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As Faces do Crime

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Daniella Díaz
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Resumo

Na máfia da Flórida, há uma disputa silenciosa pelo o domínio dos negócios, mas apenas dois lados estão apostando tudo. Mas, não é apenas nas ruas ou nos escritórios que esse jogo acontece. Cada um tem sua história para contar, e duas estudantes do último ano do ensino médio estão voando para longe demais das asas da inocência. Malia Stewart e Lauren Miller entrarão em um jogo perigoso, uma será pelas razões da vingança, e a outra pelo o calor ardente de uma verdadeira paixão. Quem sairá ganhando dessa disputa?

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Capítulo 1 - Uma Nova Vida

Malia Stewart | Miami, Flórida, 07:56 AM.

No interior de um Sedan preto, dentro de uma vaga no estacionamento da escola, Malia surtava de ansiedade, imaginando como será o reencontro com seus amigos.

Ela olhou pela janela outra vez, apenas para se certificar se realmente todos já tinham entrado. Ela notou que Lauren, sua melhor amiga, chegou atrasada, como já era de costume. Malia era uma das únicas pessoas que sabiam o porquê verdadeiro de seus atrasos pela manhã.

Contudo, não era com isso que ela estava preocupada. Ela tomou coragem e pulou do banco, levando sua bolsa. Ela trancou o carro, e subiu pela escadaria faltando um minuto para os portões da escola se fecharem. O porteiro revirou os olhos quando ela passou, afinal era muita insolência esperar para entrar nos últimos segundos, “ essa garota está zombando do meu trabalho?”, ele pensou.

Mas, não. Malia estava tentando adiar o reencontro até onde pudesse. Ela odiava mentir, e teria que o fazer. Ela estava adiando o sentimento de culpa que irá sentir pelo os próximos tempos.

— Essa é a Malia? – um dos garotos sussurrou para o amigo, assim que ela entrou na sala.

Para seu azar, a sala estava quase lotada. Aparentemente todos haviam passado para o último ano. Ela viu onde sua amiga estava sentada, e correu para a carteira vazia atrás da mesma.

— Lia? – sua amiga franzio o cenho para a figura que se aproximou.

— Lauren... – ela respondeu, melancolicamente, já imaginando como será a conversa das duas.

— Você sumiu o verão inteiro, pensei que não iria voltar – Malia suspirou sob o comentário, se jogando na cadeira. Os olhos verdes de Lauren bilharam, intensificando o aperto em seu coração.

— Eu vou te contar tudo, confia em mim, eu não pude falar com ninguém... – Malia disse, rapidamente, em um sussurro, se inclinando na orelha da amiga. Lauren, que já parecia cansada, apenas assentiu.

— Lia! – Trina chamou sua atenção, ela estava sentada junto do seu namorado, Rick, que deu um aceno para também cumprimentá-la.

— Oi, Trina, Rick – Malia piscou para eles, com um sorriso.

Suas mãos estavam geladas, mas ela sabia que o pior ainda não havia passado. No almoço, todos se sentaram juntos numa mesa distante. Enquanto Malia descascava sua banana, ela notou Gabriel, um garoto de quem ela muito gostava desde o ano passado, mas não teve chance de conhecê-lo melhor antes de viajar no verão.

— E então, como foi seu verão? Você sumiu! – Trina começou o papo, Lauren apenas se sentou ao lado de Lia, quieta. O namorado de Trina riu como se tivesse sido uma piada.

— Dá um tempo pra ela, ela perdeu a mãe, e precisou espairecer – Rick comentou, fazendo a namorada revirar os olhos.

Malia começou a odiar quando as pessoas demonstravam ter pena dela, e usar sua perda para qualquer a fim. Além de que, ela não era uma coitada que ficou órfã, era só mais uma garota no meio de muitas que perdeu os pais.

— A família do meu pai me procurou, me levaram pra Jacksonville, fiquei presa lá até ontem – ela respondeu, ganhando um olhar desconfiado de Lauren. Ela conhecia quando a melhor amiga mentia.

— E por que não avisou? Lauren quase surtou sem notícias suas – Trina apontou para a figura silenciosa que apenas tomava um suco, encarando Malia enquanto a mesma falava.

— Eles são bem rigosos, confiscaram meu celular – foi a vez de Trina franzir o cenho. — Pois é, eles disseram que fazia parte de uma espécie de "detox espiritual".

— Nossa – ela deu de ombros.

— A família da minha mãe também é assim, te entendo – Rick comentou, roubando uma cenoura do prato de Trina.

— Bom, o importante é que você voltou – Lauren disse, querendo dar um fim no assunto. Ela sorriu para Malia, que logo conheceu que o sorriso era forçado.

— E o que vocês fizeram no verão? – Malia perguntou para todos da mesa.

— Rick trabalhou com o pai nas obras, e eu fiquei de bobeira, já que perdi meu emprego na lanchonete! – Trina contou.

— Foi demitida? – Malia perguntou, surpresa.

— Não, eu me demiti. Já te contaram que garçonete escuta muita piadinha? Enfim, não estou passando necessidades para precisar passar por assédio sexual!

— Sinto muito – concluiu. — E você, Lauren?

— Ainda estou trabalhando de recepcionista – ela contou, dando de ombros. Malia sabia o significado do que ela disse. — Pego às dez da noite e largo às seis da manhã. Eu só durmo depois da escola, já que preciso estar aqui às oito.

— Que dureza – Trina comentou, num suspiro.

— Você deve estar exausta... – Malia argumentou. Lauren negou com um aceno.

— Estou bem, pelo menos está ajudando muito lá em casa! – Malia assentiu, e Lauren desviou o olhar.

— Amor, vamos andar um pouco antes de terminar o intervalo? – Rick chamou Trina, que concordou rapidamente.

— Depois a gente se fala, meninas! – Malia e Lauren acenaram, e logo eles se foram, as deixando sozinhas.

— Desembucha – Lauren falou, rudemente.

— Me desculpa, eu realmente não poderia falar nada com você, seria mais seguro pessoalmente... – Malia se apressou, olhando para os lados, preocupada se alguém além de Lauren estava ouvindo.

— Você estava em Jacksonville esse tempo todo? Não é tão longe, poderíamos ter dado um jeito de nos encontrar...

— A família do meu pai é perigosa, você nem imagina as coisas que descobri – Lauren franziu o cenho.

— Do que está falando?

— O tio do meu pai é meu padrinho, ele agora é responsável por mim. Eles manteram distância de mim e da minha mãe até que ela morresse porque minha mãe os obrigou, ela queria me proteger dos assuntos do meu pai.

— Está dizendo que seu pai tinha segredos? – Lauren se inclinou para ouvir melhor.

— Meu pai trabalhava para a Mafia – Malia contou de repente, atropelando toda a cronologia de tópicos que ensaiou dentro do carro. Lauren não conseguiu pensar no que poderia responder sobre a declaração, permancendo apenas com a boca entreaberta, sem sair som algum entre seus lábios rosados.

— Então, ele não era corretor de carros? – perguntou, depois de um tempo.

— Era, só que de carros roubados! – Malia sussurrou.

— Isso é loucura! – Lauren concluiu, certamente indignada com o desfecho.

— Eu sei, e isso não é tudo! – Malia suspirou. Suas mãos tremiam. Lauren abandonou a maçã pela metade.

— Ele disse que eu não devia me preocupar, que ele cuidaria de mim. Eu ganhei um carro e um apartamento no centro, e também um guarda costas... – confidencializou, e Lauren arregalou os olhos.

— Você tem um guarda costas? Por que você precisaria de um guarda costas? – franzio o cenho.

— Porque eles me colocaram dentro do esquema... – Malia contou, nervosa com a possível reação de sua melhor amiga.

— Que esquema, Lia? O que você fez? – perguntou espantada.

— Eu não fiz nada, ainda não, pelo menos – deu de ombros. Ela queria despejar todas as informações de uma vez para ela, mas sabia que estava a deixando cada vez mais confusa, então pensou melhor. — Olha, o almoço está quase acabando, eu prometo te explicar melhor sobre tudo depois da aula...

— Depois da aula vou levar o vovô para a hemodiálise, e não se esqueça que eu preciso dormir – Lauren reclamou, checando o celular. — Que tal você me acompanhar hoje à noite, como nos velhos tempos?

— Tudo bem – Malia assentiu. — Eu senti tanto a sua falta...

— Eu também... – Lauren a puxou para um abraço apertado. — Nunca mais suma desse jeito, ou eu acabo com você! – reclamou.

No fim do dia, todos estavam reunidos no estacionamento. Trina não conseguia acreditar que o tio de Malia havia "emprestado" seu carro à jovem, alegando que ele provavelmente não a viu dirigir. Malia riu e concordou, preferindo as coisas como estão. A única pessoa que ela se importava que precisasse saber a real verdade sobre toda a história era Lauren, e mais ninguém.

— Malia? – a mesma se virou rapidamente, e se deparou com Gabriel, à um metro de distância dela, a fazendo suspirar. Lauren que ia para o lado do carona riu da amiga, pois ela percebeu o desespero dela.

— Gabriel!

— Você tá bem? Não vi você na cidade o verão inteiro, e Lauren disse que não sabia de você... – ela engoliu em seco.

— Fiquei um tempo em Jacksonville com a família do meu pai. Sinto muito ter te dado um bolo no seu aniversário...

— Esquece isso, só fiquei preocupado – ele disse, fazendo ela suspirar outra vez. Lauren quis gargalhar, mas se conteve. Ele sorriu para ela, que ainda pensava no que lhe responder. — Espero que não suma outra vez.

— Não vou – ela sorriu, sentindo as bochechas quentes.

— Então, a gente se vê por aí – ela assentiu, e ele foi se distanciando para sua moto.

Ela ficou boquiaberta com a forma sensual que ele pôs o capacete e manobrou a moto talentosamente com o seu corpo para fora do estacionamento, e observou a figura se distanciar até desaparecer no trânsito da avenida.

Ela destravou o carro, e as duas entraram de vez. Lauren, finalmente, riu da cara da amiga, soltando uma gargalhada carregada, sobre o pequeno surto que Gabriel provocou em Malia.

— Você é patética...

— Cala a boca! – Malia retrucou, ligando o carro e partindo dali.