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2

“É sua casa,” eu murmuro, sem tomar a decisão por ele. Eu me encolho instantes depois, contraindo meu corpo em surpresa, quando ele abre a porta com um chute com uma força normal. A madeira lascando e o metal virando com violência; luz inundando da outra sala exibindo sua forte figura masculina delineada na moldura.

Eu me enrosco em mim mesma com mais força, como fazia quando era criança, cobrindo meu rosto com os braços, instintivamente defendendo meu corpo. A dor dele estar perto de mim é mais excruciante do que qualquer coisa que já suportei antes. Eu o ouço se aproximar, sentindo a cama afundar enquanto ele se senta, mantendo distância. Ele suspira profundamente. Posso sentir cada pitada de energia forte irradiando dele, energia desesperada e cheia de remorso, avolumando-se tanta tristeza quanto eu.

“Eu te amo, querida … Posso resolver isso. Quero resolver isso. Eu te desejo tanto que isso … O que eu fiz … Está me matando. Está me destruindo por ter machucado você, por ter perdido você.” Sua voz dói e o desejo de me virar e me envolver em seus braços seguros me oprime, mas o alívio que eu desejo desesperadamente, sei que não vou encontrar. Seu toque só causará mais devastação ao meu coração.

Marissa, com seu rosnado desagradável e olhos perversos, está passando pela minha cabeça sorrindo com malícia para mim, rindo de mim. Quase posso sentir sua satisfação fluindo através de mim. Ela ganhou. Ela o tirou de mim da pior maneira.

“Não sei se posso voltar disso… Preciso de tempo para respirar, tempo para pensar,” eu sussurro, com medo de que dizê-lo mais alto será mais esmagador para a minha alma.

“Não quero que você vá embora.” Ele diz com a voz rouca enquanto tenta ver meu rosto na penumbra, inclinando-se mais para perto para que eu possa sentir o calor do seu corpo pairando sobre o meu. Ele está me prendendo sem me tocar e eu prendo a respiração.

“Não posso ficar.” Eu me enrosco mais, escondendo o que sou do homem que mais amei no mundo; a única pessoa que mudou tudo em minha vida para melhor e, no entanto, destruiu tudo com a mesma carícia suave.

“Farei qualquer coisa, tudo que você pedir, Emma … Só, por favor, não me deixe,” sua voz é mais suave, quase ofegante. Ele funga e eu sei que ele tem lágrimas no rosto. Isso me mata por dentro. Apesar do que ele fez, não quero que ele sofra. Nunca vi Jake chorar por nada e não quero ver agora, não conseguiria suportar.

“Preciso ir. Preciso de um tempo longe de você … Dói muito ter você perto de mim. Não sei se posso perdoá-lo enquanto tudo está tão em carne viva e fresco. Preciso de espaço e tempo para pensar.”

Gostaria de ter convicção em meu pedido, mas apenas soei patética e pequena, como se estivesse pedindo sua permissão para ir.

Ele respira fundo, tentando lutar contra as emoções ameaçando consumi-lo, tentando reprimir tudo, mas posso ouvir em cada barulho que ele faz. Seu arrependimento é a única coisa que me mantém sã nesse momento, sua dor óbvia pelo que ele fez conosco é o único bálsamo nesse desastre de trem que outrora foi nosso relacionamento. A única coisa que mantém minha raiva sob controle. Ele permanece em silêncio. Sinto a cama se mover quando ele agarra os lençóis, as mãos vasculhando em desespero com seja o que for que seu diálogo interior está dizendo a ele. Jake agitado é devastador para a minha alma.

“Vou pedir a Jefferson levá-la de volta para o Queens quando você quiser ir.” Ele sussurra as palavras como se eu acabasse de apunhalá-lo no coração com uma adaga.

Se tivesse, então também virei a adaga para mim e agora estou sangrando até a morte.

“Acho que é melhor se eu for assim que conseguir me recompor.” Não acho que isso seja possível nesse momento, meu corpo está desconectado e inútil, mal querendo se mover para esconder minha dor, muito menos levantar. Meu coração está doendo tanto que lateja em meu peito e estômago. Eu me sinto doente com tudo isso. Minha cabeça está leve e flutuando com o esforço de tentar respirar. Meu nariz está entupido de chorar e minha garganta está em carne viva e áspera.

“Não posso … Não posso, Emma!” Sua voz de repente se torna poderosa, suas mãos me puxando para ele em um piscar de olhos e eu grito de surpresa. Ele enterra o rosto em meu cabelo, me esmagando em seu abraço, deixando sair a dor que ele esteve reprimindo. Nunca em minha vida pensei que veria Jake chorar e é a coisa mais terrível que já testemunhei. Meu coração está partido em dois. Isso tem o mesmo efeito que assistir a todos que amo serem abatidos e assassinados enquanto fico deitada, inútil e assisto.

Choro em seu corpo em reação, tentando desesperadamente afastar os pensamentos que passam pela minha mente me atormentando. Enrijeço contra ele, com medo de deixá-lo me abraçar ou de me soltar, com medo de ceder aos pensamentos rodopiando fora de controle na minha mente, pensamentos sobre ele e ela; com medo de tentar me envolver em seu corpo por medo do que irá me consumir.

“Por favor, me solte.” Eu choro de maneira silenciosa, implorando para ele parar de tornar isso pior para mim. Ele não faz ideia da agonia que me tocar está causando ou quanta dor interna isso causa. Ele parece se recompor, sentindo que não estou respondendo em seus braços e afrouxa sua pegada, me soltando. Ele se levanta e rapidamente vira as costas para mim enquanto respira fundo várias vezes. Sua postura é de desgaste e desesperança.

“Irei deixá-la ir embora, Emma, mas posso prometer isso. Nunca vou deixar você ir … Mesmo se precisar lutar por você pelo resto da minha vida, não vou parar de tentar reconquistá-la.” Ele se afasta devagar. Sinto que é antes dele fazer algo que vai se arrepender, como me afastar mais. Ele para na porta, dando uma última olhada no meu corpo desgrenhando deitado de maneira desleixada na cama. Nossos olhos se encontram e isso causa o chute lancinante mais agudo nas minhas entranhas, tanta tristeza e dor refletidos ali.

Por que você teve que me matar assim?

“Se tiver que passar os próximos sessenta anos implorando aos seus pés, Emma, então eu irei. Você é a única para mim. A única! … Eu te amo com cada parte da minha alma, querida. Nunca deixarei de tentar conseguir você de volta na minha vida, reconquistar seu coração. Porque preciso de você.” Com um último olhar sofrido, ele sai do quarto, caminhando mais para dentro do apartamento, dirigindo-se a um dos seus muitos quartos de hóspedes intocados para me dar privacidade. Gostaria que suas palavras pudessem me trazer conforto, mas não trazem. Elas apenas trazem ao meu coração uma raiva dilacerante que atravessa minha dor.

Se eu realmente significasse tanto para ele, então ele nunca a teria tocado.

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