Capítulo 5 O gigolô
"Vou esperar mais alguns minutos e se ele não chegar, vou embora", disse Nicole para si mesma tomando um gole de sua taça para ganhar coragem, quando ao se virar, viu o homem mais impressionante que havia visto em toda sua vida.
Era altíssimo, de costas largas e com um peito e abdômen perfeitos que se marcavam na camiseta justa, embora fosse uma pena não poder ver os músculos de seus braços enormes porque usava jaqueta.
Mas esse homem era toda uma visão, de cabelo curto e claro, olhar sério e intimidador, mandíbula forte e definida, nariz reto e uns lábios tão perfeitos...
Nicole reagiu repentinamente, o que estava acontecendo com ela? Mais um pouco e babava no chão, ela nunca havia olhado para nenhum homem dessa maneira, exceto por Walter, seu marido.
Esse homem tinha que ser ele, tinha que ser o gigolô que Brenda, sua amiga, havia chamado.
Depois de beber o que restava na taça de um gole, Nicole engoliu em seco e lentamente, com passos curtos, se aproximou daquele homem atraente que havia se sentado do outro lado do bar.
— A... Alô... — Murmurou envergonhada e o homem imediatamente se virou para ela.
...
Patrick Collins era o terceiro filho da família mais rica e poderosa do país, mas o menos conhecido, já que sempre levou sua vida discretamente.
Não gostava de câmeras, nem de repórteres, odiava a vida pública, por isso, desde muito jovem, tomou cuidado para não chamar a atenção da mídia, deixando as entrevistas e eventos públicos para seu irmão mais velho, Albert.
Depois de ter trabalhado arduamente nas empresas familiares que ele administrava, somadas às de seu irmão mais velho, a quem havia estado ajudando por problemas pessoais, Patrick decidiu tirar umas férias, se afastar de tudo e esclarecer sua mente.
Ultimamente, não se sentia bem, estava um pouco decepcionado consigo mesmo, seu único sonho havia sido encontrar a mulher de sua vida, se apaixonar e formar uma família.
Ele queria ter o que seus pais tinham, um amor profundo e verdadeiro, que admirava desde criança, mas não havia conseguido.
Agora doía mais, pois seu irmão mais velho e sua irmã haviam se casado recentemente, felizmente apaixonados, então só restava ele.
Patrick havia tido muito azar, ele havia se apaixonado, claro que sim, várias vezes, mas havia terminado decepcionado, pois assim que suas namoradas descobriam seu sobrenome e a família à qual ele pertencia, acabavam mostrando suas verdadeiras faces, demonstrando ambição e interesse apenas em seu dinheiro e poder.
E a última que fez isso foi Juliana, essa mulher havia partido o coração de Patrick de todas as maneiras possíveis.
Por isso precisava se afastar, por isso ele precisava de um respiro, havia passado um tempo desde isso e ainda não havia conseguido superar, então, naquela noite, Patrick fez algo que nunca havia feito antes, entrou num bar.
Ele era um homem muito cuidadoso, um homem que cuidava de seu corpo, gostava de se exercitar e se manter em forma, então não costumava consumir álcool, a menos que se tratasse de eventos e celebrações familiares de grande importância, onde só consumia uma ou duas taças.
Mas naquela noite, Patrick caminhava pela rua, meio entediado e se deparou com aquele bar, precisava de uma bebida, precisava tirar essas mágoas que o mantinham aflito, então decidiu entrar.
E mal havia pedido ao barman um uísque duplo, Patrick se surpreendeu ao ouvir o chamado de uma mulher desconhecida.
— A... Alô... — Suavemente, ouviu-se sua voz, mas foi forte o suficiente para capturar a atenção dele.
— Olá... — Respondeu Patrick com cortesia, sorrindo para ela, a mulher baixou o olhar com timidez.
— Você... Você é o cara... O homem que eu estava esperando, não é? — A mulher se aproximou, como se falasse em segredo, sussurrando. O que estava acontecendo com ela? Quem ela estava esperando? Seria algo ilegal?
— Claro... O homem que você estava esperando... — Afirmou Patrick com um sorriso de lado. Nicole levantou o olhar nervosamente, engolindo em seco.
— Sim, o gigolô. — Soltou Nicole num fio de voz. — Ah! Desculpa, não devia ter te chamado assim... devo ser mais prudente.
Sua voz foi perceptível apenas para Patrick, ela ficou vermelha como um tomate e levou uma mão ao rosto, escondendo-o com vergonha.
Embora Patrick tivesse se surpreendido ao ouvir que essa mulher procurava um gigolô, o gesto que a mulher fez ao se envergonhar lhe pareceu muito fofo.
Então decidiu continuar com a conversa, com curiosidade.
— Pode me chamar de Patrick. — Sussurrou ele, entrando na brincadeira.
— Sou Nicole... Desculpa, me perdoa, Patrick... — Nicole descobriu ligeiramente o rosto, corada. — Nunca fiz isso antes, estou muito nervosa e com vergonha.
Patrick sorriu diante da honestidade da mulher, era muito sincera, além de fofa ao corar daquela maneira.
— Bem, me conta... O que você precisa? — Perguntou Patrick tomando um gole de sua bebida.
— A Brenda não te explicou? — Nicole o olhou muito confusa.
— Brenda? Sim, um pouco, mas gostaria de saber mais detalhes, sabe... — Patrick deu de ombros como se não se importasse. — Sou um profissional e gosto de fazer as coisas bem feitas. — Terminou com algo de sugestão.
Imediatamente, Nicole baixou o olhar sentindo as bochechas quentes, se esse homem já a deixava atordoada com seu rosto e corpo perfeitos, fazendo esses gestos sugestivos ia deixá-la à beira do colapso.
— Bem, ok... Não é nada complicado... — Começou a explicar Nicole com o olhar baixo e nervosismo. — Você sabe que... Não precisa transar comigo...
Patrick franziu o cenho estranhando, essa garota procurava um gigolô para não transar com ele?
— Moro em outra cidade, então teria que viajar comigo, o tempo máximo será um mês... — Continuou Nicole. — Pode ser que terminemos isso antes, mas enquanto durar, vou te pagar um bom hotel com as refeições, disso você não precisa se preocupar...
— Muito bem, tudo isso me parece excelente... — Assentiu Patrick com ainda maior curiosidade, para que essa garota precisava de um gigolô por um mês e sem sexo?
— Pos... Possivelmente, você passe a maior parte do tempo no hotel, só sairíamos em ocasiões especiais, então terá muito tempo livre e não precisará ficar simulando o tempo todo... Será só na frente do meu marido e seus amigos ou família... E em ocasiões assim...
— Na frente do seu marido? — Patrick arregalou os olhos, completamente perplexo, dessa vez não teve tempo de disfarçar.
— Eh... Sim... — Nicole franziu o cenho, estranhando. — A Brenda não te explicou nada?
— Muito pouco... Muito, mas muito pouco, na verdade foi bem vaga... — Explicou Patrick, deixando Nicole pensativa, embora sendo justa, Brenda costumava ser assim. — Ela só me disse que precisavam de mim para um trabalho muito particular... — Patrick deu de ombros como se nada fosse, tentando soar convincente. — E que faria uma viagem...
— Bem... — Nicole já havia tirado seu telefone para ligar para sua amiga, mas ela não atendia. O que Patrick disse soava como Brenda, então Nicole voltou a ganhar um pouco de confiança. — Escuta, no geral, o que quero que você faça é... Que se passe pelo meu namorado na frente do meu marido... Desculpa, meu ex-marido... Bem, vou assinar o divórcio, então não sei como chamá-lo ainda, mas...
— Me diga uma coisa... — A interrompeu Patrick. — Antes de aceitar o trabalho, preciso saber, por que você está fazendo isso?
Nicole baixou o olhar aturdida, seu coração começou a bater com força, por que estava fazendo isso? Nem ela mesma sabia, supostamente havia sido porque se deixou convencer por sua amiga, mas... No fundo, bem no fundo, ela também desejava ver Walter aturdido, arrependido e ciumento.
— Estou casada num casamento arranjado, meu marido nunca me amou por diferentes razões, claro, há uma que é evidente... — Nicole apontou para si mesma. Patrick não entendeu, o que ela tinha de errado? — Depois de dois anos de um casamento vazio, ele me pediu o divórcio e eu... Bem, eu achei... Eu pensei e a Brenda disse...
Nicole baixou o olhar novamente, aflita e envergonhada. Patrick pôde ver uma profunda tristeza em seus olhos e aquele rubor fofo que novamente apareceu em suas bochechas.
— Patrick... Sabe que...? — Repentinamente, Nicole o olhou com um sorriso tênue e forçado, que não chegava aos olhos. — Esquece isso, eu... Eu não posso fazer isso, é... É ridículo... — Nicole passou a mão pelo rosto com profunda pena. — Me perdoa por fazer você perder tempo, Patrick, mas não será necessário que viaje comigo, eu... Eu vou e vou enfrentar o que quer que tenha que enfrentar sozinha... Além disso, ninguém acreditaria nisso... — Apontou para os dois. — Alguém como você, com alguém como eu, não é possível, então... Vamos esquecer isso, será melhor.
Nicole colocou a bolsa no ombro já com os olhos marejados e deu um sorriso tímido de despedida para Patrick, algo dentro dele desmoronou, essa garota parecia tão vazia quanto ele e era evidente que precisava de sua ajuda.
Foi para isso que o destino o colocou ali, não foi? Num lugar onde jamais entraria por conta própria.
Nicole ia se virar, quando alguém a deteve.
— Espera! — Patrick a segurou pelo ombro. — Escuta, você não precisa fazer isso sozinha.
— O quê? — Nicole o olhou confusa.
— Quero te ajudar, quero ser seu gigolô...
