocam todos os livros no carro e vão para a igreja, lá ela entra no confessionário e diz:

— Padre, eu o aprisionei, peço que o coloque com os outros.

— O que ele queria? — pergunta o padre.

— Me parece que eles estão tramando algo, ontem, fui ao beco investigar as atividades de um demônio de encruzilhada, fiquei surpresa ao ver que ele estava procurando jovens puras. — diz Morgana.

— Sentiu seu cheiro? — pergunta o padre.

— Sabe que virgens são suas favoritas não é? — diz Morgana saindo e entregando o jarro.

— Morgana! — chama o padre saindo do confessionário.

— Diga padre Gabriel. — diz Morgana olhando para trás.

— Tome cuidado, algo me diz que as coisas vão ficar agitadas. — diz o Padre Gabriel.

— Estou contando com isso. — diz Morgana saindo e acendendo um cigarro.

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