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Amor Sombrio

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Thay
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Resumo

Michael August Stone pertencia a família real e mesmo que muitos o odiasse e o desprezasse precisavam manter a educação e sorriso na face ao se dirigirem ao segundo príncipe regente. Mesmo que o príncipe fosse um sádico e imoral. Todos conheciam a reputação do príncipe e por isso lamentaram o destino da jovem que seria sua esposa. Uma jovem que não possuía escolha além de casar-se com o segundo príncipe mesmo que ainda não o conhecesse. Lis Muller havia acabado de ser aceita na universidade de seu sonho quando descobriu o seu destino. Ela deveria se casar com o segundo príncipe regente do seu país mesmo que isso significasse abdicar de seus sonhos para proteger a sua família e seu próprio futuro. Entregar o seu corpo e a sua alma a um ser perverso foi a única saída para obter um pouco de salvação, mas seria suficiente para manter a sua sanidade?

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INTRODUÇÃO

Luzes brilhantes irradiavam pelos lustres iluminando os quadros de artistas famosos expostos nas paredes assim como os detalhes em dourado que havia nas paredes e nas cadeiras. Tudo possuía requinte de elegância e toque de ouro. As duas portas que davam acesso ao salão encontravam-se fechadas por dentro.

Não havia nada além de silêncio.

Silêncio era tudo que havia no elegante salão do palácio do pequeno pais europeu. Todos se entreolhavam ansiosos em busca de quem seria o primeiro a quebrar o silencio e encarar o rei Leopold. Dentro do salão encontrava-se os três príncipes, a rainha e mais cinco pessoas pertencentes a família real.

— Até quando continuaremos trancados aqui? – A voz taciturna do terceiro príncipe fez todos se olharem. O terceiro príncipe era conhecido pela inexistência de humor. – Tenho trabalho a fazer, e se o rei, meu pai, não tem coragem para dizer o motivo de nos obrigar a permanecer aqui, irei sair.

Os demais se entreolharam segurando uma risada que parecia teimar em sair de seus lábios. O rei Leopold sempre foi conhecido pela sua benevolência e gentileza, entretanto nenhum de seus filhos parecia ter herdado tais características.

— A paciência nunca será uma de suas virtudes, Philipe – Leopold falou calmo ao encarar o seu filho mais novo. – Como sabem, nos próximos meses seu irmão mais velho será escolhido como o meu sucessor e como também imaginam, o segundo príncipe deve se casar. – Todos os olhares se voltaram para o homem de semblante fechado.

— E devo me casar por estar sendo obrigado? Não sou desse tipo, papai – A voz repleta de desafio de Michael, o segundo príncipe, fez com que todos abaixassem a cabeça envergonhados com o comportamento do príncipe. Não era surpresa e muito menos segredo do comportamento anormal do príncipe – Como pretende me subornar ou prefere a palavra persuadir?

— Se não fizer o que eu digo irei lhe prender. Estou cansado e velho demais para esses jogos doentios que você gosta, meu filho – Leopold falou após suspirar – Nenhuma das mulheres quiseram casar com você, pois todos conhecem sua reputação.

— Mais um motivo para desistir – Deu de ombros sem expressar qualquer emoção seja pela sua expressão ou olhar.

— Doente – Uma das pessoas murmurou diante da frieza de Michael.

Michael se limitou a sorrir e encarar a pessoa, a qual desviou o olhar com medo. Não havia uma pessoa além do rei que não sentisse medo do segundo príncipe.

— E por não ter candidatas adequadas que precisei improvisar – O rei assumiu a sua expressão seria ao encarar Michael – Sua noiva lhe será apresentada amanhã e espero que não a assuste.

— Realmente acredita que eu permanecerei calado como o meu irmão mais velho? Não sou assim, papai, sabe bem disso. Irei infernizar a vida dessa garota ao ponto dela desejar estar morta. Imagino que saiba do que eu estou falando.

Ninguém nada disse.

— Filho, seja compreensivo. – A rainha Gloria disse calma ao passar a mão pelo seu próprio rosto ao retirar um fio loiro que temia em cair no seu olho. Suas mãos foram em seguida para o seu vestido extravagante, alisando-o. – Sabe que isso é tradição. O seu irmão está casado com uma boa moça e o seu destino é casar-se.

—Posso muito bem escolher alguém.

— Não, não pode – Leopold disse alto demonstrando que começava a perder a paciência – Seu irmão casou-se com uma mulher que eu escolhi e assim será com você.

— Se não, o que fará? – Michael perguntou divertido ao ver o seu pai modificar a sua expressão. Ele regozijava-se diante das expressões que iam de medo a surpresa.

— Não brinque comigo – Leopold falou em um tom de voz agressivo. – Se não se casar, farei com que desapareça.

— Sou seu filho, esqueceu? – Michael disse sério convicto de que seu pai nada faria.

— E como tal vai acabar indo para o exercito ou marinha ajudar os necessitados durante dez anos, se não fizer o que eu disser.

— Esse tipo de ameaça não vai fazer com que eu abaixe a cabeça – Michael revelou sombrio ao estreitar o olhar ao ver o seu pai indo em sua direção e sussurrar algo em seu ouvido em seguida. – Eu... farei isso – Disse contra a sua vontade ao apertar sua mão com força. O semblante de Michael era repleto de raiva – Mas ela vai pagar por tudo isso – Avisou com o olhar frio.

***

O papel tremia violentamente nas mãos da jovem, a qual permanecia incrédula com o que acabara de ler. Seus olhos mantinham-se fixos no papel e em seguida se dirigiu para a porta do seu quarto. Após esperar ansiosamente durante semanas enfim a resposta havia chegado e com ela, o inicio da realização de seus sonhos. Lis havia sonhado com aquele momento durante os últimos anos de sua vida.

Ela havia sonhado que sairia do pequeno país europeu, conheceria o mundo e se tivesse sorte, casaria com um homem gentil assim como ela. Lis olhou para o lado, sorrindo ainda mais ao ver seus pais sentado no sofá assistindo um velho programa de comédia. A casa em que moravam ficava localizada na parte sul do país, um local calmo com muitas arvores. A família dela possuía uma pequena fazenda de onde tiravam o seu sustento.

O olhar entusiasmado da jovem de cabelos escuros fez com que seus pais a olhassem divertidos.

— Eu consegui – Lis falou emocionada – Consegui entrar na universidade que eu queria – Disse emocionada antes de ser abraçada pelos seus pais – Finalmente vou poder conseguir uma vida melhor para os senhores – As lagrimas caiam de seu rosto ao apertar a carta de aceitação com força. Ela havia sido aceita em uma prestigiada faculdade de direito em outro país. Uma das melhores, se não a melhor, faculdade de direito.

— Sim, minha querida, sabia que iria conseguir – A mãe de Lis falou emocionada ao se afastar levemente após escutar batidas na porta – Quero contar a todos como a nossa filha é inteligente.

— E linda – O pai dela falou orgulhoso ao abraça-la com mais força. Lis sorriu largamente em resposta antes de voltar a sua atenção para o som de passos atrás de si. Virou-se lentamente, estranhando ao ver o símbolo real no terno do elegante homem a sua frente. O homem se vestia da mesma forma que os seguranças reais, percebeu ao piscar confusa e olhar para seus pais em busca de alguma resposta.

Diante do silêncio do homem, Lis optou por falar o que imaginara.

—Senhor, imagino que tenha errado de casa ou precisa de algo? – Lis indagou ao encará-lo com curiosidade, pois era a primeira vez que via um segurança real de perto. O homem possuía uma postura elegante, um rosto inexpressivo e olhos sérios.

— Senhorita Lis Muller? – Lis assentiu confusa – O rei solicita a sua presença no palácio imediatamente.

— O rei Leopold? – Lis indagou confusa – O senhor deve ter se confundido.

—Não cometo erros, senhorita. Podemos ir? O rei odeia esperar – Disse extremamente profissional e sério. Lis olhou para os seus pais dividida sobre o que deveria responder, pois não ser cordial com alguém que trabalhava para a família real poderia acarretar em problemas para sua família. – Vamos – Lis engoliu em seco ao notar a sutil diferença. Em poucos segundos atrás, ele havia lhe dado uma escolha e agora fazia questão de demonstrar que ela não tinha opção além de ir.

— Tenho que me arrumar? – Perguntou ao olhar para a sua própria roupa. Uma calça jeans, uma blusa vermelha com detalhes branco de alça e tênis.

— O rei nada mencionou sobre isso.

— Certeza que o rei procura por mim? – Lis perguntou antes de dar um passo a frente.

— Sim, senhorita – Assegurou sério ao vê-la andar em sua direção hesitante. – Não precisa se preocupar, senhorita – Sorriu suavemente antes de retornar para a mesma expressão apática. Lis olhou para os seus pais novamente antes de concordar e sair acompanhada do homem – Meu nome é Sebastian, o segundo guarda responsável pela segurança do palácio – Se apresentou ao abrir a porta do carro para Lis, a qual não conseguia parar de encarar o carro. Um último modelo. Ela não era uma expert, mas sabia o quanto valia, e com certeza daria para fazer todo o curso que deseja sem precisar se preocupar com dinheiro.

— Exagerado – Murmurou ao entrar no carro atenta a tudo o que Sebastian fazia, inclusive quando ele sentou-se ao seu lado dando instruções ao motorista. – Qual o motivo do rei desejar me ver? Não me recordo de ninguém se encontrando com o rei aleatoriamente – Perguntou curiosa em meio ao desespero. Aos poucos o medo começava a lhe preencher.

— O rei é um bom homem – Se limitou a falar permanecendo em silêncio em seguida, fazendo-a suspirar ao perceber que nada conseguiria extrair dele. Inquieta, voltou a sua atenção para a janela do extravagante veiculo admirando o seu país, o local onde nascera. Ela estava ansiosa para sair de lá e conhecer outros lugares, mesmo sabendo que sentiria saudades. Lis estava em volta de seus pensamentos que somente foi despertada quando Sebastian a chamou, tirando-a de seus devaneios. – Chegamos – Anunciou desnecessariamente antes de sair do carro, dando-a uma visão estarrecedora do palácio grandioso. O palácio da família Stone havia sido construídos décadas atrás quando o primeiro rei havia sido coroado e ano após ano, a família real permaneceu naquele local dando-lhe um ar de modernidade em meio ao tradicionalismo. O jardim conseguia ser maior que a sua casa lhe proporcionando uma visão esplendida das flores. Havia inúmeros seguranças pelo jardim a olhando com curiosidade, enquanto Sebastian fez um singelo sinal para que ela saísse do carro e o seguisse.

Eu deveria ter recusado.

Pensou frustrada e maravilhada ao caminhar em direção a entrada do palácio, olhando para cada detalhe. Lis não conheceu ninguém que havia entrado no palácio, então aquela era a sua única chance para olhar tudo detalhadamente antes de retornar para a sua casa, e a sua vida. Seus passos ecoaram pelo mármore do piso ao adentrar no palácio. Em todas as paredes haviam quadros, que Lis desconfiava serem originais, e toques de dourado.

— Isso é ouro? – Se pegou murmurando perplexa.

— Sim, todas as paredes possuem detalhes em ouro – Sebastian explicou paciente ao continuar caminhando ignorando a expressão surpresa da jovem atrás de si. – Quando terminar, se desejar posso guia-la pelo palácio. Uma visita guiada – Disse ao se virar, sorrindo ligeiramente. Lis piscou realmente impactada com o sorriso do homem a sua frente. Ela jamais esperou que o sorriso dele fosse tão bonito e charmoso.

— Deveria sorrir mais, sua expressão fica mais suave – Comentou ao segui-lo até parar em frente a uma porta dupla. Assim que a porta foi aberta, Lis permaneceu hesitante ao olhar para o rei, o qual a encarava fixamente.

— É um prazer finalmente conhece-la – O rei disso alto o suficiente para faze-la dar um passo para atrás. O rei conseguia ser mais intimidante do que havia imaginado – Vamos começar.