Capítulo 6
Não sei, querida. Deve ter sido algo que você comeu. -Ele disse acariciando meu cabelo.
Pensar em como minha mãe morreu encheu minha cabeça. Meu coração acelerou.
- Papai... por favor, não morra...
Ele deu uma risadinha, mas tossiu. - Não vou morrer, princesa.
Apertei sua mão com força.
- Eu vou ficar bem, está bem? -
Acenei com a cabeça.
-Não vou morrer. Vou ver você crescer e se tornar uma mulher maravilhosa. E ver você se apaixonar, se casar e ter filhos lindos", ele sorriu.
Soltei uma risada, ignorando meus olhos lacrimejantes.
- Quem quer que seja seu filho terá muita sorte em tê-la, minha linda princesa", sorri enquanto beijava sua mão.
Sorri ao beijar sua mão.
- Eu te amo, papai.
-Eu também amo você, Val.
Soltei um suspiro.
Estou com fome. Vá comer alguma coisa e descanse, está bem?
Balancei a cabeça. - Não, não pai, eu quero ficar com você. -
-Eu fico bem, princesa. Apenas vá, coma e descanse. Sei que você teve um longo dia na escola hoje.
Deixei escapar um suspiro.
Não se preocupe, querida. Estarei bem antes que você perceba.
Aceno com a cabeça.
Beijo sua mão novamente antes de me afastar.
A caminho do meu quarto, esbarrei em Bruno. O do meio do trio.
Ele é o segundo pior abusador entre seus irmãos. Álvaro é o primeiro.
-Veja quem temos aqui. Idiota irritante. - .
Suas palavras sempre me machucam.
- Voltou da escola, hein? -
Não respondi e me afastei para passar por ele.
Ele bloqueou meu caminho.
- Eu lhe fiz uma pergunta, sua vadia.
Meu coração disparou.
-Sim", eu disse, olhando para baixo.
Ele zombou. - Patético", disse ele tocando minha cabeça antes de ir embora.
Soltei um suspiro enquanto caminhava para o meu quarto.
Fechei a porta e vi a foto da minha mãe no criado-mudo. Meus olhos se depararam com outra foto de meu pai, minha mãe e eu juntos.
Meu coração doeu.
Tiro o uniforme e vou para o banheiro.
Depois de me arrumar, coloquei um vestido de lounge. Perdi o apetite, mas tenho de obedecer a papai.
Saio para a cozinha. Sirvo-me de comida e volto para o meu quarto.
Quando terminei de comer, deixei meu prato usado sobre a escrivaninha. Deitei-me na cama para descansar, como papai havia me dito.
Não demorou muito para que o sono viesse sobre mim.
*********
Acordo em um dia escuro.
Meu Deus, dormi tanto tempo.
Levanto-me rapidamente da cama e vou ver meu pai.
Ele deve estar bem agora.
Ele disse que estaria.
Acredito que estará.
Quando me aproximei de sua porta, não bati, abri e entrei.
-Papai..." Minha voz se arrastou no momento em que vi a última coisa que eu esperava ver.
Meu coração caiu.
Damien, o último dos três, segurando uma faca cheia de sangue.
Meus olhos se voltaram para papai, ele não estava acordado, mas tinha sangue no peito.
Meu coração acelerou.
- Papai? -
-Isabela ....-
Meus olhos se voltaram para Damien, que parecia surpreso ao me ver.
O que ele fez?
- Isabela, o que você está fazendo? ....-
- O que... o que você fez... ? -
-Aconteceu alguma coisa. Segure-o, eu já volto", disse ele enquanto colocava a faca em minha mão e saía.
Fiquei ali parado, atônito.
Olhei de volta para papai.
Lágrimas rolaram pelos meus olhos.
- Papai... -
- Que porra é essa?! -
Estremeci no momento em que ouvi a voz de Álvaro.
Virei-me para a porta.
Vi os três.
-Que merda você fez, Isabela! - gritou Bruno.
Arqueei as sobrancelhas. Olhei para a faca em minha mão e depois para eles.
Abri bem os olhos. Balancei a cabeça. -Não, eu...
-Ela matou papai! -gritou Damien.
O quê?
- O que... ahhhhh! - gritou Graciela, minha madrasta, quando viu papai na poça de sangue.
Ela acabou de entrar.
- O que... como...? - ela gaguejou quando viu a faca em minha mão.
Ela olhou para mim com os olhos arregalados.
Balancei levemente a cabeça.
Ela soltou um suspiro.
Meu coração nunca bateu tão forte
-O que você fez? - gritou ela.
- Eu... eu... eu... não... não fui eu...
- Mentiroso! -Damien cuspiu.
Lágrimas escorreram pelos meus olhos.
-Oh, Deus, Hector! -gritou Graciela enquanto caminhava em direção ao papai.
Ela se ajoelhou na direção dele, tentando tocá-lo.
Meu coração se encolheu severamente ao olhar para meu pobre pai.
Sem vida na poça de seu sangue.
-Vaca! -Ouvi Álvaro gritar. Então senti meu cabelo ser agarrado com força.
- Ah!
A faca caiu de minha mão.
-Sua puta maldita! Você matou nosso pai! - ele gritou comigo enquanto agarrava meu cabelo com mais força.
-Não, por favor... Não fui eu. Foi a mamãe... -
-Feche sua boca! - ela cuspiu.
Fechei meus olhos.
Seu aperto em meu cabelo é muito doloroso.
Chorei em silêncio.
- Nós deveríamos matá-la por essa merda que ela acabou de fazer! -disse Bruno enquanto segurava sua mãe que chorava.
-Vamos fazer isso agora mesmo! -disse Damien.
Eu balancei a cabeça. -Não, por favor... Eu não o matei. Eu não o matei. Ele também é meu pai. Eu o amava.
Bruno zombou.
-Eu sabia que você era uma puta desde o primeiro dia em que papai a trouxe para casa", disse ele. Papai era um idiota. Eu lhe disse isso, mas ele não quis ouvir. Veja como tudo terminou, porque você é uma cobrinha!
As lágrimas brotaram ainda mais em meus olhos.
-Você matou meu marido, sua vadia! -Graciela gritou.
Eu gritei. -Eu não o matei. Foi Damián quem o matou.
-Feche sua boca! -Damián gritou.
Graciela veio em minha direção e levei um tapa forte.
- Ah!", gemi.
Tudo se tornou um borrão. Minha bochecha ardia.
Senti o gosto de sangue.
-Como você ousa acusar meu filho? -
As lágrimas se acumularam ainda mais.
Olhei para ela.
-Você vai pagar por isso. Chame a polícia, Bruno", disse ela.
Meu coração afundou.
-Não, mamãe. Sugiro que nós mesmos cuidemos dela", disse Álvaro, agarrando meu cabelo com mais força ainda.
Um gemido saiu de minha boca.
-É uma boa ideia. Trancá-la seria um pouco brando com ela. Ela merece sofrer muito por isso", disse Damián.
-Essa é uma boa ideia", disse Bruno.
Senti calafrios por todo o meu corpo.
Meu coração se afundou ainda mais.
-Está tudo bem. Leve-a para o porão", disse Graciela.
Álvaro me arrastou para fora.
-Não, por favor, não faça isso. Eu não o matei. Por favor!
- Cale a boca! - Álvaro gritou enquanto se dirigia ao porão.
Minhas pernas estão fracas e minhas mãos estão tremendo. Seu aperto no meu cabelo está me dando dor de cabeça.
Estou com muito medo.
Chegamos a uma porta, ele a abriu e me empurrou para dentro.
- Ah!
Bati no chão.
Senti uma dor em minhas costelas.
Ele fechou a porta.
Lágrimas brotaram em meus olhos.
Coloquei meus joelhos contra o peito e o abracei.
Meu coração se partiu em pedaços enquanto as imagens do meu pai sem vida enchiam minha cabeça.
Por que Damien o matou?
O que papai fez com ele?
Eles tiveram um mal-entendido ou algo assim?
Papai estava doente. Ele mal conseguia falar. Por que Damien o matou?
Ele matou o papai e mentiu que eu tinha feito isso.
Todos acreditaram nele.
Meu Deus, o que eles estão planejando fazer comigo?
Eu não matei meu pai.
Eu não fiz isso. ....
As lágrimas vieram ainda mais rápido.
Pensei em nunca mais ver meu pai.
Dói tanto
Eu não deveria tê-lo deixado.
Ele prometeu que tudo ficaria bem quando eu acordasse.
Ele prometeu.
Mas ele está morto.
Meu pai está morto.
Eu não tenho ninguém. Ninguém neste mundo.
Isso me machuca muito.
Soluço em silêncio.
Olho ao meu redor. Com certeza, é um porão.
É tão assustador aqui dentro.
Oh, Deus, por favor, me salve.
Sinto algo passando por mim em alta velocidade, o que me faz estremecer.
Estremeço só de pensar em ratos. Não gosto de ratos.
Apoio minha cabeça nos joelhos, soluçando.
Não consigo acreditar que meu pai se foi.
Ele se foi para sempre.
************
Uma grande quantidade de água fria espirrou sobre mim, fazendo-me ofegar ruidosamente.
- Como você se atreve a dormir depois do que fez? - Ouvi a voz de Graciela.
A água está tão fria. Como se tivesse sido tirada da geladeira.
Meu corpo todo se enrijeceu.
Quando eu estava limpando o rosto, alguém me agarrou pelos cabelos.
- Levante-se! - disse a voz de Álvaro.
Um gemido escapou de meus lábios enquanto ele me levava para fora do porão.
Já estava escuro.
Chegamos à sala de estar e vi Bruno e Damien de pé, segurando chicotes.
Meu coração caiu.
- Puta patética", disse Damien.
-Assassina", disse Bruno.
Chicoteie-a por todo o corpo", ordenou Graciela.
-Não... -Um chicote pungente me atingiu nas costas. Ah!
Bruno sorriu.
Meu corpo inteiro suportou a dor.
Foi agonizante.
Recebi outro chicote de Damien.
- Ahhh!!!! Please!!!!! -
-Mais um! - gritou Graciela.
Bruno me chicoteou novamente.
